Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Só
depois que Marcelo Odebrecht foi preso é que a maior construtora do
Brasil considerou fazer um acordo de leniência com o governo. Percebeu,
então, que a legislação sobre o assunto era tão mal feita quanto se
dizia desde sua sanção, em 2013. Como o texto tem muitas brechas, órgãos
oficiais disputam o protagonismo nas negociações, e os acordos não saem. E quando saem, têm de ser refeitos.
A
solução da companhia, já no segundo semestre de 2015, foi procurar
centrais sindicais e confederações empresariais para que pressionassem o
Congresso e o Planalto para melhorar a lei. O resultado foi a Medida
Provisória 703/2015, que entrou em vigor, mas caducou antes de surtir
efeito por “pressão da sociedade e do Ministério Público Federal”.
Quem conta a história é o pai de Marcelo, Emílio Odebrecht, em sua delação premiada
feita aos investigadores da operação “lava jato”. Um dos depoimentos,
conforme classifica a Procuradoria-Geral da República, narra a
“interlocução política MP 703/15”. O capítulo conta como Emílio e o
lobista da empreiteira, Cláudio Melo Filho,
em novembro de 2015, foram até Jacques Wagner, então ministro da Casa
Civil, expor sua preocupação com os problemas da lei. Eles pediram que
fosse feito “um novo mecanismo legal para dar segurança jurídica ao
acordo de leniência”.
A
PGR viu indícios de crime no episódio, e pediu que o Supremo Tribunal
Federal enviasse os autos à primeira instância para que se instaure
inquérito. Segundo o pedido da Procuradoria, nas delações, os executivos
“descrevem as tratativas junto ao governo federal à época, em especial
ao ex-presidente Lula e o então ministro Jacques Wagner, para edição da
MP 703, que permitia que o Poder Executivo firmasse, sem a anuência do
Ministério Público, acordo de leniência com as pessoas jurídicas que
estivessem envolvidas em infrações”.
O ministro Luiz Edson Fachin
atendeu ao pedido, já que não há menção a autoridades com prerrogativa
de foro. Mas o que Emílio Odebrecht diz nesse trecho de sua delação é
que a Lei Anticorrupção, embora estivesse em vigor há dois anos, não
dava segurança para que empresas envolvidas em infrações colaborassem
com o governo.
Emílio afirma que o problema era o fato de a lei
deixar em aberto os autorizados a participar do acordo, sem dar a um
órgão a liderança. Hoje, continua sendo esse o principal entrave dos
acordos de leniência, conforme reconhece o próprio governo: a lei dá à
Controladoria-Geral da União o poder de capitanear as negociações, mas
tanto o MPF quanto o Tribunal de Contas da União deram a si mesmos
atribuições de intervir nos acordos. Como resultado, ninguém sabe ao
certo quem procurar, com quem negociar e como se proteger.
Isso ficou claro no fim de março,
quando o TCU determinou que Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade
Gutierrez renegociem seus acordos assinados com o MPF em Curitiba. A
conclusão da corte de contas foi que as fraudes a licitações cometidas
pelas empreiteiras causaram danos de R$ 16 bilhões ao erário, mas seus
acordos previam pagamentos de R$ 8,6 bilhões.
Mora legislativa
Emílio não é o patriarca da Odebrecht. É filho do fundador, Norberto,
que batizou a Construtora Norberto Odebrecht. Mas é quem cuida das
relações com os políticos graúdos, sempre junto com a Diretoria de
Relações Institucionais, comandada por Cláudio Melo Filho, que a herdou
do pai.
Na delação, Emílio conta que, diante da situação em que a
empresa se encontrava, e de seu drama familiar – Marcelo, seu filho e
presidente da companhia, fora preso em junho de 2015 –, entendeu que a
melhor solução seria um acordo de leniência. Sinalizaria um novo começo
para o mercado financeiro, ao mesmo tempo em que garantiria que a
companhia continuasse funcionando, permitindo a recuperação do emprego e
da economia do país, já em crise.
Mas a ideia do empresário era
que o acordo permitisse à empresa confessar os malfeitos, ressarcir os
cofres públicos, mas eximir seus funcionários de se implicar
pessoalmente nos fatos, o que não seria possível pelas regras da Lei
Anticorrupção. Em diversos pontos do depoimento, Emílio Odebrecht diz
que sua ideia sempre foi aproximar o Ministério Público dos acordos. Seu
problema era com a possibilidade de, além do MP e da
Controladoria-Geral da União, também a Advocacia-Geral da União e o
Tribunal de Contas da União interferissem nas negociações e nas
cláusulas contratuais.
Hoje, enquanto acordos estão parados há dois anos
na CGU, o TCU vem reclamando de cláusulas negociadas pelas companhias
com o MPF.
Emílio conta no depoimento que sua ideia foi procurar
entidades representantes da indústria e de grandes empresas, além de
sindicatos. O argumento sempre foi o de que a retomada do emprego seria
essencial para a recuperação econômica, mas precisava de apoio. “Fui a
todas as entidades. Firjan, à Federação das Indústrias da Bahia, de São
Paulo, todas. Quanto maior o número de envolvidos, mais conforto para um
governo fraco”, explicou.
