As novas manifestações têm por intenção pressionar a elite política cercada por acusações de corrupção e defender os procuradores que a investigam
O País continua submerso em enormes escândalos que contaminam da
política à exportação de carne, um cenário que levou ativistas a
convocarem protestos para domingo, esperando que multidões se animem a ir às ruas.
Planejada por organizações que ficaram conhecidas durante a crise que
levou à destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, as manifestações
têm por intenção pressionar a elite política cercada por acusações de
corrupção e defender os procuradores que a investigam, diante da
iminente revelação de novas revelações do esquema de propinas na
Petrobras.
O objetivo? Impedir que os deputados e senadores envolvidos “saiam
impunes”, disse Rogério Chequer, um empresário que lidera o coletivo Vem
Pra Rua, grupo que conseguiu mais convocações para manifestações nos
últimos dois anos.
E os brasileiros têm muitos motivos para ficarem irritados.
O enorme escândalo de propinas e desvio de dinheiro público revelado
pela Operação ‘Lava Jato’ revelou ma rede de corrupção entre políticos e
empresários da construção civil que financiava campanhas e aumentava
fortunas pessoais.
O caso voltou à cena este mês com o pedido do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, de abrir 83 inquéritos contra políticos.
Os vazamentos à imprensa – outro escândalo, já que as investigações
são conduzidas secretamente – indicam que nove ministros do governo de
Michel Temer estão na lista de Janot. Além disso, também figuram Dilma e
Lula, que já enfrenta investigações por corrupção.
E agora, a carne
Na semana passada, os brasileiros voltaram a ficar alarmados quando a
Polícia Federal informou ter descoberto um esquema de subornos de
frigoríficos a inspetores sanitários para que estes autorizassem a venda
de carne em mau estado de conservação.
Embora o tamanho desta nova crise seja relativamente pequeno – há 21
plantas investigadas em um total de 4.837 -, alertou a saúde pública e a
economia por seu possível impacto sobre um setor-chave de renda que
emprega 6,7 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
A reação internacional foi devastadora. China e Hong Kong suspenderam
todas suas importações e as vendas caíram de 63 milhões de dólares
diários para somente 74 mil dólares.
Os escândalos e protestos de domingo ocorrem, ainda, em meio a pior recessão da história do Brasil.
“As pessoas estão preocupadas com a corrupção, com as tentativas de
minar a Lava Jato, mas estão especialmente preocupados com a economia”,
disse Daniel Vargas, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), no Rio de Janeiro.
Os enormes protestos organizados pelo Vem Pra Rua em dezembro
diminuíram significativamente, quando convocaram uma manifestação contra
a corrupção.
Vargas acredita que seja mais fácil atrair as pessoas para as ruas
quando há um “inimigo claro”, como foi o caso da ex-presidente Dilma.
Mas agora, a popularidade da luta contra a corrupção dá espaço ao medo e à desilusão.
“As pessoas estão cansadas deste assunto. Há dois ou três anos que a
palavra corrupção tem sido usada para mobilizar o povo, e é colocada
como a cura de todos os problemas do país”, assinalou.
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