segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

“Não vamos mudar lojas para atender madames”, diz dono do Roldão


Ricardo Roldão, dono do grupo Roldão Atacadista, conta que a companhia não mudou suas lojas para atender os consumidores das classes A e B








São Paulo – Em meio à crise econômica, as redes de atacarejo – modelo que mistura atacado e varejo – crescem acima de dois dígitos e estão atraindo as grandes marcas para as prateleiras.

Ricardo Roldão, dono do grupo Roldão Atacadista, conta que a companhia não mudou suas lojas para atender os consumidores das classes A e B, que migraram para esse formato em busca de preços mais baixos.

A rede, com 30 lojas em São Paulo, deve encerrar este ano com receita de R$ 2,7 bilhões. Roldão, que também preside a Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (Abaas), diz que a conversão de supermercados e hipermercados para o canal mais popular vai se intensificar em 2017.


Leia os principais trechos da entrevista:


As redes de atacarejo foram beneficiadas pela crise. O crescimento continuará em 2017?
As vendas em volume continuam firmes (avançaram 13% nos oito primeiros meses do ano) e devem encerrar 2016 com expansão acima de dois dígitos. Só no Roldão, o faturamento vai crescer 35% (de R$ 2 bilhões para R$ 2,7 bilhões). Expandimos em lojas (quatro por meio da aquisição da rede Mega em janeiro passado e abertura de três novas unidades). Em 2017, prevemos uma receita de R$ 3,2 bilhões (mesmas lojas). Nosso objetivo era abrir 10 novas lojas em 2017, mas, com a revisão do PIB, seremos menos agressivos e vamos abrir seis unidades.

O atacarejo vai se consolidar como o principal canal de vendas do varejo de alimentos?
O atacarejo conseguiu 56% de penetração em todos os lares brasileiros, ante 40% nos últimos dois anos. A tendência é continuar crescendo, talvez não na mesma velocidade dos últimos dois anos. Acredito que atingiremos 60% dos lares brasileiros em 2017.

Este ano o grupo fez uma aquisição. Pretende ir novamente às compras? Estão em busca de investidores ao negócio?
A ideia é crescer organicamente. Aquisição, só se for algo que traga sinergia fora do Estado de São Paulo. Ainda assim, só se for em parceria. Não dá para construir uma loja do zero no Rio de Janeiro ou em Minas Gerais, por exemplo, se não tem volume nem escala. Ainda não estamos preparados para isso (o Itaú BBA presta assessoria ao Roldão em uma eventual abertura de capital no futuro e na busca de potenciais investidores).

Como estão as conversas entre o setor e os principais fornecedores com a crise?
Sempre foi uma luta de titãs. Mas, nos últimos meses, começamos a ter uma maior atenção das indústrias para as empresas de “cash and carry” (conceito atacarejo). Essas indústrias perceberam que esse canal está crescendo e passaram a dar mais atenção e fazer mais investimento para atender a esse conceito.

O que mudou?
A relação do consumidor com os tradicionais canais de compra. A indústria percebeu e passou a negociar melhor. As marcas líderes nos canais de hipermercado e supermercado não são as mesmas do canal “cash and carry”. Essas indústrias começaram a prestar mais atenção a isso.

De que forma?
Antes, achavam que o canal de atacarejo era apenas para escoar grandes volumes de produtos. Como esse consumidor está fazendo muita compra de abastecimento do mês no atacarejo, estão mais atentas ao nosso canal. Perceberam que o consumidor está disposto a mudar de marca (o que já ocorre). 

Agora, muitas marcas líderes estão trazendo novidade para atrair esse consumidor. Não apenas mudança de embalagem (tamanho família), mas já temos marcas de cervejas especiais, mais opções de queijos e carnes premium.

O consumidor está levando comida de boteco para casa?
Esse é um movimento grande. A gente espera que o mercado ‘food service’ (comida fora do lar) retome o crescimento após a crise porque esses transformadores também são nossos clientes. Mas é fato que as vendas para eles caíram.

O perfil de seus consumidores mudou. Pretende reformar suas lojas para acomodar melhor as classes A e B?
Não vamos mudar as lojas para atender as madames. Um dos meus funcionários observou que as madames estão frequentando mais as nossas lojas e nos pediu para que fizéssemos reformas para melhor recebê-las. Disse que não. Elas estão vindo aqui porque nós somos assim. Não podemos mudar a essência e o custo. As pessoas buscam preço, variedade e qualidade. Só que essa variedade tem limite.

