quarta-feira, 1 de março de 2017

México avalia importação de produtos do Brasil após ameaça de Trump




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Em meio a tensões comerciais com os Estados Unidos, o México planeja enviar uma delegação ao Brasil no mês que vem para visitar produtores de milho, carne bovina, frango e soja como alternativa aos fornecedores norte-americanos, disse o representante do México no Brasil nesta sexta-feira.
 
O encarregado de negócios da embaixada mexicana no Brasil, Eleazar Velasco, disse que o Brasil está em uma posição única para expandir a venda de produtos agrícolas para o México, caso o acordo comercial com os EUA seja interrompido, uma vez que está mais próximo do que outros possíveis fornecedores, como a Austrália.
 
"Os Estados Unidos querem unilateralmente mudar as regras do jogo estabelecidas", disse Velasco à Reuters. "Evidentemente ao mudar nossas relações, isso vai reequilibrar outras relações."
 
O secretário da Agricultura mexicano, José Calzada, deveria ter visitado o Brasil na semana passada, mas teve que adiar sua viagem devido a questões de agenda, disse Velasco.
 
Calzada irá trazer executivos da indústria de alimentos do México para fazer acordos com exportadores brasileiros, disse o diplomata. A viagem faz parte de um esforço para reduzir a dependência das exportações dos EUA, uma vez que o presidente Donald Trump ameaça suspender o acordo de livre comércio entre os dois países.
 
Calzada disse em entrevista à Reuters na semana passada que o México pode reduzir as tarifas para produtos sul-americanos, caso necessário.
 
O México depende das importações de milho amarelo do México sob o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês). Com 2,3 bilhões de importações em 2016, o México é de longe o maior comprador estrangeiro, e produtores dos EUA têm pressionado Trump para que ele não altere o acordo.
 
"O milho é um produto básico imprescindível e insubstituível para os mexicanos. Se os EUA forem mudar as regras do jogo, teremos que comparar dos que querem vender, e aí o Brasil está na melhor posição."
 
O Brasil está expandindo a produção de milho e a colheita 2016/17 deverá crescer para 93 milhões de toneladas, ante 71 milhões de toneladas na safra anterior. A consultoria Agroconsult estima que as exportações de milho do Brasil irão dobrar para 28 milhões de toneladas, com a vizinha Argentina como sua maior competidora.
 
O México também irá avaliar comprar soja do Brasil, o maior exportador mundial do grão, embora as importações mexicanas sejam pequenas, disse Velasco.

As tensões com o governo de Trump deram novo ânimo às negociações entre México e Brasil para liberar seu comércio, do qual 51 por cento é composto de carros e peças automobilísticas, mas que agora pode passar por uma expansão dos produtos agrícolas.
 
 (Reuters, 24/2/17)

Cana: Usinas listadas na BM&FBovespa retomam investimentos

Foto de BM&FBOVESPA - São Paulo - SP, Brasil

As usinas sucroalcooleiras listadas na BM&FBovespa, que estão entre as maiores do setor no país, voltaram a elevar seus investimentos, especialmente com foco no crescimento orgânico, depois de iniciar a safra mais voltadas para o objetivo de reduzir o comprometimento do caixa com suas dívidas.

Raízen Energia – joint venture entre Cosan e Shell -, Biosev e São Martinho registraram, no acumulado da safra 2016/17 (de abril a dezembro), forte aumento de receita e de geração de caixa, apesar da derrapada no último trimestre, seja por problemas de safra ou decisões estratégicas.

Nesse contexto, também cresceram os desembolsos com investimentos em bens de capital (Capex), mesmo em um período de moagem, quando os aportes costumam ser mais comedidos.

Os investimentos feitos pelas três companhias no período somaram R$ 2,668 bilhões, um aumento de 23% em relação aos aportes feitos por elas nos nove primeiros meses da safra passada. No entanto, esse montante ainda está abaixo do investido no mesmo período da safra 2014/15, de R$ 2,686 bilhões.

Afinal, nesta safra, as empresas ainda buscaram aproveitar o bom momento do mercado de açúcar e etanol para minimizar a alavancagem, enquanto naquela temporada o mercado ainda não havia atingido o fundo do poço.

Maior do setor, a Raízen Energia desembolsou, nos nove primeiros meses da safra atual, R$ 1,190 bilhão em investimentos, alta de 24,3% na comparação anual. Apenas no último trimestre, os investimentos saltaram 31%, para R$ 456,7 milhões, já que a companhia encerrou a moagem de cana mais cedo que no ano passado e antecipou o dispêndio com plantio e tratos culturais, explicou Paula Kovarsky, diretora de relações com investidores da Cosan, em teleconferência com analistas.

