Fatia maior: Santander conta com 13% da participação do mercado de cartões atualmente (Divulgação/iZettle)
São Paulo – Com cerca de um milhão de usuários cada, a startup
Nubank
e o aplicativo GuiaBolso apresentaram ao mercado uma nova realidade de
cartões de créditos e finanças pessoais. Nela, as pessoas têm mais
controle, fácil acesso e atendimento personalizado.
Dos grandes
bancos de varejo, o
Santander
parece ter sido o primeiro a entender isso, com iniciativas claras – e
inovadoras para o setor – de como pretende desbravar esse novo cenário.
O banco anunciou dois novos cartões, o Play, direcionado a jovens, e o
1/2/3, para pessoas que tenham renda mínima de R$ 1.500 mensais e façam
muitas transações online.
O primeiro substitui o FIT destinado a universitários “porque os
jovens de dez anos não são os mesmos de hoje”, explicou Rodrigo Cury,
superintendente executivo de Cartões do Santander.
Com anuidade de R$ 50, o Play deixa universitários com gastos de R$
50 mensais isentos de tarifa e dá a eles a liberdade de gerirem seus
limites, conforme a relação com o banco avança.
Já o 1/2/3 tem uma tarifa de R$ 384 anuais, que cai pela metade se os
gastos mensais forem de R$ 1.000 por mês. Os pontos são escalonados
conforme os valores das transações, então US$ 1 em compras vale 1 ponto
de bônus, US$ 2 viram 2 pontos e assim por diante.
“A ideia das novidades é dar mais opções aos consumidores mais
digitais, que buscam escolhas mais convenientes com o modo de vida atual
e sejam mais competitivas”, contou Cury.
As mudanças mostram uma quebra de paradigma do banco – e, quem sabe,
do próprio mercado: as pessoas não são mais avaliadas por renda, mas sim
pela forma como consomem.
O controle de limites é outra inovação, pois torna mais transparente a
relação do banco com os clientes. Quanto mais esses compram e pagam em
dia, maior credibilidade (e crédito) têm.
“O cliente consegue a própria gratuidade à medida que ele mantém uma
relação melhor com o banco”, disse Cury. As novidades chegam ao mercado
no dia 28 de novembro.
Caminho próprio
Além dos cartões, o Santander anunciou um aplicativo que chamou de
“uma nova maneira de se relacionar com as pessoas e delas se
relacionarem com os cartões do banco”.
O Santander Way já está disponível desde ontem gratuitamente para
todos os correntistas e não correntistas do banco que usam cartões
Santander e tenham um smartphone.
Por meio dele, é possível que os clientes controlem suas contas por
tipos de compras feitas, detalhem as transações e confiram os pontos
gerados por cada uma. Um gráfico mensal mostra o histórico de consumo
para facilitar a gestão de orçamento, que pode incluir outros plásticos,
assim
como faz o Guia Bolsa.
Decisões como limite de crédito e autorização de uso internacional
podem ser resolvidas com um só clique, bem como pedido de segunda
fatura, cartão adicional ou aviso de perda e roubo – facilidades feitas
até então pelo callcenter.
“As pessoas hoje querem resolver essas questões da maneira mais
simples possível”, comentou Cury.
A estimativa é que os atendimentos
pelos canais físicos caiam pela metade a curto prazo com ajuda da
novidade.
Até março de 2017, outras funcionalidades serão inseridas. Entre
elas, a de de carteira digital para pagamentos por aproximação em lojas
físicas e sem a necessidade de fornecer dados pessoas no comércio
virtual.
Visualmente a plataforma é bem parecida com a do Nubank, ainda que
Cury tenha dito que banco não tenha se espelhado na startup para criar
sua solução.
“Sabemos os clientes queriam uma experiência melhor com cartões há tempos”, disse ele.
A plataforma foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar do
Santander de maio a novembro, no 4º andar da sede do banco, na capital
paulista.
Diferente do clima dos demais andares da torre, ali é comum ver
executivos de calça jeans, jogando basquete e discutindo possibilidades
de novos produtos e serviços.
“O clima é descontraído como de uma
startup e a intenção é realmente essa: pensar como uma ter mais inovação e agilidade de decisões”, contou o executivo.
A rapidez com que o aplicativo foi criado, testado e colocado no ar
por essa turma é uma prova de que a estratégia pode dar certo.
Hoje o banco conta com uma carteira de 15 milhões de
cartões de crédito – e de 13% de participação do setor no país. A fatia era de 9% dezoito meses atrás.