quarta-feira, 8 de março de 2017

900 cursos podem ser punidos pelo MEC por mau desempenho


Os crusos apresentaram baixo desemprenho em um indicador leva que em consideração a atuação de estudantes, a estrutura do curso e a formação de professores




Brasília – Ao menos 917 cursos de ensino superior deverão sofrer medidas cautelares do Ministério da Educação (MEC) para melhorar a qualidade de ensino, em virtude do baixa colocação no Conceito Preliminar de Curso (CPC), uma avaliação conduzida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O indicador leva em consideração parâmetros como o desempenho de estudantes, a estrutura do curso e a formação de professores.

As ações serão adotadas em cursos das áreas de Ciências Sociais e Humanas (como Administração, Direito e Jornalismo) e em Cursos Tecnológicos das áreas de Negócios, Apoio Escolar, Lazer e Produção Cultural (como Marketing e Design de Moda), o foco nesta edição da avaliação.

São considerados desempenhos insatisfatórios conceitos 1 e 2 no CPC, de uma escala que vai até 5, a nota mais alta. Aqueles que tiverem apresentado o baixo conceito em avaliações anteriores deverão sofrer punições mais graves, que vão desde suspensão de provas de seleção até fechamento do curso.

A lista de cursos reincidentes e, portanto, submetidos a penalidades mais graves, deverá ser divulgada em um mês, pelo MEC.

O mesmo procedimento deverá ser adotado para instituições de ensino superior que alcançaram também um conceito considerado baixo (níveis 1 e 2) no Índice Geral de Curso (IGC) – uma avaliação do Inep que analisa tanto a formação da graduação quanto de pós-graduação.

Dados divulgados nesta quarta-feira, 8, indicam que pelo menos 312 instituições tiveram avaliação 1 e 2 pelo Inep, desempenhos insatisfatórios.

Essas instituições deverão, a exemplo dos cursos, ser alvo de medidas cautelares. Entre as providências adotadas estão o pedido de informação, visitas para identificar eventuais falhas e causas do desempenho abaixo do desejado.

“É aberto um processo administrativo, onde é ofertada a possibilidade de defesa para a instituição e para o curso”, afirmou Paulo Barone, da secretário de Educação Superior do MEC.

O decreto do MEC que define as medidas cautelares é publicado todos os anos. “Os critérios podem ser alterados”, diz.

Ao apresentar dados, MEC e Inep afirmaram que Indicadores de Qualidade de Educação Superior deverão ter sua metodologia alterada até 2018.

Além do CPC e do IGC, a avaliação de ensino superior leva em consideração o Conceito Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), baseado no desempenho dos estudantes. A ideia é fazer com que as avaliações possam ser comparáveis de um ano para outro – algo que atualmente não é possível.

Além disso, a intenção é adotar padrões de notas e não de desempenhos comparáveis, como o padrão atual, que se baseia em identificar um comportamento mediano e suas respectivas gradações.

“Alguns estudos têm demonstrado um aumento da concentração do padrão 3, que é o mediano, ano a ano”, afirma o secretário. Esse comportamento, avalia, pode ser indicador de que o monitoramento começa a apresentar falhas.”Precisamos fazer uma reflexão.”


Senado aprova quatro projetos que ampliam direitos das mulheres


 

Um grupo de senadoras mobilizadas neste Dia da Mulher, pediu a substituição da pauta anteriormente prevista pelos itens que tratam das mulheres

 






No Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado votou apenas projetos relacionados à pauta feminina.

Um grupo de senadoras mobilizadas na celebração da data negociou com o presidente da comissão, Edison Lobão (PMDB-MA), a substituição da pauta anteriormente prevista pelos itens que ampliam direitos das mulheres.

Os senadores da CCJ aprovaram quatro propostas. O primeiro foi o Projeto de Lei do Senado (PLS) 195/2014, que obriga o envio de boletim de ocorrência ao juizado específico no caso de envolvimento criança e adolescente como testemunha ou vítima de agressão à mulher.

