quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Liberty Global compra Cable & Wireless Communications


Getty Images
10. John Malone - Liberty Media
John Malone: empresas são financiadas por John Malone
 
Mamidipudi Soumithri, da REUTERS

A Liberty Global disse que compraria a Cable & Wireless Communications em um acordo de 3,6 bilhões de libras que unirá as duas empresas financiadas por John Malone e estenderá o alcance da Liberty no Caribe.

A Cable & Wireless, sediada em Londres, se descreve como "a participante a se procurar" no Caribe e na América Latina. Malone, o "rei dos cabos" nos Estados Unidos, adquiriu uma parcela de cerca de 13 por cento da empresa em março.

O acordo, que inclui três opções, representa um valor agregado de 81,04 centavos de libra por ação, incluindo dividendos especiais de 3 centavos de libra por ação.

A oferta recomendada pelo conselho da Cable & Wireless representa um valor indicativo de 86,82 centavos de libra por ação, um prêmio de cerca de 18 por cento ante o encerramento das ações na segunda-feira, disseram as companhias em declaração conjunta.

Brasil e China são deixados de fora de boom global de fusões




GeorgeRudy/Thinkstock
Executivos aperta as mãos (diplomacia, negociação, acordo)

 Emergentes fora das negociações: após darem um salto no ano passado, as aquisições nos países em desenvolvimento estão em baixa de quase 10 % em 2015
 
Manuel Baigorri, da Bloomberg


São Paulo - Em um ano de potencialmente recorde global de realização de negócios, os executivos estão esnobando a compra de empresas da China, do Brasil e de outros mercados emergentes.

As culpadas são as incertezas geopolíticas, a volatilidade do mercado e do câmbio e a queda dos preços das commodities.

Os negócios para a compra de empresas nos mercados emergentes caminham para o nível mais baixo desde 2009 -- em um momento em que o montante em dólar das transações globais, neste ano, está prestes a superar os US$ 4,2 trilhões alcançados em 2007, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“As pessoas estão realmente preocupadas com a instabilidade nos mercados emergentes e voltando seus olhos às economias consolidadas”, disse David Avery-Gee, sócio corporativo do escritório de advocacia Linklaters, em Londres.

“Pela primeira vez em muitos anos, as empresas ocidentais estão pensando duas vezes antes de se expandirem para os mercados emergentes por meio de fusões e aquisições”.

Após darem um salto no ano passado, as aquisições nos países em desenvolvimento estão em baixa de quase 10 % em 2015, segundo os dados.

Como contraste, mais de 70 % dos US$ 3,5 trilhões em negócios anunciados neste ano envolvem um comprador ou um alvo com sede na América do Norte, na Europa Ocidental e nas economias desenvolvidas da Ásia, mostram os dados, um aumento de 34 % em relação ao ano passado.
 

Perspectivas de crescimento


No Brasil, onde os economistas preveem que a crise econômica se transformará na recessão mais longa do país desde a Grande Depressão, os negócios de entrada estão em baixa de 27 % na comparação ano a ano.

Além disso, houve apenas uma oferta pública inicial no país, que levantou apenas US$ 229 milhões, o que contrasta com 2013, quando as empresas captaram mais de US$ 8 bilhões.

Os temores em relação à desaceleração na China sufocaram o interesse dos compradores no país. As aquisições provenientes de países desenvolvidos ficaram 17 % mais baixas, em US$ 9,8 bilhões, mostram dados da Bloomberg.

Um total avaliado em cerca de US$ 1,76 bilhão em IPOs foi cancelado ou adiado, mais do que o dobro do número do ano passado.

“As empresas que investem na China estão sendo desafiadas pelos acionistas preocupados com as perspectivas de crescimento do país”, disse Sophie Javary, chefe de finança corporativa para Europa, Oriente Médio e África no BNP Paribas.

Os negócios concretizados nos mercados emergentes são, algumas vezes, impulsionados por taxas cambiais favoráveis que se traduzem em um preço de compra mais baixo.

Em março, a British American Tobacco apresentou oferta de cerca de US$ 3,5 bilhões pela participação que ainda não possui na Souza Cruz, a maior fabricante de cigarros do Brasil, tirando vantagem da desvalorização do real para se expandir na América Latina.

