Reprodução/Facebook
Dan Price, CEO da Gravity Payments
São Paulo – O CEO da Gravity Payments, Dan Price, fez um anúncio que
correu o mundo: para aumentar os ganhos de seus funcionários, reduziria seu próprio salário, que era de 1 milhão de dólares anuais, para 70 mil dólares.
Todos os 120 funcionários da startup de serviços de pagamentos também receberiam um salário mínimo de 70 mil dólares ao ano (aproximadamente 241 mil reais, ou 20 mil reais por mês, considerando o preço do dólar de hoje).
O aumento seria feito de forma progressiva nos próximos três anos e,
para fazê-lo, Price também usaria 2 milhões de dólares lucrados pela
empresa em 2014.
Desde o anúncio da medida, em abril deste ano, Price foi capa de
revista, participou de programas de TV, foi visto como um “líder
visionário” e sua atitude foi até estudada por professores de Harvard.
Mas, de acordo com uma reportagem do The New York Times, muita coisa mudou na empresa desde então.
A repercussão do caso fez a equipe da startup ficar sobrecarregada com a
avalanche de e-mails, ligações e posts no Facebook. Com tantos olhos na
empresa, alguns deles esperando pelo fracasso, a pressão foi intensa,
segundo o jornal.
O que resultou na perda de clientes, que também romperam os contratos por acreditar que a decisão traria custos no longo prazo.
Outros clientes, ainda de acordo com o New York Times, ficaram com medo
da medida e deixaram a empresa, uma vez que o aumento foi visto como uma
“declaração política” e “socialista”, em meio a um debate nos Estados Unidos sobre a desigualdade de salários entre diretores e funcionários.
Outro problema para o CEO é que Lucas Price, cofundador da empresa e seu
irmão, entrou com uma ação contra a Gravity, alegando diferenças de
longa data com Dan Price.
Demissões
Não bastasse isso, o aumento salarial teve outra consequência séria para
a Gravity Payments: dois importantes funcionários do negócio,
valorizados pelo CEO, pediram demissão por acreditar que a medida era
injusta.
A gerente financeira Maisey McMaster disse à reportagem do New York
Times que até se entusiasmou pelo aumento no começo, mas que pensou
melhor depois e passou a "remoer" a medida. Para ela, o aumento nivelou
todos os profissionais -- inclusive os menos preparados.
Ela pediu demissão, após conversar com o chefe, que teria dito a ela que era uma “egoísta”.
O outro funcionário que saiu foi Grant Moran, desenvolvedor web. Ele não gostou da exposição do novo salário.