terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Por 53 votos a 16, Senado aprova PEC do Teto em segundo turno


Medida deve ser promulgada na próxima quinta-feira. Resultado de hoje consolida primeira vitória de ofensiva de Temer para equilibrar as contas públicas




São Paulo – Por 53 votos a 16, o Senado aprovou nesta terça-feira (13), em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Como já foi aprovada pela Câmara, a PEC do Teto deve ser promulgada na próxima quinta-feira.
Neste momento, os senadores ainda votam os destaques da proposta.

O texto foi aprovado em primeiro turno na Casa no dia 29 de novembro, por 61 votos a 14. Para garantir que a matéria fosse votada nesta terça, o Senado acelerou a tramitação da PEC na semana passada


Entenda o que foi aprovado hoje:

O que a PEC propõe?


Ela define que a partir de 2017, as despesas de Executivo, Legislativo e Judiciário federais não poderiam ter aumento real, estando limitadas à correção pelo índice de inflação (IPCA) do ano anterior.

Qual é o objetivo da medida?
O objetivo da PEC é reverter a tendência inercial de aumento dos gastos federais e com isso o aumento da dívida pública. De 1997 a 2015, a expansão anual média das despesas foi de 6% acima da inflação. De 2008 a 2015, isso se acentuou e elas cresceram 50% acima da inflação enquanto a receita subiu apenas 17%.

Esse processo, somado com a queda do crescimento, fez a dívida pública disparar 12 pontos percentuais em relação ao PIB só entre o final de 2013 e de 2015. Ela já está em 61% do PIB e pode chegar a 80% já no final de 2018, muito acima do padrão dos países emergentes.


Por quanto tempo dura?
O teto terá validade de 20 anos. A partir do décimo ano, o presidente poderá propor ao Congresso uma mudança na metodologia de cálculo que valeria para os anos seguintes.


Como ficam Educação e Saúde?
Os gastos com Educação e Saúde deixariam de ter porcentagem vinculada à receita e passariam a ser apenas corrigidos pela inflação.

Esse seria o piso e nada impede que o Congresso decida colocar mais recursos nessas áreas, mas para isso teria que retirar de outras. O mérito da medida é explicitar essas escolhas do Legislativo, mas não diz nada sobre como elas serão feitas.

“O teto é parte fácil; a parte política difícil vem depois, quando tiver que decidir o que vai cortar, como gastos sociais. Como querem fazer o ajuste de longo prazo no curto, ele fica muito draconiano para poder trazer credibilidade”, diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Entre 2003 e 2015, os gastos com saúde e educação subiram em média 6,25% e 8,5%, respectivamente, ao ano acima da inflação (medida pelo IGP-DI).

A aposta agora é em melhorar gestão e qualidade com o gasto corrente, mas resta saber se isso vai mesmo acontecer e será suficiente. “O que nós temos que discutir é a gestão da qualidade do gasto público. Isso é que tem que ser o grande foco da sociedade. A mera alocação de recursos não é o problema”, disse Henrique Meirelles, ministro da Fazenda.


Quais são as exceções?



Ficam de fora do limite as transferências para Estados e municípios e complementações do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), além de despesas com eleições e capitalizações de estatais.

Algumas estimativas apontam que Petrobras, Eletrobras e outras vão precisar eventualmente de socorro, mas essa exceção no teto não preocupa o mercado porque esse tipo de despesa aconteceria de uma vez só e o centro do problema são os gastos recorrentes.


O que acontece se ele for descumprido?



O poder que descumprir o limite ficará proibido de conceder aumento a servidores, criar novos cargos, mudar carreiras ou realizar concursos. Em caso de descumprimento no Executivo, fica proibido também o aumento de subsídios ou de desonerações que impliquem em perda de receita.

