segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Fluxo de capital nos mercados emergentes será negativo em 2017


Instituto de Finanças Internacionais estima que o grupo de 25 economias emergentes registrará um total de US$ 490 bilhões em saída de capital neste ano




Nova York – O fluxo de capital para os mercados emergentes será negativo em 2017 pelo quarto ano consecutivo, pressionado pelas consideráveis saídas de capital da China, disse o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) em um relatório divulgado nesta quinta-feira.

O IIF estima que seu grupo de 25 economias emergentes registrará um total de 490 bilhões de dólares em saída de capital neste ano.

A China deverá ter cerca de 1 trilhão de dólares em saídas de capital de residentes, incluindo erros e omissões, e 560 bilhões de dólares em saídas líquidas de capital.

Os mercados emergentes excluindo a China deverão receber entradas de 70 bilhões de dólares, quase o dobro do ritmo de 2016.

“Embora projetemos uma ligeira alta no fluxo de capital em 2017, os riscos políticos e a potencial deterioração do ambiente global nos deixam cautelosos”, disse o diretor executivo do IIF, Hung Tran.

A expectativa para o fluxo negativo de capital no geral nos mercados emergentes baseia-se, em grande parte, em expectativas reduzidas de investimento direto estrangeiro e investimento em carteira de ações.

Os fluxos de investimento direto estrangeiro para os mercados emergentes devem cair para o nível mais baixo desde a crise financeira, segundo o IIF.


O IPO é a saída para a Netshoes?



Maior e-commerce esportivo do país contratou a consultoria KPMG para organizar suas contas e bancos para tocar as negociações com investidores

 






Há eventos que vêm se repetindo todo mês de janeiro, ano após ano. Os arrastões nas praias cariocas, as contratações milionárias de times de futebol chineses e a explosão de blocos de carnaval em São Paulo estão entre eles. No mundo das finanças, janeiro é tempo de especulações sobre a possível oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) da Netshoes, maior e-commerce esportivo do país. A companhia ensaia entrar na bolsa pelo menos desde 2013, apesar dos constantes prejuízos. O ano de 2017 continuou sendo de arrastões e gastança chinesa, mas tudo indica que, agora sim, o IPO da Netshoes sai do papel.

EXAME Hoje apurou que a companhia está decidida a abrir capital, no Brasil ou nos Estados Unidos – se tudo ajudar, ainda no primeiro semestre. Para isso, contratou a consultoria KPMG para organizar suas contas e também bancos nacionais e internacionais para tocar as negociações com investidores. 

Procurada, a Netshoes disse que “a abertura de capital é apenas uma dentre diversas possibilidades que a empresa tem à sua disposição para seguir seu planejamento estratégico”.

Os planos anteriores da companhia envolviam realizar uma abertura de capital na bolsa americana Nasdaq, que abriga gigantes da tecnologia como Amazon, Apple e Google. A Netshoes chegou a ilustrar uma capa de EXAME sobre o tema, em 2013. Lá, os investidores estariam mais acostumados com negócios na área da tecnologia – onde perder dinheiro é rotina, em prol de um crescimento acelerado.

Mas a Netshoes não foi para Nasdaq, por uma série de motivos, e a cada dia que passa a distância foi ficando maior. “A empresa precisaria mostrar um crescimento mais sustentável, com uma tendência mais clara de que está no caminho certo”, afirma um especialista do setor. 

Os desafios da Netshoes são pra lá de conhecidos – manter um ritmo de crescimento minimamente agressivo e ao mesmo tempo entrar no azul. O problema é que o balanço da Netshoes é uma gangorra. Até 2014, o ritmo de crescimento vinha diminuindo – em 2014 o faturamento cresceu apenas 19% enquanto prejuízo chegou ao patamar recorde de 93 milhões de reais, uma alta de 30%. 

Em 2015, no último balanço disponível, a companhia conseguiu voltar a crescer com o lançamento do seu e-commerce de moda Zattini. O faturamento avançou 30%, para 1,5 bilhão de reais, e o prejuízo diminuiu, para os 63 milhões de reais.