Também foi aprovado substitutivo ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 612/2011, que altera o Código Civil para reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo e possibilitar a conversão dessa união em casamento.

A votação foi terminativa, e, se não houver recurso, o texto vai para a Câmara dos Deputados sem passar pelo plenário do Senado.

Os integrantes da CCJ ainda aprovaram por unanimidade o Projeto de Lei do Senado (PLS) 547/2015, que institui o programa Patrulha Maria da Penha. A proposta também deverá seguir para a Câmara.

A CCJ também votou favoravelmente ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 112/2010,que define percentual mínimo de participação de mulheres nos conselhos de Administração das empresas públicas, e ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 244/2016, que obriga o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas (Sinesp) a coletar dados específicos sobre violência contra a mulher. A proposta pode ser encaminhada para a Câmara.

Na reunião da CCJ, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) leu relatório favorável à indicação de Maria Tereza Gomes ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


Doria reduz repasse da Prefeitura para desfiles da SPFW em 37%



O evento começa na próxima segunda-feira, 13, no prédio do Bienal do Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital





São Paulo – Em meio ao corte de gastos que atinge até áreas sociais como saúde e educação, a gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu reduzir também o valor do repasse da Prefeitura para a realização da São Paulo Fashion Week (SPFW) neste ano. O evento começa na próxima segunda-feira, 13, no prédio do Bienal do Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital.

Doria autorizou um único aporte de R$ 3,5 milhões como apoio institucional da Prefeitura à semana da moda paulistana, que ocorre anualmente na capital em duas edições, uma no primeiro e outra no segundo semestre com as coleções primavera/verão e outono/inverno.

O valor é 37,5% menor do que os R$ 5,6 milhões repassados à SPFW no ano passado como patrocínio pela gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). Em 2016, o apoio foi feito com duas transferências de R$ 2,8 milhões, uma para cada edição daquele ano.

Se comparado com os repasses feitos em 2015, de R$ 7 milhões, o apoio com verba pública da Prefeitura à SPFW neste ano cairá pela metade.

Segundo a gestão Doria, apesar da redução do patrocínio, a exposição da Prefeitura nos dias de evento será ampliada nesta edição.

O termo de fomento que define o patrocínio público à SPFW é assinado com o Instituto Nacional de Moda e Design (In-Mod), organizador da semana da moda paulistana.

Segundo a Prefeitura, o evento movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão na cidade, parte dele resultante do público nacional e internacional calculado em 38 mil turistas que gastam cerca de R$ 85 milhões no município.


Cortes


Doria assumiu a Prefeitura em janeiro deste ano com um discurso de austeridade nos gastos públicos, como redução de 15% no valor de todos os contratos e 30% no número de cargos comissionados.

Os cortes, contudo, atingiram também as áreas sociais, como saúde e educação, que tiveram R$ 2,6 bilhões do orçamento congelados pelo tucano.

O prefeito também já anunciou a redução de mais de 50% no número de crianças atendidas pelo programa de distribuição de leite da Prefeitura, que cairá de 916 mil para 413 mil, e também no total de alunos beneficiados com o transporte escolar gratuito.


Bolívia busca compradores de gás após Petrobras sinalizar redução


Um contrato existente entre a YPFB Chaco e a Petrobras envolve 30 milhões de metros cúbicos por dia de fornecimento de gás




Houston – A Bolívia está lutando para encontrar novos compradores para seu gás natural após a Petrobras sinalizar que tem planos de reduzir as importações do país vizinho, disse a estatal boliviana YPFB Chaco nesta quarta-feira.

Um contrato existente entre a YPFB Chaco e a Petrobras envolve 30 milhões de metros cúbicos por dia de fornecimento de gás sob um mecanismo “take-or-pay”, fazendo do Brasil o principal comprador de gás boliviano. O contrato vence em 2019.

