Decisão de Donald Trump de retroceder nas regulações ambientais do governo Obama corroem os compromissos de redução de emissões de gases efeito estufa
São Paulo – A China
está absolutamente perplexa com a decisão do governo americano de
reverter os regulamentos ambientais da era Obama e resolver investir
novamente nas poluentes usinas a carvão.
As medidas de Donald Trump para retroceder no Plano de Energia Limpa corroem os compromissos de redução de emissões de gases efeito estufa assumidos no histórico Acordo de Paris, após anos de negociações climáticas.
Em um editorial altamente crítico à reviravolta nas intenções americanas, o tabloide chinês The Global Times afirma
que o que os EUA estão fazendo prejudica os esforços de outros países
no combate às mudanças climáticas e crava: “a opinião ocidental deve
continuar a pressionar a administração de Trump. O egoísmo político de
Washington deve ser desencorajado”.
O carvão sempre foi central no desenvolvimento da China, mas, nos
últimos anos, o país tem feito grandes avanços na adoção de energia
renovável e no sentido de fechar sua minas de carvão, responsáveis pela
péssima qualidade do ar na região.
Enquanto isso, Trump caminha na direção oposta, e tem elogiado o
retorno de carvão, apesar de toda a evidência do crescimento das
energias renováveis e até mesmo a realidade da mudança climática.
O editorial também destaca que Pequim se sente desconfortável com a
perspectiva de assumir a liderança da luta contra a mudança climática
global e não poderia preencher o vácuo deixado pelos EUA.
“A China continuará a ser o maior país em desenvolvimento do mundo
por um longo tempo. Como se pode esperar que o país sacrifique seu
próprio espaço de desenvolvimento para as potências desenvolvidas do
ocidente?”
De fato, a negligência de Trump com o acordo de Paris prejudica a
reputação dos EUA, ao passo que cria uma oportunidade para a China
preencher a vaga deixada e assumir um papel de liderança maior na luta
contra as mudanças climáticas e envolver-se mais na cooperação bilateral
e na governança global.
Porém, como observa o jornal britânico The Guardian,
a retórica de Pequim muitas vezes supera seus compromissos de reduzir
as emissões e, não se pode esquecer que o país também consome mais
carvão do que o resto do mundo combinado, embora esse uso tenha se
estabilizado nos últimos anos.
“A China não é o tipo de líder em termos de mudanças climáticas que
atrairá outros países”, disse ao jornal Lauri Myllyvirta, do Greenpeace,
com sede em Pequim. “O governo chinês só vai se comprometer com metas
que é muito confortável entregar e ele precisa trabalhar com outros
grandes países. A China não vai atacar por conta própria.”
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