A dúvida agora é o que a companhia conseguiu fazer em 2016, ano em que, por conta da crise, nem as gigantes do comércio eletrônico foram poupadas. O varejo online cresceu apenas 11%, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, ante uma média superior a 20% nos anos anteriores. A B2W, a maior do país, que opera o e-commerce das Lojas Americanas, Submarino.com e Shoptime, teve uma queda de 8,7% na receita nos primeiros nove meses de 2016, com o prejuízo subindo 49%, para 383,6 milhões de reais. “A principal dúvida é: a Netshoes conseguiu fazer o dever de casa e crescer mesmo em tempos de crise? Essa é a questão fundamental para um IPO”, diz Paulo Humberg, presidente da companhia de investimentos em internet A5. Os dados de 2016 devem ser divulgados pela Netshoes em março.


Outros planos


Uma possibilidade que bate na porta da Netshoes é a venda para uma empresa maior. No último dia 5, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiou que a B2W estaria negociando uma aquisição. O que se sabe é que a Lojas Americanas, controladora da B2W, contratou o banco Credit Suisse para uma nova emissão de ações, no valor de 1,5 bilhão de reais, mas esse dinheiro não deve ser usado para comprar a Netshoes, de acordo com o que apurou EXAME Hoje com executivos próximos das duas empresas. “Essa conversa existiu, mas há 10 anos, quando as duas companhias eram bem próximas”, disse um deles. “Agora, isso não existe mais”.

Nesse período, a Netshoes operou o braço de artigos esportivos da B2W, mas as conversas para uma fusão ou compra da Netshoes não avançaram.

Por conta própria, a Netshoes tem avançado na seara da B2W. No início de 2016, a Netshoes anunciou a criação de seu marketplace – plataforma que permite que outros lojistas vendam seus produtos no site da companhia. Na época, a empresa estimou que o marketplace poderia representa até 20% de seu negócio no médio prazo, dobrando seu portfólio – na época de 80.000 produtos – ainda em 2016.

“A Netshoes é uma das únicas companhias de e-commerce com um atendimento ao consumidor especializado e internalizado, e também tem parcerias exclusivas com grandes marcas como a Nike, que só utiliza o marketplace da Netshoes”, diz um executivo de uma concorrente. “Eles estão conseguindo montar uma operação parecida com a da B2W”. Por enquanto, a Netshoes se mantém focada em beleza, moda e esporte, mas, segundo EXAME Hoje apurou, há planos para avançar para novos nichos.

Se vier a ofertar suas ações na Bovespa, a Netshoes também vai seguir os mesmos passos da B2W – única companhia do setor na bolsa brasileira. Os números da empresa não animam muito: a B2W já perdeu 54% de valor de mercado, que passou de 9,6 bilhões de reais na época do IPO, em 2007, para os 4,4 bilhões de reais atuais, segundo a consultoria Economatica. “A companhia é boa e na minha visão está barata, mas os investidores estão cansados de prejuízo atrás de prejuízo”, afirma Luis Gustavo Pereira, estrategista da corretora Guide. Em 10 anos de bolsa, a B2W nunca fechou um ano no azul. 

Analistas consultados por EXAME Hoje afirmam que a Netshoes a não poderia exigir um valor muito alto pelos papeis – a exemplo do que aconteceu com as últimas tentativas ocorridas no mercado. A única empresa a entrar na bolsa em 2016 – a companhia de diagnósticos Alliar – já perdeu mais de 30% do valor de suas ações, a construtora Tenda desistiu de um IPO no fim do ano passado e a locadora de veículos Movida teve que reduzir o preço inicialmente pedido para conseguir estrear na bolsa esta semana.

Calcular o valor de mercado da Netshoes é uma tarefa difícil. Em 2013, os acionistas da companhia esperavam que, no dia de seu IPO, a Netshoes valesse 2 bilhões de reais. Há um ano e meio, a varejista americana Walmart fez uma oferta de 900 milhões de reais pelo controle da companhia, mas a Netshoes recusou.

Em todos esses casos de aberturas de capital recente, a explicação para as avaliações abaixo do esperado é de que as empresas têm colocado seus preços com base em expectativas de lucros maiores no futuro, mas o investidor – depois de sofrer com promessas não cumpridas nos últimos anos – não está tão disposto a pagar para ver. Não é o cenário dos sonhos para a Netshoes. Mas a empresa espera a janela ideal de oportunidade há quatro anos. Uma hora cansa.


Grupo de Chaim Zaher faz nova aquisição, desta vez de canadense



Grupo SEB, do empresário Chaim Zaher, anunciou aquisição da operação sul-americana da rede de sistemas de ensino canadense Mapple Bear

 



São Paulo – O Grupo SEB, do empresário Chaim Zaher, anunciou nesta segunda-feira, 13, a aquisição da operação sul-americana da rede de sistemas de ensino canadense Mapple Bear.