Mas à medida que a produção de gás da própria Petrobras cresce, a estatal notificou a YPFB que não irá renovar o contrato sob os mesmos termos, forçando a empresa boliviana a encontrar novos compradores no Brasil.

“O contrato com o Brasil nos preocupa. Estamos no momento negociando com a Petrobras os termos para os novos contratos ou um adendo ao contrato existente”, disse Oscar Claros, gerente-geral da YPFB Chaco, nos bastidores da conferência de energia Ceraweek, em Houston.

Os preços para a Petrobras após 2019 não foram acordados ainda, enquanto muitos possíveis compradores também do Brasil estão envolvidos nas negociações, disse Claros.

“Poderemos finalmente estabelecer preços diferentes para muitos consumidores, o que é bom para nós, mas vai levar tempo para ter mais de cinco contratos prontos” , disse Claros.

Empresas brasileiras ainda têm poucas mulheres no conselho

 

Pesquisa mostra avanço pífio entre número de mulheres em conselhos de administração nos últimos anos. Avançar é só questão de tempo

 






São Paulo – As mulheres que estão aqui deveriam estar pilotando enceradeiras, comentou irônico um dos professores de Heloísa Bedicks em uma de suas primeiras aulas do curso de graduação em Economia, na década de 80. A sala era composta, na época, 60% por alunos e 40% por alunas, o que não abalou tal docente de fazer o comentário.

“Me senti muito agredida com aquilo. Hoje sei que é uma questão de timing para que mais mulheres ocupem espaço em conselhos e cargos de liderança”, diz ela.

Superintendente-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa desde 2011, Bedicks foi aluna da primeira turma do curso de conselheiros de administração do IBGC, órgão máximo do assunto no Brasil.

Ainda assim, sabe que desbravou um caminho pouquíssimo explorado por outras executivas.

Uma pesquisa feita em 2016 pelo próprio IBGC apontou que as mulheres ocupam apenas 7,9% do total de assentos dos conselhos de administração das 339 empresas listadas na bolsa brasileira. O percentual teve um avanço pífio desde 2012, quando o mesmo estudo foi feito – o índice, naquele ano, ficava em 7,7%.

Os motivos abrangem questão culturais complexas e socioeconômicos, com o fato da mulher ainda ganhar menos que o homem, acredita a superintendente.

“Primeiro, esses cargos mais estratégicos são escolhidos por indicação de outros conselheiros que, por sua vez, escolhem seus pares, geralmente homens”, comenta ela. “Mas há também as decisões cruciais tomadas pelas mulheres ao longo da vida, em especial quando têm filhos”.

Muitas não conseguem conciliar a vida profissional e pessoal nessa etapa da vida e, no caso da promoção dos maridos para outros estados, são elas que usualmente abrem mão da carreira.

No quadro geral, as mulheres ocupam 40% dos cargos de conselhos das companhias litadas do país, a maioria em áreas de especialização em RH ou Marketing, áreas fora das usuais de um conselheiro, em geral formado em economia, administração, engenharia e direito.

“Falta mulheres CFO, COO, CEO no país, falta presença feminina na liderança das grandes empresas e está provado que negócios que investem nisso, se saem melhor” conclui ela.

Em 2013, dados colhidos pela McKinsey mostraram que companhias com uma ou mais mulheres em seus comitês executivos obtinham retorno sobre o patrimônio 44% maior e margem de lucro antes dos impostos 47% acima do que os registrados por aquelas com apenas homens nessas posições.


Cota ou mérito


Conselheira da administração da gigante de energia CPFL há dois anos, a contadora Ana Maria Elorrieta trabalhou por 35 anos na consultoria PwC antes de se dedicar ao desafio. Sua entrada no conselho da CPFL foi por indicação de uma outra conselheira mas, deixa claro, por mérito profissional e pelo poder de agregar uma visão diferenciada ao cargo.