“O importante é ter o teto. O resto é consequência do teto”, diz Meirelles, mas esse “resto” inclui medidas complicadas de aprovar. A imprensa diz que o fim do abono salarial é defendido pelo ministro e quase entrou na proposta, e não há solução fiscal de longo prazo para o Brasil sem abordar a Previdência, o maior gasto depois dos juros.

“Para os gastos totais ficarem mais ou menos estáveis em termos reais, outros gastos teriam que cair, e o previdenciário tem uma tendência estrutural de aumento já que o número de beneficiários cresce com o envelhecimento da população. É por isso que uma reforma da Previdência de fato ajudaria na implementação”, diz Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco.
O teto não impede uma resposta anticíclica em caso de choques econômicos?

Diante da crise de 2008, o Brasil e muitos outros países reagiram com aumento de gastos – medida que em um primeiro momento foi elogiada e bem-sucedida. Pela regra nova, isso não seria possível, e os especialistas divergem sobre as consequências:
“A regra é muito rígida. Pode acontecer muita coisa no caminho e ela não abre espaço para eventualidades. O governo está certo em não fazer indexação, mas teria que pensar em levar em conta outros parâmetros, como o crescimento do PIB”, diz André.

Salles diz que o teto só seria um entrave para fazer política anticíclica se o Brasil estivesse em um cenário de juro zero e câmbio fixo – ou seja, sem margem de manobra na política monetária.

Mas como o Brasil tem os maiores juros reais do mundo, há espaço para estimular a economia sem precisar relaxar a política fiscal.

O Itaú Unibanco projeta que se o Brasil aprovar o teto e crescer 3% ao ano em média até 2030, o gasto do governo central em relação ao PIB deve cair em 2030 para o nível de 1997. Seria uma diminuição do tamanho do Estado sem precedentes na nossa história.


Veja na figura a projeção com diferentes cenários:


Projeção de gastos do governo federal com e sem aprovação do teto (Divulgação/Itaú Unibanco)

Google ajudou a movimentar até R$ 37 bi na economia brasileira


O relatório mediu o impacto do Google AdWords, AdSense e YouTube usados por empresas no país






São Paulo – As ferramentas oferecidas pelo Google ajudaram empresas brasileiras a movimentarem R$ 37 bilhões na economia e a manterem 430.000 empregos.

O número foi calculado com base no faturamento de companhias, grandes ou pequenas, e criadores de conteúdo “que usaram os serviços do Google para impulsionar os seus negócios, alcançar mais consumidores, monetizar e financiar sua criatividade”, afirmou o diretor de relações institucionais do Google Brasil, Marcelo Lacerda.

O estudo, encomendado pelo gigante de buscas, foi feito de forma independente pela Deloitte e analisou apenas dados que estavam disponíveis publicamente. Os dados são de 2015.

É a primeira vez que a empresa de tecnologia faz essa pesquisa no Brasil. Ela já foi realizada duas vezes na Europa, em países distintos.

O relatório mediu o impacto dos três maiores serviços usados pelas corporações por aqui: o Google AdWords, AdSense e YouTube. As outras opções do portfólio, como o desenvolvimento de aplicativos para Android e o G Suite, não trazem impactos tão relevantes para a economia, explicou o Google, por isso ficaram de fora do estudo.

 

Impacto bilionário


O Adwords é a ferramenta para inserir anúncios nas páginas de busca do Google. É, de longe, o serviço que mais gerou impacto para as empresas no Brasil: de R$ 13 bilhões a R$ 37 bilhões foram movimentados na economia, além de garantir de 160.000 a 430.000 empregos no país.

Para cada real investido em publicidade no Google, as empresas tiveram retorno bruto de R$ 3,40 a R$ 8,00, segundo o relatório. O valor foi estimado com base nos lucros obtidos por meio de investimentos em publicidade nesse serviço.

Já o AdSense é um serviço de inclusão de publicidade em sites, que remunera de grandes editoras a pequenos criadores de conteúdo, sem a intermediação de agências de publicidade. Globalmente, esses editores receberam R$ 34 bilhões por acordos de hospedagem de anúncios.