Com o negócio, o SEB assume as operações da Mapple Bear no Brasil e poderá fazer a expansão da marca em outros países da América Latina.

Segundo a companhia, o Mapple Bear tem hoje no Brasil 85 escolas e atende mais de 15 mil alunos.

Segundo a diretora executiva do SEB, Thamila Zaher, a companhia tem programada uma expansão para o mercado da América do Sul e o negócio marca a internacionalização do grupo.

A família Zaher tem retomado aquisições no segmento de educação básica e já havia anunciado este ano a retomada do sistema Pueri Domus, que no passado havia sido vendido pelo grupo para a britânica Pearson.

Os Zaher também são acionistas da Estácio, companhia da qual se tornaram sócios relevantes após a venda da UniSeb. Atualmente, o SEB detém 11% da Estácio.

Tesla mira mercado no Oriente Médio com estreia em Dubai



Empresa já aceita encomendas online dos Emirados Árabes Unidos, possui uma loja no Dubai Mall e está construindo um centro de serviços na cidade

 




Dubai – A Tesla começou a vender seus carros elétricos de luxo em Dubai, marcando a primeira incursão no Oriente Médio.

As vendas de carros de luxo nos países do Golfo estão entre as mais altas do mundo per capita, embora algumas marcas sofreram com os preços mais baixos do petróleo, que reduziram a demanda do consumidor.

Com sede na Califórnia, a Tesla está aceitando encomendas online de clientes nos Emirados Árabes Unidos, uma loja no Dubai Mall e tem um centro de serviços Tesla sendo construído em Dubai, que está previsto para abrir em julho.

O fundador da Tesla, Elon Musk, disse nesta segunda-feira que vai abrir uma loja e um centro de serviço em Abu Dhabi em 2018 e planeja expandir para o Bahrein, Omã e Arábia Saudita.

Musk se recusou a falar sobre datas para os planos de expansão fora dos EAU em uma conferência de imprensa em Dubai.

Os preços da Telsa começam a partir de 275.000 dirhams (74.884 dólares) por seu modelo S, que tem um alcance de 632 km com uma única carga e 344.000 dirhams para o modelo X, que pode viajar até 565 km.
 

Grupo SEB espera janela para IPO, diz Chaim Zaher



Um IPO seria o caminho "se vier alguma coisa muito grande, para ampliar nosso nível de internacionalização", segundo Zaher

 



São Paulo – O grupo SEB, de educação, considera a possibilidade de abrir capital, segundo afirmou seu presidente, o empresário Chaim Zaher.

Ele declarou, porém, que uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) só faria sentido no caso de a companhia se deparar com a possibilidade de uma aquisição de grande porte.

Um IPO, disse, seria o caminho “se vier alguma coisa muito grande, para ampliar nosso nível de internacionalização”, comentou.

O empresário destacou que as aquisições até aqui foram feitas com recursos próprios do grupo, mas destacou que poderia haver a necessidade de captação no mercado para aquisições grandes.

O SEB anunciou nesta segunda-feira, 13, a aquisição das operações do Brasil e América do Sul da canadense Mapple Bear. O grupo deterá 95% do negócio regional enquanto a companhia global fica com 5%.

Com a transação, o SEB espera atingir R$ 760 milhões em faturamento em 2017. São 275 escolas ligadas ao grupo entre unidades próprias, parceiros dos sistemas de ensino e as 85 franquias do Mapple Bear.

O grupo tem um plano de investir R$ 400 milhões entre 2016 e 2018.

A aquisição da Brasil Kirin pela Heineken em números

Com a compra, a companhia holandesa passa a ser a segunda maior fabricante de cervejas do mercado brasileiro, atrás da Ambev






São Paulo – A Heineken anunciou hoje, 13, a aquisição da Brasil Kirin, dona da Schin e Devassa.

Com a compra, a companhia holandesa passa a ser a segunda maior fabricante de cervejas do mercado brasileiro, atrás da Ambev.


Confira os principais dados da operação no gráfico abaixo.


Em comunicado, a Heineken afirmou que o portfólio da Brasil Kirin é complementar ao seu negócio de cervejas e possibilitará o crescimento de marcas como Schin, Bavaria, Kaiser, Amstel e Devassa.

