sexta-feira, 3 de março de 2017

Existem partidos de extrema-direita no Brasil?




 blog



Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal



Este artigo tem um único objetivo: classificar a tendência ideológica dos diferentes partidos políticos brasileiros de acordo com seu estatuto e/ou seus principais representantes. Note ainda que em nosso pais os partidos não costumam ser muito firmes em suas convicções ideológicas. Dessa forma é comum termos políticos de esquerda filiados a partidos de direita, e vice-versa. Devido a seu tamanho e amplo espectro político, o PMDB foi classificado como sendo tanto de centro-direita como de centro-esquerda. Entre parênteses o número de deputados federais eleitos pelo partido em 2014. No caso do PMDB foram alocados 33 deputados federais para centro-direita e outros 32 para centro-esquerda.

Partidos de extrema-esquerda: PCdoB (10), PSTU, PCB, PCO, PSOL (5). Total = 15
Partidos de esquerda: PT (68), PSB (34), PTB (25), PDT (20), PPS (10), PTdoB (2), PTN (4), PPL, SD (15), REDE (formado depois da eleição de 2014). Total = 178
Partidos de centro-esquerda: PMDB (32), PSDB (54), PRP (3), PV (8), PP (38), PHS (5), PSD (36), PEN (2), PROS (11), PMB (formado depois da eleição de 2014). Total = 189
Partidos de centro-direita: PMDB (33), DEM (21), PTC (2), PSC (13), PMN (3), PRB (21), PR (34). Total = 127
Partidos de direita: PRTB (1), PSDC (2), PSL (1), NOVO (formado depois da eleição de 2014). Total = 4
Partidos de extrema-direita: nenhum.
Claro que outras divisões são possíveis, poderíamos por exemplo dividir os partidos entre conservadores, liberais, e progressistas (socialistas). Mas os pontos que quero ilustrar permaneceriam essencialmente os mesmos, quais sejam, a inexistência de um único partido político de extrema-direita, e o amplo domínio dos partidos de centro-esquerda e esquerda.

Como inexistem partidos de extrema-direita no Brasil, os candidatos de direita e centro-direita acabam sendo taxados de radicais e extremistas. Não é raro a imprensa taxar candidatos de direita como sendo ultraconservadores ou radicais de extrema-direita. Isso ocorre em decorrência direta do fato de que nosso espectro político esta muito viesado para a esquerda. Isto é, qualquer um mais a direita do PSDB já é imediatamente rotulado como um radical de extrema-direita. Já na outra ponta, a existência de vários partidos de extrema-esquerda faz com que partidos de esquerda e centro-esquerda pareçam moderados. Daí você nunca ouvir na imprensa o termo radical de esquerda para designar membros do PT ou do PSDB por exemplo.

Uma conta rápida mostra que enquanto os partidos de esquerda detém 382 deputados, sobram apenas 131 deputados representando partidos de direita. Analisando esses números, não causa surpresa o fato de que pautas com apoio majoritário da população (tais como a revogação do estatuto do desarmamento, e a redução da maioridade penal) enfrentem grandes resistências para serem aprovadas no Congresso Nacional onde predominam partidos com pautas de esquerda.

Claro que existem deputados de direita no PSDB, da mesma maneira que existem esquerdistas filiados a partidos de direita. Mas o ponto desse post é ressaltar que a ausência de um partido de extrema-direita no Brasil (para contrabalancear os partidos de extrema esquerda) tem causado um deslocamento do espectro político favorável a esquerda. Notem que são 5 partidos de extrema-esquerda, com 15 deputados federais, contra nem um único partido de extrema-direita. E, pior que isso, apenas 4 deputados de direita. Isto é, a extrema-esquerda possui mais do que o triplo de representantes no Congresso do que os partidos moderados de direita. Além disso, a divisão acima demonstra a grande força e domínio das pautas de esquerda no debate no Congresso Nacional, mesmo quando essas pautas não encontram grande apoio junto a população.



Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal

Este artigo tem um único objetivo: classificar a tendência ideológica dos diferentes partidos políticos brasileiros de acordo com seu estatuto e/ou seus principais representantes. Note ainda que em nosso pais os partidos não costumam ser muito firmes em suas convicções ideológicas. Dessa forma é comum termos políticos de esquerda filiados a partidos de direita, e vice-versa. Devido a seu tamanho e amplo espectro político, o PMDB foi classificado como sendo tanto de centro-direita como de centro-esquerda. Entre parênteses o número de deputados federais eleitos pelo partido em 2014. No caso do PMDB foram alocados 33 deputados federais para centro-direita e outros 32 para centro-esquerda.