Mudaram a forma de pagamento? Vão parcelar?
Começamos a aceitar cartão de crédito, mas não pretendemos parcelar (antes era cartão de débito e dinheiro). Aqui, a gente só parcela pneu.

Pretendem oferecer serviço premium para melhorar a experiência de compra?
Não. Há cerca de um ano e meio, o comerciante pode fazer o pedido por telefone e retirar na loja. Isso não vale para o consumidor final.

Por quê?
Custo.

Quais as suas expectativas para 2017? Está mais otimista com os rumos da economia, mesmo com a forte crise política?
Eu vejo 2017 ainda com aumento do desemprego e perda do poder de compra das famílias. Acredito em uma melhora a partir do segundo trimestre, se a crise econômica e política estiver mais definida. Ainda é cedo para se falar em 2018. 


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Eletrobras devolverá mais de R$ 604 mi a fundos do setor elétrico


Segundo a Aneel, devolução deverá ser feita em seis parcelas, a partir de 1° de julho de 2017, com correção dos valores






São Paulo – A estatal Eletrobras deverá devolver mais de 604 milhões de reais a dois fundos do setor elétrico por ter recebido indenizações dessas contas recursos “a maior” do que o devido, segundo despacho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no Diário Oficial da União dessa segunda-feira.

Segundo a agência, a devolução deverá ser feita em seis parcelas, a partir de 1° de julho de 2017, com correção dos valores entre a data dos pagamentos à empresa e a data do ressarcimento aos fundos.

Os valores serão direcionados à Reserva Global de Reversão (RGR) e à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundos que arcam com os custos de diversos subsídios nas contas de energia elétrica.

Os pagamentos haviam sido feitos pela União à Eletrobras com dinheiro dos fundos, para indenizar a estatal pela renovação antecipada de contratos de concessão de geração e transmissão entre o final de 2012 e o início de 2013, em meio a um pacote de medidas do governo federal para reduzir as contas de luz.

No final do ano passado, a Eletrobras anunciou ao mercado que havia recebido mais de 500 milhões de reais indevidos em meio a essas indenizações. Na época, a estatal afirmou que possuía provisão referente aos valores e aguardava definições da Aneel sobre a devolução.


Embraer fecha contrato com escandinava Wideroe para 15 jatos

 

O valor potencial do negócio pode atingir US$ 873 milhões e foi incluído no backlog do quarto trimestre de 2016






São Paulo – A Embraer assinou contrato com a Wideroe, empresa aérea da Escandinávia, para a entrega de 15 jatos da família E2. O valor potencial do negócio pode atingir US$ 873 milhões e foi incluído no backlog do quarto trimestre de 2016.

Segundo comunicado da empresa, enviado à imprensa, foram três pedidos firmes do E190-E2 e direito de compra de mais 12 aeronaves da família E2.

“Essa combinação flexível de direitos de compra para E175-E2, E190-E2 e E195-E2 dará à Wideroe a capacidade de crescer a sua frota com uma família de aeronaves de 80 a 130 assentos, a tamanho adequado para atender às necessidades do mercado”, informou a empresa, por meio de nota.

FMI reduz projeção de crescimento do Brasil a 0,2% em 2017

 

Cenário de praticamente estagnação neste ano ocorrerá, segundo a entidade, devido ao desempenho pior que o esperado em 2016


São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para apenas 0,2 por cento em 2017, sobre a expansão de 0,5 por cento prevista em outubro, segundo relatório divulgado neste segunda-feira.

O cenário de praticamente estagnação neste ano vem, segundo o FMI, devido ao desempenho pior que o esperado em 2016. Para 2018, o fundo manteve a projeção de avanço da economia brasileira em 1,5 por cento.

O desempenho do Brasil, que há dois anos passa por recessão, deste ano está abaixo do previsto para a América Latina e Caribe como um todo, cuja previsão é de avanço de 1,2 por cento. A projeção de outubro do ano passado era de alta de 1,6 por cento.

Em 2018, a região deve avançar 2,1 por cento, ante 2,2 projetado anteriormente.

Segundo o FMI, a piora na expectativa de crescimento na América Latina “reflete, em certa medida, expectativa de recuperação mais fraca no curto prazo da Argentina e do Brasil, após desempenhos de crescimento mais baixos do que esperados no segundo semestre de 2016”.

O FMI também cita condições financeiras mais apertadas dos Estados Unidos, incerteza com relação ao México e a deterioração contínua na Venezuela como fatores de piora para a região.

