quinta-feira, 11 de junho de 2015

O fundo que controla o que restou do império X


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Emirados Árabes
Emirados Árabes: em março de 2012, estava assinado o cheque de US$ 2 bilhões
 
Mariana Sallowicz e Naiana Oscar, do Estadão Conteúdo


Rio e São Paulo - Desde que foi criado, em 2002, o mais novato dos três fundos soberanos do governo de Abu Dabi - o Mubadala - nunca teve um escritório fora do território árabe, embora esteja presente em 20 países, com US$ 48 bilhões em ativos.

O príncipe herdeiro Mohammed bin Zayed Al Nahyan, filho do fundador de Abu Dabi e presidente do conselho de administração do fundo, decidiu que os negócios seriam todos tocados de lá.
Até que um brasileiro cruzou seu caminho e o obrigou a mudar de planos.
Antes da derrocada, Eike Batista conseguiu convencer o Mubadala a investir em suas empresas.
As conversas começaram em 2011, duraram quase um ano, exigiram muitas idas do empresário e de representantes do governo brasileiro ao país mais rico dos Emirados Árabes e culminaram com uma visita do príncipe ao carnaval do Rio.

Em março de 2012, estava assinado o cheque de US$ 2 bilhões.

Não era pouco dinheiro, considerando que o fundo já registrou alguns prejuízos e, no ano passado, por exemplo, lucrou US$ 282 milhões - uma queda de 28% na comparação com 2013.

"O time do Mubadala ficou impressionado com a capacidade de Eike de gerar negócios, num momento em que o Brasil estava muito bem lá fora, e se interessou muito pelos ativos", diz uma fonte que acompanhou a aproximação dos árabes com o empresário brasileiro.

"Eles chegaram a fazer uma avaliação gigantesca no grupo, que durou quase um ano." Mas os números traíram os árabes. A começar pela petroleira OGX, os projetos de Eike Batista não deram os resultados prometidos e foram caindo um a um.
 

Renegociação


Com o risco cada vez mais real de perder o dinheiro investido, o Mubadala, que tem participações em empresas como a General Eletric e a gestora americana Carlyle, se apressou em mudar o acordo inicial, segundo o qual o fundo converteria o aporte em ações à medida que as empresas X começassem a entrar em operação e dar resultado.

Pelo que foi divulgado à época, os árabes teriam 5,6% das ações da holding de Eike. Como acionistas, numa situação de falência, seriam os últimos a recuperar o dinheiro - se recuperassem.

Por isso, em 2013, o príncipe sentou novamente à mesa com Eike Batista e o pressionou a mudar o contrato por meio de uma operação complexa, em que o investimento foi convertido em dívida e o Mubadala virou um dos principais credores do grupo X, com direito de ficar com alguns de seus principais ativos.

Hoje, o Mubadala controla a mineradora de ouro AUX, a empresa de entretenimento IMX, dona da marca Rock in Rio, e tem participação na Prumo Logística (antiga LLX). Mas é na Ilha da Madeira, no município fluminense de Itaguaí, que está seu ativo mais valioso no Brasil: o Porto Sudeste.

Ao lado da trading de origem holandesa Trafigura, o Mubadala detém 65% do terminal portuário privado, que já está pronto, à espera de licença para iniciar operação.

Para acompanhar de perto os negócios e recuperar o quanto for possível do investimento, Al Nahyan fez alguns de seus executivos trocarem o clima árido de Abu Dabi pelo calor úmido do Rio de Janeiro.

Desde o fim do ano passado, cerca de 20 executivos do Mubadala ocupam uma sala no segundo andar do Centro Empresarial Mourisco, em Botafogo, na zona sul do Rio.

É um escritório improvisado, alugado pelo sistema de coworking - em que o espaço é compartilhado com outras empresas.

Em nota, o fundo confirmou a informação e, sem dar detalhes, disse que "tem uma pequena equipe no Brasil gerindo ativamente o portfólio e interesses no País, tendo em vista a criação de valor a longo prazo".

À frente da operação está o sueco Oscar Fahlgren, de 35 anos. Ex-executivo do JP Morgan em Londres, ele trabalha há cinco anos no Mubadala e é o braço direito de Hani Barhoush, responsável pela área de investimentos globais do fundo soberano.

De acordo com o fundo, uma "parte substancial do investimento inicial na EBX foi recuperada".

Uma fonte próxima aos árabes disse que, por enquanto, novos investimentos na área de infraestrutura no País estão descartados.

Ainda que esse seja um bom momento para comprar ativos baratos no Brasil, o Mubadala está "fechando a torneira" em meio à queda do preço do barril de petróleo.

O fundo é um dos instrumentos do governo de Abu Dabi para investir a riqueza oriunda da atividade petroleira e diversificar a economia local.