Essa tendência de alta inverte o movimento da safra 2015/16, quando a Raízen Energia gastou, em todo o ciclo, 24% a menos com investimentos do que na temporada anterior, seja por adequação dos projetos, pelo longo período de moagem de cana ou por ganhos de eficiência.

Neste quarto trimestre, se a empresa quiser alcançar sua meta para esta temporada de um Capex entre R$ 1,9 bilhão e R$ 2,1 bilhões, deve realizar aportes entre R$ 710 milhões e R$ 910 milhões.

E, para a próxima safra, os investimentos da joint venture devem crescer mais com a conclusão de projetos ligados à melhoria de produtividade e maximização de açúcar, possíveis aportes em aumento da disponibilidade de cana, em produção de biogás, em novos projetos de logística e infraestrutura para açúcar e etanol, além de adequação para práticas e impacto de inflação, afirmou Kovarsky durante a teleconferência.

A meta é que os aportes da companhia fiquem entre R$ 2,1 bilhões e R$ 2,4 bilhões no ciclo 2017/18, que começa oficialmente em abril, sendo que os investimentos recorrentes (com canavial e manutenção de equipamentos) devem ficar estáveis, entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão.

Segunda maior processadora de cana do país, a Biosev, controlada pela Louis Dreyfus Company (LDC), também vem elevando seus investimentos nesta safra, com foco principalmente nas lavouras. No acumulado da temporada, o Capex ficou em R$ 847 milhões, um avanço de 24% ante o mesmo período da safra passada.

Esse aumento decorre de "maiores desembolsos com plantios e tratos, maior dosagem de insumos para elevar a produtividade agrícola", além de "investimento industrial e de gastos com manutenção, já que houve menos dias de moagem ante safra passada", informou Paulo Prignolato, diretor financeiro da Biosev, durante teleconferência com analistas.

Questionado na ocasião sobre o orçamento para os investimentos para a próxima safra, Rui Chammas, CEO da Biosev, disse que os guidances serão divulgados após o fim do ciclo, mas que "as condições climáticas dão um horizonte positivo para a próxima safra".

O Grupo São Martinho também elevou seu Capex desde o início da temporada para R$ 630 milhões, um aumento de 21% em relação ao acumulado da safra passada, devido ao incremento dos gastos com manutenção de entressafra e ao projeto de ampliação de capacidade da Usina Santa Cruz.

Para a próxima safra, a companhia já prevê que apenas os investimentos em manutenção irão a R$ 900 milhões, informou Felipe Vicchiato, diretor financeiro da companhia, durante teleconferência com analistas. Na safra 2015/16, os aportes em manutenção, plantio e tratos culturais foram de R$ 676 milhões

(Assessoria de Comunicação, 24/2/17)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/cana-usinas-listadas-na-bmfbovespa-retomam-investimentos.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/#.WLcUdfRwto0



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Advogado trabalhista poderá acompanhar audiências e emitir boletos por aplicativo




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Boa parte das funções que o advogado tem que exercer na Justiça do Trabalho podem agora ser feitas pelo celular. Nesta semana foi lançado o e-JT, aplicativo que permite checar a movimentação de processos, decisões, acompanhar notícias, jurisprudência e pautas de audiências e sessões e até emitir boletos para pagamentos, entre outras comodidades.
Interface do aplicativo, que já está disponível para o TRT-5.Reprodução 
O aplicativo traz novidades como a comunicação, via chat, entre advogados de estados diferentes, possibilidade de propor acordos, ferramenta para verificação de autenticidade de documentos no Processo Judicial eletrônico (PJe) e integração com outros TRTs.

O projeto inicial foi desenvolvido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (BA), e agora terá abrangência nacional. A disponibilização do aplicativo se dará de forma gradual. Nesta semana, o software já pode ser baixado pelo público do TRT-5. Em breve, será expandido para o TRT da 4ª Região (RS) e 21ª Região (RN) e, até o fim do ano, para todas as Regiões.

Integração com outros TRTs
Os usuários poderão escolher de qual Regional desejam consultar as informações. E, quando novos tribunais forem integrados, eles serão avisados.

Verificação de autenticidade de documentos do PJe
O usuário poderá utilizar a câmera do celular para ler o código de barras do documento produzido no PJe, validando assim a sua autenticidade. Este código também poderá ser digitado. Além disso, poderá visualizar outros documentos vinculados ao principal.

