No Rio Grande do Sul existem mais de 300 empresas capacitadas
A indústria brasileira que atua como fornecedora para a
cadeia produtiva de petróleo e gás não concorda com a determinação do
governo federal em alterar as regras da chamada Política de Conteúdo
Local.
Durante evento especial realizado nesta quinta-feira (23), na
sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto
Alegre, representantes de diferentes segmentos de atividades reforçaram
seus argumentos, defendendo que o Brasil não abra mão de ações que
estimulem o desenvolvimento das empresas nacionais ao invés de facilitar
a importação de peças ou máquinas. O presidente da Fiergs, Heitor
Müller (foto), destacou que o olhar do governo para a atração de
investimentos externos pode ser mais amplo do que especificamente
possibilitar mais contratações estrangeiras nas compras da Petrobras. “É
preciso também estimular que a indústria nacional cresça a partir de
suas capacitações e qualificações próprias”, alertou.
O
coordenador do Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás, Naval e
Offshore (CCPGE) da Fiergs, Marcus Coester, reforçou o discurso,
lembrando que, nos últimos anos, houve um imenso movimento, inclusive do
próprio governo, para estímulo de novos polos navais, indústrias de
equipamentos e componentes. “Aqui mesmo no Rio Grande do Sul, em Rio
Grande, hoje, vive-se um dos piores cenários de retrocesso do setor com o
fechamento de estaleiros e o desaparecimento de empregos fundamentais”,
completou. Em sua manifestação, o prefeito de Rio Grande, Alexandre
Lindenmeyer, confirmou as informações e aguarda que algo possa ser feito
para que os empreendimentos que fecharam em 2016 voltem a gerar
empregos na região.
As informações de diversas entidades
representantes da indústria nacional dão conta de que a cadeia
fornecedora de petróleo e gás investiu mais de US$ 60 bilhões na
implementação e ampliação da capacidade de produção para atender o
setor. Somente no Rio Grande do Sul, são mais de 300 empresas
capacitadas, desde sistemas de automação industrial, até equipamentos de
segurança, máquinas, peças, entre outras. O encontro intitulado
“Perspectivas para a indústria nacional com os próximos leilões e as
novas regras do conteúdo local no Brasil para o setor de óleo e gás” foi
uma promoção do Movimento Produz Brasil, uma coalizão de 14 entidades
que representam cerca de 200 mil empresas.
Entre os convidados, o
diretor de Petróleo, Gás, Bioenergia e Petroquímica da Associação
Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado, e o
presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, se posicionaram de forma
veemente. “O conteúdo local não é responsável pelo aumento de custo”,
disse Machado. Segundo ele, um exemplo, foi o que ocorreu em 2007 quando
a Petrobras comprou 40 sondas. “Naquela ocasião, 12 delas eram
importadas e elas chegaram atrasadas, gerando problemas nas operações.
Ou seja, a indústria nacional pode, e deve, ser competitiva. É preciso
estímulo”, avaliou. Por parte do governo, o secretário de
Desenvolvimento e Competitividade Industrial do Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Igor Calvet, e o secretário de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia
(MME), Márcio Felix Bezerra, pontuaram as necessidades que a União
possui em ultrapassar a crise econômica e ajustar suas próprias contas
para que possa retomar ritmo de ações de desenvolvimento.
“Infelizmente,
é preciso passar esse período de esforço para voltar a crescer. O MDIC
está de acordo que o país será forte quando a indústria se fortalecer
também”, afirmou Calvet.
http://www.amanha.com.br/posts/view/3769
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