Então ministro da Casa Civil, Jacques Wagner recebeu Emílio Odebrecht para discutir ajustes na Lei Anticorrupção.
Poucos meses depois disso, a Odebrecht percebeu que o Congresso, “em
decorrência das crises internas”, não aprovaria as leis em discussão a
tempo. E em novembro de 2015, Emílio e Cláudio Melo Filho foram a
Brasília para uma reunião com Jacques Wagner.
Um mês depois foi
editada a Medida Provisória 703. Entre outras soluções, a MP dizia
expressamente que o acordo seria celebrado pelo Poder Executivo, por
meio de seus órgãos de controle, “de forma isolada ou em conjunto com o
Ministério Público e com a advocacia pública”.
Portanto, a participação
do Ministério Público seria opcional. O TCU não estava no rol de
participantes dos acordos e, portanto, não poderia interferir.
“O
então ministro Jacques Wagner solicitou alguma ajuda em troca de ajudar
vocês?”, quis saber um dos procuradores presentes ao depoimento. “Não,
até porque já estávamos muito fragilizados. Seria um torto pedindo prum
aleijado”, respondeu Emílio.
Pressões
Pouco depois da edição da medida provisória, a autoproclamada
força-tarefa montada pelo Ministério Público Federal em Curitiba para
tocar a “lava jato” se mobilizou. A MP é do dia 18 de dezembro de 2015.
No dia 6 de janeiro de 2016, o procurador da República Carlos Fernando
dos Santos Lima disse ao jornal O Globo que a norma foi um golpe na operação, que buscava evitar um “acordão” entre governo e empresas.
Santos Lima é o procurador responsável por negociar as leniências da “lava jato”. Ao Globo,
ele disse que o objetivo do governo era acabar com um inciso da lei que
só autoriza a celebração do acordo com a primeira companhia que
denunciar o ilícito a ser investigado. “A mensagem que fica é a de que,
se necessário, quando interesses poderosos estão em jogo, o governo
federal fará as alterações necessárias para salvar empresas, ou quem
mais a coalização de partidos entender importantes, para a manutenção do
status quo”, atacou.
Na mesma entrevista, o procurador
disse que o Ministério Público é o único “capaz de saber a real extensão
da responsabilidade criminal e cível de uma empresa investigada”. Mas
aí esbarrou no TCU. Em fevereiro de 2015, a corte de contas aprovou a
Instrução Normativa 74, que lhe deu o poder de fiscalizar todos os
acordos de leniência que tratassem de fraude a licitação. A explicação é
que o TCU é o órgão cuja função constitucional é fiscalizar o uso do
dinheiro público – e os acordos, por prever o ressarcimento ao erário,
estariam no raio de alcance do TCU. Discurso defendido em público e no
Congresso.
Em agosto de 2016, já depois de passadas as polêmicas
em torno da MP 703, os ministros do TCU saudaram o governo do presidente
Michel Temer, por ter se mostrado aberto ao diálogo. E por ter retirado
o apoio às mudanças propostas pelo governo anterior, da presidente
Dilma Rousseff, nas regras do acordo de leniência.
Freio de arrumação
“Assim que vimos a reação (do Ministério Público), falei: ‘opa, freio de arrumação, levanta os flaps”,
disse Emílio Odebrecht em sua delação premiada à “lava jato”. Ele conta
que, quando viu a repercussão negativa das mudanças nas regras do
acordo de leniência, desistiu da batalha e decidiu convocar seus
diretores para fazer a tal “colaboração definitiva”.
Essa
colaboração foi anunciada em março de 2016, mas o primeiro encontro
entre executivos da empreiteira e representantes da PGR aconteceu no dia
26 de fevereiro, segundo Emílio.
“Bom, já estabelecemos que a
medida provisória não foi convertida em lei. Ela foi uma forma de evitar
a colaboração premiada e ficar numa leniência mais ampla? Foi só quando
ela não foi convertida em lei que a Odebrecht mudou de ideia?”,
questionou o promotor de Justiça Sérgio Bruno Cabral Fernandes, que
coordenava o depoimento. “Não”, responde de pronto Emílio. “Mas
efetivamente a gente só começou a conversar depois”, insiste o promotor.
“Me dê um voto de confiança: a nossa decisão foi por convicção”,
garante Emílio.
Mas depois explicou que nem só de convicção foi
feita sua delação. “Não foi o problema de ter caducado ou não. A reação é
que nos fez repensar. Concomitante com o programa [de colaboração], a
uma série de fatores, todas aquelas buscas e apreensões, ainda com uma
reação clara e evidente [contra a MP]... Não foi porque ela ia ou não ia
ser aprovada. Foi a reação”, disse.
“Uma coisa está ligada à
outra. A reação foi grande e provavelmente a medida provisória não ia
ser aprovada”, desconfia o promotor. E Emílio resume: “Posso lhe dizer
concretamente: além da reação, também havia a questão das famílias”.
