quinta-feira, 5 de abril de 2018

STF rejeita habeas corpus a Lula, que fica mais próximo de ser preso


STF rejeita habeas corpus a Lula, que fica mais próximo de ser preso


Por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou no início da madrugada desta quinta-feira um pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decisão essa que deixa o petista, que lidera as pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, mais próximo de ser preso em breve para cumprir pena pela condenação imposta a ele pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no processo do tríplex do Guarujá (SP).

A maioria dos ministros seguiu o voto do relator do caso, Edson Fachin, para quem não houve qualquer ato ilegal na decisão anterior do Superior Tribunal de Justiça (STJ) do início do mês passado, que havia rejeitado habeas corpus e permitia a execução provisória da pena contra o ex-presidente após o fim dos recursos pelo TRF-4.

Lula foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo tribunal a cumprir pena de 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado e corre o risco de ser preso nos próximos dias.

Há duas semanas, o STF havia dado um salvo conduto temporário para evitar a prisão de Lula por ordem do TRF-4 até o julgamento do habeas corpus, cautelar essa que foi cassada. Na semana passada, aquele tribunal rejeitou por unanimidade os primeiros embargos da defesa do petista.

Agora, o TRF-4 está livre para decretar a ordem de detenção, embora seja possível que o tribunal espere um novo embargos de declaração para eventualmente tomar essa decisão —o prazo final para apresentação desse novo recurso é o dia 10 de abril.

No julgamento desta quarta, manifestaram-se contra o pedido da defesa, além de Edson Fachin, os colegas Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Rosa Weber —que era considerado o voto crucial do julgamento—, Luiz Fux e a presidente da corte, Cármen Lúcia, responsável por dar o voto de desempate.

Votaram a favor da concessão do salvo conduto, com diferentes modulações, Gilmar Mendes, que antecipou sua posição por motivo de viagem, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.

Gilmar e Tofolli defenderam explicitamente uma posição intermediária, para não haver execução provisória da pena até que ocorra o julgamento dos primeiros embargos de declaração a um eventual julgamento de recursos especial pelo STJ.

Os demais se mostraram favoráveis à execução apenas ao fim de todos os recursos possíveis, o chamado trânsito em julgado.

Após o julgamento, o advogado José Roberto Batochio evitou apontar os próximos passos da defesa do ex-presidente.

“Sem análise, primeiro nós precisamos refletir sobre a decisão”, disse Batochio a jornalistas.

“Enterrou-se uma garantia”, disse Sepúlveda Pertence, outro defensor do petista, sobre resultado do julgamento.

Como seria de se esperar, o resultado foi visto com desânimo por aliados do ex-presidente.

“Não há dúvida que foi um revés. Não esperávamos. A ministra Rosa cedeu às pressões e votou contra o próprio entendimento dela. É uma pena, uma ministra do STF não pode se curvar às pressões da mídia”, disse um parlamentar próximo a Lula que falou na condição de anonimato.

“Vamos ver agora quais são os caminhos que o partido vai tomar. Ainda temos algumas opções jurídicas, vamos continuar a batalha para que o presidente seja candidato”, acrescentou o parlamentar.

O ex-presidente assistiu à sessão do Supremo no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, próximo da sua atual residência. Mas acabou deixando o local antes do final do julgamento.


SEM ILEGALIDADE


O julgamento durou mais de 10 horas, começando na tarde de quarta-feira e se estendeu até o início da madrugada de quinta, com dois intervalos.

Apesar da expectativa de grandes protestos e potenciais confrontos, não foram registrados conflitos nas áreas destinadas na Esplanada dos Ministérios para os manifestantes favoráveis e contrários à detenção do petista. As manifestações foram esvaziadas, em parte, pela forte chuva que se abateu sob Brasília.

Primeiro a votar, Edson Fachin afirmou que não houve qualquer ato ilegal na decisão anterior do STJ do início do mês passado, que havia rejeitado habeas corpus e permitia a execução provisória da pena contra o ex-presidente, mesmo sendo cabíveis ainda recursos a cortes superiores.

“Esse cenário, a meu sentir, por si só indica que o ato apontado como coator, diante do entendimento atual desta corte, não traduz em ilegalidade e abuso de poder”, afirmou.

