Rodrigo Arangua / AFP
Offshore: não é necessariamente proibido ter uma sociedade offshore ou
uma conta no exterior, o importante é saber que atividade real há por
trás dessas contas
Da AFP
O escândalo
dos "Panama Papers" colocou em foco as empresas "offshore", uma
ferramenta essencial para a evasão fiscal. Mas como essas sociedade
funcionam exatamente? Para que servem? Suas atividades são todas
ilegais?
O que é uma sociedade 'offshore'?
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O termo inglês "offshore" nomeia as sociedades registradas no exterior,
em um país onde o proprietário da companhia não é residente.
Diferentemente das filiais internacionais das empresas, essas sociedades
não têm nenhuma atividade econômica nos países onde estão domiciliados.
Criar uma sociedade "offshore" pode ser "muito simples ou muito
complicado", explicou à AFP Eric Vernier, pesquisador de Relações
Internacionais (IRIS).
Isso pode ser feito utilizando-se de escritórios especializados, alguns
deles de renome internacional, mas também pela internet, com poucas
operações e investindo alguns poucos euros.
É ilegal?
"Não é necessariamente proibido ter uma sociedade 'offshore' ou uma
conta no exterior, o importante é saber que atividade real há por trás
dessas contas e qual é a origem desses fluxos financeiros", declarou na
segunda-feira o secretário de Orçamento francês, Christian Eckert.
Esse é o argumento de muitas pessoas citadas nos "Panama Papers", já que
todo mundo tem direito de criar uma sociedade "offshore", se isso for
declarado.
Se é legal, para que criar esse tipo de sociedade?
"A primeira ideia, é fazer a otimização fiscal, que não deve se confundir com a fraude fiscal", declarou Vernier.
O objetivo é "fazer que os beneficiários declarem num lugar onde há
poucos impostos", o que permite as empresas aumentarem sua
rentabilidade, explicou o especialista.
Nesse caso, essas sociedades são fundadas geralmente nos chamados
"paraísos fiscais", que são os Estados onde os impostos são
especialmente vantajosos, como Bahamas, Ilhas Virgens e Panamá.
Os Estados Unidos, segundo o especialista, também poderia ser incluído nessa lista, já que o estado de Delaware oferece condições vantajosas.
"Isso também pode facilitar algumas transações que não são
necessariamente ilegais, mas que precisam de uma certa discrição, o que é
garantido nos paraísos fiscais", acrescentou Vernier.
As empresas que criam sociedades "offshore" podem optar por isso "para
se beneficiar de uma regulação que lhes permite fazer no exterior o que
não pode fazer em casa", explicou Michel Taly, especialista fiscal do
Instituto de Empresas.
Por que as sociedades "offshore" estão nas listas negras?
Frequentemente, "se abrem sociedades 'offshore' nas jurisdições com
legislação especial para abrir uma conta bancária e não aparecer
diretamente, para ter ativos escondendo sua identidade", explicou à AFP
Gaëlle Menu-Lejeune, advogada especializada em direito tributário da
empresa Fidal.
"É ilegal na medida em que a criação dessas sociedades tenha como objetivo ocultar o beneficiário", acrescentou.
Na maioria dos casos, as sociedades "offshore" estão em territórios onde
há pouca transparência bancária. No entanto, muitas vezes são usados
"testas de ferro", que apagam as pistas sobre os verdadeiros
proprietários dessas estruturas.
Esse ambiente de falta de transparência é ideal para alguém que quer
lavar dinheiro proveniente de ativos procedentes de atividades
criminosas.