PET 6.662
Clique aqui para ler o anexo em que Emílio Odebrecht fala da MP 703
Clique aqui para ler o anexo de Cláudio Melo Filho sobre Jacques Wagner, no qual ele também fala da MP 703
Empresa, filial financeira do Alibaba Group Holding, aumentou sua oferta para 18 dólares por ação em dinheiro ante 13,25 dólares
Por
Reuters
MoneyGram: Ant Financial avaliou a MoneyGram em torno de 1,2 bilhão de dólares (Ged Carroll/Wikimedia Commons)
São Paulo – A chinesa Ant Financial elevou sua oferta
pela MoneyGram International em 36 por cento, superando uma oferta rival
para obter aprovação do conselho da empresa de pagamentos eletrônicos dos EUA, embora ainda enfrente barreiras regulatórias.
A Ant, filial financeira do Alibaba Group Holding, aumentou sua
oferta para 18 dólares por ação em dinheiro ante 13,25 dólares,
avaliando a MoneyGram em torno de 1,2 bilhão de dólares.
Isso se compara a uma oferta de 15,20 dólar por ação da Euronet Worldwide no mês passado.
Um negócio bem sucedido seria a primeira grande aquisição da Ant em
um mercado desenvolvido.
Mas primeiro ela precisa passar por análises
regulatórias, incluindo uma do Comitê de Investimentos Estrangeiros
(CFIUS), um painel inter-agências dos EUA que analisa as aquisições para
riscos de segurança nacional.
O CFIUS tem sido um obstáculo para vários negócios chineses nos
Estados Unidos e um acordo com a Euronet seria mais palatável a
políticos dos EUA em meio a tensões crescentes entre a China e os
Estados Unidos sobre comércio e política externa.
A Ant e a Moneygram disseram em uma declaração conjunta que fizeram
progressos na obtenção das aprovações regulatórias necessárias para
concluir a transação, incluindo para a obtenção da autorização
antitruste dos EUA. Eles acrescentaram que estão confiantes de que o
negócio será concluído este ano.
Odebrecht: a grande maioria da multa da empresa, US$ 2,4 bilhões, irá para o Brasil (Mariana Bazo/Reuters)
Nova York – A parcela que cabe aos Estados Unidos no acordo global que a construtora brasileira Odebrecht fechou foi reduzida durante a sentença proferida nesta segunda-feira contra a companhia por um tribunal federal no Brooklyn.
No total, a Odebrecht terá de pagar US$ 2,6 bilhões a Brasil, Suíça e
EUA, após ter admitido que manteve um esquema de propinas ao longo de
15 anos em mais de uma dezena de países que, segundo promotores
americanos, levou a pagamentos irregulares de US$ 3,34 bilhões.
A grande maioria da multa da Odebrecht, US$ 2,4 bilhões, irá para o
Brasil. A Suíça receberá US$ 116 milhões e os EUA ficarão com US$ 93
milhões, segundo a sentença proferida pelo magistrado Raymond J. Dearie.
A companhia também terá de manter um monitor de compliance.
O acordo havia estipulado que as autoridades brasileiras ficariam com 80% da multa, com a Suíça e os EUA ficando com 10% cada.
Inicialmente, os EUA receberiam US$ 117 milhões, mas a decisão
judicial disse, baseando-se na análise da capacidade de pagamento da
companhia, que a Odebrecht “tem a capacidade de pagar, e irá pagar” US$
93 milhões aos EUA antes de 30 de junho de 2017.
A Odebrecht enfrentava o risco de uma multa de US$ 4,5 bilhões, mas a
companhia disse que não poderia pagar mais de US$ 2,6 bilhões. Os EUA e
o Brasil realizaram uma análise sobre sua capacidade de pagamento que,
segundo memorando de 11 de abril, concluiu que a alegação da construtora
era correta: ela não poderia arcar com mais de US$ 2,6 bilhões.
Um porta-voz da promotoria dos EUA para o Distrito Leste de Nova York
não quis comentar o tema. Um advogado da Odebrecht não havia respondido
um pedido de declarações. A Odebrecht já havia emitido anteriormente um
pedido de desculpas por suas ações.
Antes desse, o maior acordo anticorrupção já fechado havia sido com o
conglomerado alemão Siemens, que em 2008 chegou a um acordo para pagar
US$ 1,6 bilhão.
A Odebrecht, segundo os documentos judiciais, criou uma divisão
interna que “na prática funcionava como um departamento de propina”, a
chamada “Divisão de Operações Estruturadas”, que usava um sistema de
comunicações fora dos registros que permitia aos empregados da
construtora se comunicarem entre si e com operadores financeiros de
fora, além de outras pessoas envolvidas, por meio de e-mails seguros e
mensagens instantâneas com o uso de códigos e senhas, de acordo com a
documentação.
A companhia buscou e utilizou bancos menores em países com regras de
sigilo rígidas para levar adiante o esquema, pagando taxas extras, uma
juros mais altos e uma porcentagem de cada transação ilícita para certos
executivos para garantir sua cooperação, segundo os documentos.
Em um caso em Antígua, a Odebrecht comprou o braço local de um banco,
o que permitiu que membros do esquema, entre eles políticos de diversos
países, abrissem contas e recebessem transferências sem chamar a
atenção. Fonte: Dow Jones Newswires.