Partidos de extrema-esquerda: PCdoB (10), PSTU, PCB, PCO, PSOL (5). Total = 15
Partidos de esquerda: PT (68), PSB (34), PTB (25), PDT (20), PPS (10), PTdoB (2), PTN (4), PPL, SD (15), REDE (formado depois da eleição de 2014). Total = 178
Partidos de centro-esquerda: PMDB (32), PSDB (54), PRP (3), PV (8), PP (38), PHS (5), PSD (36), PEN (2), PROS (11), PMB (formado depois da eleição de 2014). Total = 189
Partidos de centro-direita: PMDB (33), DEM (21), PTC (2), PSC (13), PMN (3), PRB (21), PR (34). Total = 127
Partidos de direita: PRTB (1), PSDC (2), PSL (1), NOVO (formado depois da eleição de 2014). Total = 4
Partidos de extrema-direita: nenhum.
Claro que outras divisões são possíveis, poderíamos por exemplo dividir os partidos entre conservadores, liberais, e progressistas (socialistas). Mas os pontos que quero ilustrar permaneceriam essencialmente os mesmos, quais sejam, a inexistência de um único partido político de extrema-direita, e o amplo domínio dos partidos de centro-esquerda e esquerda.
Como inexistem partidos de extrema-direita no Brasil, os candidatos de direita e centro-direita acabam sendo taxados de radicais e extremistas. Não é raro a imprensa taxar candidatos de direita como sendo ultraconservadores ou radicais de extrema-direita. Isso ocorre em decorrência direta do fato de que nosso espectro político esta muito viesado para a esquerda. Isto é, qualquer um mais a direita do PSDB já é imediatamente rotulado como um radical de extrema-direita. Já na outra ponta, a existência de vários partidos de extrema-esquerda faz com que partidos de esquerda e centro-esquerda pareçam moderados. Daí você nunca ouvir na imprensa o termo radical de esquerda para designar membros do PT ou do PSDB por exemplo.

Uma conta rápida mostra que enquanto os partidos de esquerda detém 382 deputados, sobram apenas 131 deputados representando partidos de direita. Analisando esses números, não causa surpresa o fato de que pautas com apoio majoritário da população (tais como a revogação do estatuto do desarmamento, e a redução da maioridade penal) enfrentem grandes resistências para serem aprovadas no Congresso Nacional onde predominam partidos com pautas de esquerda.

Claro que existem deputados de direita no PSDB, da mesma maneira que existem esquerdistas filiados a partidos de direita. Mas o ponto desse post é ressaltar que a ausência de um partido de extrema-direita no Brasil (para contrabalancear os partidos de extrema esquerda) tem causado um deslocamento do espectro político favorável a esquerda. Notem que são 5 partidos de extrema-esquerda, com 15 deputados federais, contra nem um único partido de extrema-direita. E, pior que isso, apenas 4 deputados de direita. Isto é, a extrema-esquerda possui mais do que o triplo de representantes no Congresso do que os partidos moderados de direita. Além disso, a divisão acima demonstra a grande força e domínio das pautas de esquerda no debate no Congresso Nacional, mesmo quando essas pautas não encontram grande apoio junto a população.



 Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal

quinta-feira, 2 de março de 2017

Roberto Azevedo se defende de críticas do governo Trump à OMC


Governo Trump diz considerar que a entidade não é capaz de impedir práticas desleais e prometeu ação "mais agressiva" para defender os interesses dos EUA

 




O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevedo, reagiu à crítica do governo de Donald Trump, que considera que a entidade não é capaz de impedir práticas desleais e, por isso, prometeu uma atitude “mais agressiva” para defender os interesses dos Estados Unidos.

“O status quo é indefensável. Por muito tempo, os americanos perderam partes do mercado em benefício de outros países, em parte porque as nossas empresas e os nossos trabalhadores não tiveram uma chance real para medir a concorrência estrangeira”, declarou o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) – equivalente ao ministério do Comércio Exterior – no seu plano de ação apresentado ao Congresso na quarta-feira.

