São Paulo - A escassez de
chuvas
desde o início do ano e a necessidade de acionamento das térmicas para
compensar a menor geração hídrica pressionaram o balanço do setor
elétrico
no terceiro trimestre. Diante da necessidade de comprar energia para
honrar contratos firmados, grandes geradoras tiveram papel determinante
para a queda de 29,3% no
lucro do período, na comparação com o intervalo entre julho e setembro de 2013.
O resultado consolidado de 17 empresas analisadas pelo Broadcast,
serviço em tempo real da Agência Estado, totalizou R$ 2,4 bilhões,
contra R$ 3,4 bilhões de 2013. Mantidas as condições atuais, é possível
que o mesmo efeito de queda do lucro se repita no quarto trimestre deste
ano.
Os números refletem o momento delicado pelo qual passa o setor. Grandes
geradoras hídricas têm sido vítimas do déficit de geração em função da
falta de chuvas. Para evitar queda mais acentuada no nível dos
reservatórios, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem dado
prioridade ao uso das térmicas.
A contrapartida desse movimento é o déficit hídrico e a elevação dos
custos da energia no mercado de curto prazo. Os dois movimentos têm
impacto direto no resultado das geradoras, que precisam desembolsar mais
recursos para compra de energia para revenda.
O levantamento elaborado pelo Broadcast inclui números das empresas AES
Tietê, AES Eletropaulo, Celesc, Cemig, Cesp, Copel, CPFL Energia, CPFL
Renováveis, Cteep, EDP Energias do Brasil, Eneva, Equatorial, Light,
Neoenergia, Renova, Taesa e Tractebel.
Não está incluso, portanto, o prejuízo de R$ 2,7 bilhões reportado pela
Eletrobrás, que distorceria os números consolidados e levaria o setor
de energia a um prejuízo de aproximadamente R$ 300 milhões, contra lucro
de R$ 2,5 bilhões no terceiro trimestre de 2013.
A perda consolidada do setor energético já era esperada e reflete um
cenário de deterioração dos resultados operacionais, a despeito da
elevação da receita. O Ebitda consolidado das 17 empresas pesquisadas
encolheu 16,7% e totalizou R$ 6,272 bilhões no trimestre. A pressão veio
principalmente de empresas como Cemig e CPFL Energia, cujos balanços
foram afetados pela necessidade de compra de energia para revenda. O
custo da CPFL com energia elétrica, por exemplo, cresceu 36,6% no
terceiro trimestre e atingiu R$ 2,661 bilhões.
A receita consolidada do setor, por outro lado, cresceu 20% na
comparação entre terceiros trimestres e atingiu R$ 28,573 bilhões neste
ano. O resultado foi impulsionado pelos reajustes das tarifas de energia
aplicadas pelas distribuidoras e pela elevação do custo da energia.
Distribuição
As distribuidoras, vilãs do setor elétrico no primeiro semestre,
apresentaram balanços menos adversos no decorrer do terceiro trimestre. A
explicação está na contabilização dos recursos repassados ao setor,
decorrentes do empréstimo bancário de R$ 6,6 bilhões concedido às
distribuidoras expostas ao mercado de curto prazo.
O empréstimo foi oficializado apenas em agosto, por isso os balanços do
segundo trimestre não trouxeram a contabilização desses recursos. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.