No início do seu voto, Fachin fez questão de ressaltar que a decisão do habeas corpus de Lula no STF só teria validade para o caso do ex-presidente e não poderia se transformar em paradigma para rediscutir a prisão em segunda instância.

Coube a Gilmar Mendes abrir a divergência. O ministro pediu para antecipar o seu voto —ele veio de e voltou para Portugal, onde participa de um evento do seu instituto de direito.

Segundo Gilmar, quando o Supremo decidiu em 2016 a respeito da execução da pena após a segunda instância, não disse que seria um “imperativo categórico”, mas sim uma “possibilidade”. Na ocasião, ele havia concordado com a nova jurisprudência.

Para o ministro, contudo, o novo entendimento da corte tem sido aplicado de forma “automática”.

“Não estamos diante de uma regra que se resolve do tudo ou nada, mas sim passível de conformação”, disse. “Sempre dissemos que a prisão é uma possibilidade jurídica, não uma obrigação”, completou.

O ministro, que seria o oitavo a votar, aproveitou seu pronunciamento para fazer críticas ao que considera mídia opressiva. Indicado pela corte pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ele também disse que o momento de intolerância em que se vive no país foi gestado por práticas do PT.

Gilmar afirmou que estava mudando de posição sobre o início do cumprimento da pena após a condenação em segunda instância.

“As prisões automáticas, elas empoderam um estamento que está por demais empopderado, o estamento dos delegados, dos promotores, dos juízes”, afirmou.


VOTO CRUCIAL


O voto mais aguardado do julgamento era o da ministra Rosa Weber, uma vez que, por meio de declarações públicas e votos anteriores, os posicionamentos dos demais ministros já eram praticamente conhecidos. Ela também não viu qualquer irregularidade na decisão do STJ que rejeitou o salvo conduto ao ex-presidente.

Ela defendeu, como fundamentação do seu voto, o respeito ao princípio da colegialidade na corte e a necessidade de se seguir a jurisprudência do tribunal.

Em 2016, a ministra foi voto vencido —era favorável à execução apenas ao fim de todos os recursos cabíveis— mas, após a decisão, começou a seguir a orientação firmada pelo plenário.

“Nesse contexto normativo e institucional, eu reputo o princípio da colegialidade imprescindível, porquanto a individualidade dentro do tribunal tem um momento delimitado a partir do qual cede espaço para a razão institucional”, disse, ao destacar que seu voto independia da sua posição pessoal no assunto.

A ministra também ressaltou que, embora a jurisprudência comporte “obviamente” evolução, é preciso “evitar rupturas bruscas a ser justificadas”.

Após o voto de Rosa Weber, o ministro Marco Aurélio Mello — relator de duas ações que discutem a revisão em segunda instância— protestou contra a decisão da presidente do STF de ter pautado o julgamento do habeas corpus de Lula em vez de os casos que relata. “Vence a estratégia”, criticou.

O ministro Ricardo Lewandowski também comentou que havia, na decisão de Fachin para levar o caso do petista ao plenário, pedido expresso para julgar primeiro as ações do que o habeas corpus.

O voto de desempate foi dado pela presidente do STF, para quem o início da execução da pena não fere o princípio da presunção de inocência.

O resultado do julgamento dá um fôlego para a continuidade do avanço da operação Lava Jato, uma vez que há uma série de pessoas que podem vir a ser condenadas em segunda instância em breve, além de reforçar o instrumento da delação premiada (Reuters, 5/4/18)


Com habeas corpus recusado, quais caminhos jurídicos restam a Lula?

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seu pedido de habeas corpus rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quinta-feira e pode agora ter sua prisão decretada após a condenação a 12 anos de 1 mês de detenção por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.


Por 6 votos a 5, a Suprema Corte manteve o entendimento firmado em 2016 de que pessoas condenadas em segunda instância pela Justiça já devem começar a cumprir a pena - ou seja, não podem recorrer aos tribunais superiores em liberdade.

Agora, está nas mãos do juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo contra Lula na Justiça Federal do Paraná, expedir o mandado de prisão.

A defesa de Lula tem até o dia 10 de abril para entrar com os chamados "embargos dos embargos" no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), de Porto Alegre. Por isso, é improvável que o petista seja preso antes dessa data.