Chat
Os magistrados e advogados que estiverem autenticados no aplicativo poderão acessar a ferramenta de chat para troca de mensagens instantâneas entre usuários com mesmo perfil.

Backup e recuperação de dados
O usuário poderá fazer backup de outras informações além dos processos favoritos, tais como marcadores, notas, jurisprudências favoritas, entre outros. Com isto, será possível recuperá-las caso precise reinstalar o aplicativo ou recuperar de outro equipamento.

Compartilhamento de processos
Possibilita enviar um link para outro usuário do aplicativo para que ele tenha acesso ao processo de forma mais rápida.

 http://www.conjur.com.br/2017-fev-23/advogado-trabalhista-emitir-boletos-aplicativo

Startup empresta dinheiro com juro de 1,15% ao mês e ganha aporte


Apostando em crédito com garantia de imóvel e carro, BankFacil muda de nome para Creditas e recebe investimento de 60 milhões de reais

 


São Paulo –  Em um mercado onde algumas modalidades de crédito têm juros que passam dos 400% ao ano, quem cobra menos encontra bastante espaço para crescer —e o ritmo de crescimento pode ser tão exponencial quanto as taxas da concorrência.

Foi mirando esse espaço que Sergio Furio criou, em 2013, a Creditas. A startup nasceu com a promessa de mudar a cara dos juros no Brasil, apostando na oferta digital de crédito com garantia.


A demanda é notória: a empresa triplicou seu tamanho no ano passado e atualmente possui uma carteira com 135 milhões de reais em empréstimos. O feito motivou a startup, inclusive, a mudar de nome. Saiba mais: Como adotar a cultura startup em empresas de qualquer tamanho – Patrocinado

“Nossa marca original, BankFacil, não passava a ideia que a Creditas passa de sermos uma empresa focada exclusivamente em crédito com garantia, não um banco comum”, diz Furio.

O mercado promissor chamou atenção não apenas de novos clientes, mas também de fundos de investimento: a Creditas acabou de receber um aporte série B, no valor de 60 milhões de reais.

 

Trajetória


Trabalhando em grandes bancos nos Estados Unidos, onde o crédito com garantia já é um mercado consolidado há décadas, Furio percebeu que outras regiões do mundo exploravam muito pouco essa alternativa ou praticamente nada.

O Brasil estava entre elas. O executivo se mudou para o país em 2012, quando começou a pensar em maneiras de viabilizar o negócio. No ano seguinte, conseguiu um investimento anjo de 3 milhões de reais para lançar a Creditas —na época, BankFacil.

“As taxas de juros são altíssimas no Brasil e as pessoas estão muito acostumadas com as modalidades mais tradicionais de crédito [como o pessoal, por exemplo], que são caras”, diz Furio. “Encontramos um desafio que era, e ainda é hoje em dia, educar os brasileiros a se endividar de forma saudável, com juros menores.”

O potencial de crescimento, dado a enorme quantidade de imóveis e automóveis quitados no país, despertou os olhares de novos sócios. A Creditas recebeu, em 2015, um aporte série A de 10 milhões de reais —com um complemento de 15 milhões de reais mais tarde no mesmo ano.

O aporte marcou a entrada da Kaszek Ventures, fundo de venture capital criado em 2011 pelos cofundadores do Mercado Livre, Hernán Kazah e Nicolás Szekasy, no capital da então BankFacil.

Os fundos Redpoint Eventures, Quona Capital (vinculado à Accion) e QED Investors (do cofundador do banco americano Capital One) também participaram daquela rodada.

De lá para cá, a Creditas dobrou seu número de funcionários (passou de 65 para os atuais 120, e a expectativa é terminar 2017 com cerca de 200 colaboradores) e a carteira de crédito saltou em torno de 35%.

 

Como funciona?


A plataforma é simples: o cliente acessa o site da Creditas e preenche um pré-cadastro com informações básicas. O cruzamento automático de informações —com bureaus de crédito, por exemplo— diz em pouco tempo se a pessoa é apta ou não para preencher o cadastro completo e solicitar o empréstimo. Tudo é feito pela internet.

O crédito com garantia ou refinanciamento, como também é conhecido, consiste em um empréstimo com lastro (garantia) em um imóvel quitado ou até mesmo um automóvel 100% pago. Ou seja, se o cliente não honra a dívida, o valor da empresa é coberto com a venda do bem dado como lastro.

Com a segurança de receber o dinheiro de qualquer forma, as instituições financeiras podem cobrar juros bem mais baratos. Na Creditas, o crédito com garantia do automóvel tem taxas que começam em 1,99% ao mês e podem chegar a 3,5% ao mês —mas geralmente ficam muito perto das taxas mínimas.

