Nova York - As perspectivas para a economia brasileira apresentaram
certa melhora nos meses recentes, afirma o Fundo Monetário Internacional
(
FMI) em documento preparatório para a reunião do G-20, o grupo dos países ricos do mundo, que será realizada na
China, com a presença do presidente, Michel Temer.
O relatório do FMI destaca que as exportações brasileiras e a produção
industrial têm reagido positivamente à queda do dólar no país e à
melhora dos índices de confiança de consumidores e empresários no
Brasil, que começa a se recuperar de suas baixas históricas.
Em uma entrevista à imprensa nesta quinta-feira, 1º de setembro, para
comentar o relatório, o economista do FMI, Helge Berger, disse que
países que estavam com situação muito negativa nos últimos trimestres e
anos, como Brasil e Rússia, estão mostrando uma estabilização ou mesmo
um "leve movimento" de melhora.
Em julho, pela primeira vez desde 2012, o FMI não rebaixou as previsões de crescimento da economia brasileira.
O documento do FMI evita tocar na questão política brasileira e ressalta
que o desempenho dos principais países emergentes tem mostrado
diferenças importantes.
Enquanto o Brasil e a Rússia seguem em recessão, a Índia continua com
forte expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e na Turquia, uma
tentativa frustrada de golpe militar ajuda a aumentar a incerteza sobre
os rumos do país.
O crescimento mundial continua registrando expansão modesta, mesmo com
juros muito baixos ou negativos nos países desenvolvidos, ressalta o
relatório.
Os Estados Unidos, a maior economia do mundo, devem crescer menos do que
se esperava no começo de 2016 e a expansão do Japão e da zona do euro
mostrou moderação. Já o Reino Unido deve enfrentar forte desaceleração
pela frente.
O balanço de riscos para os rumos da atividade econômica mundial "continuam pendendo para a piora", segundo o FMI.
O documento cita que potenciais ameaças para a expansão mundial incluem a
inflação muito baixa em países desenvolvidos, mudanças na economia da
China, além de questões geopolíticas, como as incertezas associadas aos
rumos do Reino Unido após a saída da União Europeia.
O FMI menciona ainda a preocupação com os bancos europeus, na medida em
que as instituições financeiras da região estão enfrentando vários
desafios.
Nesse ambiente de baixo crescimento, o FMI cobra ações urgentes dos
governos para tentar reverter esse cenário. É preciso avançar com
reformas, principalmente estruturais, que estimulem o investimento, que
não tem respondido mesmo as taxas de juros negativas, ressalta o
relatório.
"Uma falta de reformas estruturais e investimento público, incluindo
entre os países do G20, é uma razão essencial por trás do baixo
crescimento." O grupo, destaca o documento, não tem conseguido cumprir
metade das medidas comprometidas desde 2014 na reunião da Austrália para
expandir o investimento.
PIB mundial
A economia mundial pode ter em 2017 o sexto ano consecutivo de
crescimento abaixo da média de longo prazo, algo só visto no começo dos
anos 90, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional
(FMI), Christine Lagarde, em comentários enviados a imprensa nesta
quinta-feira.
Lagarde, que embarcou para a China para participar da reunião do G20, o
grupo dos países mais ricos do mundo, aponta uma série de razões para
esse fraco desempenho, incluindo os legados não resolvidos da crise de
2008 em países avançados, queda da produtividade e a forte desaceleração
de grandes mercados emergentes, como Brasil e Rússia.
Em 2016, o Produto Interno Bruto da economia mundial deve ter o quinto
ano seguido de expansão abaixo da média de longo prazo, de 3,7%.
O FMI projeta crescimento de 3,1% este ano e 3,4% em 2017. A economia só
teve desempenho "tão fraco e por tempo tão longo" no começo dos anos
90, de acordo com a dirigente.
"Ações políticas fortes são necessárias para evitar o que eu temo que
pode se tornar uma armadilha de baixo crescimento", afirma Lagarde. Os
governos podem lançar mão de medidas fiscais, desde que tenham espaço
para isso, ressalta a dirigente, que destaca ainda que os bancos
centrais têm sido muito demandados e estão perto do limite de adoção de
estímulos monetários.
Os governos precisam se empenhar mais em avançar nas reformas
estruturais, destaca Lagarde. A dirigente menciona que as propostas
acertadas nas reuniões recentes do G-20 não têm sido postas em práticas
em sua totalidade.
"Mais medidas são urgentes." A dirigente fala ainda a necessidade de estimular o comércio internacional.
As novas previsões para o desempenho da economia mundial devem ser
publicadas pelo FMI na primeira semana de outubro, na reunião anual da
instituição em Washington.
Berger disse que ainda é cedo para falar de como devem ficar as
projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, pois ainda há
desdobramentos, incluindo em mercados emergentes. "É um processo que
está em curso."
EUA
O Fundo Monetário Internacional (FMI) deve reduzir a previsão de
crescimento dos Estados Unidos em 2016 por conta dos fracos números do
primeiro e segundo trimestre, disse em entrevista à imprensa na
quarta-feira, 31, o economista da instituição, Helge Berger.
O PIB dos EUA cresceu 1,2% no segundo trimestre em valores anualizados.
No primeiro trimestre, a expansão foi de 0,8%. "Há uma fraqueza em
vários países, particularmente nas economias avançadas", disse o
economista. "O crescimento dos EUA na primeira metade de 2016 foi menor
que o esperado."
Em julho, quando divulgou seu último relatório de previsões para o PIB
mundial, o FMI projetava crescimento de 2,2% para os EUA em 2016 e 2,5%
em 2017.
No caso do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), o FMI
recomenda em um estudo que será apresentado na reunião do G-20 que a
instituição seja "muito gradual" no processo de subir os juros e
continue sendo "dependente de dados".