A previsão do FMI para a economia brasileira é mais pessimista do que mostra o relatório Focus, do Banco Central. Nele, os analistas consultados esperam avanço para o PIB de 0,5 por cento em 2017 e de 2,2 por cento em 2018.

No caso do México, o Fundo estima avanço do PIB de 1,7 por cento em 2017 e de 2,0 por cento em 2018. Para os dois anos, houve uma redução na projeção de 0,6 ponto percentual.

A economia mexicana deve ser fortemente afetada pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que já mostrou que quer revisar acordos comerciais e construir um muro na fronteira entre os dois países.

O FMI também manteve suas previsões de crescimento global em relação a outubro, a 3,4 por cento para 2017 e 3,6 por cento para 2018, acima dos 3,1 por cento em 2016, o ano mais fraco desde a crise financeira de 2008 e 2009.
 

Frankfurt deve tirar de Londres posto de capital financeira


Segundo pesquisa, o grande impulso para a mudança será a fusão entre a Deutsche Börse AG (DB), a bolsa alemã, e a Bolsa de Londres






São Paulo — Desde que o Reino Unido votou por deixar a União Europeia, em junho do ano passado, vários especialistas tentam prever o que acontecerá com a economia local. Uma forte aposta é a de que Londres perderá, rapidamente, o posto de capital financeira da Europa.

Uma pesquisa publicada na Alemanha afirma que o cobiçado título já tem um destino certo: a cidade de Frankfurt. O grande impulso para a mudança, diz o estudo assinado pelo professor Dirk Schiereck da Technische Universität Darmstadt, será a fusão entre a Deutsche Börse AG (DB), a bolsa alemã e a Bolsa de Londres, a London Stock Exchange Group (LSE).

A junção das bolsas, anunciada em março de 2016, ainda depende do aval dos órgãos reguladores europeus. Caso a operação saia do papel, diz o estudo, Frankfurt terá condições de “roubar” algumas operações, como a de derivativos, atualmente realizadas na bolsa londrina.

“Deutsche Börse tem a oportunidade de ganhar uma importante participação nas áreas de negociação de juros se os participantes do mercado tiverem acesso sem restrições à plataformas comerciais superiores”, diz Schiereck.

 

Passaporte


Além da fusão dos mercados, outro fator que deve influenciar no esvaziamento do centro financeiro de Londres é a perda do “passaporte da União Europeia”.  O tal passaporte permite que bancos baseados na capital britânica operem livremente no mercado de capitais do bloco, apesar de terem a maior parte de seu pessoal e operações baseados fora da zona do euro. Com o Brexit, há uma boa chance deste benefício acabar.

Se isso ocorrer, muitos dos grandes bancos irão migrar parte de suas operações para outros países da União Europeia. Um exemplo é o HSBC que, na última semana, informou que cerca de 1000 postos de trabalho serão transferidos de Londres.

O jogo, no entanto, não está ganho para Frankfurt. Outras cidades como Paris também estão no páreo para ocupar o posto de capital financeira. De acordo com o site Business Insider, lobistas franceses realizaram, nos últimos meses, diversas viagens a Londres para se reunirem com líderes empresariais e participantes do mercado. A briga será de gigantes.


A glamurosa vida do criador do Snapchat, Evan Spiegel


Evan Spiegel é o bilionário mais novo a construir sua própria fortuna. Com 26 anos, ele tem US$ 2,1 bilhões




São Paulo – Quando o Snapchat começou a ganhar popularidade, muitos se perguntaram qual era o propósito de uma rede social na qual as fotos e textos desapareciam em segundos.

No entanto, o app ganhou o gosto de jovens e adolescentes, cansados das redes sociais convencionais. Isso porque os fundadores também eram bastante jovens. Evan Spiegel tinha apenas 22 anos quando criou a rede social, enquanto ainda era um estudante universitário.

Historicamente, fotografias são usadas para registrar e guardar grandes momentos da vida. O Snapchat, com fotos que se autodestroem em poucos segundos, quebra com conceito, explica Spiegel em um vídeo. “No Snapchat, usamos as fotos para conversar”, diz ele. “É uma expressão instantânea de onde estou e do que estou sentido”, explica.

Evan Spiegel é o bilionário mais novo a construir sua própria fortuna. Com 26 anos, ele tem US$ 2,1 bilhões, de acordo com a Forbes.