A proposta de joint
venture, que poderia ser avaliada em pelo menos 10 bi de euros,
combinaria as atividades de fabricação de trens e sinalização
Por
Eyk Henning, Alex Webb e Frederic Tomesco, da Bloomberg
Trens: nenhuma decisão final foi tomada e a
combinação necessitaria de aprovação das autoridades antimonopolistas e
poderia enfrentar resistência dos sindicatos (Simon Dawson/Bloomberg)
Frankfurt/São Francisco/Montreal – A Siemens e a Bombardier estão
negociando a combinação de suas operações de trens, disseram pessoas
com conhecimento do assunto, o que poderá criar uma empresa capaz de
suportar melhor a concorrência crescente da China.
A proposta de joint venture, que poderia ser avaliada em pelo menos
10 bilhões de euros (US$ 10,6 bilhões), combinaria as atividades de
fabricação de trens e sinalização das empresas, disseram as pessoas, que
pediram anonimato porque as discussões são privadas. O acordo pode ser
fechado na metade do ano, disse uma das pessoas.
Nenhuma decisão final foi tomada e a combinação necessitaria de
aprovação das autoridades antimonopolistas e poderia enfrentar
resistência dos sindicatos, disseram. Representantes da Siemens e da
Bombardier preferiram não comentar.
Analistas do Société Générale avaliaram a unidade de mobilidade da
Siemens em cerca de 7,2 bilhões de euros, enquanto a Veritas Investment
Research afirmou que a participação de 70 por cento da Bombardier em sua
empresa de transporte está avaliada em pelo menos US$ 5 bilhões.
As negociações entre a Bombardier e a Siemens começaram no início do
ano, disseram as pessoas. Uma combinação ajudaria as empresas a evitar a
pressão das concorrentes chinesas, que estão se expandindo
internacionalmente e ameaçando sua participação de mercado.
Preocupações com autoridades
A Bombardier vendeu uma fatia de 30 por cento de sua divisão de trens
à gestora de fundos Caisse de Dépôt et Placement du Québec no ano
passado, avaliando a unidade em US$ 5 bilhões e ajudando a empresa com
sede em Montreal a levantar capital em um momento em que enfrentava uma
crise de liquidez decorrente dos atrasos de seus novos jatos.
Contudo, as preocupações de origem antimonopolistas enfrentadas pelas
duas empresas centradas na Europa poderiam ser um obstáculo ao acordo. A
Siemens e a Bombardier provavelmente também teriam que conseguir o
apoio dos representantes dos trabalhadores, que se oporiam à eliminação
de empregos.
Enxugamento da Siemens
A transferência de sua divisão de mobilidade para a joint venture
enxugaria ainda mais o vasto conglomerado Siemens, que até uma década
atrás consistia em mais de uma dezena de unidades que fabricavam de
tudo, de redes móveis a lâmpadas e equipamentos industriais pesados.
O CEO Joe Kaeser passou os últimos anos reduzindo o foco da Siemens
nos campos de energia, automação de fábricas e software industrial. Ele
vendeu a maior parte da divisão de lâmpadas e anunciou planos de listar
ações da subsidiária de saúde, que produz escâneres médicos e outros
equipamentos de imagem.
A Siemens fabrica o trem de alta velocidade ICE, que conecta cidades
alemãs como Colônia, Berlim e Munique. A divisão também fabrica bondes e
equipamentos de sinalização.
A unidade de mobilidade da Siemens é perseguida há anos por prejuízos
e pagamentos de indenizações devido à demissão de funcionários, gerando
a especulação recorrente de que a companhia poderá buscar um parceiro
como a Bombardier ou a Alstom, a fabricante francesa dos trens TGV.
A oferta da Siemens em 2014 para compra da Alstom fracassou diante de
uma proposta concorrente da General Electric, que acabou adquirindo os
ativos de geração de energia da Alstom.
Odebrecht: "se a gente fosse pagar tudo da
forma lícita daria 100 milhões de dólares em doações eleitorais da
Odebrecht", diz a delação (Paulo Whitaker/Reuters)
São Paulo – O executivo Luiz Eduardo da Rocha Soares disse em delação premiada que a Odebrecht evitava a realização de pagamentos lícitos, por isso elegia a via do caixa 2 e da propina para satisfazer políticos e partidos.
Em um dos depoimentos à força-tarefa da Procuradoria-Geral da
República, tranquilamente ele explicou. “Primeiro que não gostávamos de
fazer muitos pagamentos lícitos, porque chamava muito a atenção.”
“Por exemplo, se a gente fosse pagar tudo da forma lícita daria 100
milhões de dólares em doações eleitorais da Odebrecht”, disse,
referindo-se às eleições de 2010. “Em 2010 acho que foram 50 milhões de
reais, então é pouco.”
“É pouco?”, questionou um procurador.
“É pouco, é pouco”, respondeu o delator.
Neste relato, Luiz Eduardo da Rocha Soares abordou exclusivamente a
rotina de apoio a pagamentos lícitos e ilícitos nas campanhas eleitorais
de 2006, 2008, 2010 e 2012.