“Acredito que mais mulheres se tornarão conselheiras à medida que os próprios conselhos de administração das empresas brasileiras se tornem mais profissionais”, diz Elorrieta. “Quanto mais plurais, com especialistas em áreas distintas e de gêneros diversos, melhores eles serão”.

Questionadas sobre o quanto cotas poderiam ajudar nesse avanço, tanto Bedicks quanto Elorrieta concordam: meritocracia é o melhor caminho, ainda que o menos rápido.

Ambas usam o argumento de que a adoção de cotas nas empresas cria o risco de escolher pessoas menos qualificadas para apenas cumprir com a obrigação.

“Isso não é necessário, já que há muitas profissionais altamente qualificadas no mercado”, afirma a conselheira da CPFL e de outra empresa privada.

O sistema de cotas para mulheres em conselheiros contribui para que países para fazer da Noruega a líder entre os países com mais diversidade de gênero em seus conselhos – a porcentagem por lá é de 40,5%. França, África do Sul e Holanda também figuram entre as dez nações mais bem posicionadas no quesito – Brasil ocupa o 26º lugar no ranking.

“Não acreditamos que algo imposto pelo governo seja benéfico, mas conscientizamos as empresas de que a diversificação de gênero é o melhor caminho”, afirma Bedicks.

O IBGC tem um programa de mentoria para executivas interessadas em atuar em conselhos que já está na segunda turma, uma troca de experiências entre já conselheiros com 23 executivas interessadas em trabalhar na área.

“Muitas já saíram do programa como conselheiras por puro mérito”, diz a superintendente.


Diversidade nas empresas


Uma pesquisa exclusiva da PwC analisa o que as companhias podem fazer para atrair e reter talento feminino e ressalta a importância de incorporar diversidade no negócio.

O levantamento intitulado “Ganhando a luta pelo talento feminino: como obter a vantagem da diversidade através do recrutamento inclusivo” entrevistou 4.792 profissionais (3.934 mulheres, 845 homens) de diferentes tipos de empresas e países. Em paralelo, 328 responsáveis por diversidade ou recrutamento em grandes companhias foram ouvidos.

Em linhas gerais, a pesquisa mostra a consciência dos CEO´s de que muito pouco foi feito por eles no sentido de avançar em equidade de gênero dentro das companhias, ainda que hoje eles tenham uma vontade sincera de fazer com que isso seja de fato uma realidade.

O estudo mostra que 76% dos empregadores incorporaram diversidade e inclusão em suas bandeiras, ainda que apenas 28% tenham um programa formal de retenção de mulheres e oportunidades iguais de progresso dentro da empresa. Dia da mulher: entenda os direitos das mulheres nas relações trabalhistas – Patrocinado

A possibilidade de progredir na carreira é uma das três características mais atraentes para executivos, sejam homens ou mulheres. Mas para a maioria delas (67%), o fato da empresa apostar em um modelo de gestão inclusivo pesa muito mais na hora de aceitar uma proposta.

Ainda assim, 28% das entrevistadas disseram ter a percepção de que os empregadores são tendenciosos ao optaram em favor de candidatos homens na hora de contratar – a porcentagem era menor, de 16%, em 2011, quando um estudo semelhante foi feito.


Aurora compra indústrias da Cotrel de Erechim





Negócio foi fechado por R$ 108 milhões 


Da Redação

redacao@amanha.com.br
Aurora compra indústrias da Cotrel de Erechim


Em comunicado à imprensa distribuído na manhã desta quarta-feira (8), a Cooperativa Central Aurora Alimentos anunciou que assumiu definitivamente as unidades frigoríficas da Cooperativa Tritícola Erechim (Cotrel), instaladas em Erechim (RS). A operação teve a anuência da Fazenda Nacional e a aprovação do Juízo da Vara de Falências da Comarca de Erechim. O valor da aquisição – R$ 108 milhões a serem pagos em cinco anos – serão obtidos de recursos próprios e, parte,  de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