O prazo máximo do empréstimo é de até 5 anos e o tíquete médio fica na faixa de 15 mil reais a 20 mil reais. A regra é que os empréstimos desse tipo sejam de até 80% do valor do veículo pela tabela Fipe.

Já no crédito com garantia do imóvel, as taxas da Creditas começam em 1,15% ao mês e vão até 2,99% ao mês —mais correção monetária pelo IPCA. O prazo máximo é de até 20 anos e valor máximo é de 2 milhões de reais.

A regra, nesse caso, é de que o empréstimo seja de até 60% do valor do imóvel. E o tíquete médio é de cerca de 180 mil reais. Veja 7 mitos e verdades do empréstimo com imóvel de garantia.

Novo aporte e planos

 

O aporte que acabou de ser anunciado, de 60 milhões de reais, é liderado pela International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial e maior instituição global de desenvolvimento voltada para o setor privado nos mercados emergentes.

O investimento também marcou a entrada da Naspers Fintech no capital da Creditas. Segundo Furio, o dinheiro será investido em tecnologia, que permitirá a ampliação do negócio. “Temos que adequar nossa plataforma para uma demanda cada vez maior”, diz.

“Vamos continuar revolucionando as taxas de juros no Brasil. Temos que investir em parcerias, como a que temos com os arquitetos, por exemplo, além de intensificar os esforços com divulgação e, acima de tudo, estimular a educação financeira.”


Lava Jato seguirá intocável, diz novo ministro da Justiça


Serraglio considera José Mariano Beltrame um bom nome para secretaria nacional da Segurança Pública, mas tomará decisão em conjunto com Temer

 





Brasília – Os brasileiros não precisam se preocupar com a autonomia do Ministério Público e da Polícia Federal no andamento das investigações da Operação Lava Jato, informou o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Osmar Serraglio (PMDB-PR), em entrevista a EXAME.com na noite desta quinta-feira (23).

“É preciso deixar claro que o Ministério da Justiça e Segurança Pública não tem nenhuma possibilidade de interferir no andamento da Lava Jato. Quem cuida das investigações é o Ministério Público e a Polícia Federal. Ambos têm autonomia e seguirão tendo total independência”, disse Serraglio. “A Lava Jato é uma conquista nacional. É e seguirá intocável”. Saiba mais: Volta de Lula é uma 'aspiração nacional', diz presidente do PT

Durante a conversa, o substituto de Alexandre de Moraes – aprovado pelo Senado como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (22) – explicou sua estratégia para conquistar apoio em torno de seu nome para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. De acordo com Serraglio, a atuação do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (PMDB-SP), foi determinante para que o presidente Michel Temer (PMDB) o escolhesse como titular da pasta.

Indagado sobre a secretaria nacional de Segurança Pública, o novo ministro afirmou que conversará com Temer e que a decisão sobre quem assumirá o cargo será conjunta. O ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, não está descartado. “É um bom nome, um bom quadro”.


Veja os principais trechos da entrevista:


EXAME.com: Muitos membros do PMDB estão na mira da Lava Jato. Como ministro da Justiça e Segurança Pública, o senhor não teme uma eventual pressão de correligionários para interferir nas investigações? A Lava Jato corre algum risco?
Osmar Serraglio: É preciso deixar claro que o Ministério da Justiça e Segurança Pública não tem nenhuma possibilidade de interferir no andamento da Lava Jato. Quem cuida das investigações é o Ministério Público e a Polícia Federal. Ambos têm autonomia e seguirão tendo total independência. A Lava Jato é uma conquista nacional. É e seguirá intocável.

Ainda que seja intocável, o senhor pode sofrer pressão da classe política para intervir na operação. O senhor está preparado para isso, ministro?
Não há nada que possa parar um trabalho respeitado e demandado pela sociedade. Se um político, independente do seu partido, cometeu algum ato ilícito, terá que responder por isso. É isso que eu defendo.

Há alguma possibilidade de mudar a direção da Polícia Federal? O diretor-geral Leandro Daiello continuará no cargo?
Acredito que as investigações são necessárias para passar a limpo o Brasil, responsabilizando aqueles que, com os seus crimes, colocaram o país nessa situação delicada. O trabalho de Daiello foi essencial para que as investigações avançassem. No que depender de mim, ele permanece.