Da eleição de 2014 – reeleição de Dilma – ele não participou, segundo afirmou, porque a Lava Jato já estava na rua.
“Logo que nós assumimos essa área, Hilberto (Mascarenhas, chefão do
Departamento de Propinas da empreiteira) e eu, essa área de operações
estruturadas, tivemos que apoiar toda parte de pagamento a campanhas
eleitorais e apoiar o Benedicto Júnior (o ‘BJ’) para fazer isso.”
Segundo o executivo, o Grupo decidiu escalar “um coordenador nesse negócio”.
“Como a empresa é altamente descentralizada, várias pessoas poderiam
ter contato com os mesmos políticos. Então, tudo era centralizado, tudo
em uma pessoa só, a Infraestrutura.
O Benedicto Júnior pediu meu apoio para apoiá-lo tanto no controle de
pagamento de coisas de doações lícitas como as ilícitas também.”
Luiz Eduardo, sob compromisso de “dizer a verdade” – conforme o
Acordo de Colaboração Premiada que assinou – entregou aos procuradores
uma planilha de controle de desembolsos.
“Fizemos diversos tipos de planilhas. Eu fazia o acompanhamento. Nos
primeiros momentos a gente usava muito codinome estranho, assim tipo
‘capitão’, ‘tenente’, ‘sargentos’ e ‘cabos’.”
Indagado sobre quem fazia os pagamentos lícitos, o executivo
informou. “Era a tesouraria corporativa da empresa. Eu controlava e
coordenava tudo.
O Benedicto Júnior me falava quais pagamentos era para serem feitos.
Eu solicitava para a tesouraria corporativa da empresa. Como se fosse
uma pessoa cuidando da parte de eleição, doações eleitorais é com o Luiz
Eduardo.”
Ele disse que ‘BJ’ o comunicava sobre quais partidos e políticos
iriam receber. “Eu providenciava o pagamento dessas doações. Tinha
planilhas. Doações para partidos e candidatos. Aí é que está, nós nunca
pagávamos os candidatos diretamente, a gente só gostava de pagar o
Diretório Nacional, daí o Diretório Nacional tinha que mandar para quem
de direito.”
Luiz Eduardo contou que fazia os contatos com os políticos,
informando sobre a doação que estava sendo mandada para o Diretório
Nacional.
No caso de eleição de vereador e prefeito, os repasses eram feitos para os Diretórios Municipais.
Sobre a planilha que entregou aos procuradores, referente a este tema
específico, o delator garantiu a autenticidade do documento. “Planilha
da época (dos lançamentos de valores). Em arquivo eletrônico.”
O procurador indagou. “Se a gente colocar em perícia vai dizer que foi criado em tal dia, lá atrás? Não foi modificado?”
“Não, não tinha como fazer agora.”
“Estava guardado no sistema?”, insistiu o procurador.
“(esta cópia) Estava fora, mas está no sistema também.”
Sobre o cotidiano de pagamentos ilícitos ele explicou. “Vou te dar um
exemplo. Tinha o LE, líder empresarial, e vários diretores, o Sérgio
Neves, de Minas, o Leandro Azevedo, do Rio, cada um fazia a sua planilha
com os codinomes. A gente se reunia com os codinomes para quem a gente
ia pagar, de que forma ia pagar, e saíamos fazendo os pagamentos durante
o ano eleitoral.”
Ele contou que “não tinha esse poder” de decidir sobre o que era
pagamento lícito do ilícito. “Vinha ordem para pagar, de uma forma ou de
outra. É claro que o meu trabalho, logicamente, era executar e fazer a
administração da falta. Então, quanto nós demos de dinheiro? Dessa forma
quanto temos de dinheiro? Eu sugeria ‘estamos pagando muito através
dessa empresa, temos um limite de dois por cento sobre o faturamento,
não vamos mais pagar com essa empresa, vamos por aquela’. Nisso eu
ajudava.”
Os investigadores insistiram com o delator sobre as alcunhas lançadas
nas planilhas de propinas. “No começo a gente fazia até uma
brincadeira. Se era o centroavante era o presidente, ou o capitão era o
presidente, tenente o governador, sargento deputado federal e cabo
deputado estadual, só para separar um pouquinho.”
Ele traduziu alguns codinomes. “‘Próximus’ é Sérgio Cabral,
‘Mineirinho’ é Aécio Neves, ‘Nervosinho’ é Eduardo Paes, ‘Vizinho’ é o
José Serra, Humberto Costa é o ‘Drácula’, Campari é o Gim Argello,
‘Ferrari’ o Delcídio Amaral.”
O novo reitor da PUCRS, Evilázio Teixeira, cobra das universidades a geração de riqueza e não só de papers
Por Marcos Graciani
graciani@amanha.com.br
O gabinete de onde o Irmão Evilázio Teixeira passou a
comandar a PUCRS desde 9 de dezembro possui duas amplas estantes com
mais de 3 mil volumes. Mas não são os únicos da coleção. “Eu tenho uma
biblioteca digital com 15 mil títulos. Costumo ler no iPad”, conta,
sorridente. O repertório de interesses dele passa por administração e
direito, além, naturalmente, de teologia e filosofia. Mas já de algum
tempo, sua atenção tem se voltado para estudos sobre gestão –
especialmente de universidades. Em breve, o efeito desta imersão ficará
mais claro. Como antecipou a AMANHÃ na entrevista a seguir, ele prepara a
PUCRS para um redesenho que transformará 22 unidades acadêmicas em oito
escolas, uma estrutura muito comum em universidades europeias.
