sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Henrique Meirelles falará sobre economia no 8º EXAME Fórum




Agência Brasil/Marcelo Camargo
Henrique Meirelles durante anúncio de proposta que limita gastos do governo
Henrique Meirelles: a recuperação da economia e o momento político serão debatidos no EXAME Fórum
 


São Paulo — Quando a economia brasileira vai voltar a crescer? A situação política pode afetar a recuperação? Já é hora de retomar os investimentos? Qual é a melhor maneira de aproveitar as oportunidades que vão surgir?

O ministro da Fazenda Henrique Meirelles e um time de especialistas e autoridades estarão no EXAME Fórum 2016 — que vai acontecer em São Paulo no dia 30 deste mês — debatendo essas e outras questões.
Publicidade

Em sua palestra, Meirelles vai discutir como e quando virá a retomada do crescimento econômico. Já a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, abordará o novo papel do banco após a troca de governo.

Maria Silvia ainda vai participar de um debate com Cláudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B, e Wellington Moreira Franco, secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos do governo federal.

Paulo Guedes, sócio da gestora Bozano Investimentos, vai analisar as oportunidades para os negócios na visão dos investidores brasileiros. E Daniel Goldberg, sócio da gestora de Farallon Latin America, vai debater a questão sob a ótica dos investidores estrangeiros. 

Christopher Gaorman, chefe de pesquisa para mercados emergentes da consultoria Eurasia, fará uma análise da situação política e suas implicações para os negócios. 

O evento ainda terá a participação do economista e escritor Eduardo Giannetti e diversas outras autoridades e especialistas.

As inscrições para o 8º EXAME Fórum podem ser feitas na área de eventos de EXAME.com.


Comércio ilegal movimenta R$ 13 bi em São Paulo, diz Fiesp





Fábio Pozzebom/ABr
Camelô vende tênis na rodoviária de Brasília: comércio ambulante
Comércio ilegal: para os governos, a perda na arrecadação é de R$ 2,81 bilhões em impostos federais - o suficiente para construir 1,5 mil escolas de ensino básico ou 1,2 mil hospitais
Eduardo Laguna, do Estadão Conteúdo



São Paulo - Quanto movimenta a comercialização de mercadorias ilícitas, como produtos roubados, furtados, contrabandeados e pirateados? Só nos municípios paulistas, R$ 13,26 bilhões, segundo um estudo inédito apresentado hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que mapeou o impacto do comércio ilegal em nove setores durante o ano passado.

Não fosse essa concorrência, que chega a morder quase 12% do consumo de produtos como eletrônicos, toda a indústria paulista poderia criar 111,6 mil empregos formais, o que significaria uma geração de renda, entre salários e lucro, de R$ 3,02 bilhões, conforme estimativa da entidade patronal.
Publicidade

Para os governos, a perda na arrecadação é de R$ 2,81 bilhões em impostos federais - o suficiente para construir 1,5 mil escolas de ensino básico ou 1,2 mil hospitais - e de R$ 2,54 bilhões em impostos estaduais.

Embora tenha, no ano passado, ficado praticamente estagnado em relação a 2014, quando movimentou R$ 13,24 bilhões, o mercado ilícito quase dobrou de tamanho desde 2010, ano em que girava R$ 6,71 bilhões.

Os maiores rombos se dão nas indústrias de tabaco e de automóveis/autopeças, onde as vendas da concorrência ilegal somaram, respectivamente, R$ 4,25 bilhões e R$ 3,49 bilhões no ano passado.

Como porcentual de mercado, porém, os maiores estragos foram identificados no setor de eletrônicos, no qual os produtos ilícitos representam 11,9% de tudo o que é consumido, e de brinquedos (11,1%).

No caso do comércio ilegal de tabaco, como cigarros, quase a totalidade (99,5%) são produtos contrabandeados.

Diretor do Sindifumo, sindicato da indústria do fumo de São Paulo, Fernando Bomfiglio diz que cerca de 30 bilhões de cigarros - ou 30% do consumo total - entram a cada ano no País como contrabando e toda essa carga vem do Paraguai.

A assimetria tributária está, segundo ele, na origem do problema. Enquanto os produtos contrabandeados causam uma evasão fiscal de quase R$ 5 bilhões, os impostos respondem por pelo menos 70% do valor do cigarro produzido de forma regular no Brasil, diz Bomfiglio.