No Brasil, esse valor foi de R$ 1,1 bilhão a R$ 1,2 bilhão, com a manutenção de 13.000 a 14.000 postos de trabalho.

Ao permitir a publicação de anúncios em seus vídeos, criadores de conteúdo embolsaram de R$ 300 a R$ 400 milhões com o Youtube. O serviço também ajudou a criar de 3.000 a 5.000 vagas de emprego. Esse valor não leva em consideração os ganhos com vídeos pagos, livros ou eventos que alguns Youtubers produzem.

Os valores movimentados com os três serviços não podem ser somados, já que algumas empresas usam mais de uma ferramenta.

 

Obstáculo


Segundo Lacerda, “o estudo mostra como a internet pode ser motor de crescimento da economia”. No entanto, o cenário ainda está longe do observado em países desenvolvidos.

“A publicidade digital no Brasil ainda não é madura”, afirmou Lacerda, apontando que 41% da população brasileira não tem acesso à internet.

O Google espera aumentar o uso dos seus serviços com o novo centro de engenharia, inaugurado em Belo Horizonte, o Google Campus, voltado para startups em São Paulo, e o novo YouTube Space, no Rio de Janeiro, que será aberto em 2017.


Bill Gates lidera fundo de US$1 bi para investir em energia limpa


Fundo vai financiar pesquisa em energia capaz de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa para perto de zero




O fundador da Microsoft Bill Gates juntamente com importantes executivos que incluem o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, e o chefe do Alibaba Group, Jack Ma, estão investindo mais de 1 bilhão de dólares em um fundo de energia limpa.

O fundo, chamado de Breakthrough Energy Ventures (BEV), vai financiar pesquisa em energia capaz de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa para perto de zero.

Os investidores no fundo incluem Masayoshi Son, fundador e presidente-executivo do SoftBank Group; o co-fundador da rede social LinkedIn, Reid Hoffman; o presidente-executivo da Amazon.com, Jeff Bezos; e o fundador do Virgin Group, Richard Branson.

O fundo é um veículo de investimento da Coalizão para o Avanço da Energia, um clube informal de investidores e instituições privadas ao redor do mundo que concordaram em aplicar recursos em pesquisa e desenvolvimento de energia.

Tweet de Trump faz fabricante de aviões perder US$ 3,5 bi


Ações da Lockheed Martin caíram mais de 4% depois que o republicano criticou o valor das compras do governo norte-americano




São Paulo — Uma mensagem de três linhas de Donald Trump foi o suficiente para que uma empresa perdesse 3,5 bilhões de dólares em valor de mercado.

O caso aconteceu na manhã desta segunda-feira (12) e envolveu a Lockheed Martin, que fabrica produtos aeroespaciais, incluindo os caças F-35 usados pela Defesa norte-americana.

Pelo Twitter, Trump disse que os custos do programa F-35 estão “fora do controle” e que “bilhões de dólares serão economizados em compras militares” depois do próximo dia 20 de janeiro, quando ele tomará posse.


The F-35 program and cost is out of control. Billions of dollars can and will be saved on military (and other) purchases after January 20th.

Não demorou muito para que os investidores reagissem ao comentário de Trump. As ações começaram a despencar ainda no pré-market. Logo após a abertura de Wall Street, os papéis da Lockheed Martin recuaram mais de 4%, como é possível ver no gráfico abaixo.


lockhedd


Esta não foi a primeira vez que comentários do futuro presidente dos EUA impactaram o mercado de ações. Na última quarta-feira (07), Trump propôs que um contrato de compra com a Boeing fosse cancelado.

“Boieng está construindo um 747 Air Force One novo em folha para futuros presidentes, mas os custos estão fora do controle”, afirmou ele, também pelo Twitter. No mesmo dia, a fabricante de aviões ficou 1,4 bilhão de dólares menos valiosa.

