Em 2015 foram criadas 26.865 sociedades anônimas no país, enquanto em 2016 o número diminuiu até 18.593
Cidade do Panamá – O negócio das sociedades offshore no Panamá
sofreu um diminuição de 40% no último ano e o principal beneficiado
dessa queda é Miami, afirmou nesta quinta-feira a defesa do escritório
Mossack Fonseca, epicentro do escândalo dos Panama Papers.
“A indústria está sendo seriamente afetada pelos ataques que o
país está sofrendo de organizações internacionais que, como dissemos uma
e mil vezes, o que querem realmente é o mercado que nós temos”, disse o
advogado Jorge Hernán Rubio, da equipe de defesa do escritório
panamenho.
Rubio denunciou em entrevista coletiva que o centro financeiro
de Miami está se aproveitando do fato que “estejam matando a galinha dos
ovos de ouro do Panamá”, e que a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) não exige os mesmos padrões de transparência a
todos os países, já que os Estados Unidos e Reino Unido “fazem o mesmo
que o Panamá faz, ou mais”.
Em 2015 foram criadas 26.865 sociedades anônimas no país,
enquanto em 2016 o número diminuiu até 18.593, segundo dados do Cartório
Público divulgados hoje pelo jornal “La Estrella de Panamá”.
Na próxima segunda-feira se completa um ano desde que uma
centena de veículos de comunicação revelaram que personalidades de todo o
mundo contrataram os serviços do Mossack Fonseca para criar sociedades
offshore em diferentes paraísos fiscais e supostamente sonegar impostos.
O escândalo do Panama Papers suscitou um vendaval de críticas
contra o país e sua primeira consequência foi a decisão da França de
voltar a incluir a nação centro-americana em sua lista de paraísos
fiscais.
O advogado declarou que um dos principais “afetados” pela queda
do negócio de serviços financeiros offshore é o próprio Mossack
Fonseca, cujos sócios principais, Ramón Fonseca Mora e Jürgen Mossack,
se encontram detidos provisoriamente por seu envolvimento em casos de
corrupção investigados pela Operação Lava Jato.
“Um efeito do que está acontecendo é a morte civil da firma
Mossack Fonseca (…) Apesar de seus donos estarem detidos, a empresa
seguiu funcionando, mas de forma reduzida, e teve que liquidar uma
grande quantidade de pessoal”, detalhou Rubio, que acaba de se
incorporar à equipe de defesa do escritório.
O Ministério Público do Panamá acusou no último dia 9 de
fevereiro os dois sócios do escritório e dois funcionários, Edison Teano
e María Mercedes Riaño, de integrarem uma “organização criminosa” que
ajudava a lavar dinheiro através de sociedades offshore investigadas
pela Lava Jato.
“No espelho de Mossack Fonseca devemos nos ver todos os
advogados que, em um determinado momento, vendemos sociedades anônimas”,
comentou Rubio, que voltou a denunciar que a detenção provisória
decretada contra seus clientes não está justificada porque, em sua
opinião, não existe risco de fuga ou de destruição de provas.
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