As duas plantas adquiridas pela Aurora – um frigorífico de aves e um frigorífico de suínos – são objeto de parcerias desde 2005. De setembro de 2005 a agosto de 2007, Aurora e Cotrel assinaram contrato de prestação de serviços através do qual a cooperativa gaúcha abateu e industrializou aves e suínos em nome da Aurora. Incluiu-se nessa prestação de serviços a fabricação de rações e a incubação de ovos. A partir de setembro de 2007 até hoje, a operação passou a ser de arrendamento. Além de alugar todas as plantas e instalações industriais, administrativas e de apoio, a Aurora assumiu diretamente a força de trabalho que, na época, era de 1.992 empregados. A Aurora também decidiu comprar as marcas Nobre, Nobreza, Da Fazenda e Capone que eram de domínio da Cotrel (foto). 

Atualmente, a unidade de abate e processamento de frangos tem capacidade para 26,7 milhões de cabeças ao ano e mantém 1.345 trabalhadores diretos. A unidade de suínos tem capacidade para 418 mil cabeças ao ano com 1.151 empregos diretos. As duas plantas respondem por 7,8% da receita operacional bruta do conglomerado Aurora.


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Safra recorde está indo ‘para o ralo’, diz Maggi









Ministro afirma que problemas na BR-163 fazem com que soja fique ‘micada’ no País; produtores estimam prejuízos em R$ 350 milhões.

Bastou chover um pouco mais que o esperado e parte da supersafra brasileira de soja corre o risco de “micar” no País sem conseguir chegar aos portos. Ela está encalhada nos 100 km não asfaltados da BR-163, a rodovia que é hoje a principal ligação entre uma grande zona produtora do grão, no Mato Grosso, e os portos do Norte do País.

“Dinheiro que estava na mesa, de uma grande colheita, está indo para o ralo, nos buracos das estradas”, lamentou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. “Dá pena de ver.”
Ele informou que 11 navios que estavam no Porto de Belém esperando carga de soja já foram desviados para portos do Sul do País. Os produtores tiveram prejuízo de US$ 6 milhões só com a “demurrage”, a taxa paga pela permanência das embarcações. A carga desviada, por sua vez, poderá sobrecarregar portos como Santos (SP) e Paranaguá (PR).

No total, o setor estima que o prejuízo nessa safra será de R$ 350 milhões, segundo informou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli. 

“Estamos queimando notas de cem dólares, uma atrás da outra”, afirmou o executivo.

Segundo Maggi, o produtor que vende a soja precisa entregá-la no prazo, no local definido pelo comprador.
Diante do atraso no escoamento da produção local, a alternativa é, muitas vezes, adquirir soja de outros países produtores, como Estados Unidos e Argentina, para honrar o contrato.

“E aquela soja brasileira que iria para esse comprador fica ‘micada’ aqui”, explicou o ministro, um dos maiores produtores de soja do País.

Maggi e o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, se reuniram ontem com representantes dos produtores para discutir a situação na BR-163. Eles acertaram um esquema pelo qual será reduzido o envio de caminhões para a rodovia, de forma que será possível manter as condições de tráfego.

A estrada será aberta para a passagem de caminhões por períodos. Depois, o trânsito será interrompido para que as máquinas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) possam aplainar novamente a pista. E assim sucessivamente, num esquema “stop and go”.


Fila

Nesta quinta-feira, 2, 1,2 mil caminhões, numa fila de 40 km, no Pará, aguardavam autorização para seguir viagem pela rodovia no sentido norte. A pista já havia sido aberta para automóveis de passeio e caminhões com carga perecível. A expectativa era permitir o trânsito de caminhões pesados na quinta-feira mesmo.

Com isso, a fila poderá acabar em cerca de dois dias, se o clima colaborar.

