Empresários e economistas reconhecem importância
das medidas, mas advertem que o resultado não será imediato
Da Redação
redacao@amanha.com.br
O
conjunto de medidas econômicas anunciadas pelo governo na quinta-feira (15)
foram bem recebidas pelos empresários. Porém, economistas e representantes da
indústria são unânime em afirmar que o efeito não será imediato. A Confederação
Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, considera que as medidas devem ser
acompanhadas por uma ação sistemática e iniciativas que busquem a melhoria do
ambiente de negócios do Brasil, especialmente nas áreas tributária e de
relações do trabalho.
A
entidade também recorda que algumas medidas adotadas pelo governo já vinham
sendo defendidas pelo setor industrial, como o Programa de Regularização
Tributária, a restituição mais rápida dos créditos tributários acumulados,
inclusive com compensação com débitos previdenciários, redução da multa
adicional de 10% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS).“No entanto, algumas medidas precisam ser aperfeiçoadas durante a
tramitação no Congresso. Nesse sentido, o caso que mais chama a atenção é o do
Programa de Regularização Tributária, que ainda não contempla algumas necessidades
das empresas”, ressalva a CNI.
Ao
avaliar as medidas, o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do
Sul (Fiergs), Heitor José Müller, considerou os anúncios estratégicos e
importantes, mas que dependem de implementação. Entre as medidas, a
desburocratização, com o objetivo de diminuir o Custo Brasil. “São bastante
positivas e indicam uma melhora de confiança, não só do empresário, mas do
consumidor, o nosso problema hoje é também a diminuição do consumo das
famílias”, opina o industrial.
“Para
reativar realmente a economia precisamos de revisões de uma série de questões,
entre elas o sistema tributário, o enfoque do que tributar e em que
percentuais. A nossa lei trabalhista também precisa de atualização, ela vem
desde Getúlio Vargas, e com a implementação da indústria 4.0 mudou o cenário”,
cobra Müller. Em termos de impactos diretos para a economia, as medidas mais
importantes são aquelas que tratam do Refis. “No momento que o processo de
Refis ganhar celeridade, a saída da crise pode ocorrer com um pouco mais de
vigor”, reitera Müller. A Federação da Indústrias do Paraná (Fiep) e a
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) não emitiram nota
sobre o assunto.
Para José
Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, as medidas farão
diferença no dia a dia das empresas. Para Gonçalves, a novidade foi a parte
tributária. “É uma coisa interessante. São dois anos de recessão e as empresas
estão amontadas em prejuízo fiscal. Se puder compensar esses prejuízos, dá uma
limpada nos balanços. Quando a empresa voltar a ter resultado, ela vai voltar a
pagar imposto e o governo vai arrecadar mais”, projeta. Na visão de Silvio
Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, as ações vão na direção
certa, mas o problema é que a falta de demanda na economia. “Enquanto não
houver uma situação de retomada da economia via investimento, a economia vai
ter dificuldade para crescer e essas medidas não são em sua maioria uma forte
clara de retomada de demanda”, argumenta.
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