terça-feira, 12 de maio de 2015

Itaú relaxa proposta por apoio em fusão com CorpBanca



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Itaú Unibanco
Itaú Unibanco: sob os termos da proposta, o Itaú propôs que o CorpBanca pague um dividendo adicional US$ 300 milhões
 
Da REUTERS


Rio de Janeiro - O Itaú Unibanco suavisou uma proposta de distribuição de dividendos para os acionistas minoritários do chileno CorpBanca, em uma tentativa de acelerar a conclusão de uma fusão entre os dois bancos antes do final de junho.

Sob os termos da proposta, divulgada nesta quinta-feira, o Itaú propôs que o CorpBanca pague um dividendo adicional 300 milhões de dólares.

O Itaú também propôs um corte em pagamentos pela sua filial chilena, que está programando para se fundir com o CorpBanca, para 43,5 milhões dólares.

Apple poderia ganhar dinheiro ao resgatar a Grécia


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Logo da Apple
Apple: com essa ajuda, o governo grego poderia ser menos austero do que seus credores gostariam
Leonid Bershidsky, da Bloomberg


Que a Apple deveria comprar a Grécia com todo aquele dinheiro inútil que tem nas mãos é só uma piada, que simplesmente não quer desaparecer.

Mas é verdade que, se as grandes corporações dos EUA e os políticos europeus tivessem um pouco de imaginação, eles provavelmente poderiam planejar um resgate para o país quase falido com condições que seriam benéficas para todos.

Em 2012, um investidor que participava da reunião geral da Apple perguntou a Tim Cook, CEO, se ele já tinha pensando em usar a crescente pilha de dinheiro da companhia – US$ 97,6 bilhões naquele momento – para adquirir a Grécia.

“Analisamos diversas possibilidades”, mas não essa, respondeu Cook. É claro que não é possível comprar um país inteiro – parece que nem mesmo nos livros ؎.
Em “The Business” (“A empresa”, em tradução livre), de Iain Banks, tal acordo fracassou, embora o alvo da aquisição fosse uma obscura monarquia himalaia, não uma antiga democracia como a Grécia.

Então todos riram e deixaram o assunto para lá. As coisas melhoraram brevemente para a Grécia quando o país recebeu o maior resgate da história, e os credores privados concordaram com as margens iniciais de segurança. Mas a economia não conseguiu crescer e continuou insustentável.

A Apple, por sua vez, mais do que dobrou seu acúmulo, que agora totaliza US$ 194 bilhões em dinheiro e equivalentes. A empresa vem pagando dividendos generosos e recomprando ações, mas a pilha de dinheiro continua crescendo.

É impossível investir tudo. Há anos Cook vem falando sobre produtos incríveis que estão sendo desenvolvidos por sua empresa, mas ele só conseguiu inventar melhoramentos aos produtos existentes, um serviço de streaming de música regular e um smartwatch caro demais, e nenhum deles exigiu muito capital.

A menos que comece a construir carros – ou talvez espaçonaves - a Apple vai continuar acumulando dinheiro.

Assim como outras empresas grandes dos EUA. As empresas americanas de fora do setor financeiro possuem US$ 1,73 trilhão em dinheiro, 4 por cento a mais do que elas tinham há um ano, e US$ 1,1 trilhão pertence às 50 empresas maiores, de acordo com um relatório recente da Moody's Investor Services.

Apple, Microsoft, Google, Pfizer e Cisco têm acumulados US$ 439 bilhões.
 

Ajuda para Grécia


A ideia de que as cinco maiores acumuladoras possam salvar a Grécia e melhorar sua própria situação no processo é intrigante.

A Grécia precisa de aproximadamente 190 bilhões de euros (US$ 212 bilhões) para reduzir sua dívida ao patamar administrável de 70 por cento do PIB.

Isso equivale a cerca de 48 por cento da pilha de dinheiro conjunta das cinco empresas.

Para ir pagando a dívida, a Grécia poderia recompensar as companhias com um acordo especial para os impostos corporativos, parecido com o que a Apple tem agora na Irlanda.