E algumas empresas ainda estão dispostas a assumir o risco em economias menos estáveis, conforme mostrado pela aquisição de US$ 107 bilhões da cervejaria SABMiller pela Anheuser-Busch InBev. A cervejaria belga poderia tirar proveito do acesso aos mercados emergentes na América Latina e na África, onde seu alvo obtém cerca de 80 % de sua receita.
 

Olhando para fora


Enquanto isso, algumas empresas com sede em mercados emergentes não estão paradas esperando comprador. Elas estão começando a procurar fora para expandir-se em economias mais estáveis e desenvolvidas.

A estatal China National Chemical está negociando a compra da fabricante de pesticidas suíça Syngenta, disseram fontes informadas sobre o assunto na semana passada. Se o negócio for adiante, será a maior aquisição chinesa da história -- e dará ao país uma posição importante na indústria agrícola global.

Em março, a Hutchison Whampoa de Li Ka-shing fechou acordo para aquisição da O2, uma unidade da Telefónica, criando a maior operadora de telefonia celular da britânica em número de clientes, um marco nos esforços do bilionário para reconstrução do conglomerado de Hong Kong.

“As empresas chinesas estão sendo particularmente agressivas na compra de ativos europeus com presença na China”, disse Javary, citando negócios como a aquisição de uma participação na fabricante de pneus italiana Pirelli pela ChemChina por 7,1 bilhões de euros (US$ 7,6 bilhões).

Após megafusão, a cerveja Miller passará para Molson Coors


Divulgação/Facebook oficial
Cerveja Miller, vendida no Brasil por parceria entre a SABMIller e a Cervejaria Petrópolis, passará para Molson Coors
Cerveja Miller, vendida no Brasil por parceria entre a SABMIller e a Cervejaria Petrópolis, passará para Molson Coors
 
 
 
São Paulo - A produção, venda e distribuição da cerveja Miller, marca da SABMiller, serão controladas pela Molson Coors, depois da aprovação e fechamento da fusão com a AB InBev.

Uma das exigências para a fusão é a venda da participação de 58% que a SABMiller detém na joint venture MillerCoors para sua parceira, Molson Coors Brewing Company, 5ª maior do mundo. Além da participação, a negociação também inclui a marca Miller.

No Brasil, a SABMiller passou a produzir e vender a cerveja Miller em outubro de 2014, a partir de um acordo com o Grupo Petrópolis.
As vendas começaram em maio e, desde então, a cerveja Miller chegou a 50 mil locais, com participação de 1,3% no segmento de cervejas premium.

A operação passará para as mãos da Molson Coors apenas após a aprovação e fechamento da megafusão, previsto para ocorrer entre julho de 2016 e maio de 2017.

Até lá, a SABMiller, ABInvev e Molson Coors continuam concorrentes no Brasil, afirma a empresa, e a parceria com o Grupo Petrópolis se mantém.

O valor da venda da fatia da SABMiller é de 12 bilhões de dólares. No último trimestre, a joint venture reportou faturamento de 344,4 milhões de dólares, queda de 8,6%. 

Os principais mercados da Molson Coors são os Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. A incorporação da fatia dará condições para ela competir melhor na América Latina. Além disso, ajudará a empresa a cortar custos e recuperar crescimento.

Brasil é 57º em ranking de geração e retenção de talentos



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Shell, Embraco, Copersucar, Invepar e Abril são algumas das companhias que estão à procura de novos talentos
Talento: na categoria investimento/desenvolvimento, a nota brasileira este ano foi de 47, ficando em 48 na categoria prontidão e 56 em atração
 
 
Álvaro Campos, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O Brasil caiu cinco posições e agora aparece no 57º lugar no ranking global que mede a capacidade de desenvolver, atrair e reter talentos, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 18, pelo instituto de pesquisa suíço IMD.

O estudo, que engloba 61 países, foca em três categorias principais: investimento/desenvolvimento; atração; e prontidão.

Dentro delas, são avaliados pontos como educação, aprendizagem, treinamento de funcionários, fuga de capital humano, custo de vida, motivação dos colaboradores, qualidade de vida, competências linguísticas, remuneração, taxas e impostos.
O professor Arturo Bris, diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD e responsável pelo estudo, lembra que nem sempre poder econômico e talento andam lado a lado.

