
Consumidores na região da Rua 25 de Março, em São Paulo. Foto: Renato S. Cerqueira/Ato Press/Estadão Conteúdo
O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil desacelerou ainda mais no 3º trimestre e registrou um crescimento de apenas 0,1%, na comparação com o 2º trimestre, confirmando a tendência de enfraquecimento da economia brasileira, mostrou nesta quinta-feira, 4, o IBGE. Em, valores correntes, o PIB totalizou R$ 3,2 trilhões de julho a setembro.
O resultado ficou abaixo do esperado. Expectativa em pesquisa da Reuters era avanço de 0,2% no período de julho a setembro.
O IBGE também revisou para baixo o crescimento do 2º trimestre para 0,3%, ante leitura anterior de 0,4%.
Trata-se do trimestre mais fraco desde o 4º trimestre de 2024, quando a economia teve retração de 0,1%. Veja gráfico abaixo:

Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, o PIB brasileiro cresceu 1,8% no terceiro trimestre de 2025. No acumulado em 12 meses, o avanço é de 2,7% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
Consumo das famílias fica praticamente estagnado
Embora a Agropecuária (0,4%) e a Indústria (0,8%) tenham registrado crescimento, o setor de Serviços, que tem maior peso na economia, ficou praticamente estável (0,1%). Veja aqui o resultado do PIB na íntegra.
Pelo lado da demanda, o Consumo das Famílias (0,1%) ficou praticamente estagnado, contra crescimento de 0,6% no 1º e 2º trimestre. Já o Consumo do Governo cresceu 1,3%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo subiu 0,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
A taxa de investimento no terceiro trimestre ficou em 17,3%, o que representa uma ligeira redução em relação ao mesmo período de 2024 (17,4%). Já a taxa de poupança foi de 14,5%, igualando a taxa (14,5%) do mesmo período de 2024.
Veja o desempenho dos principais setores
Confira abaixo o desempenho detalhado de cada componente na comparação com o segundo trimestre de 2025:
- Serviços: +0,1%
- Indústria: +0,8%
- Agropecuária: 0,4%
- Exportações: +3,3%
- Importações: +0,3%
- Consumo das famílias: +0,1%
- Consumo do governo: +1,3%
- Investimentos: +0,9%
Entre os subsetores, na indústria, houve desempenho positivo nas Indústrias de Extrativas (1,7%), na Construção (1,3%) e nas Indústrias de Transformação (0,3%). Já a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,0%) caiu.
Nos serviços, cresceram: Transporte, armazenagem e correio (2,7%), Informação e comunicação (1,5%), Atividades imobiliárias (0,8%), Comércio (0,4%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,4%) e Outras atividades de serviços (0,2%). Por outro lado, caíram as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-1,0%).
Perspectivas
Apesar do mercado de trabalho aquecido, a economia brasileira vem enfrentando este ano a pressão de uma política monetária restritiva, com uma taxa básica de juros que segue mantida no patamar de 15%, que encarece o crédito e afeta as decisões de investimentos.
O BC volta a se reunir nas próximas terça e quarta-feiras e deve optar pela manutenção da Selic após ter sinalizado convicção de que isso vai assegurar a volta da inflação à meta de 3%.
A expectativa atual do mercado para o PIB, segundo o último boletim Focus do BC, é de um crescimento de 2,16% em 2025 e de 1,78% para 2026, após uma expansão de 3,4% registrada em 2024. Já o governo projeto um avanço de 2,3% do PIB neste ano.
“Os dados mostram que os juros altos já estão colocando algum freio na economia, mas não esperamos uma desaceleração forte. Na nossa visão, o mercado de trabalho aquecido e os estímulos promovidos pelo governo, como o aumento da isenção do Imposto de Renda, que passará a valer em 2026, devem manter a economia brasileira em expansão, ainda que em ritmo mais moderado”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
O Itaú afirmou que sua estimativa preliminar para o 4º trimestre indica um ritmo de crescimento semelhante ao observado no 3º trimestre. “Assim, devemos manter nossa projeção de 2,2% para o crescimento do PIB nesse ano”, disse.
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