Foi o Tribunal Regional Federal da 4ª Região quem condenou Lula no caso do tríplex do Guarujá - os desembargadores mantiveram a decisão de Moro e elevaram a pena. Lula nega ter recebido o imóvel da empreiteira OAS como contrapartida de recursos desviados da Petrobras.

Embora a situação do ex-presidente tenha se complicado muito após a derrota no STF, isso não significa que necessariamente ele cumprirá integralmente os 12 anos de pena na cadeia.

Há três caminhos que podem resultar na soltura do petista: 1) sua defesa pode apresentar novos pedidos de habeas corpus; 2) o petista pode ter sua condenação anulada pelos tribunais superiores; 3) O STF pode rever seu posicionamento sobre a prisão após condenação em segunda instância para todos os réus do país, o que beneficiaria Lula.

Entenda melhor abaixo como cada um desses caminhos funciona e quais as chances reais de Lula deixar a prisão.

1 - Novos pedidos de habeas corpus

 

O habeas corpus é uma ação que serve para proteger a liberdade de ir e vir das pessoas contra abusos de autoridades ou decisões ilegais. O que Lula teve rejeitado pelo Supremo foi um habeas corpus preventivo, que visava impedir sua prisão. Depois de preso ele poderá, se quiser, apresentar outros, com novos argumentos. Não há limites para apresentação desse tipo de pedido.

"Desde que você alegue um fundamento diferente você pode entrar com um habeas corpus por semana. Esse (que acaba de ser rejeitado) foi porque a decisão não transitou em julgado, amanhã é porque eu estou doente, depois de amanhã é porque eu estou correndo risco de ser morto na prisão, depois é porque eu sou idoso", ressalta o professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Rafael Mafei.

As chances de sucesso, no entanto, tendem a se reduzir, observa a advogada Flavia Rahal, professora de direito penal econômico da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

"Se você tem o colegiado pleno da Suprema Corte com uma decisão sólida, sem dúvida nenhuma, ainda que outros habeas corpus possam ser impetrados, o sucesso é mais difícil", afirma.

Ante à dificuldade de conseguir a liberdade, a defesa de Lula também pode tentar a prisão domiciliar. O deputado federal afastado Paulo Maluf (PP-SP), por exemplo, conseguiu na semana passada, por meio de habeas corpus, uma liminar do ministro Dias Toffoli para que fosse transferido do Complexo da Papuda, em Brasília, para sua residência em São Paulo. Ele tem 86 anos e alegou problemas de saúde.

Condenado a mais de sete anos de prisão por lavagem de dinheiro, estava preso desde de dezembro.
Já Lula, de 72 anos, tem se gabado do seu bom preparo físico, inclusive divulgado imagens suas se exercitando nas redes sociais, o que tenderia a dificultar a aceitação de um pedido similar.

Além disso, ressalta Flavia Rahal, a conquista de Maluf é algo muito raro - ele obteve uma liminar do ministro Dias Toffoli contra a decisão do colega Edson Fachin.

"É quase impossível um ministro dar liminar contra decisão de outro ministro", concorda o professor da USP.

2) Recursos contra a condenação

 

Lula ainda pode recorrer às cortes superiores - Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o próprio STF - contra a condenação pelo TRF-4. Esses tribunais não analisarão mais as provas em favor ou contra o petista (essa etapa acaba na segunda instância), mas poderão discutir se o processo contra Lula foi conduzido dentro da legalidade.

O STJ analisa se houve desrespeito a leis federais, por exemplo, se as provas foram coletadas corretamente, e o STF se houve desrespeito a princípios constitucionais, como o direito à ampla defesa. Não devem se repetir nos tribunais discussões sobre se Lula é ou não efetivamente dono do tríplex.

"São recursos muito técnicos, que discutem teses jurídicas. Há uma série de requisitos que limitam muitas vezes o conhecimento desses recursos", observa a professora da FGV.

Se as cortes superiores entenderem que o processo não foi conduzido corretamente, a condenação de Lula pode ser anulada definitivamente no caso do tríplex, o que o devolveria a liberdade. A tramitação desses recursos, porém, tende a demorar, podendo levar meses ou anos.