Ele aponta que a capacidade de gerar e reter talentos depende da agilidade de moldar políticas públicas que atuem nesse sentido, e que o Brasil e outros países da América Latina ainda são muito deficientes nesse ponto.

"No Brasil, a situação está se deteriorando, em vez de melhorar. É dispensável dizer que esta tendência tem de ser revertida", comenta.

Este ano o Brasil obteve nota geral 10,8, na escala que vai de zero a 100. A melhor classificação brasileira foi em 2005, quando atingiu a 28ª posição no ranking.

Na categoria investimento/desenvolvimento, a nota brasileira este ano foi de 47, ficando em 48 na categoria prontidão e 56 em atração.

O relatório aponta que o Brasil viu seu indicador sobre o "crescimento da força de trabalho" cair fortemente, de 4,57% em 2005 para 0,75% em 2014 e -0,05% em 2015.

Da mesma forma, a nota sobre disponibilidade de "trabalhadores qualificados" caiu de 5,34 para 3,11 no mesmo período.

A avaliação do País também caiu drasticamente no critério "habilidades financeiras" (de 6,17 em 2005 para 4,05 em 2015) e "gestores seniores competentes" (de 6,20 para 3,68).

Em "sistema educacional", a nota caiu de 3,34 para 1,88 no mesmo período. Nesse item, o Brasil aparece em último lugar no ranking global, o que também acontece em "ciência na escola" e "habilidades linguísticas".

Por outro lado, a "participação das mulheres no mercado de trabalho" avançou de 43,11% para 49,65% nos últimos dez anos.

Este é o item em que o Brasil está melhor colocado na classificação mundial, em 3º lugar, perdendo apenas para Lituânia (50,12%) e Letônia (49,87%).

O ranking global geral é liderado por Suíça (nota 100), Dinamarca (83,7), Luxemburgo (78,6), Noruega (78,1) e Holanda (77,1).

Na parte de baixo da tabela estão Brasil (10,8), Croácia (9,6), Peru (7,8), Venezuela (2,9) e Bulgária (0,0) na última colocação.

Com novo CEO, Magazine Luiza quer ser o eBay brasileiro



Alexandre Battibugli/Exame
Frederico Trajano
Frederico Trajano, do Magazine Luiza: cosméticos e perfumes serão vendidos pelo site em dezembro
 
 


São Paulo – Nesta semana, o Magazine Luiza anunciou a mudança do comando da companhia. Frederico Trajano assume o posto no lugar de Marcelo Silva, que vai para a vice-presidência do conselho no lugar de Luiza Helena Trajano, que por sua vez vai para a presidência do conselho.

A mudança já era considerada natural pelo mercado e a transição vinha acontecendo, com ajuda de consultorias e muitas conversas, há dois anos.
E é só a primeira de uma série que está por vir.
Fred tem agora, segundo ele mesmo, a missão de transformar a companhia de uma varejista com vendas online em uma empresa digital, com lojas físicas e “calor humano”.

“Comecei na área digital, que hoje representa 24% do faturamento”, disse ele em entrevista a EXAME.com. “Nosso plano é torná-la mais digital, sem deixar de atender bem os clientes”.

Para tanto, a companhia desenhou um plano baseado em cinco pilares, todos sendo colocados em prática aos poucos a partir deste ano.

O primeiro deles, e mais impactante, começa em dezembro com a venda de perfumes e cosméticos no site do Magazine.

“Vamos ampliar os tipos de produtos vendidos e ter uma plataforma com espaço para que outros varejistas também vendam, como faz o eBay e MercadoLivre”, explica o executivo.

Dentro da empresa, uma área de homologação cuidará dos vendedores parceiros que venderão por meio do site. Inicialmente, “sellers” de novas categorias serão prioridade.

“Mas também queremos trabalhar com fornecedores que completem as linhas que já vendemos hoje”, diz Fred.
 



Do que adianta se tornar uma varejista online, se os clientes não sabem por que comprar e como usar direito os eletrônicos que compram, certo?

O Magazine diz já ter pensado nisso. Tanto que uma das premissas da estratégia também é a digitalização dos consumidores, por meio de cursos e vídeos interativos.