Prescrição de 3 anos vale para casos contratuais e extracontratuais, diz STJ


O prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual. Reafirmando seu entendimento, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou Recurso Extraordinário de uma revendedora de automóveis que teve rescindidos contratos de vendas e serviços com uma montadora de veículos.
De acordo com o ministro Bellizze, o enunciado 419 da V Jornada de Direito Civil já havia estabelecido esse prazo
STJ
A revendedora ajuizou ação de reparação de danos alegando prejuízos causados pela fabricante por ter deixado de observar o direito de exclusividade e preferência para comercializar os veículos da marca na região de Presidente Prudente (SP).

Mas o juiz de primeiro grau reconheceu a prescrição e extinguiu a ação. O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a sentença, confirmando o prazo prescricional previsto no artigo 206, parágrafo 3º, V, do Código Civil de 2002.

Em recurso ao STJ, a revendedora alegou ser aplicável o prazo de prescrição decenal, previsto no artigo 205 do Código Civil. Isso porque, segundo a empresa, trata-se de responsabilidade civil contratual, tendo em vista que o prazo trienal seria aplicável “unicamente às hipóteses de responsabilidade ex delicto".

O relator, ministro Marco Aurélio Bellizze, afirmou que o termo "reparação civil", constante do artigo 206, parágrafo 3º, V, do Código Civil, deve ser interpretado de maneira ampla, alcançando tanto a responsabilidade contratual (artigos 389 a 405) como a extracontratual (artigos 927 a 954), ainda que decorrente de dano exclusivamente moral (artigo 186, parte final), e o abuso de direito (artigo 187).


Jornada de Direito Civil


“A prescrição das pretensões dessa natureza originadas sob a égide do novo paradigma do Código Civil de 2002 deve observar o prazo comum de três anos. Ficam ressalvadas as pretensões cujos prazos prescricionais estão estabelecidos em disposições legais especiais”, ressaltou Marco Aurélio Bellizze.

O ministro lembrou que na V Jornada de Direito Civil, promovida em 2011 pelo STJ e pelo Conselho da Justiça Federal, foi editado o Enunciado 419, segundo o qual "o prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual".

Para o relator, considerando todos os pedidos indenizatórios formulados na petição inicial da rescisão unilateral do contrato celebrado entre as partes, “é da data desta rescisão que deve ser iniciada a contagem do prazo prescricional trienal”. O voto do ministro rejeitando o recurso da revendedora foi acompanhado por unanimidade pelos demais ministros da 3ª Turma.


Interpretação restritiva


A mesma 3ª Turma já decidiu que as regras de prescrição descritas no Código Civil são restritivas, e por isso não podem ser aplicadas a casos considerados análogos. Por isso, a prescrição de um ano para causas securitárias de que trata o artigo 206, parágrafo 1º, inciso II, só pode ser aplicada a discussões relativas ao contrato de seguro, para quando uma das partes deixa de cumprir o acordado. Nunca para o caso de a seguradora deixar de cumprir obrigação extracontratual. O dispositivo do CC diz que as causas do segurado contra o segurador, ou vice-versa, prescrevem em um ano. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.


Clique aqui para ler a íntegra da decisão.
REsp 1.281.594

 http://www.conjur.com.br/2016-dez-12/prescricao-anos-vale-casos-contratuais-extracontratuais

Bill Gates e outros ricos criam fundo para energia limpa


Bill Gates e outros ricos criam fundo para energia limpa

Bill Gates e mais de uma dúzia dos indivíduos mais ricos do mundo divulgaram na noite de domingo um novo fundo de investimento de US$ 1 bilhão para promover grandes avanços na produção de energia limpa.