Esse acordo querido está sendo investigado pela União Europeia e é provável que esteja com os dias contados. No entanto, o caso da Grécia é diferente: a UE, por ser um dos maiores credores do país, talvez se incline a fazer uma distribuição especial para as empresas americanas por ajudarem a resolver o problema grego.

Talvez os EUA tenham algumas objeções, mas, por ser o maior acionista do FMI, o país também perderá dinheiro se a Grécia der o calote, e a desestabilização provocada se a Grécia saísse da zona do euro com certeza não interessa aos EUA.

Em troca de menos da metade de seu dinheiro – e apenas 13 por cento a mais do que custaria pagar os impostos dos EUA –, as empresas receberiam uma garantia ilimitada e segurança de impostos baixos para as operações fora dos EUA. Nada mal.

A Grécia, por sua vez, receberia o alívio da dívida e as sedes europeias das empresas. É provável que muitos executivos gostem da mudança para um litoral cálido, e a Grécia teria os primórdios de um poderoso centro tecnológico, que atrairia outras empresas e criaria empregos de serviços.

Com essa ajuda, o governo grego poderia ser menos austero do que seus credores gostariam. Mas ainda seria necessário reformar os serviços públicos ineficientes e adotar uma atitude mais amigável com as empresas, sob o risco de perder os evidentes benefícios de trabalhar com os titãs da tecnologia.

Tenho certeza de que esse tipo de resgate seria apoiado pelo povo grego em um referendo.
Para funcionar, bastaria um pouco de flexibilidade. Infelizmente, parece que essa é uma qualidade que falta a todos os envolvidos hoje na crise grega.

Então, ao invés disso, a Grécia vai continuar cambaleando rumo à falência, e as empresas dos EUA vão continuar acumulando dinheiro que elas não sabem como gastar.


Oi contrata Credit Suisse para vender call centers


Dado Galdieri/Bloomberg
Logo da Oi
Logo da Oi: seria a mais recente venda de ativos na tentativa da empresa de diminuir sua alavancagem e reconstruir sua credibilidade
 
Christiana Sciaudone, da Bloomberg


A Oi S.A., a empresa de telecomunicações mais endividada no Brasil, contratou o grupo Credit Suisse AG para vender seus call centers, que empregam 11 por cento de toda sua mão de obra, segundo o CEO, Bayard Gontijo.

Seria a mais recente venda de ativos na tentativa da empresa com base no Rio de Janeiro de diminuir sua alavancagem e reconstruir sua credibilidade.

A Oi, a menor operadora móvel e a maior de telefonia fixa no Brasil, posiciona-se como uma forte candidata a participar de uma consolidação, seja como compradora ou vendedora, disse Gontijo em uma entrevista na sede da Bloomberg em Nova York, na segunda-feira.

“O que nós queremos para o futuro é recuperar nosso grau de investimento”, disse Gontijo. “Nós temos que trabalhar em mudanças estruturais, transformando nosso negócio, vendendo ativos, reduzindo a alavancagem. É um processo”.
Gontijo, que em outubro tornou-se o terceiro CEO da Oi em dois anos, embarcou em uma virada para aprimorar as operações e ajudar a refinanciar dívidas. A venda dos call centers, que têm 19.000 funcionários em todo o Brasil, deve ser concluída nos próximos três meses, disse o CEO de 43 anos, recusando-se a dar o valor do acordo.
 

Ativos portugueses


A Oi irá receber aproximadamente R$ 19 bilhões (US$ 6,2 bilhões) nos próximos 30 dias pela venda de seus ativos portugueses para a Altice S.A., do bilionário Patrick Drahi.

Esses ativos vieram de uma fusão com a Portugal Telecom SGPS, anunciada em outubro de 2013.

Os resultados financeiros melhoraram no último trimestre. Os ganhos da Oi antes de juros, impostos, depreciação e amortização, subiram 13 por cento para R$ 1,9 bilhão em comparação com o mesmo período no ano anterior, que também foi 13 por cento acima das estimativas.