Ler
é apenas um dos hobbies de Teixeira. Outro é cozinhar. Eclético, vai da
culinária italiana a brasileiríssimos pratos à base de peixe, que
aprendeu a preparar com a mãe, a irmão e seus vários amigos. “Aprecio o
convívio humano. E me entendo como uma pessoa bem humorada e de fácil
acesso. Não gosto de muita formalidade”, sorri, com um jeito bonachão
que, em vários momentos da conversa, deu lugar a um semblante mais
sério, especialmente quando censurou as violações à ética no Brasil e
reconheceu que ainda serão necessárias algumas décadas para que os
brasileiros aprendam a cobrar melhor postura dos homens públicos, passo
essencial para vitalizar a democracia no país.
Outra crítica é
dirigida para o próprio ambiente acadêmico. Segundo Evilázio Teixeira,
as universidades também pecam por inovar pouco, ainda que produzam
inúmeras pesquisas acadêmicas.
“Temos muito a fazer para que o
conhecimento consiga gerar riqueza e inovação. Tem de haver um
posicionamento interno diferente das universidades”, cobra o novo reitor
da PUC, com a autoridade de seus três bacharelados (Teologia, Filosofia
e Direito), duas licenciaturas, dois mestrados e dois doutorados
(Teologia e Filosofia). “O atual [posicionamento das universidades] ainda é fruto de uma cultura que herdamos.”
Quais são os seus planos para a universidade nos próximos anos?
Acabamos
de definir o planejamento até 2022 que está calcado em inovação e
desenvolvimento. A principal ação é a transformação de 22 unidades
acadêmicas em 8 escolas, algo que vai representar um novo marco para o
futuro da PUCRS. No Brasil, esse modelo ainda é incipiente, mas as
grandes universidades do mundo já deram esse passo que é unificar por
áreas de conhecimento. Essas escolas permitirão maior
interdisciplinaridade. É uma caminhada em busca de consolidar a
excelência, pois assumimos cada vez mais essa condição de ser uma
universidade de classe mundial. Entendemos que esse novo desenho vai
permitir maior flexibilização, agilidade e descentralização na gestão.
Essa agenda também permitirá a maior interação com o setor produtivo, de
modo especial, empresas e governo, sem abrir mão do empreendedorismo, a
exemplo do que acontece com o InovaPUC. Chegamos em um nível de
pesquisa com patamar de excelência nacional e internacional. Mas também
precisamos fortalecer o ensino oferecendo outros ambientes de
aprendizagem.
O TecnoPUC, que
foi eleito recentemente o melhor parque científico e tecnológico do
Brasil, é um exemplo do que a instituição pretende?
Exato. O
TecnoPUC representa, desde a sua fundação, um ciclo virtuoso da relação
entre universidade e setor produtivo. A universidade agrega um valor
para o mundo empresarial, pois oferece conhecimento. Por sua vez, as
empresas nos ajudam muito, pois a universidade passa a ter a capacidade
de oferecer para inúmeros estudantes bolsas de graduação, de mestrado e
de doutorado. Essa relação é extremamente importante. Continuaremos
expandindo o parque tecnológico. Criamos o InovaPUC, o CriaLab, o
Instituto Idea, enfim, áreas que fomentarão inovação de modo muito
interessante. E além de ampliar o TecnoPUC, criamos recentemente o
Global TecnoPUC, uma área à disposição não apenas da comunidade
acadêmica mas também das empresas, que podem fazer experiências as mais
diversas no sentido de experimentação e de criatividade.
Os
empresários, em geral, afirmam que há ainda muita distância entre o
ambiente acadêmico e as necessidades das companhias. Como o senhor
recebe essa crítica?
Acho que muitas barreiras já foram
superadas, mas elas devem se tornar cada vez menores. O caminho deveria
ser, proporcionalmente, trazer mais empresas para dentro [da universidade]
e levar mais estudantes para as empresas. É uma via de duas mãos.
Talvez ainda tenhamos de romper com uma tradição demasiada academicista
para algo mais ligado ao setor produtivo, pois é ali onde a inovação
floresce. Outro elemento a se ter em conta é que o conhecimento tem de
ajudar a solucionar problemas.
Como fazer uma boa síntese e ser capaz de dar respostas rápidas e objetivas, mas sem perder a tradição humanista?
Essa
é a nossa missão, pois a academia tem de construir sínteses que só ela é
capaz de fazer. Há necessidade de oferecer respostas rápidas para as
demandas da sociedade e das empresas, mas a universidade não pode perder
sua capacidade crítica, pois é um lugar de reflexão. Ela é capaz de
pensar o ser humano de modo mais integrado, não o tendo apenas como um
profissional de mercado, mas também como um cidadão. Sabemos que o
conhecimento exige uma velocidade quase incontrolável. Porém, não
podemos perder as raízes.