As complicações jurídicas de Lula não se encerram no caso tríplex e o ex-presidente ainda pode vir a ser condenado em outros processos. Na Justiça Federal do Paraná, também referente à Lava Jato, ele é réu em mais duas ações. Uma delas é relacionada a um sítio em Atibaia e a outra à compra de um terreno para o Instituto Lula e de um apartamento em São Bernardo do Campo, para uso da família do petista.

Há também quatro ações na Justiça Federal do Distrito Federal, ligadas às Operações Zelotes, Janus e Lava Jato.

Lula foi ainda denunciado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, em setembro de 2017, de integrar organização criminosa juntamente com a ex-presidente Dilma Rousseff e outros seis integrantes do PT, no caso que foi apelidado de "quadrilhão do PT". Janot ainda denunciou Lula e Dilma por obstrução da Justiça pela tentativa de nomeação do ex-presidente como ministro da Casa Civil.

A defesa de Lula nega todas as acusações e diz que o ex-presidente é vítima do uso da lei para fins políticos.

3) STF pode mudar de ideia

 

A posição do Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância tem variado ao longo do tempo e existe a possibilidade de que seja revista novamente, o que beneficiaria Lula.

Isso acontece porque a Corte tem alterado sua interpretação da Constituição Federal, cujo texto estabelece que ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado (quando não cabem mais recursos judiciais).

Desde 1988, quando a Constituição foi promulgada, até 2009, não havia uma manifestação do plenário (composta por 11 ministros) sobre o tema e as turmas (composta cada uma por 5 deles) decidiam caso a caso.

Em 2009, pela primeira os onze ministros julgaram um habeas corpus que pedia direito ao condenado de recorrer em liberdade - na ocasião, por 7 a 4, o Supremo proibiu a prisão antes do esgotamento dos recursos.

Em 2016, porém, o Supremo voltou a analisar a questão e decidiu por 6 a 5 autorizar o cumprimento antecipado da pena. Prevaleceu o entendimento de que a pessoa pode ser presa após a conclusão da análise das provas, o que acontece na segunda instância.

O resultado foi modificado porque a composição da corte se alterou, devido a aposentadoria de alguns ministros, e também porque Gilmar Mendes mudou seu voto. Após ter ficado contra a prisão antecipada em 2009, ele votou em 2016 com os ministros Teori Zavascki (morto em 2017), Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia, a favor da prisão antes do trânsito em julgado.

Só que agora Mendes sinaliza que mudou de idéia de novo. Dessa forma, se as duas ações forem julgadas, há chances de que o STF volte a proibir o cumprimento antecipado da pena, o que beneficiaria milhares de condenados, inclusive Lula.

"Se isso acontecer, Lula deve ser solto, porque o motivo para ele ser preso agora é (a autorização do STF para) o cumprimento antecipado da pena", explica o professor da Faculdade de Direito da USP Rafael Mafei.

"Ele poderia ser preso antes (da condenação) se tivesse ameaçado testemunha, destruído prova, tentado fugir do país. Como isso não aconteceu, a única razão que o leva à prisão agora é que a pena precisa ser cumprida desde logo. Se esse entendimento mudar, a prisão tem que cair", acrescenta 


(BBC Brasil, 5/4/18)

terça-feira, 3 de abril de 2018

Casino inicia negociações com Auchan Retail para eventual parceria em compras


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O conglomerado varejista francês Casino Guichard-Perrachon anunciou nesta terça-feira que iniciou conversas exclusivas com o também francês Auchan Retail sobre uma eventual parceria estratégica global para compras de alimentos e de produtos não alimentícios.

Segundo o Casino, a proposta é que as compras das empresas sejam unificadas na França e em operações no exterior. A parceria, no entanto, não envolveria produtos frescos tradicionais ou desenvolvidos na França por pequenas e médias empresas.

O Casino e Auchan também pretendem oferecer a seus atuais parceiros de compras que integrem a possível nova aliança.
Por volta das 8h45 (de Brasília), a ação do Casino operava em baixa de 2,2% na Bolsa de Paris.
No Brasil, o Casino é controlador do Grupo Pão de Açúcar. 

Fonte: Dow Jones Newswires.

