Wolfgang von Brauchitsch/Bloomberg News
Nokia: equipe tem 90 dias para debater quais produtos manter e quais eliminar
Chad Thomas e Ville Heiskanen, da Bloomberg
Após a aquisição da fabricante de equipamentos de rede rival, a francesa
Alcatel-Lucent, em janeiro, Rajeev Suri colocou sua equipe da Nokia em um cronograma ajustado: em apenas 90 dias eles precisariam debater quais produtos manter e quais eliminar.
Embora o CEO da Nokia, de 48 anos, admita que não é fã da indecisão, de
“discussões procrastinadas” e da política de escritório, o ritmo era
extremo até mesmo para o veloz mundo da tecnologia.
Mas a urgência de Suri tinha um propósito. Ele não queria repetir os equívocos de fusões anteriores das duas fornecedoras de rede que se arrastaram por anos e provocaram prejuízos bilionários.
“O mundo não espera por você”, disse Suri, em entrevista na sede da
empresa finlandesa, situada na floresta, nos arredores de Helsinque. “Se
você perde a janela, os clientes se dispersam”.
A empresa que resultou do negócio de US$ 18 bilhões está se consolidando
antes do que ele esperava, disse Suri. Em um setor assolado pela queda
das receitas, tempo realmente é dinheiro, já que ele trabalha para criar
um concorrente para a Huawei Technologies e a Ericsson -- um ator
global cujo leque de produtos abrange equipamentos de telefonia celular,
roteamento de internet, as antigas linhas fixas, cabo e software de
computação em nuvem.
A Nokia elevou seus objetivos de cortes de custos e acelerou seu
cronograma de implementação -- uma prova, diz Suri, de que está se
transformando na empresa que ele vislumbra, com um equilíbrio entre
impulso empreendedor, inovação, estrutura e disciplina.
Suri acelerou a integração atual limitando a equipe de pessoas no
projeto para menos de 100, contra as milhares que, segundo ele, estavam
envolvidas na Nokia Siemens. A Nokia elevou a meta anual de corte de
custos de 900 milhões de euros até 2019, de quando o acordo com a
Alcatel foi anunciado, para 1,2 bilhão de euros até 2018.
“Você quer ser inclusivo, mas não pode ser a ponto de ter tanta gente
envolvida que acaba desacelerando o processo”, disse Suri. “Já vimos
esse filme. Temos de aprender com os equívocos do passado”.
Eliminando empregos
A empresa planeja eliminar até 15.000 empregos de um total combinado de
105.000, disseram pessoas familiarizadas com o assunto em abril. Suri,
que preferiu não especificar sua meta de corte de empregos, diz que sua
ambição a longo prazo é uma margem operacional de dois dígitos. No
trimestre passado, o retorno ajustado sobre as vendas da divisão de
redes da Nokia foi de 6 por cento.
Internamente, os pessimistas disseram a Suri que seu cronograma rápido
para as decisões sobre o portfólio de produtos que muitas vezes levam um
ano ou mais era impossível. Ele seguiu adiante mesmo assim e cumpriu a
meta autoimposta de 90 dias. Ele tem mais planos -- quer expandir os
programas de qualidade, a precificação centralizada e os projetos de
melhora contínua em toda a empresa, mas está cauteloso quanto a forçar
muitas mudanças de uma vez.
“Você se adapta no começo e, é claro, chega um momento em que você diz ‘há dinheiro em jogo e vamos atrás dele’”, disse Suri.