Com isso, mesmo cobrando valores até três vezes acima do que pagam pelo produto, os contrabandistas conseguem vender cigarros pela metade do preço cobrado pela indústria nacional. "A atratividade se dá pela combinação de alto lucro e baixa punição do contrabando", afirma o diretor do Sindifumo.

Com preços baixos e a percepção, de parte da população, de que esse tipo de comércio representa uma oportunidade de trabalho num período de desemprego crescente, os produtos do contrabando ou pirateados ganharam um respaldo popular que a indústria nacional reconhece ter dificuldade em rebater.

"É um marketing imbatível. Como dizer para a dona Maria que ela está comprando um produto ilegal? A polícia e o Judiciário não vão resolver isso. Se o contrabando é inevitável, o que estamos tentando fazer é ganhar escala para reduzir preços e oferecer produtos licenciados", conta Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq, associação da indústria de brinquedos, onde o comércio ilegal movimentou R$ 258,5 milhões em 2015. "Se a carga tributária fosse menor, por que a dona Maria colocaria o filho dela em risco?", questiona Costa.

Outra pesquisa da Fiesp, feita com 345 empresas de todos os portes, revela o impacto do mercado ilícito quando a indústria é vítima dos crimes, seja, diretamente, por cargas roubadas no transporte de mercadorias ou desvios cometidos em suas próprias sedes, seja, indiretamente, por conta de crimes sofridos por fornecedores, clientes e funcionários. Segundo estimativa do estudo, a perda de caixa causada por crimes contra as empresas é estimada em R$ 5,13 bilhões.

Além do efeito econômico, o levantamento da Fiesp aponta que esses crimes jogam contra planos de investimento e trazem custo adicional de ações para reduzir riscos ou proteger atividades e patrimônio.

Entre as companhias que participaram da pesquisa, 28,3% desistiram de realizar alguma ação empreendedora em virtude da violência criminal, 77,4% pagam por seguro e 44,1% utilizam segurança privada terceirizada.

Quase metade das empresas (46,7%) diz que foi vítima de algum crime, principalmente durante o transporte de carga.


CEO da Nokia acelera integração com Alcatel






Wolfgang von Brauchitsch/Bloomberg News
Logo da Nokia
Nokia: equipe tem 90 dias para debater quais produtos manter e quais eliminar
 
Chad Thomas e Ville Heiskanen, da Bloomberg


Após a aquisição da fabricante de equipamentos de rede rival, a francesa Alcatel-Lucent, em janeiro, Rajeev Suri colocou sua equipe da Nokia em um cronograma ajustado: em apenas 90 dias eles precisariam debater quais produtos manter e quais eliminar.

Embora o CEO da Nokia, de 48 anos, admita que não é fã da indecisão, de “discussões procrastinadas” e da política de escritório, o ritmo era extremo até mesmo para o veloz mundo da tecnologia.

Mas a urgência de Suri tinha um propósito. Ele não queria repetir os equívocos de fusões anteriores das duas fornecedoras de rede que se arrastaram por anos e provocaram prejuízos bilionários.

“O mundo não espera por você”, disse Suri, em entrevista na sede da empresa finlandesa, situada na floresta, nos arredores de Helsinque. “Se você perde a janela, os clientes se dispersam”.

A empresa que resultou do negócio de US$ 18 bilhões está se consolidando antes do que ele esperava, disse Suri. Em um setor assolado pela queda das receitas, tempo realmente é dinheiro, já que ele trabalha para criar um concorrente para a Huawei Technologies e a Ericsson -- um ator global cujo leque de produtos abrange equipamentos de telefonia celular, roteamento de internet, as antigas linhas fixas, cabo e software de computação em nuvem.

A Nokia elevou seus objetivos de cortes de custos e acelerou seu cronograma de implementação -- uma prova, diz Suri, de que está se transformando na empresa que ele vislumbra, com um equilíbrio entre impulso empreendedor, inovação, estrutura e disciplina.