Ainda
há entre os pesquisadores brasileiros relutância em dirigir suas
pesquisas para conhecimento que se transformará em produto de mercado?
Sim.
Porém, creio que estamos avançando bastante no Brasil, embora em escala
ainda menor que outros países como os Estados Unidos e parte da Europa.
É que temos um conceito de que o conhecimento acadêmico é imaculado. No
entanto, temos de nos dar conta que o fato de gerar riqueza não macula o
conhecimento – antes pelo contrário: o engrandece. Acho que essa é uma
barreira que já foi ultrapassada. Mas é preciso se dar conta que não
basta produzir papers somente. A pesquisa acadêmica tem de desembocar em
inovação e empreendedorismo. E pesquisa que inova necessariamente tem
de gerar riqueza para o país.
Os pesquisadores brasileiros, na sua opinião, são também inovadores?
Temos
um déficit aí, pois o Brasil é um país que produz muita pesquisa, mas
não inovação. Há ainda muito a fazer para que o conhecimento consiga
gerar riqueza e inovação. Tem de haver um posicionamento interno
diferente das universidades. O atual [posicionamento da universidade]
ainda é fruto de uma cultura que herdamos. Somos resistentes às
mudanças. E, claro, outro elemento que interfere sem dúvida nenhuma, é
que o conhecimento tem uma dimensão pragmática. E isso, para nós, é
ainda um motivo de resistência.
Nessa linha, o lucro ainda é mal visto por alguns setores da academia?
Na academia, não trabalhamos com essa ideia de lucro como se faz nas empresas, mas [trabalhamos] com superávit, pois temos de investir [o resultado final do exercício].
Acho que é mais uma questão de vencer o preconceito no que se refere à
ideia de que o conhecimento tem de gerar riqueza. E a riqueza não é um
mal. O problema não é o lucro, é a distribuição da riqueza. Por isso, a
universidade tem essa missão de incluir todas as classes sociais para
que todas tenham acesso ao conhecimento e possam produzir riqueza. O
profissional do futuro, de qualquer classe social, não pode mais pensar
em ser bom apenas naquilo que faz. Ele terá de pensar que vai ter de
gerar empregos também. Essa é a ideia da universidade também enquanto
uma instituição que inova e que ajuda o estudante a se tornar um
empreendedor, um empresário. E que maravilha que isso aconteça, pois é
muito positivo.
Como o senhor avalia o ambiente político atual no Brasil?
O
cenário é de muita instabilidade e de bastante insegurança. E,
obviamente, essa instabilidade tem impacto direto no crescimento
econômico. Espero que os governantes tenham sabedoria e serenidade
suficiente para que consigam colocar o Brasil em um bom rumo de
desenvolvimento, inclusão e justiça social.
As universidades podem contribuir nesse sentido?
As
universidades têm cumprido uma tarefa importante. Posso falar mais
especificamente da PUCRS, pois a conheço mais. Hoje, de cada quatro
alunos, um tem algum tipo de incentivo. Fazemos isso justamente para
manter o universitário e dar oportunidade para que possa também acessar o
ensino. É uma grande contribuição que a universidade dá para a
sociedade. A universidade se esforça para trazer o máximo possível de
alunos, formá-los bem e devolvê-los para o mercado de forma que sejam
competentes e bons cidadãos. Outro elemento com o qual estamos muito
alinhados é essa visão de inovação, pois a universidade é um vetor do
desenvolvimento da sociedade – e ela não faz isso sozinha. Antigamente,
se falava muito no conceito da tríplice hélice. Ou seja, a interação
entre universidade, governo e empresa. Hoje, o destaque é a quádrupla
hélice, onde a sociedade de junta com governo, empresa e a universidade.
A sociedade deve demandar à universidade a solução de seus problemas,
mas também deve ajudar a universidade a ser uma instituição melhor.
A sociedade brasileira está realmente preparada para demandar governos, empresas e universidades?
Acho
que será um processo de amadurecimento. Alguns grupos já estão bem mais
conscientes, enquanto outros precisam avançar. Mesmo porque não temos
hoje no Brasil uma democracia intelectualizada. Temos muito a fazer
neste sentido. É um grande caminho que deverá passar por um processo de
conscientização. Muitos segmentos da sociedade já apontam para esse
caminho, mas muitos ainda não acordaram e vão ter de acordar. Creio que
isso ainda poderá levar décadas.
Por qual razão a falta de ética parece imperar no Brasil – e não apenas no campo político?
Ética
não se ensina, se pratica. A ética não pode ser mero discurso ou
princípio filosófico. Ela é aquela prática em busca do bem cotidiano.
Talvez para nós seja difícil falar dela, pois ouvimos muito discursos,
mas que não correspondem à prática cotidiana. Falar de ética tornou-se
um jargão. Faltam exemplos a seguir. Precisamos de líderes éticos, de
testemunhos de ética, de bons exemplos. As palavras emocionam, os
discursos maravilhosos, efusivos criam emoção e causam até comoção. Mas é
o exemplo que arrasta as pessoas e que faz com que elas queiram viver
determinado projeto ou não.