Após a indicação do senhor, o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), anunciou desembarque do governo, afirmando que Temer não prestigia a bancada mineira da Casa. Como o senhor contribuirá para restabelecer a unidade do PMDB e da bancada mineira?
Vou me esforçar para que isso aconteça. A insatisfação da bancada mineira com o governo é consequência de eventos anteriores. Minha indicação ao Ministério da Justiça e Segurança Pública pode ter sido a gota d’água, mas não foi o estopim.

Em um determinado momento, eles acreditavam que Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) seria indicado para o Ministério da Defesa. Isso acabou não acontecendo e eles se frustraram.

Essa expectativa permaneceu viva entre os integrantes da bancada mineira. Eles sempre faziam o alerta de que nunca Minas Gerais tinha ficado privada de ministérios.

Na semana passada, muitos nomes de Minas Gerais surgiram entre os cotados para assumir o Ministério da Justiça. Além do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), também foram cotados Carlos Velloso e José Bonifácio Borges de Andrada.

Surgiu, porém, a necessidade de uma definição rápida para que o PMDB não perdesse esse espaço. 

Quando a possível nomeação de Rodrigo Pacheco perdeu força, começaram a surgir nomes ligados ao PSDB, como o de Velloso e Bonifácio Andrada. Isso preocupou o PMDB.

Diante desse cenário, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), conduziu a alternativa de me indicar para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele conduziu de uma maneira que dificilmente Temer recusaria a indicação.

Por que o presidente não recusaria a sugestão?
Tenho perfil técnico e sou político ao mesmo tempo. Sou professor de direito há mais de 20 anos, presidi a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara. Estou no meu quinto mandato como deputado federal. Tudo isso foi apresentado ao presidente Temer, com a garantia de que a presidência da CCJ na Casa ficaria nas mãos de um parlamentar da bancada mineira. 

O senhor acredita que a reação de Fábio Ramalho foi exagerada?
Acho que o Fabinho, com todo respeito e amizade que temos, está desconsiderando que ele representa Minas Gerais como vice-presidente da Câmara. A bancada de Minas ficará com o comando da CCJ, a comissão mais importante da Casa.

Diante de divergências dentro do PMDB, como o senhor fortaleceu sua indicação ao ministério?
Eu consegui o apoio de uma composição de forças. Tenho um bom trânsito na Câmara. Na disputa pela vice-presidência da Câmara, apresentei candidatura avulsa e perdi no segundo turno para o Fabinho. Tive 204 votos. 

Sempre me coloco à disposição aos colegas. Isso contribuiu para que eu ampliasse meu leque interno. Liguei para todo mundo e criei a empatia necessária para que o PMDB fechasse questão em apoio a minha indicação. O líder Baleia Rossi foi meu grande aliado e ajudou no intuito de assegurar ao PMDB o ministério.

O senhor já definiu quem assumirá a Secretaria Nacional de Segurança Pública? O ex-secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, continua no páreo?
É um cargo muito importante, porque seu titular ficará encarregado de acompanhar a crise penitenciária e a conduta de organizações criminosas. Beltrame é um bom nome, um bom quadro. 

Vou conversar com o presidente Temer e decidiremos em conjunto a melhor alternativa para o cargo.



Interpol prende lobistas apontados como operadores do PMDB


Jorge Luz e Bruno Luz são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas




São Paulo – Os operadores do PMDB Jorge e Bruno Luz, pai e filho respectivamente, foram presos pela Interpol, a Polícia Internacional, nesta sexta-feira, 24, em Miami, nos Estados Unidos.

Os lobistas são alvo da Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato, deflagrada na quinta-feira, 23, e foram dados como foragidos internacionais.

Bruno deixou o Brasil no dia 16 de agosto e seu pai Jorge no último dia 11 de janeiro. Ambos viajaram para os Estados Unidos e, segundo a Operação Blackout, não havia registro de que teriam retornado ao País.

De acordo com a Procuradoria da República, Jorge Luz e Bruno Luz têm quatro negócios da Petrobras que supostamente envolveram propina. Na lista estão a compra do navio-sonda Petrobras 10.000, o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, a venda da empresa Transener e o fornecimento de asfalto pela empresa Sargeant Marine.

De acordo com o procurador da República, Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Operação Lava Jato, “agentes políticos do PMDB no Senado” foram beneficiários de parte dos US$ 40 milhões de propina supostamente repassados pelos operadores do partido Jorge Luz e Bruno Luz. Pai e filho, afirmou o investigador, tiveram uma “atuação de longa data” no esquema de corrupção instalado na Petrobras, segundo o procurador.