Suri acelerou a integração atual limitando a equipe de pessoas no projeto para menos de 100, contra as milhares que, segundo ele, estavam envolvidas na Nokia Siemens. A Nokia elevou a meta anual de corte de custos de 900 milhões de euros até 2019, de quando o acordo com a Alcatel foi anunciado, para 1,2 bilhão de euros até 2018.

“Você quer ser inclusivo, mas não pode ser a ponto de ter tanta gente envolvida que acaba desacelerando o processo”, disse Suri. “Já vimos esse filme. Temos de aprender com os equívocos do passado”.


Eliminando empregos


A empresa planeja eliminar até 15.000 empregos de um total combinado de 105.000, disseram pessoas familiarizadas com o assunto em abril. Suri, que preferiu não especificar sua meta de corte de empregos, diz que sua ambição a longo prazo é uma margem operacional de dois dígitos. No trimestre passado, o retorno ajustado sobre as vendas da divisão de redes da Nokia foi de 6 por cento.

Internamente, os pessimistas disseram a Suri que seu cronograma rápido para as decisões sobre o portfólio de produtos que muitas vezes levam um ano ou mais era impossível. Ele seguiu adiante mesmo assim e cumpriu a meta autoimposta de 90 dias. Ele tem mais planos -- quer expandir os programas de qualidade, a precificação centralizada e os projetos de melhora contínua em toda a empresa, mas está cauteloso quanto a forçar muitas mudanças de uma vez.

“Você se adapta no começo e, é claro, chega um momento em que você diz ‘há dinheiro em jogo e vamos atrás dele’”, disse Suri.


Embraer dá férias coletivas a partir de outubro






Eric Piermont/AFP
Logo da Embraer no aeroporto Le Bourget, perto de Paris
Embraer: "Os empregados dos setores envolvidos já foram informados sobre os períodos exatos de pausa"
 
Luana Pavani, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A Embraer iniciará férias coletivas em alguns setores da a partir de outubro. Conforme comunicado, o objetivo é adequar o ritmo de produção à desaceleração da demanda. 

"Os empregados dos setores envolvidos já foram informados sobre os períodos exatos de pausa", diz a nota, sem mais detalhes sobre quais as áreas envolvidas.

"Desde o início de agosto, a Embraer vem adotando uma série de medidas de redução de custos visando superar o cenário desafiador enfrentado hoje pela indústria aeroespacial e garantir a perenidade da empresa. A Embraer acredita e trabalha pela superação desse momento", diz o comunicado distribuído à imprensa.

A companhia explica ainda que as férias coletivas são uma antecipação do período aquisitivo regular do empregado, o atual ou o seguinte, garante que todos os direitos serão pagos normalmente.



Oi tem prejuízo líquido de R$656 mi no 2º tri




Divulgação
Loja da Oi em São Paulo
Oi: a dívida líquida ficou em 41,4 bilhões de reais, contra 40,8 bilhões de reais ao fim de março deste ano
 
 
Da REUTERS


São Paulo - A operadora de telecomunicações Oi, em recuperação judicial, encerrou o segundo trimestre com prejuízo líquido de 656 milhões de reais, revertendo lucro consolidado de 671 milhões obtido um ano antes.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) totalizou 1,435 bilhão de reais, queda anual de 24,4 por cento.

A dívida líquida ficou em 41,4 bilhões de reais, contra 40,8 bilhões de reais ao fim de março deste ano. O investimento no país totalizou 1,215 bilhão de reais no trimestre, 16,7 por cento maior que um ano antes.


O que está por dentro da fusão entre Bayer e Monsanto





Daniel Acker/Bloomberg
Monsanto
Monsanto: duas gigantes dos setores agrícola e químico fecharam um acordo de fusão na quarta-feira, um negócio de US$ 66 bilhões
 
Lydia Mulvany, da Bloomberg


Duas gigantes dos setores agrícola e químico fecharam um acordo de fusão na quarta-feira, um negócio de US$ 66 bilhões: a Monsanto, dos EUA, e a Bayer, da Alemanha, a fabricante original da aspirina.

Trata-se do maior negócio do ano, que criará a maior fornecedora de sementes e químicos agrícolas do mundo, com US$ 26 bilhões em receita anual combinada da agricultura.

Se concretizada, a fusão juntará duas companhias com longas e célebres histórias que moldaram o que comemos, os medicamentos que tomamos e como cultivamos nossos alimentos.
 