Petrobras divulga ‘teaser’ para venda de fatia em três campos petrolíferos

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A Petrobras informou nesta terça-feira, 3, em fato relevante, ter dado início a divulgação da oportunidade (“teaser”), referente à cessão de 50%, sem transferência da operação, de seus direitos e obrigações de exploração e produção do campo de Tartaruga Verde (concessão BM-C-36) e do Módulo III do campo de Espadarte, ambos localizados em águas profundas na Bacia de Campos.

A companhia ainda deu início a divulgação da oportunidade de desinvestimento da totalidade de sua participação no campo de Baúna (área de concessão BM-S-40), localizado na Bacia de Santos, em águas rasas.


Tartaruga Verde e Módulo III


A empresa detém 100% de participação no campo de Tartaruga Verde. Uma das jazidas do campo se estende além do limite da concessão BM-C-36 e possui Acordo de Individualização da Produção (AIP) assinado com a PPSA. O primeiro óleo está previsto para o segundo trimestre de 2018, devendo atingir um pico de produção acima de 100 mil barris por dia em 2019, sendo toda a produção escoada pelo FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes.

A petrolífera também detém 100% de participação do Módulo III do campo de Espadarte. O desenvolvimento da produção desse módulo será realizado interligando um poço ao mesmo FPSO alocado no campo de Tartaruga Verde. Segundo estimativas da Petrobras, o primeiro óleo está previsto para o primeiro trimestre de 2021, com pico de produção alcançando 10,5 mil de barris por dia.

As principais informações sobre a oportunidade, bem como os critérios objetivos para a seleção de potenciais participantes no processo, estão disponíveis neste link.


Bacia de Santos


No campo de Baúna, a Petrobras é operadora com 100% de participação. Segundo a empresa, em janeiro de 2018, a produção média de petróleo foi de aproximadamente 34 mil barris por dia. Todo o gás produzido é reinjetado.

As principais informações sobre a oportunidade podem ser acessadas aqui.

A divulgação, acrescenta a empresa, está de acordo sua sistemática para desinvestimentos e está alinhada às orientações do Tribunal de Contas da União (TCU).



Embraer informa que juiz dos EUA extinguiu processo de ação coletiva

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A Embraer informou que no último dia 30 de março o Juiz Richard M. Berman, de um tribunal federal de Nova York, acolheu pedido de julgamento antecipado (“motion to dismiss”) de uma ação coletiva (“class action”) a favor da companhia brasileira, “extinguindo sumariamente o processo”, explica em comunicado enviado nesta terça-feira, 3, ao mercado.

A ação coletiva, por parte de um grupo de acionistas, pleiteia “supostos danos sofridos em razão de declarações alegadamente enganosas da companhia”, conforme a nota.

A empresa diz que cabe recurso e que continuará a se defender nos autos da ação, se necessário.

Ibovespa fecha em queda por cautela antes de decisão do STF sobre Lula

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SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice do mercado acionário brasileiro fechou em queda nesta terça-feira, em meio à cautela dos agentes financeiros antes do julgamento pelo STF de um pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com dados preliminares, o Ibovespa recuou 0,23 por cento, a 84.467 pontos. Mais cedo, o índice subiu 0,88 por cento no melhor momento. O volume financeiro do pregão somava 7,6 bilhões de reais.



Por Paula Arend Laier

Suspensão em projeto de minério no Brasil deve durar 90 dias, diz empresa


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 Conteúdo Estadão







A Anglo American informou nesta terça-feira que deve realizar uma investigação que deve durar cerca de 90 dias em seu projeto de minério de ferro Minas-Rio, no Brasil, após descobrir um vazamento em um mineroduto. Durante esse período, as operações nesse projeto ficarão suspensas, de acordo com a companhia.

A mineradora listada no índice FTSE-100, da Bolsa de Londres, informou que suspendeu as operações na última quinta-feira, após descobrir o vazamento no mineroduto que transporta minério de ferro da mina até o terminal de exportação.