A Brasil Kirin também tem uma presença forte no Norte e Nordeste, regiões onde a Heineken tem uma participação menor.

De acordo com a Euromonitor, “a aquisição poderia  dobrar o tamanho das operações no país, criando uma plataforma ainda maior para marcas premium”.

Por causa de problemas na operação brasileira, o grupo japonês Kirin Holdings registrou o primeiro prejuízo da sua história em 2015. A brasileira inicialmente buscava vender ativos e em julho do ano passado vendeu uma fábrica para a Ambev.

Os riscos brasileiros e o mercado competitivo e estagnado eram “limitações” para tornar a Brasil Kirin rentável, afirmou a empresa.
 

História das marcas

 

A cervejaria Heineken surgiu em 1864, quando o holandês Gerard Adriaan Heineken adquiriu uma pequena cervejaria em Amsterdã e adotou o método alemão de baixa fermentação para fazer suas cervejas.

Em 1968, assumiu a Amstel. Hoje, tem mais de 250 marcas. Ela chegou ao Brasil em 2010, quando adquiriu a divisão de cerveja do Grupo FEMSA.

Já a história da Brasil Kirin começou em 1939, quando a Schincariol iniciou a produção do refrigerante Itubaína em Itu, SP. Em 1989, a empresa lançou a primeira cerveja, a Schincariol.

Em 2007, comprou as cervejarias Devassa e Baden Baden, de Campos de Jordão (SP). No ano seguinte, comprou a Eisenbahn, de Blumenau (SC), e a marca de cervejas Cintra.

A japonesa Kirin Holdings Company adquiriu o controle acionário pleno da Schincariol em 2011. O nome Brasil Kirin foi divulgado em 2012. Na ocasião, o grupo japonês pagou cerca de US$ 3,9 bilhões pela companhia brasileira, que era a 2a maior em participação de mercado. No entanto, o negócio perdeu espaço e a depreciação do real elevou os custos da operação.

A controladora, Kirin Holdings Company, surgiu como Japan Brewery Co., em Yokohama no Japão em 1885. A cerveja Kirin Beer foi lançada em 1888.

A conclusão da aquisição está sujeita às aprovações regulatórias habituais e está prevista para o primeiro semestre de 2017.

Destaques financeiros

€ 664 milhões
É o valor que será pago à Kirin pelas ações da companhia.
R$ 3,7 bilhões
Foi a receita Brasil Kirin em 2016, aumento de 0,21% em relação ao ano anterior.
R$ 262 milhões
Foi o prejuízo fiscal antes da amortização de ágio da Brasil Kirin em 2016, contra prejuízo de R$ 322 milhões em 2015.

As empresas no Brasil

Funcionários
Número de cervejarias
Brasil KirinHeineken11.0002.000

Marcas no Brasil

Heineken
Heineken, Desperados, Sol, Kaiser, Kaiser Radler, Bavaria, Bavaria Premium, Bavaria 0,0%, Família Xingu e Amstel (produzidas no Brasil).

Dos Equis, do México; a Birra Moretti, da Itália; a Edelweiss, da Áustria, e a Murphy’s Irish Stout, da Irlanda (importados).
Brasil Kirin
Schin, Devassa, Baden Baden, Eisenbahn, Glacial, Cintra, No Grau, Kirin Ichiban (alcoólicos).
Água Schin, Itubaína, Viva Schin, Skinka, K Energy Drink, Água Tônica Schin (não alcoólicos).

Mercado brasileiro de cervejas

13,5 bilhões de litros
Foi o volume de bebida vendido em 2015 no Brasil. O país é o 3º maior do mundo nesse critério, atrás dos Estados Unidos e China.
R$ 19,6 bilhões
Foi o faturamento total do mercado, com uma projeção para crescer a uma taxa média ao ano de 2,3% até 2020, segundo a Euromonitor.
Participação de mercado em faturamento
Participação de mercado em volume
Brasil Kirin Heineken
Após a conclusão da transação, a Heineken se tornará a 2a maior companhia de cervejas no país.

Os grupos no mundo

Funcionários
Países em que está presente
HeinekenKirin Holding85.00039.888
Fonte: Heineken, Kirin Holdings Company, Brasil Kirin e Euromonitor

14 são denunciados por esquema para manipular julgamento no Carf

 

 

O grupo denunciado, que inclui lobistas, funcionários públicos e executivos, é acusado de favorecer a MMC Automotores após pagamento de propina








O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 14 pessoas por envolvimento em suposto esquema de corrupção para viabilizar a medida provisória 512/2010 e também para manipular o julgamento de um processo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), espécie de tribunal que avalia débitos de grandes contribuintes com a Receita Federal.