"Se o Porto Sudeste funcionar bem, quem sabe eles tenham vontade de colocar mais dinheiro no Brasil", diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "Por enquanto, eles têm de se livrar dos problemas que herdaram do Eike." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sem BNDES, parceira da Petrobras consegue ajuda de US$4 bi



Divulgação
Estaleiro Atlântico Sul
Sete Brasil: de acordo com jornal, o dinheiro virá dos atuais credores e de estaleiros e bancos estrangeiros 

São Paulo – Depois de meses no sufoco, a Sete Brasil recebeu uma notícia positiva. A companhia conseguiu uma injeção de capital de 4 bilhões de dólares, vinda de seus sócios, credores e de estaleiros asiáticos.

O BNDES, no entanto, não participará do resgate. O banco havia bloqueado um empréstimo bilionário, por causa das consequências da Operação Lava Jato e dos altos riscos envolvidos.
A informação é da Folha de S.Paulo.
De acordo com o jornal, o financiamento virá dos atuais credores, de estaleiros asiáticos que já estão no negócio e de bancos de desenvolvimento estrangeiros.

Os projetos da companhia precisaram ser totalmente refeitos, nos últimos dois meses. Ao invés das 29 sondas que construiria para a Petrobras, sua principal parceira, ela fornecerá apenas 15.

Histórico


A Sete Brasil está sofrendo há meses, principalmente por causa da crise de sua principal parceira, a Petrobras. A estatal cancelou alguns pedidos de construção de sondas para exploração do pré-sal que havia feito.

Além disso, no fim do ano passado, ela apareceu nas investigações da Operação Lava Jato.
Foi então que começou a afundar: teve dificuldade de conseguir novos empréstimos e sofre com rebaixamento de rating. Por conta disso, o BNDES bloqueou um empréstimo de 10 bilhões de reais que havia prometido em 2010.

Por fim, a empreiteira não consegue pagar a dívida de 3,6 bilhões de dólares, que tem com um grupo de bancos, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander, Bradesco, Itaú e Standard Chatered. 

A empresa começou a olhar para o exterior, na tentativa de se recuperar. No entanto, para liberar o financiamento, bancos chineses exigiram garantias da empresa, como a liberação dos recursos do BNDES.

Entre os bancos que já sinalizaram que podem ceder recursos à Sete Brasil estariam o China Development Bank (CDB) e o Japan Bank for Internacional Cooperation (JBIC).

Ezentis compra brasileira Ability por 55,4 mi de euros




Wikimedia Commons
Grupo espanhol de tecnologia Ezentis
Ezentis: o financiamento terá como objetivo ampliar os prazos da dívida

Da REUTERS


A empresa espanhola de tecnologia Ezentis obteve financiamento de 126 milhões de euros da investidora Highbridge Principal Strategies e comprou a brasileira Ability por 55,4 milhões de euros.
O financiamento terá como objetivo ampliar os prazos da dívida, aumentar participação em filiais e financiar aquisições como a da Ability.

A Ability, especializada em prestação de serviços de operação e manutenção de redes fixas de telecomunicações - teve faturamento de 90,8 milhões de euros em 2014 e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 10,1 milhões de euros nos últimos 12 meses.

David Neeleman, da Azul, é o novo dono da TAP




Michael Edwards/Getty Images
David Neeleman, fundador da companhia aérea Azul
David Neeleman: além da Azul, empresário já criou quatro companhias aéreas
 
 
 
São Paulo – A negociação pela venda e consequente privatização da companhia aérea portuguesa TAP finalmente recebeu um desfecho: David Neeleman será o novo dono.

O anúncio foi dado agora pouco pelo governo português. O dono da Azul vai ficar com 61% da TAP.
Para levar a empresa, o empresário teve de vencer a proposta que havia sido feita pelo empresário Germán Efromovich, controlador da Avianca, com uma oferta “bem mais alta”, segundo jornais de Portugal.

O acordo englobaria uma injeção de capital entre 300 e 350 milhões de euros na companhia aérea, que atualmente acumula um prejuízo de 85 milhões de euros e uma dívida estimada em 1 bilhão de euros.

Hoje a TAP voa para 88 destinos em 38 países com uma frota de 77 aviões.
No Brasil, opera 84 voos semanais, motivo que a tornou um alvo promissor para as companhias aéreas do país.


Investida nos ares


Além do investimento, Neeleman garantiria à TAP a expansão de suas operações por aqui e em uma possível investida no mercado americano. 

Nascido em São Paulo, em 1959, David Neeleman é filho de americanos e tem traçado sua carreira para a criação de grandes companhias aéreas.

Até agora, já criou quatro delas: a Morris Air e a JetBlue, nos Estados Unidos, a WestJet no Canadá e a Azul no Brasil. Com a TAP ele poderia dar ainda mais impulso à empresa brasileira.
Criada em 2008, Azul é a terceira do setor, com 15,87% de mercado e a maior taxa de ocupação dos voos, 89,70%, segundo dados da ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) de janeiro.
 
A companhia também é a novata na oferta de voos internacionais, uma categoria que rende tarifas melhores por passageiros, com preços cravados em dólar.
 
Começou neste ano a ofertar voos para os Estados Unidos, além de melhoras de serviços a bordo. Com a TAP, os destinos oferecidos poderiam ser ampliados. 
 

Resistência e greve


Nos últimos meses, funcionários da TAP promoveram greves por serem contrários à privatização da companhia.
 