A Anglo American disse que pretende agora investigar qualquer potencial problema no mineroduto. Ela informou que trabalha com seus funcionários, os sindicatos e as autoridades relevantes no Brasil para tratar da suspensão. Além disso, afirmou que sua equipe de marketing está em contato com clientes sobre os cronogramas para entrega do produto.
Conforme publicado ontem no Broadcast, a Anglo American informou em relatório ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na segunda-feira que o segundo vazamento do mineroduto durou entre 6 e 8 minutos e resultou em 174 toneladas de polpa de minério derramadas no Ribeirão Santo Antônio do Grama, em Minas Gerais. Ao todo, saíram do mineroduto 647 toneladas do insumo. O vazamento foi registrado a 200 metros do episódio similar que já havia ocorrido em 12 de março, após o despejo de cerca de 300 milhões de toneladas no mesmo ribeirão. 


(Equipe AE, com informações da Dow Jones Newswires)

segunda-feira, 26 de março de 2018

“A indústria brasileira está doente de impostos e de juros”


O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, que deixará o banco até o começo de abril para se candidatar à Presidência da República, concedeu entrevista à DINHEIRO

“A indústria brasileira está doente de impostos e de juros”

Por que o BNDES vendeu uma fatia de sua participação na Suzano e na Fibria?
O setor de papel e celulose passa por um momento feliz, de amadurecimento, que começou com investimentos lá na década de 1970. Os esforços com a Aracruz, Votorantim, Klabin, Bahia Sul etc. Agora, percebendo que já estava tudo maduro, o banco colocou esse setor nas suas prioridades em um eventual desinvestimento. Havia, paralelamente, uma visão de mercado de que a Suzano e a Fibria tinham um sonho de ganhar ainda mais sinergia. É um setor em que a sinergia se faz em escalas monumentais. Ocorre que a BNDESPar era sócia da Suzano, em menor proporção (6,86%), e era sócia muito relevante, com a Votorantim, na Fibria (29,08%). Assim, obviamente, essa conversa tinha de passar pelo BNDES.
 
Como foram as negociações?
Foram pelo menos dois meses de idas e vindas, caneladas, negociações altamente aguerridas, em que, naturalmente, o preço embutido foi subindo. Quanto ele ficou fixado em R$ 51,50 por ação sobre a parcela fixa, mais a parcela paga em ações, o banco tecnicamente julgou que estava diante de um grande negócio. Houve outro interessado, que não chegou a ser proponente de coisa nenhuma – é importante que se diga isso –, a Paper Excellence (empresa holandesa comandada por família da indonésia). Eles soltaram um valor de R$ 67,00 por ação para fazer uma compra de porteira fechada, mas a proposta não é exatamente comparável, pois não deixava nenhuma ação da empresa resultante na mão do BNDES. Ora, com as ações que ficamos em mãos, o preço de R$ 51,50 praticamente se igualava, dependendo das contas que se faz das tais sinergias, e até ultrapassava um pouco os tais R$ 67,00. E é essa a razão pela qual a gente recebeu o interesse dos asiáticos com toda a elegância.

Não houve uma segunda proposta ainda maior da Paper Excellence?
Nas últimas horas, meio que farejando que não ia chegar a tempo de fazer coisa nenhuma, ela (Paper Excellence) soltou pelos jornais um valor de R$ 71,00 por ação. Daí, o presidente do banco aqui (se referindo a si mesmo) fez o equivalente a dar um aperto final no tubo de pasta de dente em relação à Suzano. Eu gosto de ficar enrolando a pasta de dente para saber se dá para fazer mais uma escovada. Essa apertada no tubo rendeu uma escovada de mais R$ 1,00 por ação, fechando em R$ 52,50, além da uma troca do IGP-M pelo CDI na atualização do preço a ser pago no período do fechamento. Somando esses dois ganhos, dá um bilhão de reais que a gente conseguiu tirar do tubo de pasta de dente, tanto para a BNDESPar, ou seja, para os contribuintes brasileiros, quanto para os minoritários, que naturalmente inclui a Votorantim. Pergunta lá para o CEO da Suzano [Walter Schalka] se eu não vou buscar o último centavo (risos).
 
A JBS é mais um tubo de pasta de dente que o senhor está apertando?
 