O
Brasil caiu no ranking mundial de educação em Ciências, Leitura e
Matemática. Qual a parcela de culpa do ensino superior nessa
estatística?
Assim como existem círculos virtuosos existem os
viciosos. E o ensino superior está dentro desse círculo vicioso. Temos
déficits muito fortes no que se refere à educação básica. A formação das
nossas crianças hoje tem um nível de qualidade baixíssimo. O Brasil
estava até um pouco melhor comparado com a Coreia do Sul no final da
década de 1960. Hoje, a Coreia do Sul deu um salto inigualável. Nós
ficamos para trás. Eu creio que nós não fizemos o dever de casa ao longo
dessas quatro décadas. E aí temos um déficit logo de início que vai ter
repercussão quando esse aluno chegar na academia. A universidade tem o
compromisso de formar bons educadores, mas as deficiências dos jovens
que chegam nas faculdades aumentaram nas últimas décadas. Por isso a
universidade tem de criar outras possibilidades [de aprendizagem].
Precisamos trabalhar em um modelo mais criativo e participativo. Hoje,
lamentavelmente, ser professor no Brasil é uma opção muito secundária.
Veja o que está acontecendo com as licenciaturas em todo o país. Em
poucos anos não teremos professores, em algumas áreas específicas já
está faltando, pois não há incentivo para que sigam a carreira.
O
senhor concorda com a avaliação de que a União Federal gasta demais com
ensino superior e muito pouco, e mal, com educação básica?
Nos
últimos 20 anos os investimentos em educação superior baixaram muito, e
mais especificamente nos últimos anos esses aportes sofreram uma
diminuição muito forte. No que se refere especificamente a essa
proporcionalidade de que se gasta demasiadamente em ensino superior e
menos em educação fundamental, confesso que não teria um posicionamento,
pois teria de me aprofundar melhor. Já ouvi alguns comentários em
relação a isso. Mas posso afirmar que os investimentos em educação
superior caíram muito.
Por quais razões?
Tem
muito a ver com as constantes crises e essa instabilidade política.
Isso não faz bem para ninguém. Os ajustes que o Brasil necessariamente
precisa fazer e que há anos não consegue implementar tem como
consequência a retração dos investimentos em quase todas as áreas. E o
ensino superior também foi afetado.
Quais são as condições que o Brasil deve oferecer para estancar a constante fuga de cérebros para outros países?
Creio
que melhorar as condições dos pesquisadores e das instituições e
oferecer as mesmas condições que já existem no mundo globalizado. A
instabilidade do Brasil, lamentavelmente, tende a incentivar essa ida de
pesquisadores para outros países. No que se refere especificamente à
área da pesquisa, temos de oferecer mais incentivos para que os melhores
permaneçam e ajudem a desenvolver nosso país. Porém, essa fuga de
cérebros, que alguns chamam de Brain Drain,
é um fenômeno universal. Os melhores matemáticos da Índia, por exemplo,
não trabalham lá. Eles estão nos Estados Unidos. Nesse mundo
globalizado, quem acaba captando os melhores é a nação que dá melhores
condições. Por outro lado, creio que precisamos formar os profissionais
para o mundo e não mais para seus redutos. E, obviamente, pensar
globalmente, mas agir localmente. Porém, é fundamental oferecer melhores
condições. Não tem outro jeito.
Tarifa de integração entre metrô e ônibus subiu no sábado em 14,8%, de R$ 5,92 para R$ 6,80
Por
Estadão Conteúdo
João Doria: movimento prometeu que o protesto é "só o começo" (Facebook/João Doria/Reprodução)
Em protesto contra o aumento da tarifa integrada do
transporte público na capital paulista, integrantes do Movimento Passe
Livre São Paulo (MPL) atearam fogo em pneus na Rua Colômbia, no Jardim
América, na zona sul da cidade, na manhã desta segunda-feira, 17. A via
fica nas proximidades da residência do prefeito da capital, João Doria (PSDB).
O grupo se expressou pelo Facebook: “O prefeito que adora se fingir
de trabalhador com fantasias de agente da CET ou de gari, não respeita e
nem sente empatia pelos trabalhadores e trabalhadoras da cidade. Essa
ação promovida pelo Movimento Passe Livre – SP na Rua Colômbia é a
primeira reação contra esse aumento injusto que segrega cada vez mais o
povo da periferia. Estamos colados em você, prefeito! Mais próximos do
que você imagina e não haverá trégua nessa luta enquanto houver
catracas, enquanto houver tarifa e enquanto houver injustiça social.”
Dois fotógrafos de mídias independentes foram presos no momento em
que registravam o protesto e foram encaminhados ao 15º Distrito Policial
(Itaim Bibi).
A Prefeitura de São Paulo ainda não se manifestou sobre a ocorrência.
Reajuste
Após obter aval da Justiça, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu
aplicar a partir de sábado, 15, o reajuste de 14,8% na tarifa integrada
entre ônibus e trilhos (trem e metrô) na capital paulista.
Com o aumento, o valor do bilhete de integração passou de R$ 5,92 para R$ 6,80.