No Paraná, a BRF concedeu férias coletivas para 1,7
mil funcionários do frigorífico de Toledo
Da Redação, com Agência Brasil
redacao@amanha.com.br
A
embaixada do Japão no Brasil informou que o país interrompeu a importação de
carne produzida nos 21 frigoríficos que são alvo da Operação Carne Fraca,
deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF). A suspensão vale
"até novas notificações" e inclui tanto o comércio de frango quanto
de "outros produtos" com origem nas unidades investigadas. Até hoje,
China, Hong Kong, União Europeia, Chile, Suíça e Japão são os mercados que
anunciaram a suspensão de compra de carnes brasileira. Juntos, consomem quase
metade (44,4% ) das exportações do setor, numa conta que engloba todos os
produtos fornecidos: carne bovina, suínos e frangos.
O
presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne
(Abiec), Antônio Camardelli, revelou que está traçando, juntamente com o
Ministério da Agricultura (Mapa), uma estratégia de visita aos países que
suspenderam as importações de carne brasileira. "A ideia é que o ministro
Blairo Maggi nos acompanhe nas comitivas para que o peso político da visita,
que também contará com técnicos brasileiros do setor, seja maior",
comentou.
A BRF
anunciou que concedeu férias coletivas de 15 dias para 1,7 mil funcionários do
frigorífico de Toledo, no oeste do Paraná. De acordo com a empresa, as férias
já estavam programadas para a modernização da linha de produção de suínos e
alimentos industrializados. Conforme a BRF, a parada temporária da unidade
paranaense não tem relação com a Operação Carne Fraca. Entre as plantas citadas
na investigação, está o frigorífico que a BRF possui em Mineiros (GO) e que foi
interditado ainda na sexta-feira passada pelo Ministério da Agricultura.
A
operação da PF apura o envolvimento de frigoríficos em um esquema criminoso que
subornava fiscais federais para que fosse autorizada a comercialização de
produtos que já estavam em condições impróprias para consumo. De acordo com o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 18 estabelecimentos
são do Paraná, dois de Goiás e um de Santa Catarina, pertencentes a grandes
empresas como a JBS e a BRF.
Benesses
O gerente de Relações Internacionais e Governamentais da BRF, Roney Nogueira
dos Santos, foi transferido na manhã de terça (21) da superintendência da
Polícia Federal, na capital paulista, para a sede da Polícia Federal, em
Curitiba. Ele foi preso no último sábado no Aeroporto Internacional de
Guarulhos, após desembarcar vindo do exterior. Segundo a Polícia Federal em São
Paulo, ele ficou detido no aeroporto e foi levado à superintendência na capital
no fim da tarde de segunda.
“O executivo
da empresa está preso para prestar esclarecimentos à Polícia Federal. Ele está
sendo assistido por advogados da empresa e sua família também está recebendo
todo o suporte e acompanhamento necessários”, destaca a BRF, em nota. O gerente
teve sua prisão preventiva decretada na última sexta-feira (17). Ele é acusado
de influenciar fiscais do Ministério da Agricultura.
“Roney
Nogueira remunera diretamente fiscais contratados, presenteia com produtos da
empresa, se dispõe a auxiliar no financiamento de campanha política e até é
chamado a intervir em seleção de atleta em escolinha de futebol. Com tantas
benesses, há notícia de que ele possui login e senha para acessar diretamente o
sistema de processos administrativos do Ministério da Agricultura, obviamente
de uso restrito ao público interno”, disse o juiz federal Marcos Josegrei da
Silva, na operação que determinou a prisão do gerente.
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