Azevedo contra-atacou a posição de Washington e observou que “é claro que os Estados Unidos têm muitas preocupações sobre o comércio, incluindo o funcionamento do Órgão de Solucionamento de Diferenças da OMC (OSD)”.

“Estou disposto a sentar e conversar sobre essas preocupações e qualquer outro problema com a equipe dos Estados Unidos quando esta estiver pronta”, afirmou em um breve comunicado.

Trump – que conquistou a presidência com a promessa de repatriar empregos – já criticou diversas vezes a política comercial chinesa e o papel da OMC, que é responsável por regular divergências entre países.

De acordo com USTR, as regras da OMC são baseadas na “ideia implícita” de que os Estados aplicam os princípios da economia de mercado, apesar de “vários grandes jogadores” ignorarem e muitas vezes esconderem as suas irregularidades no livre comércio por trás de sistemas que “não são suficientemente transparentes”.

“A incapacidade do sistema de fazer esses países prestarem contas leva a uma perda de confiança”, insistiu o USTR.

O relatório também afirma que os Estados Unidos não vão se sentir legalmente vinculados pelas decisões da OMC que lhe forem desfavoráveis.

“Os americanos não são diretamente sujeitos às decisões da OMC”, aponta o escritório.

Esta decisão marca uma clara ruptura com sua posição passada e poderia ameaçar o Órgão de Solucionamento de Diferençasda OMC, que defendeu o mesmo como “a chave do sistema comercial multilateral”.

O USTR confirmou que os Estados Unidos vão se concentrar a partir de agora nos acordos bilaterais, em detrimento dos grandes tratados regionais.

Em várias declarações públicas, Azevedo tentou minimizar a ameaça representada por Trump, que durante sua campanha chamou a OMC de “desastre” e ressaltou que os acordos comerciais multilaterais devastaram a economia americana.

Umas das primeiras medidas adotadas por Trump ao assumir o poder foi tirar o país do Acordo Transpacífico (TTP).

Desde 1995, o OSD da OMC analisou mais de 500 casos envolvendo a quebra das regras comerciais, A OMC não pode punir os países que não cumprem o regulamento, mas pode autorizar medidas de represália.
  
 

Superávit da balança em fevereiro bate recorde para o mês


O saldo positivo de US$ 4,560 bilhões é resultado de exportações que somaram US$ 15,472 bilhões e importações de US$ 10,912 bilhões



Brasília – A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 4,560 bilhões em fevereiro, valor recorde para o mês.

O saldo positivo é resultado de exportações que somaram US$ 15,472 bilhões e importações de US$ 10,912 bilhões, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 2, pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

No ano, o resultado acumulado é positivo em US$ 7,285 bilhões, também o melhor resultado para o período da série histórica, que tem início em 1989. As exportações somaram US$ 30,383 bilhões e as importações US$ 23,099 bilhões.

Somente na quarta semana de fevereiro (20 a 28) houve superávit de US$ 2,148 bilhões, com US$ 5,092 bilhões em exportações e US$ 2,944 bilhões em importações.

No mês passado, a média diária das exportações aumentou 22,4% em relação a fevereiro de 2016 e 26,8% na comparação com janeiro. Já as importações subiram 11,8% sobre fevereiro e 9,4% em relação a janeiro.

Trabalhador industrial brasileiro ganha menos do que um chinês


O salário do chinês na indústria triplicou de 2005 para 2016 de US$ 1,20 para US$ 3,60 por hora, enquanto o do brasileiro caiu de US$ 2,90 para US$ 2,70

 




São Paulo – O salário médio por hora de um trabalhador chinês do setor industrial já supera o do seu equivalente no Brasil, de acordo com dados da consultoria Euromonitor.

O salário do chinês triplicou de 2005 para 2016 de US$ 1,20 para US$ 3,60 por hora, e hoje supera o de todos os países da América Latina, com exceção do Chile.

Também já se aproxima do valor por hora de trabalho na indústria de países europeus como Romênia (US$ 3,70) e Portugal (US$ 4,50).

“A China não é mais um país de baixo custo ou um destino majoritário de transferência de produção para quem quer apenas gerar margem com baixa remuneração da força de trabalho”, diz Marcos Troyjo, diretor do BRIClab da Universidade de Columbia.