O governo de Portugal tenta vender parte da empresa desde 2000. Na época o negócio não foi fechado porque a principal interessada, a Swiss Air, desistiu.

Uma segunda tentativa aconteceu em 2012, quando a Avianca era a favorita, mas o governo acabou por não aceitar a proposta.

Desta vez, o consórcio Gateway, união entre Neeleman e o empresário Humberto Pedrosa, ficará com 61% da companhia e reservará 5% aos funcionários.

Se não houver interesse deles, a porcentagem será entregue aos investidores.

O anúncio oficial será feito pelo governo português às 14h.

Eletrobras contrata escritório para investigar projetos




Adriano Machado/Bloomberg
Eletrobras Rondônia
Eletrobras: empresa disse que as investigações envolverão projetos próprios e participações minoritárias em sociedades
 
 
 
São Paulo - A estatal Eletrobras enviou comunicado ao mercado nesta quarta-feira no qual afirma que contratou o escritório de advocacia internacional Hogan Lovells para avaliar eventual existência de irregularidades em projetos que violem as leis anti-corrupção brasileira (Lei 12.846/2013) e dos Estados Unidos

A empresa disse que as investigações envolverão projetos próprios e participações minoritárias em Sociedades de Propósito Específico (SPEs), com foco nos empreendimentos mais relevantes para o balanço da empresa e naqueles que envolvem construtoras citadas na operação Lava Jato, da Polícia Federal brasileira.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Cade decidirá sobre operação entre Tigre e Condor Pincéis


Getty Images
Pincéis, artes visuais
A superintendência verificou que a Tigre e a Condor são os dois maiores agentes econômicos do mercado de pincéis
 
Sandra Manfrini, do Estadão Conteúdo

Brasília - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgou nota nesta sexta-feira, 05, que informa que o ato de concentração referente à compra da totalidade das quotas do capital da Condor Pincéis Ltda pela Tigre S/A - Tubos e Conexões será analisado agora pelo tribunal do órgão.
A Superintendência Geral do Cade decidiu impugnar a operação e remeteu a decisão ao colegiado, que dará a decisão final sobre o caso.

A superintendência verificou que a Tigre e a Condor são os dois maiores agentes econômicos do mercado de pincéis, sendo que os demais concorrentes têm porte significativamente inferior. Com a operação proposta, segundo o Cade, a Tigre passaria a deter mais de 70% do mercado.
"A Superintendência Geral concluiu também que a operação gera preocupações concorrenciais nos mercados de broxas, escovas, rolos, trinchas e acessórios para pintura, apesar da existência de um rival de porte significativo. De acordo com o parecer, o aumento do poder de portfólio da Tigre nesses segmentos poderia ser um entrave ao acesso das empresas de menor porte aos pontos de venda", diz a nota.

Em razão do que chamou de "potencialidades anticoncorrenciais", a "Superintendência Geral entendeu que a aprovação da operação conforme apresentada poderia resultar em aumentos dos preços dos produtos e na eliminação de concorrentes dos mercados envolvidos".

Caberá ao tribunal do Cade agora dar a decisão final sobre a aprovação, reprovação ou adoção de eventuais restrições ou medidas que afastem os problemas identificados.

O ato de concentração foi notificado em dezembro de 2014 e as partes apresentaram emenda da notificação em 7 de janeiro de 2015. O prazo legal para a decisão final do Cade é de 240 dias, prorrogáveis por mais 90.

A Condor Pincéis é responsável pela fabricação e comercialização de ferramentas para pintura artística e escolar e para pintura imobiliária. A Tigre S/A - Tubos e Conexões pertence ao Grupo Tigre, também formado pelas empresas Pincéis Tigre - Ferramentas para Pintura, Plena - Acessórios em PVC, Claris - Portas e Janelas em PVC e Tigre ADS - Tubos Corrugados em PEAD.

Fiat Chrysler busca investidores para possível fusão com GM



Bloomberg
Fiat Chrysler Automobilies
Fiat Chrysler automobilies: o presidente da montadora tem se empenhado em estabilizar o mercado de carros
 
 
São Paulo - Em uma tentativa de consolidar o mercado automobilístico, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) busca parceiros, investidores e fundos de hedge para tentar convencer a General Motors a uma possível fusão.

Segundo o Wall Street Journal, o diretor-presidente da montadora, Sergio Marchinne, tem se emprenhado em estabilizar o mercado de carros, fragmentado demais para ele.

Sua última investida nesse sentido foi voltada para fora da empresa, ao conversar com investidores para conseguir um parceiro para a montadora.
Com um aliado de peso, a empresa poderia fazer propostas mais fortes para a GM, visando uma possível fusão, de acordo com o jornal.

No entanto, encontrar parceiros para a empreitada não será tão simples, afirma o veículo americano. Ainda que tenha alcançado o lucro, a FCA opera com margens muito menores do que o resto do mercado.

Essa não seria a primeira tentativa da Fiat Chrysler em adquirir a GM. O mercado norte-americano é um dos principais focos da montadora. Além disso, a GM tem uma atuação forte na Ásia, ponto fraco da FCA.