Os custos de operação caíram 4,9 por cento nesse período, de acordo com fatos relevantes.

No final do primeiro trimestre, a Oi teve uma proporção de dívida líquida para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, de 4,17, em comparação com 0,62 da rival Tim Participações S.A., de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.

A razão para Telefônica Brasil S.A., outra concorrente, ficou em 0,30 no quarto trimestre.

A Oi tem 17.000 funcionários diretos. Incluindo funcionários indiretos, o total chega a 180.000.

O Credit Suisse não quis comentar.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Pentágono eleva alerta nos EUA por risco de ataques




AFP
O prédio do Pentágono, sede do Departamento de Defesa norte-americano
O prédio do Pentágono: comando Norte alegou "aumento da ameaça e previsível ameaça terrorista" em todas as bases militares do território americano
 
Da EFE

Washington - O Pentágono decidiu nesta sexta-feira elevar o nível de alerta de todas suas bases e instalações militares nos Estados Unidos ao nível de "Force Protection Bravo", devido ao temor de que elementos inspirados ou instigados pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI) ataquem seu pessoal.
O Comando Norte alegou "aumento da ameaça e previsível ameaça terrorista" em todas as bases militares do território americano.

O nível de Force Protection tem outros dois níveis acima de Bravo, Charlie e Delta, este último de risco "específico" de ataque terrorista contra pessoal militar ou civil do Departamento de Defesa.
Os níveis de Force Protection são diferentes e menos sérios que os do Defcon, que implicam medidas militares específicas para combater ameaças à segurança nacional.
O novo nível de ameaça é uma medida de prudência, não baseada em nenhum risco específico, mas significa a intensificação da vigilância nas bases militares americanas, onde centenas de milhares de pessoas vivem com suas famílias e onde também trabalham civis.

Serão implementadas revisões de identificações mais rigorosas, exercícios de segurança aleatórios e mais vigilância.

Os últimos ataques planejados por americanos inspirados pelo Estado Islâmico influenciaram nesta decisão.

No fim de semana, dois homens armados invadiram a tiros uma exposição de caricaturas do profeta Maomé no Texas, e foram abatidos por policiais que protegiam a mostra, organizada por uma organização anti-islâmica.

O EI reivindicou a autoria do ataque, mas o FBI, que investiga o caso, ainda não esclareceu até que ponto foram só inspiradores ou promotores da ação.

Brasil já pode importar café do Peru em operação inédita




Getty Images
Café
Café: publicação da instrução gerou protestos de representantes do setor produtivo no Brasil
 
Roberto Samora, da REUTERS

São Paulo - O Brasil, maior produtor e exportador global de café, já pode importar grãos do Peru, em uma operação inédita muito aguardada pela indústria local, ansiosa para realizar "blends" que possam concorrer com o produto industrializado importado, disse nesta sexta-feira um representante da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

A liberação para importações de café em grão pelo Brasil foi dada após a publicação da Instrução Normativa número 6, que aprovou requisitos fitossanitários para compras do produto da variedade arábica produzido no Peru.

"Dessa forma, a importação do Peru está legalmente autorizada, sem nenhum obstáculo", afirmou o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz.

A instrução publicada em 30 de abril, sobre a Análise de Risco de Pragas (ARP), é a conclusão de um processo para autorização de compras do produto de um determinado país.
"No caso do café, o que sempre impediu a importação foi a inexistência da ARP aprovada. Sem a ARP aprovada, a importação não é autorizada", explicou Herszkowicz.

Mas a publicação da instrução gerou protestos de representantes do setor produtivo no Brasil.

"O Conselho Nacional do Café (CNC) entende como inaceitável e inconcebível a autorização para se importar café arábica do Peru, justamente no período da entrada de safra do Brasil...", disse o CNC que representa os produtores em nota nesta sexta-feira.

O CNC afirmou ainda que encaminhou nesta semana ofícios à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e à presidente da República, Dilma Rousseff, solicitando a imediata suspensão da aprovação de requisitos fitossanitários para importação de café produzido no Peru. Até esta sexta-feira, o governo não havia se manifestado.
 