Bayer: passado e presente


Em 1863, dois amigos que produziam corantes a partir do alcatrão de hulha criaram a Bayer, que se transformou em uma empresa química e farmacêutica famosa por comercializar a heroína como remédio para tosse em 1896, e depois a aspirina, em 1899.

A empresa foi contratada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e usou trabalhos forçados. Atualmente, a empresa com sede em Leverkusen, na Alemanha, fabrica medicamentos e tem uma unidade de ciências agrícolas que produz maconha e pesticidas.

Sua meta é dominar os mercados de químicos e medicamentos para pessoas, plantas e animais.
 

Monsanto: passado e presente


A Monsanto, fundada em 1901, originalmente produzia aditivos alimentares como a sacarina antes de expandir-se para produtos industriais químicos, farmacêuticos e agrícolas.

É famosa por produzir alguns químicos controversos e altamente tóxicos, como os bifenilos policlorados, comumente conhecidos como PCBs e atualmente banidos, e o herbicida agente laranja, que foi usado pelo exército dos EUA no Vietnã.

A empresa comercializou o herbicida Roundup nos anos 1970 e começou a desenvolver milho e sementes de soja geneticamente modificados nos anos 1980. Em 2000 surgiu uma nova Monsanto a partir de uma série de fusões corporativas.
 

A empresa agrícola definitiva


Recentemente a Monsanto tentou se posicionar entre os fazendeiros como uma empresa química e de sementes completa. A ideia é usar informação diretamente dos campos para descobrir exatamente quando, onde e como os fazendeiros devem aplicar produtos químicos no cultivo para ter uma colheita maior.
 

O acordo se concretizará?


A transação seria a maior da história da agricultura, mas não é certa, porque podem surgir obstáculos antitruste. A combinação de Bayer e Monsanto formaria o maior ator de um setor com apenas três megaempresas ainda restantes.

Além disso, o acordo pode enfrentar reações na Alemanha, onde a maior parte dos cidadãos questiona se é seguro consumir e cultivar alimentos modificados.
 

Futuro da agricultura?


Devido ao domínio da Monsanto no ramo de sementes e à força da Bayer no segmento de químicos agrícolas, as empresas poderão vender aos fazendeiros um abrangente conjunto de pesticidas e sementes geneticamente modificadas.

A Monsanto também investiu no emergente setor de agricultura de precisão, que é uma forma dos fazendeiros descobrirem exatamente a quantidade de fertilizante ou o tipo de semente que devem usar.

Isso é possível por meio da coleta e da análise de dados sobre o clima e o cultivo em seus campos em níveis cada vez mais frequentes e detalhados.

A Monsanto e a Bayer argumentam que a ampliação das safras possibilitada pelo uso desses métodos será necessária para alimentar a crescente população mundial, que gera uma demanda maior por carne e produtos lácteos.


Denúncia de Lula revela tese que PGR sustentará no Supremo




Fernando Donasci / Reuters
Ex-presidente Lula em coletiva sobre acusações da Operação Lava Jato 15/09/2016
Lula: desde março de 2014, os investigadores miram uma sistemática criada por um núcleo político, que envolvia PT, PMDB e PP, e um cartel das maiores empreiteiras do país
 
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A primeira denúncia criminal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentada nesta quarta-feira, 14, pelo Ministério Público Federal, em Curitiba, revela a tese que será usada nas acusações formais que imputarão ao petista envolvimento direto no crime de organização criminosa da força-tarefa da Operação Lava Jato.

"Nesse esquema criminoso, Lula dominava toda a estrutura por ele montada, com plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias", registram os procuradores da República, na denúncia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra o ex-presidente, a sua mulher, Marisa Letícia, e outros seis acusados.

Alvo de críticas, em especial da defesa, a forma como foi divulgada em entrevista coletiva a primeira denuncia contra Lula - e a ampla explanação sobre o contexto da estrutura criminosa montada no governo federal, que teria vitimado a Petrobras - foi montada pelos 13 procuradores da República de Curitiba, com acompanhamento direto do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

A peça acusatória resume o papel de Lula como suposto mandante da organização criminosa, para contextualizar os crimes alvos da Lava Jato.

