segunda-feira, 20 de março de 2017

Carne Fraca: BRF cai na Bolsa com suspensão de importações


A União Europeia e a Coreia do Sul afirmaram que empresas que estão envolvidas na Operação Carne Fraca terão importações suspensas




São Paulo – As ações da BRF caíam nesta segunda-feira (20) na Bolsa com o mercado repercutindo as notícias de que a União Europeia, o Ministério da Agricultura da Coreia do Sul, a China e o Chile irão suspender temporariamente a venda de carne e frango do Brasil.

Por volta das 12h, os papéis ordinários da BRF recuavam quase 2%, cotados na casa dos 36 reais. Já as ações da JBS começaram o dia em queda de mais de 9%, mas foram ganhando fôlego e viraram para alta. Também por volta das 12h, os papéis subiam 1,6%, negociados a 10,89 reais.

A Comissão Europeia afirmou que está monitorando as vendas de carne de todas as empresas envolvidas na Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira, pela Polícia Federal. Disse ainda que as importações serão suspensas.

“A Comissão garantirá que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude sejam suspensos de exportar para a UE”, disse um porta-voz da Comissão Europeia em coletiva de imprensa regular. Operação Carne Fraca: os frigoríficos e empresas citados pela PF

Já o Ministério da Agricultura da Coreia do Sul afirmou que irá banir especificamente os produtos da BRF e que intensificará a fiscalização de carne de frango importada do Brasil, exigindo que os fornecedores enviem um certificado de saúde emitido pelo governo brasileiro.

A China informou que os embarques de carnes programados para lá foram suspensos pelo período de uma semana. O Chile informou que irá barrar temporariamente os produtos brasileiros, mas não especificou a duração da sanção.


Na Bolsa


As ações da BRF e da JBS foram fortemente impactadas na Bolsa com a Operação Carne Fraca. Na sexta-feira, as ações da BRF fecharam em queda de 7,25%, enquanto a JBS fechou em baixa de 10,58%.

A dona da Friboi perdeu 3,456 bilhões de reais em valor de mercado em um único dia. A BRF ficou 2,31 bilhões de reais menos valiosa.


Esclarecimentos


No sábado, a BRF divulgou uma nota com esclarecimentos sobre a operação da Polícia Federal.

A empresa explicou que a produção de carne de frango e peru na cidade goiana de Mineiros, fechada pelo Ministério da Agricultura após a operação, responde por menos de 5% o da produção da companhia. Ressaltou que a fábrica interditada tem três certificações internacionais e “está habilitada para exportar para os mais exigentes mercados do mundo.”

A BRF negou que há papelão em seus produtos. Disse que houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal, já que o funcionário estava se referindo às embalagens do produto e não ao seu conteúdo.

Em relação as acusações de corrupções, disse que não compactua com práticas ilícitas e refuta categoricamente qualquer insinuação em contrário.

“Ao ser informada da operação da PF, a companhia tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos. Essa apuração será realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação vigente, a BRF tomará as medidas cabíveis e com o rigor necessário. A BRF não tolera qualquer desvio de seu manual da transparência e da legislação brasileira e dos países em que atua.”

Por fim, negou que comercializou “carne podre” e explicou que as menções a produtos fora de especificação, no âmbito da operação Carne Fraca, dizem respeito a outras empresas.


O que diz a JBS


A JBS também se posicionou afirmando que não tolera qualquer desvio de qualidade nos seus processos industriais.

Em comunicado divulgado ressaltou que as fábrica são anualmente auditadas por missões sanitárias internacionais e por clientes. Disse ainda que no despacho da Justiça Federal não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas.

“Os lamentáveis casos citados na imprensa sobre produtos adulterados não envolvem nenhuma das marcas da JBS. Nenhuma planta da JBS foi interditada pelas autoridades.”


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