Os materiais, muitos já disponíveis no Youtube e site, servem tanto para quem pensa em comprar como para os que já estão com seus produtos em casa.

Da mesma maneira, será preciso treinar os funcionários para vender nas lojas físicas de uma maneira mais digital.

Além de conhecimento técnico dos produtos, todo o atendimento será por smartphone nas lojas, iniciativa que também começa em 2016.

Os vendedores estão sendo treinados também para divulgar itens em mídias sociais e se relacionar com clientes por ali.
 

Mudança leve


A parte de logística também foi alterada para atender as novas demandas, que vão devem ser maiores no site e vão permitir que clientes comprem online e apanhem os itens em uma loja.

Para tanto, os estoques das lojas foram integrados aos oito centros de distribuição da companhia pelo país.

Assim, será mais fácil – e barato – entender quantos itens de determinada marca precisam ser repostos e para quais lojas, por exemplo.

Por fim, a companhia quer implantar uma cultura de empreendedorismo digital, para incentivar novas ideias de negócios trazidas por pessoas de dentro e fora da empresa.

“É toda uma nova cultura de ser e atender que estamos adotando e queremos que todos estejam alinhados nisso”, afirma o novo CEO.

De acordo com Fred Trajano, todas essas mudanças para a companhia são leves, porque não há ativos, apenas ajustes e investimentos em pessoas e sistemas.

Para 2016, a expectativa é de um ano tão difícil quanto foi 2015.
 

Não é a mamãe


Os funcionários que ocupam cargos de liderança entre os 20.000 da empresa foram os primeiros a saber das mudanças de cúpula em um evento em São Paulo, no início da semana.

Embora, esperado o anúncio pode trazer comparações entre a maneira de gerir a empresa de Fred e sua mãe, Luiza Helena, com quem trabalha diretamente há 15 anos.

“Ela, minha tia (fundadora do Magazine, Luiza Trajano Donato) e Marcelo são meus mentores”, afirma o novo CEO. “Como aprendi muito com os três essa comparação não é um peso para mim, mas sim um privilégio”.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O golpe já foi dado. Lula é o presidente e nomeou Meirelles para o lugar de Levy

Titular da Fazenda fala a senadores e é triturado ao defender CPMF; o candidato à sua cadeira critica imposto em conversa com empresários

Por: Reinaldo Azevedo
 
 
O comando do Bradesco deveria fazer logo um favor a Joaquim Levy — sei que soa meio estranho escrever desse modo — e afastar dele o cálice do Ministério da Fazenda. Levy é um bom homem, é um profissional competente na sua área e está passando por uma fritura desnecessária e penosa. Já foi derrubado por Lula. Henrique Meirelles — ex-presidente do Banco Central e outro profissional que nada entende de política econômica — é o virtual novo ministro da Fazenda. Já está até concedendo entrevista nessa condição.

O que isso quer dizer? Ora, que o golpe já foi dado. E, é claro, não foi pela oposição nem pelos jovens que estão acampados nos gramados do Congresso. Quem apeou Dilma da cadeira foi o grande golpista de plantão no Brasil: chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Isso não é matéria de gosto, mas de fato.

Levy já começou a ser desautorizado a céu aberto. Determinações suas estão sendo descumpridas por Jaques Wagner, por exemplo, o lulista da Casa Civil. Na terça, coitado!, em jantar com senadores tanto da base aliada como da oposição, o ministro da Fazenda passou por um verdadeiro massacre. 

Fez lá as suas antevisões de praxe e voltou a defender a CPMF, que não terá vida fácil no Congresso.

E Meirelles? Ah, esse já até concede entrevista como ministro. E parece não esconder a excitação com a possibilidade. Indagado por jornalistas a respeito, um modesto decoroso teria dito que a conversa não procede, que Levy faz um excelente trabalho, que se deve deixar o ministro cumprir as suas tarefas, essas coisas. Ele deveria ter dito isso tudo ainda que não acreditasse em nada.
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Ocorre que, ainda que Meirelles fosse decoroso, a modéstia não é um mal que vá matá-lo algum dia. Num evento na Confederação Nacional da Indústria, nesta quarta, criticou a recriação da CPMF e a elevada carga tributária brasileira. Parecia música aos ouvidos dos presentes. E era mais um round da luta contra Levy.