Ao contrário de outros bilionários de tecnologia mais discretos, Spiegel é conhecido por aproveitar sua riqueza. Dono de uma mansão de US$ 12 milhões em Los Angeles onde mora com sua noiva, a supermodelo Miranda Kerr, ele se presenteou com uma Ferrari depois de uma rodada de investimentos bem-sucedida na startup.

Infância e juventude

 

Assim como muitos bilionários no mercado de tecnologia, Spiegel foi uma criança tímida e com poucos amigos. Construiu seu primeiro computador quando ainda era pré-adolescente e passava os fins de semana nos laboratórios da escola. “Meu melhor amigo era o professor de computação, Dan”, disse ele em entrevista a Forbes.

Ele veio de uma família de classe alta na Califórnia. Sua mãe, Melissa, estudou direito em Harvard e seu pai, formado em Yale, atuou como advogado para grandes nomes, como Sergey Bin, do Google, e a Warner Bross. Com o divórcio dos pais, se mudou para a casa do pai, de onde saiu apenas para fazer faculdade e para morar com sua noiva.

Ele começou a estudar design de produtos em Stanford em 2010, onde conheceu Bobby Murphy, que estudava matemática e ciências da computação. Ele seria seu futuro sócio no Snapchat, criado em 2011 como um projeto para uma aula. Reggie Brown também foi um dos fundadores, mas deixou a companhia.

E, da mesma forma como outros empreendedores, Spiegel deixou a faculdade em 2012 para se dedicar exclusivamente ao Snapchat.

Zuckerberg vs. Spiegel

 

Pela pouca idade e por também ter abandonado a universidade para criar uma rede social, Evan Spiegel é comparado com Mark Zuckerberg, fundador e presidente do Facebook.

Zuckerberg também achou que os dois eram bastante semelhantes, tanto que enviou pessoalmente um e-mail a Spiegel, demonstrando interesse em conhecê-lo. Spiegel, no alto de seus 22 anos, respondeu: adoraria encontrá-lo, se você vier até mim.

O primeiro encontro ocorreu quando a startup ainda era uma recém-nascida, em 2013. Zuckerberg mostrou um novo produto que a rede social iria lançar, o Poke, que compartilhava imagens efêmeras.
“Era basicamente como se ele dissesse ‘nós vamos massacrar vocês'”, disse Spiegel em entrevista a Forbes.

Mas ele não cedeu. Assim que retornaram ao escritório, Spiegel e o cofundador Bobby Murphy encomendaram um livro para todos os seis funcionários da empresa. Era “A Arte da Guerra” de Sun Tzu.

Logo em seguida, o presidente do Facebook fez uma oferta para comprar o Snapchat por US$ 3 bilhões. Spiegel disse não.

Hoje, a companhia tem mais de 1.000 funcionários em três continentes, valor de mercado de US$ 25 bilhões e está preparando uma oferta pública de ações para o primeiro trimestre de 2017.

No entanto, Zuckerberg ainda não desistiu da briga. O Instagram, rede social que foi comprada pelo Facebook, lançou o Stories em agosto do ano passado, uma aplicação muito semelhante ao Snapchat.
Poucos meses depois, veio o contra-ataque do Snapchat, o seu primeiro produto físico.


Na Califórnia, de óculos escuros


Spiegel começou a namorar a super modelo Miranda Kerr em 2015 e logo ficaram noivos.

Na primeira viagem do casal – para Big Sur, região na Califórnia, Estados Unidos – ele começou a testar um novo produto, que foi a primeira investida da companhia em hardware.

Ele filmou todo o trajeto de sua caminhada nas montanhas, mas não com a câmera do seu smartphone. Ele usou óculos escuros, que receberam duas pequenas câmeras e conexão com o smartphone.

O aparelho grava vídeos de 10 segundos em primeira pessoa e os vídeos são circulares, mais semelhantes ao olho humano, diz Spiegel.

“Estávamos andando por entre as matas, pisando em galhos e troncos, olhando as árvores maravilhosas. Quando vi as filmagens mais tarde, eu podia visualizar minha própria memória. Era inacreditável. Uma coisa é ver as imagens de uma experiência que você teve, mas outra é ter a experiência da própria experiência. Foi o mais perto que já cheguei de me sentir como se estivesse lá, de novo”, disse na ocasião da inauguração do produto.

Ao mesmo tempo em que lançou os Spectacles, companhia mudou o seu nome para apenas Snap Inc., para sinalizar que é maior do que o aplicativo Snapchat. O aparelho começou a ser vendido em novembro por US$ 129.


