Em fins de 1945, o brigadeiro Eduardo
Gomes, representando a UDN, os tenentistas traídos e as principais
forças políticas que se opunham ao Estado Novo, disputaria a eleição
contra o general Eurico Gaspar Dutra. Em gesto de equívoco político,
Gomes teria dito em 19 de novembro que não precisava dos votos “desta
malta de desocupados que apoia o ditador” para se eleger presidente.
O getulista e petebista Hugo Borghi
ouviu o discurso e descobriu que a palavra “malta” tinha duas acepções:
podia tanto significar “bando” quanto ser sinônimo de “marmiteiros”,
trabalhadores que percorriam as linhas férreas carregando suas marmitas.
Obviamente Eduardo Gomes se referia ao primeiro significado. Mas
pronto: Borghi foi à imprensa bradar que o brigadeiro desprezava os
marmiteiros, os populares, os menos favorecidos trabalhadores. Foi a pá
de cal, junto com toda a estrutura estadonovista, para a derrota de
Eduardo Gomes.
Não é, pois, novidade que as esquerdas
manipulem declarações para destruir a reputação de seus desafetos e
fazê-los parecer alérgicos ao povo em geral. Entretanto, o que esse
“pseudoveículo jornalístico” chamado Diário do Centro do Mundo acaba
de fazer com João Amoêdo, pré-candidato à presidência pelo Partido
Novo, vai além. Se podemos considerar que Eduardo Gomes fora um pouco
infeliz em sua declaração, Amoêdo nem sequer disse qualquer coisa de
mais. O Diário elevou a escola pérfida de Borghi a novo patamar.
Como todos já devem saber, a intervenção
federal na segurança pública do Rio de Janeiro está dominando os
noticiários. Uma das medidas tomadas pelo Exército que foram objeto dos
noticiários nos últimos dias foi um esforço por elaborar registros dos
moradores das favelas. Prontamente setores das esquerdas e da imprensa
se escandalizaram com a atitude. O Jornal O Globo estampou a seguinte manchete: “Militares ‘ficham’ moradores durante operação em favelas da Zona Oeste”.
Em sua página pessoal, Amoêdo fez uma arte replicando a manchete, mas riscando as palavras “‘ficham’ moradores” e substituindo por “procuram criminosos”. Ou seja, a manchete ficaria “Militares procuram criminosos durante operação em favelas da Zona Oeste”. Ele comentou: “A
manchete original distorce os fatos, desqualifica o trabalho dos
militares e acaba dificultando o combate à criminalidade. Nas
comunidades do Haiti, os militares realizaram o mesmo procedimento e
foram aplaudidos”.
Isso é tudo. Algum absurdo, algum
escândalo? Nenhum. Ele disse exatamente que o procedimento não visa
“fichar” os moradores de favelas como se todos fossem criminosos sendo
catalogados no sistema policial, mas apenas encontrar os criminosos
entre eles – afinal de contas, é óbvio para qualquer um que conheça a
nossa realidade que, carambolas, os impérios do crime organizado estão
instalados nas favelas!
Vem o pseudojornalismo do
Diário do Centro do Mundo e põe na boca de Amoêdo exatamente o oposto do que ele disse! Basta ver a manchete:
“Presidente do Partido Novo chama moradores de favelas no Rio de criminosos”.
A única maneira de não considerar isso um abuso canalha, repugnante e
vil é admitir que os autores da matéria são analfabetos funcionais – e
não há como ter moderação nos termos diante de algo assim. Se alguém diz
que os militares estão registrando os moradores das favelas para
encontrar, entre eles, os criminosos, deduz-se daí que ele esteja
dizendo que todos eles o são? Nem deveria ser preciso refutar tamanha
sordidez interpretativa.
Isso provavelmente é só o começo. As
esquerdas vociferam contra as chamadas “fake News”, mas são as campeãs
da mentira. Por mais pacíficos que sejam os temperamentos, não
deveríamos deixá-las falando sozinhas e espalhando impunemente as mais
sórdidas calúnias – e seria bom começar já.
Diz-se que, se conselho
fosse bom, seria vendido, mas aí vai o nosso de graça: Amoêdo e o
Partido Novo deveriam estudar no campo jurídico uma reação contra essa
“matéria”.
O brigadeiro teve pouco o que fazer em 1945. Nós temos mais.
http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/diario-centro-mundo-conta-mentira-sem-vergonha-sobre-joao-amoedo/