Batizado de Breakthrough Energy Ventures, o fundo de 20 anos é apoiado por personalidades importantes do ramo da tecnologia e por pesos-pesados do setor de energia. O objetivo é injetar dinheiro a longo prazo em tecnologias energéticas de risco que poderiam reduzir drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa, segundo comunicado. Os investimentos provavelmente irão para áreas como geração e armazenagem de eletricidade, agricultura e transporte.

Entre os investidores estão Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon.com, Richard Branson, fundador da Virgin Group, Jack Ma, presidente executivo do conselho de administração da Alibaba, John Arnold, um bilionário trader de gás natural, e o príncipe Alwaleed Bin Talal, fundador da Kingdom Holding.

No ano passado, vários desses investidores se uniram a Gates para anunciar a Breakthrough Energy Coalition — um grupo de investidores ricos que prometeram destinar uma grande fatia de suas fortuBill Gates e outros ricos criam fundo para energia limpanas a tecnologias de energia. A chegada do fundo marca um passo mais concreto desse grupo em direção às metas declaradas.

“Estou honrado por trabalhar com esses investidores para construir a poderosa fundação do investimento público em pesquisa básica”, disse Gates em comunicado. “Nosso objetivo é formar empresas que ajudarão a trazer a próxima geração de energia confiável, acessível e livre de emissões ao mundo.”

Gates, cofundador da Microsoft, passou boa parte do ano passado em busca de avanços na produção de energia. Ele sustenta que usinas solares, energia nuclear e carros elétricos vão fazer pouco para resolver a questão do aquecimento global em um prazo relativamente curto. A única maneira de parar o aquecimento global é encontrar uma fonte de energia que não produza gases causadores do efeito estufa, disse Gates.

Ele tem apoiado pessoalmente uma série de iniciativas radicais em energia e incentivado outros indivíduos ricos a seguirem o exemplo. A energia limpa era um nicho aquecido de investimento de capital de risco há vários anos, mas muitos desses investimentos não tiveram sucesso e algumas empresas de capital de risco recuaram.

“A escassez de capital de risco para tecnologias de energia limpa ameaça criar um vale da morte no setor, porque as ideias que surgirem não conseguirão encontrar o capital necessário para chegarem a ser comercializadas”, disse Arnold, em comunicado. “Na qualidade de esforço liderado por investidores, a Breakthrough Energy Ventures foi criada como uma fonte de capital paciente para estimular a inovação para atender a crescente demanda por soluções de baixo custo de energia limpa.”

Dois capitalistas de risco em startups de energia limpa — John Doerr e Vinod Khosla — estão entre os financiadores do novo fundo (Bloomberg, 12/12/16)

Exportadores de carne bovina esperam 2017 melhor com ajuda dos EU

Exportadores de carne bovina esperam 2017 melhor com ajuda dos EUA
As exportações de carne bovina do Brasil deverão crescer cerca de 7 por cento em 2017 para 1,5 milhão de toneladas, após ficarem estagnadas em 1,4 milhão de toneladas em 2016, com expectativa de uma recuperação em diversos mercados e crescimento de embarques para os Estados Unidos, previu nesta segunda-feira a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

O Brasil e os Estados Unidos fecharam neste ano um acordo que libera o comércio de carne bovina in natura entre os dois países. Os primeiros envios do país foram efetivados em setembro, com volumes simbólicos de 127 toneladas, acelerando para 202 toneladas em novembro.

Mas em 2017 o Brasil, maior exportador global de carne bovina, poderá disputar vendas dentro de uma cota de 64,8 mil toneladas anuais com tarifa mais baixa, que é compartilhada com países como Nicarágua, Costa Rica, Honduras, Irlanda e Chile.

"Em 2017, os embarques para os EUA são melhores", disse o presidente da Abiec, Antônio Camardelli, em encontro com jornalistas, destacando que o patamar de exportações para o mercado norte-americano deve melhorar especialmente a partir do segundo semestre.

O Brasil já vende carne industrializada para os EUA, mas as indústrias miram sempre o mercado de carne in natura, que é volumoso e bastante lucrativo.