Enquanto isso, o salário do brasileiro na indústria caiu na última década de US$ 2,90 para US$ 2,70, o mesmo patamar da Rússia e abaixo da África do Sul (US$ 3,60).

Vale notar que o setor de serviços já passa de 70% da economia brasileira enquanto o PIB industrial perdeu importância relativa nas últimas décadas.

Os dados são da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Eurostat (agência de estatísticas da União Europeia) e de órgãos estatísticos nacionais, convertidos para dólar e ajustados pela inflação mas não pelo custo de vida.

O fator câmbio também puxa a China para cima já que sua moeda se valorizou nos últimos anos, enquanto a de países latino-americanos como Argentina, Brasil e México sofreram depreciação.

“Também é importante notar que os números da Euromonitor são no setor de indústria e não serviços, onde tenho impressão que os salários na América Latina seriam mais altos”, diz Troyjo.

Na China, a alta dos salários industriais é um reequilíbrio inclusive intencional, já que por muito tempo o PIB cresceu mais do que os salários e agora é necessário aumentar a fatia de consumo para que a economia não dependa tanto de investimento pesado.

O processo já havia sido notado por um estudo publicado pelo consultoria Boston Consulting Group em 2014 que englobava vários fatores de produção:

“Quem pensaria há uma década atrás que o Brasil seria hoje um dos países de mais alto custo para a manufatura e que o México seria mais barato que a China?”, dizia um trecho.

No Brasil, trabalhadores foram incorporados ao mercado, o câmbio valorizou e o salário mínimo subiu, mas a falta de produtividade para sustentar os ganhos eventualmente ficou evidente.

Já na China, o processo pode continuar na medida em que o país segue tendo sucesso em incrementar o componente tecnológico dos produtos produzidos em seu território, como mostra por exemplo a alta no número de patentes registradas.

Ao mesmo tempo, o país transfere para os vizinhos asiáticos suas indústrias de menor valor agregado, como plásticos e têxteis, da mesma forma como foi feito com ela no passado.

No longo prazo, a dúvida maior é até que ponto a alta dos salários é sustentável diante do avanço da robótica, que ameaça empregos na indústria mesmo em países que tentem medidas protecionistas.

“Se o presidente Trump de fato pressionar as empresas para que coloquem mais produção nos EUA, então aqueles especializados em robótica e automação provavelmente serão os vencedores. As empresas não vão automaticamente empregar mais americanos. Elas vão repensar suas estratégias e algumas delas vão inevitavelmente olhar para a automação como uma forma de evitar os custos mais altos de empregar trabalhadores americanos”, diz artigo do britânico Paul Diggle, economista-sênior da empresa de gestão de ativos Aberdeen, publicado recentemente em EXAME.com.


Veja a seguir o salário industrial por hora em 2005, 2010 e 2016 em 10 países selecionados:


Em US$ 2005 2010 2016
Brasil 2,90 2,70 2,70
China 1,20 2,20 3,60
Índia não disp. 0,80 0,70
Argentina 2,10 2,00 2,50
Chile 2,80 4,50 5,00
México 2,20 2,00 2,10
Colômbia 1,40 1,70 1,70
Canadá 18,00 19,10 19,10
Dinamarca 40,20 44,30 46,40
Espanha 16,60 17,80 17,90

Notícias sobre

Autuações ligadas à Lava Jato devem chegar a R$ 15 bi em 2017


Receita já cobrou R$ 10 bilhões até 2016 em fiscalizações ligadas à Lava Jato

 






Brasília – A Receita Federal já cobrou R$ 10 bilhões até 2016 em fiscalizações ligadas à Operação Lava Jato. De acordo com o subsecretário de Fiscalização da Receita, Iágaro Martins, a estimativa é que esse número chegue a R$ 15 bilhões até o fim do ano, como antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) em fevereiro.

Neste momento, o Fisco tem 77 auditores dedicados a analisar um imenso volume de dados da Lava Jato.

A Receita desenvolveu um sistema específico para a operação, chamado de SisLava, que permite buscas em 3,5 milhões de páginas de documentos com 58 mil pessoas jurídicas e físicas citadas.

“Conseguimos saber, por exemplo, todas as vezes em que um alvo é citado nas investigações e estabelecer redes de relacionamentos entre os citados”, explica.