O grupo denunciado, que inclui lobistas, funcionários públicos e executivos, é acusado de favorecer a MMC Automotores (representante da Mitsubishi no Brasil) após o pagamento de R$ 33,8 milhões pela empresa.

Conforme a peça de acusação, enviada à 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, após receber a quantia, os envolvidos conseguiram livrar a MMC de um débito de R$ 266 milhões (cerca de R$ 600 milhões, em valores atualizados) no Carf.

A dívida se devia a uma autuação da Receita, lavrada após a constatação de que a montadora recebeu de forma cumulativa dois benefícios fiscais, contrariando a legislação.

Em outra frente, o grupo teria pago servidores públicos para emplacar a MP 512/2010, cujo texto deu previsão legal à acumulação e resolveu de vez a controvérsia do setor automotivo com o Fisco.

A norma foi editada por Luiz Inácio Lula da Silva e sancionada por Dilma Rousseff, após a inserção de mudanças pelo Congresso. Outras a montadoras, como a Ford, se beneficiaram da regra.

O caso foi revelado pela reportagem em série de reportagens publicada a partir de outubro de 2015.

Entre os denunciados estão os ex-conselheiros do Carf José Ricardo da Silva e Alexandre Paes dos Santos, o casal de lobistas Mauro Marcondes Machado e Cristina Mautoni, além dos empresários Paulo Ferraz e Robert Rittscher, da MMC.

Três servidores públicos, entre eles a ex-assessora da Casa Civil Lytha Spíndola, também foram acusados. Eles vão responder por corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

Parte dos denunciados, entre eles José Ricardo, Alexandre, Mauro e Cristina, já foi condenada em primeira instância pela suposta “compra” da MP 471/2010, que também beneficiava o setor automotivo.

Uma ação penal em curso apura suposto tráfico de influência para aprovar a MP-623, também em favor de montadoras. Entre os réus estão Lula e seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva.

Como revelou o Estado em 2015, a empresa do casal de lobistas pagou R$ 2,5 milhões à firma de consultoria de Luís Cláudio.

Na denúncia recém-ajuizada, procuradores da Operação Zelotes sustentam que integrantes do esquema procuravam contribuintes com recursos em andamento no Carf para oferecer os “serviços”.

No caso da Mitsubishi, os atos ilegais teriam sido praticados entre os anos de 2009 e 2012, com a participação de pelo menos quatro núcleos: o dos empresários contratantes, o dos lobistas, o dos intermediários e o dos servidores públicos que teriam viabilizado a manipulação do julgamento.

Segundo os investigadores, Mauro Marcondes e Cristina Mautoni foram contratados pelos executivos da MMC e, em seguida, subcontrataram a empresa SGR Consultoria Empresarial Ltda, de José Ricardo Silva, ex- conselheiro do tribunal administrativo, e outros parceiros. O casal de lobistas, sustenta a Zelotes, subcontratou e pagou a servidora Lytha Spíndola, que contou com a colaboração do filho, Vladimir Spíndola, para viabilizar a MP 512.

Na denúncia, os investigadores enfatizam que nem a Marcondes & Mautoni Empreendimentos, empresa de “diplomacia corporativa” de Mauro e Cristina, e nem as firmas dos demais envolvidos produziram qualquer material, estudo ou relatório que justificasse os valores recebidos.

“As suas atribuições eram atuar nas sombras, sem deixar rastros, de maneira clandestina, para não despertar suspeitas e não comprometer a empresa contratante”, registra a denúncia.

Na denúncia, os procuradores descrevem ainda a autuação do advogado Albert Rabelo Limoeiro, que teriam atuado para corromper integrantes do Carf.

O então conselheiro corrompido foi, de acordo com a acusação, Antônio Lisboa. O MPF alega que houve pagamento de propina por ele, por meio do pagamento de suas contas por terceiros ou por recebimento de dinheiro em espécie.

“Contrariando o seu histórico financeiro, que registra pagamentos mensais de parcelas de financiamento imobiliário e despesas variadas, suas despesas somem, conforme aponta o Relatório elaborado pela Receita Federal”, destacam os procuradores da República Frederico Paiva e Hebert Mesquita.