Desde março de 2014, os investigadores miram uma sistemática criada por um núcleo político, que envolvia PT, PMDB e PP, e um cartel das maiores empreiteiras do país para lotear cargos na Petrobras e arrecadar fundos por meio de pagamentos de propinas - que variavam de 1% a 3% dos contratos, um prejuízo de mais de R$ 40 milhões.

Nela os procuradores apontaram pelo menos 14 conjuntos de elementos probatórios usados para formar a convicção de que a empreiteira OAS pagou R$ 87 milhões de corrupção em contratos da Petrobras, que beneficiaram Lula de três formas. Pela cooptação de partidos aliados - PMDB e PP - por meio do loteamentos de cargos na estatal para arrecadação de propinas, pelo uso do esquema para formação de "caixa" ilícito para financiamento das campanhas e para o enriquecimento ilícito.

A última perna desse tripé que justifica a sistematização do loteamento de cargos para levantamento de propinas é o alvo dessa primeira denúncia criminal da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Nela, Lula e Marisa são acusados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na propriedade e reforma do tríplex do Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e no custeio do armazenamento de bens do ex-presidente pela OAS.

De acordo com a denúncia, R$ 3,7 milhões foram propinas usadas em benefício próprio. O restante, usado para financiamento do esquema de "governabilidade corrompida e perpetuação criminosa no poder".

"Resumidamente, Lula capitaneou e se beneficiou desse grande e poderoso esquema criminoso. Beneficiou-se de forma econômica e direta, pois recebeu propinas decorrentes de ilicitudes praticadas por empreiteiras em detrimento da Administração Pública Federal, notadamente da Petrobrás", sustenta o MPF, na denúncia.

"No entanto, seu maior benefício foi na seara política, uma vez que, permitindo que fossem desviados bilhões de reais em propinas, para o PT e para os demais partidos de sua base de apoio, especialmente PP e PMDB, tornou-se politicamente forte o bastante para ver a aprovação da maioria dos projetos de seu interesse perante as Casas Legislativas e propiciar a permanência no poder de seu partido mediante a injeção de propinas em campanhas eleitorais."
 

Esquema único


Na tese usada pela Procuradoria para indicar o papel de mando de Lula, a denúncia diz que "a ânsia de ganhar rapidamente o máximo de apoio no Congresso e o desejo de perpetuar o PT no Poder - não só no Executivo federal como em outros níveis de governo em que as campanhas seriam alimentadas com dinheiro criminoso - moveram Lula, auxiliado por José Dirceu, na orquestração de uma sofisticada estrutura ilícita de compra de apoio parlamentar".

"A contextualização do suposto esquema criminoso, que abre a denúncia, indica que Lula será acusado não só de ser o 'maestro' do esquema de cartel e propinas na Petrobras, mas como artífice de uma 'macro corrupção' que unirá outros casos de corrupção - já com sentença proferida - no governo federal, como os de desvios via Ministério do Planejamento, alvo da Operação Custo Brasil, dos desvios nas obras da Usina de Angra 3 na Eletronuclear, alvo da Lava Jato no Rio, e nos contratos de publicidade da Caixa Econômica Federal, da Lava Jato em Brasília".

"A arrecadação de propinas, assentada na distribuição de cargos públicos, permitiu o direcionamento de vantagens indevidas a agentes e partidos políticos, funcionários públicos, operadores financeiros e empresários, dando origem a um esquema criminoso revelado, parte na ação penal relativa ao 'Mensalão' e parte nas ações penais da Operação Lava Jato."

"Para que a engrenagem criminosa funcionasse na forma antes descrita - obter e manter a governabilidade corrompida, enriquecer ilicitamente seus participantes e financiar a permanência no poder - Lula comandou e coordenou, por meio de dinheiro público desviado, embutido em lucros ilegais cada vez mais altos por parte de empresários corruptores, o concurso de vontades de agentes integrantes de 4 núcleos principais do esquema descrito: empresarial, dos funcionários públicos, político e dos operadores financeiros".


Defesa


O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa Marisa Letícia, Cristiano Zanin Martins, disse nesta quarta-feira, 14, que a denúncia contra seus clientes vem de um histórico que mostra uma "perseguição" contra o ex-presidente e tenta tirá-lo do cenário político de 2018.