Já foram instaurados 1.392 procedimentos fiscais no âmbito da operação, dos quais 850 ainda estão em andamento.


Fnac: vamos manter os negócios no Brasil com ou sem investidor



Em entrevista exclusiva a EXAME.com, Fnac conta por que busca um novo sócio no Brasil

 





São Paulo – Na tarde de terça-feira de Carnaval no Brasil, madrugada na França, Arthur Negri, presidente da Fnac do Brasil há menos de um mês, acompanhava a teleconferência de resultados do grupo francês, sem saber que a empresa cairia na boca do povo no mesmo dia.

Uma notícia divulgada pela agência francesa AFP anunciava a saída da varejista do Brasil. Uma nota divulgada hoje, falava que a empresa ficaria, mas com a condição de ter um novo sócio.

O que isso significa realmente? Negri esclarece na entrevista exclusiva a seguir. Confira:

EXAME.com – Afinal, a Fnac fica ou não no Brasil?
Arthur Negri – Fica. A intenção da companhia global para a subsidiária brasileira é buscar investidores e garantir, assim, a expansão do negócio. Não é uma decisão de saída, ao contrário, é a busca por um investidor para que o negócio cresça.

Por que, então, a operação brasileira foi definida como descontinuada no último balanço?
A Fnac Darty decidiu alocar investimentos diretos apenas para a expansão dos negócios na Europa, enquanto que para negócios internacionais, como o Brasil, o capex virá de investidores externos.

Essa decisão foi demonstrada no balanço como subsidiária descontinuada, respeitando os critérios contábeis definidos pela matriz na França. Não quer dizer que não haverá apoio financeiro, mas que vamos buscar investidores para o desenvolvimento da operação Brasil, que até então crescia apenas por meio de aportes diretos feitos pela controladora.

A subsidiária do Brasil representa 2% dos negócios globais e não se sustentaria sem o capital externo que será captado?
A operação se sustenta na sua necessidade de capital de giro. Porém, para uma expansão, é preciso de mais recursos. A escolha do controlador foi direcionar todos os seus esforços de investimento para a Europa, enquanto cria um braço de internacionalização, com apoio de investidores externos.

Qual o perfil do novo sócio que a Fnac quer encontrar para a operação brasileira?
Não há ainda uma definição neste momento do perfil que queremos. Vamos fazer essa busca de maneira ativa e entendo que pode haver interesse tanto de fundos de private equity quanto de investidores estratégicos, outros negócios do mesmo segmento que operam redes de formato e valores semelhantes.

Chegaram a conversar com as concorrentes Livraria Cultura e Saraiva?
Não, ainda não falamos com ninguém, farei isso daqui para frente.

Há possibilidade de surgir novos formatos de lojas, de tamanhos menores, e franquias?
Sim, novos modelos estão sendo cogitados, não só aqui, no mundo. Na França, por exemplo, já temos lojas de vizinhança, com sortimento de produtos adequados para a região. Em Portugal e também na França, oferecer diversas maneiras de comprar e entregar, de acordo com a escolha do cliente, já é uma realidade e um sucesso.

São opções que podem ser adotadas no Brasil, desde que tenhamos como nos desenvolver.

E em relação ao modelo de franquias?
A Fnac já possui operações assim no Catar, há um ano, e no Marrocos, há dois, são operações menores em vendas e mais recentes. Também tem expandido dentro da França por esse formato, uma alternativa para crescer em localidades menores, onde não é rentável ter uma loja com todo o portfólio.

Por que esse anúncio coincidiu com a troca de comando da empresa? Alguns veículos fizeram uma ligação direta entre os dois fatos…
Foi uma coincidência. A divulgação de resultados de 2016 já estava marcada há tempos.

Qual a sua missão no comando da empresa?
Entrei na companhia há quase um mês para reorganizar e promover a sua expansão. Há espaço para ajustes na operação para que possamos dar melhores resultados, margens e retornos para os investidores. É nisso que estou trabalhando.

Os primeiros sintomas desses ajustes e resultados já começam a aparecer. Tivemos um bom mês de fevereiro, acompanhados pela própria recuperação da economia.