“Há estimativas da Procuradoria-Geral da República de que essas pessoas (Jorge e Bruno Luz) movimentaram em torno de US$ 40 milhões em pagamentos indevidos. Os beneficiários eram diretores e gerentes da Petrobras e também pessoas com foro privilegiado, agentes políticos relacionados ao PMDB. Há elementos que apontam que agentes políticos do Senado, ainda na ativa, foram beneficiários de parte desses pagamentos”, afirmou.

Alvos da Operação Blackout, os operadores do PMDB usaram contas de empresas offshores no exterior para pagar propina “de forma dissimulada”, segundo a Procuradoria da República. Durante as investigações, afirma a força-tarefa da Lava Jato, foram identificados pagamentos em contas na Suíça e nas Bahamas.

Jorge Luz e Bruno Luz são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Como a Heineken deve complicar a vida da Ambev no Brasil

 

A Ambev domina com folga o mercado de cervejas, mas seus resultados só pioram. A força da rival Heineken no Brasil vai complicar um pouco mais as coisas

 








São Paulo – Às vésperas do carnaval, a cervejaria Ambev instalou uma roda-gigante numa praça da zona oeste de São Paulo, um tobogã não menos gigante numa das mais movimentadas avenidas de Belo Horizonte e roubou a cena como cerveja oficial na Bahia depois de três anos de reinado da concorrência. Todo esse aparato leva a marca Skol, carro-chefe da empresa no Brasil e que responde por quase 5% de todo o volume de cerveja vendido no mundo.

No Rio de Janeiro, onde a marca principal da Ambev é a Antarctica, a empresa patrocina quase 400 blocos de rua. Parece a pujante Ambev de sempre, desfilando sua hegemonia no Carnaval. Mas por trás da agressividade típica da maior cervejaria brasileira esconde-se uma fraqueza. No terceiro trimestre do ano passado, a companhia teve a pior margem de lucro em 12 anos, o volume de cervejas vendido voltou ao patamar de 2009 e a empresa avisou que não cumpriria a meta de fechar o ano com o mesmo faturamento de 2015.

Pela primeira vez em mais de cinco anos, a Ambev não conseguiu reajustar os preços em linha com a inflação, e a companhia, que chegou a ser a terceira mais rentável das Américas, caiu para o 22o lugar no ranking. Com sua (ainda monumental) participação de mercado em queda, a Ambev terá agora de enfrentar um novo incômodo — sua maior concorrente no mercado global, a Heineken, assumiu a vice-liderança no Brasil ao comprar a Brasil Kirin, controlada pela japonesa Kirin Holdings, em fevereiro. Nunca, em suma, foi tão difícil ser a Ambev. 

Falar de “má fase” na Ambev exige uma senhora relativização. No mundo, a AB InBev, controladora da Ambev, é líder de mercado com 31% de participação, fatia alcançada com a compra da SAB Miller no ano passado. A AB InBev sobra na turma. No Brasil, a Ambev tem 67% do mercado de cervejas. Sua rentabilidade caiu para longe do pico, quando mais da metade da receita virava lucro, mas continua acima dos 35% — melhor do que quase todas as empresas listadas na bolsa brasileira e do que as grandes cervejarias globais (a margem média é de 16%, segundo levantamento da empresa de análise Morningstar).

Mas a sucessão de notícias mostra que há algo de novo. A Ambev sempre foi a queridinha do mercado financeiro graças a anos consecutivos de valorizações expressivas das ações e resultados que mostravam uma inesgotável capacidade de espremer dinheiro daquela participação de mercado. Nos últimos 12 meses, enquanto o principal índice da bolsa subiu 64%, as ações da Ambev mal se mexeram. “Os investidores questionam qual será a taxa de crescimento ‘normalizada’ da Ambev no médio prazo”, escreve a analista Isabella Simonato, do Bank of America Merrill Lynch.

Uma das principais razões para a queda nos resultados e para o menor ânimo com a Ambev é a combinação de economia brasileira fraca com um mercado considerado maduro. Isso porque o consumo per capita de cerveja no Brasil hoje é de 68 litros, acima do consumido em mercados emergentes e da América Latina, como México (59), Colômbia (47), Peru (45) e Argentina (43), e mais próximo dos números registrados em países desenvolvidos, como Estados Unidos (77), Reino Unido (73) e Canadá (67).

Segundo o Bank of America, há uma preocupação entre os investidores em relação ao fato de os volumes consumidos de cerveja terem atingido seu pico em 2012 — um sinal de esgotamento. Em teleconferência com analistas, o diretor-geral da Ambev, Bernardo Paiva, admitiu que as vendas de cervejas populares estão mais fracas do que a empresa esperava. O cenário faz com que a disputa seja cada vez mais pelos mesmos clientes ou para tentar fazê-los migrar de cervejas mais baratas para cervejas mais caras.