Indústria vê oportunidade


Segundo o diretor da Abic, já houve algumas iniciativas no passado para o Brasil importar café em grão de várias origens, mas elas acabaram não prosperando, ou porque a ARP não era aprovada ou porque a vigência da análise de risco foi cancelada.

"A importação de café em grão cru sempre foi motivo de discussão bastante ampla, entre setores que não desejam importação, basicamente setores ligados à cafeicultura, e uma parte da indústria...", disse ele.

Segundo Herszkowicz, o Brasil importa café industrializado e moído de todas as origens, e inclusive o café em cápsula é isento de imposto de importação, afetando a indústria nacional, que tem produto similar.

"Sem acesso a matéria-prima de qualidade, a indústria brasileira não tem como competir com outras", afirmou o diretor-executivo da Abic, acrescentando que a abertura para importar do Peru pode ser um primeiro passo.

De acordo com ele, a indústria tem interesse em importar para fazer "blends" diferenciados, que o consumidor brasileiro "aprove e goste", mas ainda assim a maior parte da "mistura" comercializada seria constituída por cafés brasileiros.

Para o dirigente da Abic, é difícil dizer se o café do Peru tem uma qualidade que o do Brasil não tenha. Mas ele acrescentou que, para a indústria, não se trata somente dessa questão.

"O consumidor não consome apenas por qualidade, mas muitas vezes pelo marketing associado a cafés diferenciados, sem dúvida um café de uma origem estrangeira representa um marketing bom."
Herszkowicz defendeu que outras eventuais liberações de importações de cafés de outras origens sejam feitas de forma a não prejudicar o cafeicultor brasileiro.

Importação de soja pela China cai após protestos no Brasil


Divulgação via Fotos Públicas
Grãos de soja em uma fazenda do Paraná
Grãos de soja: as processadoras chinesas estão aumentando gradualmente a produção neste mês
 
Da REUTERS

Pequim - A China importou 5,31 milhões de toneladas de soja em abril, uma queda de 18,3 por cento ante o mesmo mês de 2014, depois de um protesto de caminhoneiros entre o final de fevereiro e o início de março no Brasil, o maior exportador mundial, o que atrasou os envios ao país asiático.

"A greve reduziu o estoque de farelo de soja no mercado interno, com os processadores operando a uma baixa capacidade", disse Li Lifeng, analista da indústria.

As processadoras chinesas estão aumentando gradualmente a produção neste mês, após grandes recebimentos de soja da América do Sul, disse Li.

As importações mensais de soja de maio a julho deverão a subir acentuadamente, para entre 6,5 milhões e 7,5 milhões de toneladas, disse um operador sênior.
O país é maior importador de soja do mundo, respondendo por mais de 60 por cento do volume negociado no mundo.

As expectativas de grandes importações têm pressionado os preços do farelo de soja e do óleo de soja no país.

As importações chinesas nos primeiros quatro meses do ano recuaram 4,1 por cento, para 20,94 milhões de toneladas, de acordo com dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas.

Economia colaborativa: dividir ao invés de acumular


Michel Téo Sin
Gustavo Benke
Gustavo Benke, fotógrafo: compartilhar casa e oferecer trabalho em troca de serviços de outras pessoas rende uma economia de 2.900 reais.
 
Alexandra Gonsalez, da VOCÊ S/A


O fotógrafo paranaense Gustavo Benke, de 28 anos, é uma referência entre os amigos quando o assunto é desapego e capacidade de compartilhar. Sua casa, na capital paranaense, está sempre de portas abertas para acolher parentes, amigos e amigos de amigos, pelo tempo que precisar.

No local, que comporta até dez pessoas, basta colaborar nas despesas e ajudar na manutenção para viver em um estilo comunitário com direito a Wi-Fi. Há dois anos, ao ingressar na faculdade de música em Florianópolis, o fotógrafo decidiu replicar seu estilo de vida na casa que aluga na praia do Campeche.