A empresa já havia anunciado mudanças de portfólio e loja online. Que mudanças são essas?
Estamos fazendo uma revisão do que vendemos para acrescentar itens dentro de linhas que já trabalhamos e reforçar a área de papelaria, com uma apresentação melhor de livros e sortimentos, além da adequação de fornecedores. Tudo para melhorar a experiência dos clientes nas lojas e continuar a ter relevância no segmento.

Como pretendem sair da crise global do setor?
Não posso falar pela controladora sobre a estratégia global.

A crise no Brasil atrapalhou a empresa?
Sem dúvida nenhuma a crise afetou os negócios. Tivemos um biênio 2015 e 2016 com queda brutal no poder de consumo e inflação alta, que afetaram a Fnac e o varejo como um todo.

A Fnac possui hoje 800 funcionários e 12 lojas no país. O que esperar dela para este ano?
Achamos que o pior já passou e esperamos momentos melhores com a retomada do índice de confiança do consumidor e a possibilidade de capturar o máximo possível para a evolução do negócio no país.

E se o investimento externo não acontecer, como fica a empresa no Brasil?
Entendemos que a melhora do cenário macroeconômico pode gerar interesse dos investidores. Se não acontecer, estaremos com nossa operação organizada, estruturada e no modelo que temos hoje, mantendo as 12 lojas e o comércio eletrônico e seguindo com a manutenção dos canais de vendas e logística.

Ou seja, se não houver investimento externo, não haverá expansão da empresa, mas a operação seguirá como é hoje, no formato já estabelecido há quase 20 anos no país.


As empresas que mais ganharam valor de mercado em fevereiro



Levantamento produzido pela Economatica, a pedido de EXAME.com, mostra as companhias que se tornaram ainda mais valiosas no último mês

 




São Paulo — O Itaú Unibanco liderou em fevereiro o ranking das empresas que mais ganharam valor de mercado. O banco terminou o mês valendo 243,77 bilhões de reais — 18,3 bilhões de reais a mais do que o registrado no final de janeiro.

Em termos simples, o valor de mercado de uma empresa é obtido ao multiplicar o número de ações que ela tem na bolsa pelo valor dos papéis. Em fevereiro, as ações preferenciais do Itaú registraram alta de quase 10%. No ano, acumulam ganhos de 20%.

O desempenho do banco foi influenciado pelos resultados trimestrais divulgados no início do mês, considerados positivos pelo mercado.

Também pesou a favor das instituições financeiras a decisão do Bacen de cortar 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros. A perspectiva é de que, com a queda dos juros, a concessão de créditos aumente e a inadimplência diminua.

Veja na tabela abaixo as 20 companhias que se tornaram ainda mais valiosas no último mês. Os números são de um levantamento produzido pela consultoria Economatica, a pedido de EXAME.com.
 
Empresa Valor de mercado em fevereiro de 2017 Quanto ganhou em valor de mercado no mês
Itaú Unibanco 243,77 bilhões de reais 18,30 bilhões de reais
Santander 129,44 bilhões de reais 11,69 bilhões de reais
Ambev 280,10 bilhões de reais 10,04 bilhões de reais
Pão de Açúcar 20,51 bilhões de reais 6,29 bilhões de reais
Banco do Brasil 92,17 bilhões de reais 5,54 bilhões de reais
CCR 36,54 bilhões de reais 5,21 bilhões de reais
Vale 166,23 bilhões de reais 3,60 bilhões de reais
Bradesco 182,68 bilhões de reais 3,34 bilhões de reais
Cemig 14,68 bilhões de reais 2,94 bilhões de reais
Tim 23,62 bilhões de reais 1,96 bilhão de reais
Cielo 61,53 bilhões de reais 1,78 bilhão de reais
Magazine Luiza 4,42 bilhões de reais 1,70 bilhão de reais
Weg 27,29 bilhões de reais 1,62 bilhão de reais
M. Dias Branco 15,61 bilhões de reais 1,61 bilhão de reais
Rumo Log 11,48 bilhões de reais 1,44 bilhão de reais
BB Seguridade 57,14 bilhões de reais 1,41 bilhão de reais
Smiles 7,63 bilhões de reais 1,20 bilhão de reais
Gerdau 19,94 bilhões de reais 1,13 bilhão de reais
Via Varejo 5,12 bilhões de reais 1,09 bilhão de reais
Lojas Renner 16,41 bilhões de reais 1,07 bilhão de reais