A associação também espera colher efeitos indiretos da recente abertura do mercado dos EUA, que inclui a entrada em países que se guiam pelos padrões norte-americanos.

 
2016 AQUÉM DO ESPERADO

 
O patamar de 1,5 milhão de toneladas previsto para 2017 já foi alcançado em 2013 e 2014, enquanto o volume de 2016 deve repetir o de 2015, de 1,4 milhão de toneladas, ficando bem abaixo da projeção inicial para este ano.

Um ano atrás, a Abiec havia estimado que os embarques de 2016 deveriam crescer 25 por cento, mas os volumes ficaram estáveis devido a dificuldades nas vendas para Egito, Rússia, Irã e Venezuela, países que vivem diferentes crises políticas e econômicas.

Em faturamento, a previsão para 2017 é de 6 bilhões de dólares, ante 5,5 bilhões em 2016 e 5,9 bilhões em 2015.

Para o ano que vem, o dirigente da Abiec assinalou que há indicativos de melhora nos embarques para Rússia e para o Irã, por exemplo.

No caso do Irã, deverá ser uma repercussão ainda relacionada ao fim das sanções ocidentais impostas anteriormente devido ao seu programa nuclear.

A entidade espera que o número de países comprando carne bovina do Brasil cresça em 2017, ante 133 em 2016, devido à perspectiva de abertura de novos mercados.

Coreia do Sul, Taiwan, Indonésia, Canadá, México e Japão são os principais alvos de negociações, porque figuram entre os 20 maiores compradores globais de carne bovina do mundo.

A Abiec estimou que, se todos esses seis mercados prioritários estivessem abertos à carne bovina do Brasil, isso representaria 180 mil toneladas (equivalente carcaça) e 1 bilhão de dólares adicionais por ano em negócios para os frigoríficos brasileiros.

Em alguns casos, como Canadá e México --vizinhos dos Estados Unidos--, o otimismo é maior e uma abertura já poderia ser acertada ainda em 2017.

"México tem um acordo separado (sendo negociado). Para o Canadá, o Brasil está preenchendo um questionário e tem expectativa de visita técnica ainda no primeiro semestre", disse Camardelli. "É a credencial que o norte-mercado americano dá pra gente."

 
JAPÃO

 
O Japão, segundo maior importador mundial de carne bovina, tem as negociações mais complexas para abertura de seu mercado, admitiu a Abiec, que não descarta pedir a abertura de um painel na Organização Mundial do Comércio caso as barreiras não sejam levantadas num futuro próximo.

O embarques para o Japão haviam sido suspensos em 2012 após a detecção de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como "doença da vaca louca" no Brasil.

Há cerca de dez dias o Ministério da Agricultura do Brasil chegou a anunciar que o Japão havia aberto seu mercado para carne bovina processada e in natura do Brasil, mas acabou retratando-se, dizendo que a liberação que está encaminhada é apenas para alguns tipos de carne processada.

Cuidadoso nas palavras e evitando criticar a comunicação do Ministério da Agricultura, Camardelli disse apenas que a liberação da carne processada já era esperada, uma vez que retoma, em linhas gerais, o status anterior a 2012.

"Se sabia que haveria um retorno do que estava antes do achado priônico", disse o presidente da Abiec, referindo-se à descoberta do agente infeccioso quatro anos atrás.

Camardelli disse que as indústrias vão aguardar as negociações em andamento entre autoridades dos dois países, que ganharam fôlego nos últimos meses.

Contudo, o ritmo das tratativas será analisado nos próximos meses. Um pedido de abertura painel de arbitragem na OMC pode ser avaliado, já que o entendimento da associação é de que não há argumentos técnicos para o Brasil não exportar carne in natura ao Japão.

"Não dá pra ficar esperando, se você não tem culpa nenhuma", disse o executivo (Reuters, 12/12/16)