Por isso, todas as cervejarias estão tentando fazer a mesma coisa. Esse é um fenômeno global, e a resposta da AB InBev tem sido sempre a mesma: comprar um concorrente. Implementar seu choque de gestão. Melhorar os resultados. Repetir. No Brasil, a Ambev não pode se dar a esse luxo, já que os órgãos antitruste não a deixam comprar ninguém. A empresa tem de se virar com o que tem.

Falta criatividade

 

Quando foi feita a fusão da Brahma com a Antarctica, em 1999, a Ambev abocanhou 70% do mercado de cervejas no Brasil. De lá para cá, vem perdendo espaço lentamente. Na medida da consultoria Nielsen, feita por amostragem, a empresa tem 67% do mercado — mas, na medida do Sistema de Controle de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, que tem informações sobre tudo o que sai das fábricas e é preferido por alguns analistas, a companhia aparece com 60% do mercado, uma queda considerável nos últimos seis anos e seu menor patamar desde a fusão. “A avaliação da Nielsen não considera, por exemplo, as vendas em ‘atacarejo’, um canal de vendas que se tornou importante hoje”, diz Rodrigo Furtado, analista da gestora de investimentos XP.

Na crise, quem mais ganhou espaço foi a brasileira Petrópolis, dona da marca Itaipava, que até agora ocupava a vice-liderança do mercado brasileiro com 12% de participação. A Brasil Kirin, dona da Schin, vinha em terceiro, com presença relevante no Nordeste; em quarto estava a holandesa Heineken. Em fevereiro, a Heineken comprou a Brasil Kirin das mãos dos japoneses e saltou de 9% para 19% (a compra ainda tem de ser aprovada pelo Cade, órgão federal antitruste).

É um cenário competitivo novo para a maior cervejaria brasileira. Diante desse quadro, a Ambev sofre com o que os analistas chamam de “comoditização” do setor de cerveja — fenômeno, aliás, para o qual a própria Ambev contribuiu decisivamente. Como o consumidor acha Skol, Brahma, Kaiser e Itaipava a mesmíssima coisa, acaba escolhendo a que estiver mais barata no ponto de venda. Sair desse enrosco requer criatividade, e a Ambev parece ainda estar no início de um processo de adaptação ao novo cenário.

Muito do que acontecerá daqui para a frente depende da estratégia da Heineken para sua anabolizada subsidiária brasileira. Nos últimos anos, enquanto perdia dinheiro no Brasil, a Kirin ficou conhecida por uma agressiva estratégia de preços, reforçando o cenário descrito no parágrafo anterior. No ano passado, a empresa reajustou o portfólio. A Eisenbahn, que era classificada como super premium, passou a concorrer um degrau abaixo com marcas como Stella Artois. A Devassa, que era premium, veio para a briga de marcas principais.

Para especialistas, a Heineken pode reverter essa mudança de portfólio para fortalecer as marcas, repetindo a estratégia que adota globalmente. Além disso, a Heineken pretende usar a força dos canais de venda da Kirin no Nordeste — a Schin é forte em vendas e marca na região — para fabricar e emplacar sua atual marca do segmento de entrada, a Amstel. Na distribuição, a Kirin tem a própria rede, enquanto a Heineken tem um acordo comercial com os distribuidores da Coca-Cola.

Adquirir uma rede própria pode fazer a diferença para a Heineken. “Uma operação própria de distribuição voltaria toda a atenção para a cerveja, em vez de compartilhar com os produtos da Coca, e poderia potencializar o negócio da Heineken”, diz Andrew Holland, analista de bebidas do banco francês Socié-té Générale. Na prática, isso significa que o vendedor não fica metade do tempo vendendo refrigerantes.

Os analistas são cautelosos para estimar os possíveis ganhos dessa mudança porque desconhecem os termos do contrato com a Coca-Cola — e, consequentemente, o tamanho da possível multa de rescisão. Com a Kirin, a Heineken dobra sua capacidade de produção no Brasil e o país passa a ser o principal mercado da empresa (até então, o maior país em volume para a Heineken era o México). Os executivos da Ambev e da Heineken não deram entrevista.

No curto prazo, no entanto, o impacto da fusão para a Ambev pode até ser positivo, pois os holandeses não têm fama de rasgadores de dinheiro. “A compra da Brasil Kirin pela Heineken deve levar a um ambiente mais racional de preços, o que beneficiaria a Ambev num primeiro momento”, diz Edward Mundy, analista da corretora americana Jefferies.

