Em meio a tensões comerciais com os Estados Unidos, o México planeja
enviar uma delegação ao Brasil no mês que vem para visitar produtores de
milho, carne bovina, frango e soja como alternativa aos fornecedores
norte-americanos, disse o representante do México no Brasil nesta
sexta-feira.
O encarregado de negócios da embaixada mexicana no
Brasil, Eleazar Velasco, disse que o Brasil está em uma posição única
para expandir a venda de produtos agrícolas para o México, caso o acordo
comercial com os EUA seja interrompido, uma vez que está mais próximo
do que outros possíveis fornecedores, como a Austrália.
"Os Estados
Unidos querem unilateralmente mudar as regras do jogo estabelecidas",
disse Velasco à Reuters. "Evidentemente ao mudar nossas relações, isso
vai reequilibrar outras relações."
O secretário da Agricultura
mexicano, José Calzada, deveria ter visitado o Brasil na semana passada,
mas teve que adiar sua viagem devido a questões de agenda, disse
Velasco.
Calzada irá trazer executivos da indústria de alimentos do
México para fazer acordos com exportadores brasileiros, disse o
diplomata. A viagem faz parte de um esforço para reduzir a dependência
das exportações dos EUA, uma vez que o presidente Donald Trump ameaça
suspender o acordo de livre comércio entre os dois países.
Calzada
disse em entrevista à Reuters na semana passada que o México pode
reduzir as tarifas para produtos sul-americanos, caso necessário.
O
México depende das importações de milho amarelo do México sob o Acordo
de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês). Com
2,3 bilhões de importações em 2016, o México é de longe o maior
comprador estrangeiro, e produtores dos EUA têm pressionado Trump para
que ele não altere o acordo.
"O milho é um produto básico
imprescindível e insubstituível para os mexicanos. Se os EUA forem mudar
as regras do jogo, teremos que comparar dos que querem vender, e aí o
Brasil está na melhor posição."
O Brasil está expandindo a produção
de milho e a colheita 2016/17 deverá crescer para 93 milhões de
toneladas, ante 71 milhões de toneladas na safra anterior. A consultoria
Agroconsult estima que as exportações de milho do Brasil irão dobrar
para 28 milhões de toneladas, com a vizinha Argentina como sua maior
competidora.
O México também irá avaliar comprar soja do Brasil, o
maior exportador mundial do grão, embora as importações mexicanas sejam
pequenas, disse Velasco.
As tensões com o governo de Trump deram novo ânimo às negociações entre México e Brasil para liberar seu comércio, do qual 51 por cento é composto de carros e peças automobilísticas, mas que agora pode passar por uma expansão dos produtos agrícolas.
(Reuters,
24/2/17)
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