Dólar canadense: "Não é necessariamente uma meta, mas podemos chegar lá" (Thinkstock)
São Paulo – A CPPIB, gestora que aplica
globalmente recursos do Canada Pension Plan (CPP), está ampliando o time
de profissionais no Brasil com foco principal em
investimentos em empresas no país, disse um executivo à Reuters.
“Estamos desenvolvendo uma equipe para investimento em
empresas”, disse o chefe para América Latina da CPP Investment Board
(CPPIB), Rodolfo Spielmann, no escritório em São Paulo, onde a equipe
ganhará mais dois profissionais.
Segundo o executivo, o plano de elevar investimentos no país
e em outros quatro países da América Latina (Peru, México, Chile e
Colômbia) deriva do plano da CPP de alinhar sua carteira à fatia de cada
região no PIB global.
Com investimentos totais de 300 bilhões de dólares
canadenses (cerca de 230 bilhões de dólares), o CPP tem ao redor de 3
por cento desse montante aplicado em ativos da América Latina, que
representa cerca de 7 por cento do PIB global.
Por esse cálculo, a instituição teria espaço para, pelo
menos, mais do que dobrar seus investimentos nominais na região, dada a
tendência de expansão do portfólio nos próximo anos.
“Não é necessariamente uma meta, mas podemos chegar lá”, disse Spielmann.
Os planos são parte de um movimento iniciado em 1997 na
esteira de uma reforma previdenciária no Canadá, que resultou na criação
do CCP, maior fundo do país e que abriga cerca de 19 milhões de
cotistas.
Como parte da estratégia para atingir a meta atuarial
-rentabilidade mínima necessária para um fundo de pensão conseguir pagar
os benefícios de todos os cotistas – de 4 por cento ao ano acima da
inflação, a CPPIB foi constituída para prospectar investimentos fora do
Canadá.
No Brasil, onde abriu escritório em 2014, a instituição
distribuiu a maior parte dos seus cerca de 9 bilhões de dólares
canadenses em ativos latinoamericanos de infraestrutura e do setor
imobiliário.
Antes disso, já vinha investindo na administradora de
shopping centers Aliansce, da qual é hoje a maior investidora
individual, com uma fatia de 38,2 por cento e na qual tem duas cadeiras
no conselho de administração.
No ano passado, a CPPIB foi citada como parte de um
consórcio que concorreu à compra da Nova Transportadora do Sudeste
(NTS), posta à venda pela Petrobras, em disputa que foi vencida pelo
grupo também canadense Brookfield.
No começo da semana, a Cyrela Commercial Properties anunciou
acordo para transferir para a CPPIB um terço do portfólio em
escritórios comerciais em troca de uma fatia do grupo canadense em
galpões logísticos, além de formarem joint ventures para investimentos
em escritórios comerciais no valor de até 400 milhões de dólares.
Um dos focos agora é direcionar os novos investimentos para
esse modelo: comprar participação minoritária de empresas, inclusive
listadas, especialmente dos setores de consumo, indústria, educação e
saúde, disse Spielmann.
“Não queremos ter o controle mas adquirir uma participação relevante que nos permita ter uma cadeira no conselho”, disse.
Segundo o executivo, os preços dos ativos no país,
depreciados com a combinação de dois anos de recessão, desvalorização
cambial e escândalos de corrupção, não mudaram os planos da CPPIB de
ampliar investimentos no país.
“Os grandes problemas do Brasil estão sendo resolvidos na
raiz”, disse Spielmann. “Para nós, o rigor para decisão de investimento
não muda.”