A pista no sentido sul já está aberta e não há mais filas. Mas, para chegar a essa situação, foi necessário buscar ajuda do Exército para desfazer a aglomeração de veículos na via e permitir a passagem das máquinas do Dnit. Até o carnaval, a via estava bloqueada, com uma fila gigantesca.

Para socorrer os caminhoneiros e famílias que estão há dias parados nas estradas, e também as comunidades isoladas, o Exército vai distribuir 3 mil cestas básicas e água. O primeiro carregamento chegou ontem ao local.

“A prioridade do governo é garantir o escoamento pelo Arco Norte”, disse Quintella, referindo-se aos portos no Norte do País. Ele lamentou o “gargalo” na BR-163 e informou que o asfaltamento dos 100 km que estão faltando já está contratado. A expectativa é que sejam asfaltados 60 km este ano e outros 40 km no ano que vem.

Ferrovia deve ser saída para atoleiros
 

O governo deverá anunciar, na próxima terça-feira, a data em que será leiloada a concessão da Ferrogrão, uma ferrovia de 1.142 km que correrá paralela à BR-163, no trecho entre Sinop, na região produtora de grãos do Mato Grosso, e o porto fluvial de Miritituba (PA). É nesse percurso, crítico para a exportação de soja e milho, que caminhões estão parados há mais de uma semana por falta de condições de tráfego na pista, que não é asfaltada.

“É a solução definitiva”, disse o presidente da estruturadora Estação da Luz Participações (EDLP), Guilherme Quintella. Ele foi responsável pelos estudos técnicos para a construção da linha férrea que servirão de base para a elaboração do edital do leilão. “A Ferrogrão consolida, de forma definitiva, a competitividade da produção do Mato Grosso”, disse o consultor.

A ferrovia está na carteira do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), mas é uma iniciativa das próprias tradings. Elas elaboraram o projeto e o apresentaram ao governo em 2014, informando estarem dispostas a investir em sua construção. São sócias nesse projeto: Amaggi, ADM, Bunge, Cargill, Dreyfus e a EDLP. A estimativa é que a linha custará R$ 12,6 bilhões.

Embora tenham elaborado o estudo e sejam as principais interessadas, não é certo que elas serão as responsáveis pela ferrovia. Por ser uma concessão do governo, o projeto será objeto de um leilão do qual poderão participar outras empresas interessadas. Ganhará a que oferecer maior taxa de outorga.

Quando estiver pronta, a Ferrogrão absorverá toda a carga naquele eixo, apontam os estudos técnicos. 

Ela deverá reduzir o custo do frete de US$ 120,00 por tonelada para US$ 80,00 por tonelada. Mas a construção da linha levará cinco anos.

Asfaltamento

Até lá, a saída é concluir o asfaltamento da BR-163. Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que, com a conclusão da obra, a economia chegará a R$ 1,4 bilhão / ano. Isso porque a rodovia consolidará o uso dos portos do Norte para a exportação de grãos. Saindo de lá, uma viagem de navio fica de três a cinco dias mais curta do que as que se iniciam nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

Pressionado pelo congestionamento de caminhões na BR-163 e com a constatação de que, por causa desse gargalo logístico, os produtores terão um prejuízo de R$ 350 milhões nesta safra, o presidente Michel Temer criou ontem uma força-tarefa para atuar na liberação do tráfego. O grupo é composto pelas pastas da Casa Civil, Agricultura, Justiça, Defesa e Transportes, Portos e Aviação Civil, segundo informou nota da presidência da República.

A nota informa ainda que o tráfego no sentido norte, onde estão parados os caminhões, deveria ser regularizado ainda ontem. As Forças Armadas trabalham na distribuição de 3 mil cestas básicas e 46 toneladas de água para os caminhoneiros que ficaram retidos .

(O Estado de S.Paulo, edições de 2 e 3/3/17)