Esse compartilhamento do espaço acaba beneficiando a todos — os hóspedes, que economizam com a estadia, e Gustavo, que recebe ajuda nas despesas. “As pessoas veem a maneira como eu cuido do espaço, e se sentem inspiradas a cuidar também, então muita gente deixa sua contribuição — uma hortinha, uma pintura, uma varrida na casa e por aí vai”, diz ele, que também tem o hábito de trocar seu trabalho de fotógrafo pelos bens ou serviços de que necessita.

Gustavo representa um movimento que já vem sendo descrito como a principal tendência econômica do século 21 — a chamada economia colaborativa. Ao conectar desconhecidos com interesses e necessidades comuns, redes sociais e aplicativos facilitam o compartilhamento e a troca de serviços e objetos numa escala sem precedentes.
Por essa razão, há quem atribua à economia colaborativa o poder de reduzir o desperdício, aumentar a eficiência no uso dos recursos naturais, combater o consumismo e até reduzir a desigualdade social no mundo. Ainda é preciso observar se o movimento realmente será capaz de cumprir toda essa agenda.

Mas não resta dúvida, por enquanto, do poder da economia colaborativa de fomentar negócios baseados no compartilhamento. Prova disso é que a plataforma Airbnb — de oferta de cômodos vagos e imóveis para locação por temporada — tem hoje um valor de mercado superior ao de grandes grupos hoteleiros, como o Hyatt. Só em 2014, os empreendimentos colaborativos movimentaram mais de 110 bilhões de dólares em todo o mundo, segundo a revista Forbes.

Hoje, é possível economizar e lucrar com esse movimento fazendo bicos nas horas vagas, compartilhando veículos, a casa ou espaços de trabalho e trocando objetos, como livros e roupas. 

Sem falar na possibilidade de viabilizar projetos individuais, como a publicação de um livro ou a gravação de um filme, via financiamento coletivo. 

Para Nicolau Reinhard, especialista em tecnologia da informação da Fundação Instituto de Administração da USP, um dos pontos mais favoráveis à disseminação da economia colaborativa é ser um modelo vantajoso tanto para quem oferece quanto para quem contrata um serviço. 

“Eliminamos os intermediários e os custos de uma estrutura formal de comércio”, diz Nicolau.
 Este, aliás, é o conceito por trás das redes de financiamento coletivo Eco Rede Social, voltada para projetos de sustentabilidade, e Eco do Bem, para projetos culturais, criadas pela publicitária Izabella Ceccato, de 38 anos, de São Paulo. A inspiração veio de uma experiência vivida em 2012, quando Izabella passou seis meses na Inglaterra numa comunidade do Transition Town Movement, iniciativa que incentiva a transformação das cidades em modelos sustentáveis.

Izabella aprendeu a abrir mão do carro e hoje só usa carona compartilhada ou transporte público, além de ter desistido de gastar fortunas na renovação do guarda-roupa — é frequentadora assídua de bazares de troca. Só em janeiro, ela economizou cerca de 2 000 reais em roupas, sapatos e acessórios novos graças ao intercâmbio de peças entre as frequentadoras. “Meu grande aprendizado com o compartilhamento é que não precisamos comprar tantas coisas para viver bem, com conforto”, diz Izabella. 
 

Fonte de renda


Em São Paulo, o designer Wolf Menke, de 33 anos, é um dos que fazem do compartilhamento não só uma ferramenta para economizar mas também uma fonte de renda.

Em 2013, ele criou o espaço de coworking House of Work, na badalada Vila Madalena, bairro da capital paulista conhecido por sua efervescência cultural. No ano passado, após recuperar o investimento, Wolf decidiu deixar o emprego de diretor de arte de uma agência publicitária para abrir seu segundo espaço de compartilhamento, a House of Food, o primeiro restaurante coworking do Brasil.

Com uma cozinha industrial totalmente equipada, bem como equipe de garçons e ajudantes, ele loca o espaço para chefs pelo prazo de um dia ou de uma semana. O cozinheiro só leva os ingredientes e vende as refeições que produzir. O hoje empreendedor não se arrepende da transição profissional. 
“Passei a utilizar os recursos e a minha criatividade de maneira mais produtiva”, diz Wolf.