Não, porque a JBS não está na lista de negócios maduros. Com a JBS, num momento futuro, nós sonhamos em fazer uma reorganização societária. Como? Promovendo a profissionalização da gestão. A família Batista, que levou de forma até correta essa expansão, apresenta nítidas dificuldades de permanecer à frente dessa nova quadra. Por mais que fiquem enchendo o saco por causa dessa coisa de campeão nacional, a JBS, enquanto empresa, expandiu-se. É uma operação que, nos livros, está superlucrativa para a BNDESPar. Repito: superlucrativa. E pode ser muito mais. Enquanto não houver uma reestruturação interna, por que o BNDES iria se retirar? Você pode escrever: agora, sem chance. Depois, com a nova governança, tem toda a chance [de vender].

O Tribunal de Contas da União (TCU) costuma dizer que a JBS causa prejuízo.
Um grupo técnico dentro do TCU soltou uma tabela com valores completamente sem senso. O mais difícil de tragar é um cara que se diga técnico dizer que o preço que ele deve adotar é de R$ 6,00 por ação, quando a empresa já bateu em R$ 16,00 e hoje está em R$ 10,00.

O TCU errou?
O técnico escolheu com lupa o menor preço da ação depois da delação [gravação de Joesley Batista com o presidente Michel Temer], no momento crítico da JBS.

Por que o TCU faz isso?
Porque não tem ninguém para verificá-lo. Se colocar uma instância superior ao Tribunal de Contas, alguém para dar uma checada, eles não soltariam as coisas assim.

É verdade que R$ 5 bilhões dos R$ 8,5 bilhões obtidos com a operação entre a Suzano e Fibria são para startups?
Fiz um anúncio provocativo, porque o dinheiro não tem carimbo. Gostaria de dedicar tudo ao programa de busca por campeãs do futuro. São micro, pequenas e médias empresas nas mais diversas áreas de inovação. Na verdade, se forem necessários R$ 10 bilhões, o banco tem. Esse cálculo de R$ 5 bilhões é uma meta realista do BNDES para os próximos três anos. É uma meta em aberto, em homenagem à [ex-presidente] Dilma. Se chegar na meta, a gente dobra a meta.

Qual é a prioridade atual do BNDES?
A prioridade para o banco são as micro, pequenos e médias empresas, que já recebem 63% dos desembolsos. Dá um total de R$ 40 bilhões por ano, o que já é muita coisa. Confesso que a maior parte ainda é de médias empresas, mas o nosso foco agora é a micro e a pequena. Por isso, estou deixando organizada aqui uma diretoria chamada e-BNDES, visando 2035. Quem vai assumi-la é o José Bevilaqua, diretor de informática do IBGE. Apostamos em inovação.
Os pequenos empresários reclamam que é muito difícil acessar as linhas de crédito do BNDES, por culpa dos bancos repassadores. Como mudar isso?
É por isso que o e-BNDES é revolucionário. Vamos fazer um cartão digital sem intermediários. Isso é uma novidade total e completa. O spread pode cair pela metade.

O BNDES abandonou a infraestrutura?
De jeito nenhum. Com a taxa de juros nominal (Selic) mais baixa, há mais opções de se fazer leilão sem o BNDES, no mercado de capitais. Ou, na área de energia eólica, por exemplo, com os fundos constitucionais do Nordeste. Então, a gente admite que o banco já foi mais competitivo.

Como voltar a ser competitivo?
Ele tem de ser equalizado do mesmo jeito que os bancos regionais. Ou, então, ter uma condição de imunidade ao imposto de renda. O BNDES é praticamente o único banco de desenvolvimento do mundo que paga imposto de renda. 

Mas o Ministério da Fazenda aceitaria abrir mão de recursos?
Não sei. A Fazenda não pode continuar a ser eternamente uma solene arrecadadora de tributos.

Por que os desembolsos do BNDES despencaram nos últimos anos?
Por dois motivos. O primeiro é que a indústria não tem ânimo para investir. A indústria brasileira está doente de impostos, de juros, de regulação, e da falta de compreensão por parte dos dirigentes de seu real papel. O segundo motivo para a queda dos desembolsos é que a exportação de serviços desabou, por conta desta “bobajada” de ficar dizendo que nós financiamos Cuba, Venezuela e o diabo a quatro.