Indagado, depois, pelos jornalistas se vai para o lugar do ministro da Fazenda, deu esta significativa resposta: “Não posso comentar sobre coisas de que não estou participando diretamente. Esse tipo de assunto, eu leio nos jornais e não estou em condições de comentar”.

Heiiinnn? Cadê o decoro e o elogio de praxe ao atual titular?

E notem: ele diz não estar participando “diretamente” — entendo, pois, que participe indiretamente e que haja um agente que cuida de sua nomeação. Há mesmo: Lula.

Mas ele aceitaria? Reitero: a única resposta elegante, em casos assim, seria dizer que a Fazenda está em boas mãos — o que não impediria a sua eventual nomeação. Mas ele preferiu dizer isto: “Questão de se eu aceitaria ou não aceitaria, tenho uma postura há muito tempo: eu não trabalho, não penso nem falo sobre hipótese. Só trabalho com situação concreta. Acho que o importante hoje é definirmos o que precisa ser feito no Brasil”.

Assim, a lógica obriga a que se conclua:
 
1 – sim, ele aceitaria;
2 – ele acha que não se definiu ainda o que precisa ser feito no Brasil;
3 – se ele aceita o cargo, então haveria essa definição.

Para lembrar: Meirelles sempre foi o candidato de Lula para a Fazenda. Ocorre que Dilma o detesta e está certa de que ele prestaria vassalagem, para ficar em termos medievais, a outro senhor. E ela tem razão.

Mas parece que essa é uma objeção que fazia sentido quando a presidente de direito também era a presidente de fato. Não é mais. Está fora.
 
Como é que a gente vai agora pedir o impeachment de Lula se ele nem foi eleito?

 http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-golpe-ja-foi-dado-lula-e-o-presidente-e-nomeou-meirelles-para-o-lugar-de-levy/

Comissão aprova LDO sem abatimento do PAC da meta fiscal




REUTERS/Guadalupe Pardo
Joaquim Levy
Joaquim Levy: a mudança significa uma vitória para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, crítico de qualquer tipo de dedução da meta fiscal
 
Ricardo Brito, do Estadão Conteúdo


Brasília - Após um acordo costurado a portas fechadas entre a base aliada e a oposição, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou nesta quinta-feira, 12, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016.

Em uma hora e meia, o colegiado voltou atrás da posição anterior e, na votação dos destaques, retirou a possibilidade de o governo abater da meta fiscal até R$ 20 bilhões de investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Na prática, a meta fiscal do próximo ano continuará sendo de um superávit primário de 0,7% do PIB (o que representa R$ 43,8 bilhões).
A mudança significa uma vitória para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, crítico de qualquer tipo de dedução da meta fiscal.

A proposta seguirá para apreciação do plenário do Congresso, que pode votar a medida na próxima terça-feira, 17.

Nos bastidores, a base aliada fechou um acordo com a oposição para, em troca da aprovação do superávit primário de 0,7% do PIB para o próximo ano, não impedir com manobras regimentais a votação do projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015. Essa alteração deve ser apreciada pela CMO na próxima semana.

O governo vê com grande preocupação o risco de o projeto que altera a meta fiscal deste ano não ser aprovado até o fim do ano pelo Congresso.

Se não cumprir a meta prevista originalmente, a presidente Dilma Rousseff poderá ser enquadrada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e também por crime de responsabilidade. No limite, abriria uma brecha para ser alvo de um processo de impeachment.

O relator da LDO de 2016, deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE), anunciou o resultado do acordo no momento da votação do seu parecer.

De 291 emendas, ele acatou 33 delas, sendo que duas se referiam à retirada do abatimento de R$ 20 bilhões do PAC, conforme ele havia acatado anteriormente.

"Isso foi feito em entendimento com todas as lideranças e com a presidente (da comissão, senadora Rose de Freitas)", disse Teobaldo.

O deputado de oposição Caio Nárcio (PSDB-MG) elogiou a aprovação da LDO de 2016 na comissão sem o abatimento do PAC. "Ela retira o cheque em branco dado ao governo", disse.