Agora, ele acaba de comprar uma terceira casa na região e se prepara para abrir a House of Learning, espaço de coworking para aulas e palestras. Por causa de um projeto da criação de um House of Work em favelas, Wolf foi selecionado pelo Yunus Negócios Sociais, incubadora e aceleradora de negócios com sustentabilidade financeira e potencial de impacto social, fundada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus. 
 

Aos poucos


Mesmo quem não planeja empunhar a bandeira da economia colaborativa em tempo integral pode lucrar ou pelo menos poupar ao incluir algum hábito de compartilhamento na rotina. São inúmeras as possibilidades proporcionadas por plataformas colaborativas para quem quer economizar, faturar com bicos nas horas vagas ou até empreender (veja lista de sites e apps). Colocar na ponta do lápis o tamanho da economia que pode ser feita com o compartilhamento pode ser um bom incentivo para começar. 

Porém, quem quer ganhar dinheiro com o compartilhamento deve dispor de uma boa dose de desapego para dividir quartos, casas, carros, espaços de trabalho, roupas e tempo (veja quadros). “É possível viajar, ter mobilidade, um negócio e ainda ganhar qualidade de vida com o compartilhamento”, diz Izabella. “Mas realizações só acontecem para quem está aberto a fazer diferente”, afirma.
 

Conheça os prós e contras de cada tipo de compartilhamento e avalie se você realmente estaria preparado para a troca de alguns tipos de bens e serviços
 

Transporte – quem quer compartilhar o próprio carro deve estar disposto a ser pontual e a levar na esportiva situações como encontrar pequenos arranhões no veículo. Se você é o tipo de pessoa que coloca apelido carinhoso no carro e não deixa o sobrinho de dois anos comer biscoito lá dentro, talvez não seja uma boa ideia.

O lado positivo aparece em situações inusitadas. “No Natal, um usuário deixou um panetone e um bilhete carinhoso em agradecimento pelo carro, algo que nunca aconteceria numa locadora convencional”, diz Clayton Guimarães, da Fleety, plataforma que permite compartilhar seu carro ou alugar o de outra pessoa por dia ou por hora.
 
Hospedagem – quem compartilha um quarto da casa ou o sofá definitivamente não pode ter o hábito de ver TV na sala só de cuecas ou entrar no cômodo onde está o hóspede para pegar um livro às 3h da manhã. Se você valoriza demais a privacidade, pode ficar desconfortável em ter alguém estranho usando seu chuveiro e abrindo a geladeira.

A mesma regra vale para o aluguel de um imóvel ocioso – é preciso ter jogo de cintura para lidar com situações como louça quebrada ou o guarda-sol fora do lugar habitual.
 
Animais de estimação -- quem abre a casa para receber um bichinho, precisa gostar mesmo de animais e ter o espaço preparada para a estadia dos peludos – como dizer para o dono que o bichano fraturou a pata porque sua janela não tem tela de proteção? Outra dica é receber animais do porte certo para você e seu local.

Uma senhora de 70 anos pode dar conta de um poodle, mas não irá passear com um rottweiler, por mais dócil que ele seja. Para evitar roubadas, preencha sua ficha da forma mais completa, deixando claro o tipo de hóspede que pretende receber: cães, gatos, pássaros, tamanho e raça.
 
Coworking – sua mesa parece uma praia pós-tsunami? Você não vive sem suas plantas, bichinhos e porta-retratos espalhados ao redor do mouse? Talvez compartilhar um espaço de trabalho não seja a sua. Para isso, organização e respeito com o colega são fundamentais. Não vale espalhar seu material na baia ao lado, nem berrar ao telefone.

Pontualidade é outro detalhe importante: se você contratou os serviços do hub por seis horas, é deselegante ficar mais três horas por lá sem acertar as contas no final. Uma das vantagens, por outro lado, é o networking que esse tipo de experiência proporciona. “É interessante se relacionar com os profissionais que estão no local durante um café ou almoço”, diz Samy Dana, economista da FGV.