Mas não financiam?
Não financiamos diretamente nenhum desses países politicamente polêmicos. Financiamos os equipamentos brasileiros, os serviços de engenharia brasileiros, as nossas empresas de engenharia. Todos os países pagam seguro de risco político. Até a Venezuela que anda atrasando, está pagando. O único inadimplente nessa carteira toda chama-se Moçambique. Tem um aeroporto lá. O dinheiro do seguro de crédito vai para o fundo garantidor de exportação, que é altamente superavitário. 

A troca da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que era subsidiada, pela Taxa de Longo Prazo (TLP) também atrapalhou os desembolsos?
Sim. Até hoje os bancos privados não produziram plataforma para lidar com TLP.
É mesmo?
É. Nós alertamos o governo. ‘Não faça isso, pois vai atrapalhar os investimentos.’ Não deu outra. Resultado: agora estão nos cobrando recursos. O fato é que o dinheiro não vai para o investimento e o BNDES não fica feliz com isso. Estou com caixa e não estou satisfeito.

Além do e-BNDES, há outras mudanças na diretoria do BNDES?
Estamos criando uma diretoria de operações, que é o maior charme dessa reestruturação do banco. É um banco conhecido por ser moroso, lento. Não mais. Agora nós nomeamos a Claudia Prates [diretora de Indústria do banco] para colocar o banco para correr. E estamos criando 27 regionais, descentralizando as operações do banco. Hoje, todo mundo pensa que tem de vir na Avenida Chile [endereço da sede do BNDES, no Rio de Janeiro] beijar a mão do cardeal aqui, do presidente. É um erro! O banco tem de estar onde o povo está.

O BNDES tem R$ 130 bilhões para devolver ao Tesouro Nacional neste ano?
Temos. Já fizemos um chequinho de R$ 30 bilhões recentemente. Mais R$ 50 bilhões que eu tinha feito em novembro passado. A Maria Silvia [Bastos Marques] já fez um cheque de R$ 100 bilhões. Todo mundo esquece, mas o Luciano [Coutinho] fez um cheque de R$ 30 bilhões. Lá para agosto vamos assinar mais um mais de R$ 100 bilhões. Soma tudo e dá R$ 310 bilhões.
 
Haverá mais pagamentos em 2019?
Não precisa. Veja só o meu argumento. A conta original do que a gente recebeu do Tesouro foi de R$ 440 bilhões. Até o fim de 2018, já teremos pago R$ 310 bilhões. Então faltariam R$ 130 bilhões. Se somarmos todos os dividendos e os impostos que o banco arrecadou para o governo nos últimos 10 anos, dá um total de quase R$ 123 bilhões. Conta encerrada.

Faltariam ainda R$ 7 bilhões…
É só espremer a pasta de dente (risos). Vale lembrar que esses empréstimos eram para serem devolvidos até o ano de 2060. É bom que o público saiba. Eu peguei o banco valendo menos que do o seu Patrimônio Líquido. Valia menos do que R$ 50 bilhões. Se, hipoteticamente, o banco fosse vendável, valeria mais de R$ 150 bilhões. Portanto, deixo o banco valendo o triplo do que valia antes. O banco já pode postular um investment grade junto às empresas de rating.

O BNDES vai ter alguma participação na privatização da Eletrobrás?
Ele é o modelador e detém participação acionária. Portanto, vai sempre participar.

Mas financiando a privatização ou não?
Precisamos urgentemente é tentar um modelo que, de fato, otimize essa venda tal como fizemos nessa bela reorganização societária de Suzano e Fibria. Existem questões relativas à reavaliação de ativos dentro da Eletrobras que precisam ser muito bem analisadas antes de nós sairmos vendendo.

Mas o governo tem pressa, não?
Pressa do quê? Não sei. Não posso responder pelo governo. Minha função como BNDES é pensar na melhor maneira de organizar essa venda. Quem tem pressa vai comer cru.

Quem vai assumir a sua vaga na presidência do BNDES?
O presidente Temer (risos). O cargo é dele.
 
O sr. será candidato?
Tô pensando, tô pensando (risos). Sim. Está tudo acertado para eu cumprir essa missão. O País precisa de um agente provocador.

Se o presidente Temer for mesmo candidato, o sr. vai concorrer contra ele?
Olha, pode anotar aí. Contra o presidente eu não vou concorrer em hipótese alguma.


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