Em 2016, somente Brasil Kirin e Petrópolis conseguiram aumentar o volume vendido de cerveja no país, graças aos preços mais baixos das cervejas mais populares e ao reposicionamento de marcas premium. Segundo a corretora Evercore, a Schin chegou a ser vendida com desconto de 25% em relação aos itens da mesma da categoria da Ambev, diferença que não costuma passar de 10% (a Kirin nega que faça guerra de preços e diz que o preço médio por litro de seu portfólio aumentou).

Para reduzir seus custos e oferecer um produto mais barato sem ficar refém da concorrência, a Ambev tem adotado como principal estratégia tentar fazer com que o consumidor retome um velho hábito da década de 80: há dois anos a empresa vem ampliando a distribuição de garrafas de vidro retornáveis. Depois de comprar o frasco uma vez, o cliente o devolve ao supermercado e paga menos pela nova garrafa.
Na teoria, esse modelo também tende a favorecer as margens da empresa, que gasta menos com embalagens (o alumínio das latas responde por cerca de 20% dos custos da Ambev). Mas na prática não tem sido tão fácil. Como leva tempo para que os consumidores adotem o hábito de levar as garrafas ao supermercado, o preço precisa ser mais atraente — hoje, a diferença de preço é de cerca de 30% entre as latas de Skol e garrafas retornáveis da própria marca em grandes supermercados.

Mas, em estabelecimentos menores, as concorrentes contra-atacam reduzindo o preço das latas de Amstel, da Heineken, e Itaipava, da Petrópolis. Aí a diferença de preço cai para apenas 7%. “Por que esse consumidor se daria ao trabalho de trocar pelo retornável se a diferença de preços é tão pequena?”, diz o veterano analista Carlos Laboy, do banco HSBC, que classificou um encontro recente com a administração da Ambev como o “mais desanimador em 25 anos”. Segundo ele, essa estratégia traz desafios logísticos.

Em visita a lojas, Laboy diz ter encontrado caixas de garrafas cheias ao lado de garrafas vazias, que estavam sujas. “Isso não ajuda a imagem de uma empresa líder nem dá ao consumidor o desejo de comprar o produto”, afirma. As garrafas retornáveis são a principal estratégia da Ambev para suas vendas em supermercados, que respondem por cerca de 40% de seu volume e onde a empresa mais tem sofrido (a liderança em restaurantes e bares sofre menos ameaça).

Hoje, as retornáveis  respondem por 25% do volume de vendas em supermercados e, nas projeções de analistas, podem chegar a 40%. A estimativa é que a estratégia reduza o custo final do produto para a empresa em pelo menos 30%. Mas isso ainda não aconteceu e a estratégia está pesando sobre o crescimento de receita.

“Quase cerveja”

 

Para depender menos de um mercado tão competitivo, a Ambev tem diversificado suas frentes de atuação. Nos últimos dois anos, a empresa adquiriu duas marcas de cervejas artesanais — a mineira Wäls e a paulistana Colorado. À medida que o mercado de consumo fica mais maduro, esse tipo de cerveja ganha espaço. Atualmente responde por 10% do volume total no Brasil, o triplo de dez anos atrás. Outra aposta da empresa é o que ela classifica de near beer, ou “quase cerveja”. São bebidas como a Skol Beats Spirit, mistura de cerveja com suco de limão e de maçã. Quanto menos cerveja, mais rentável o produto.

Lançado há três anos, o segmento responde por 2% do volume de vendas. Há dois anos, a empresa iniciou no Brasil a ZX Ventures, uma aceleradora de ideias, para estudar novos produtos e adequá-los ao gosto do consumidor. Saiu da ZX Ventures brasileira o serviço de pedido de cerveja gelada para entrega em casa em até 1 hora, que usa a rede de parceiros (supermercados, bares, padarias).

No ano passado, a Ambev entrou no segmento de sucos naturais, com a aquisição da fabricante carioca Do Bem, e em 2017 vai lançar uma marca de água mineral. Outra aposta de Bernardo Paiva é aumentar a venda de cervejas sem álcool — de 1% para 20% das vendas no país em oito anos. Para os especialistas, desde a fusão, a Ambev nunca precisou tirar tantas ideias da cartola quanto hoje. Os investidores, de forma geral, continuam acreditando na capacidade de gestão da companhia — mesmo com a estagnação recente, a Ambev ainda é a maior empresa do país em valor de mercado. Num país com tantas companhias encalacradas em dívidas impagáveis, é até maldade descrever o momento vivido pela Ambev como uma crise. Mas que incomoda, incomoda.