Em reino de antipolítica, quem faz marketing vira rei


Com o sucesso de candidatos que se venderam como "não políticos" nas eleições, o segredo para o sucesso agora é fazer muito marketing




São Paulo – A dedicação em cumprir uma agenda popular e performática tem marcado o início de diversas administrações municipais.

Com o óbvio desgaste da figura do político tradicional, e o sucesso eleitoral de quem se apresentou ao eleitor como “não político”, os novos prefeitos estão tentando mostrar que também “trabalham de verdade”, “acordam cedo”, “põem a mão na massa”, “arregaçam as mangas” e “são gente como a gente”.

Não à toa, em São Paulo, João Doria (PSDB) estreou como prefeito vestido de gari e cimentando uma calçada; enquanto no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) deixava-se fotografar em plena doação de sangue e durante uma roda de capoeira.

Os mandatários de Belo Horizonte e Curitiba também não ficaram atrás: Alexandre Kalil (PHS) virou notícia por “almoçar de marmitex”; e Rafael Greca (PMN) destacou-se por usar o transporte público para comparecer à própria diplomação.

Em cidades menores, o fenômeno é ainda mais comum. Além das varrições públicas, prefeitos capinam um lote, desentopem bueiros, dirigem empilhadeiras e etc. e tal.

“Os prefeitos estão buscando uma legitimidade típica de começo de mandato. Trata-se, claro, de uma legitimidade simbólica – que no universo político é muito importante. Ao se vestir de gari, por exemplo, o político quer passar a mensagem de que vai trabalhar duro pela cidade”, comenta o cientista político Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Para ele, o marketing por trás desse tipo de ação não é um “mal em si”. “A questão é que isso não pode se tornar o fator principal dentro de uma administração. Não é se vestir de trabalhador que vai transformar alguém em um bom prefeito.”

Fora dos grandes centros, quem tem personificado com entusiasmo a persona do “prefeito mão na massa” é Marcelo Pecchio (PSD).

Como chefe do Executivo da cidade de Quatá, no interior paulista, ele tem feito ações diárias de limpeza, corte de grama e promovido longas caminhadas para ouvir o que a população tem a dizer.

“O funcionalismo público não é muito bem-visto pela população. Então, eu vou para a rua com a intenção de dar o exemplo. Eu quero varrer, cortar grama, tapar buracos… E faço isso para que outros funcionários da Prefeitura façam como eu.”

Para o especialista em marketing político, Carlos Manhanelli, posturas como a de Pecchio e de muitos outros prefeitos servem para reafirmar “o que eles eram quando estavam em campanha”.

Ou, como ressalta o também especialista em marketing Marco Íten, o tempo entre a eleição e a posse é muito grande. “Então, esses primeiros dias servem para ‘refrescar a cabeça do eleitor’ sobre em quem ele depositou sua confiança.”

O prefeito de Volta Redonda (RJ), Samuca (PV), foi um que não mudou o comportamento mesmo depois de eleito.

“Sou a favor do olho no olho. Nos primeiros dias do meu mandato, fui trabalhar de ônibus e também fiz o percurso de casa até à prefeitura à pé. Eu entro pela porta da frente da prefeitura. O ex-prefeito entrava pela porta dos fundos.”

De acordo com Emmanuel Publio Dias, professor de marketing político da ESPM, o tal “olho no olho” propagandeado pelo prefeito de Volta Redonda tem uma explicação: “Os costumes políticos estão mudando. Antigamente existia o que se chamava de liturgia do cargo. O político se comunicava com um grupo muito pequeno. Hoje, a liturgia foi substituída pelo contato com o público. É marketing.” 
 

Tempos de crise


Para além de qualquer simbolismo, as ações populares de início de mandato também podem esconder um motivo bastante concreto: falta de dinheiro.

O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (PMDB), é quem revela: “Uma cidade não vive só de grandes obras. Em um momento de crise, a gente tem o dever de cuidar e limpar a cidade. São ações que custam pouco, mas causam grande impacto na vida das pessoas”, disse Araújo, que está promovendo o chamado “faxinão” em Rio Preto.

Assim, com problemas de caixa, prefeitos do Brasil inteiro tem apostado em ações baratas e de repercussão. “Não há dinheiro para resolver problemas estruturais ou complexos… Então, cuida-se de problemas mais pontuais”, diz o cientista político da FGV, Fernando Abrucio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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