Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
As agritechs, como foram batizadas as startups de tecnologia
para o agronegócio, já formam um grupo de cerca de 300 companhias no
País, que investem cerca de R$ 100 milhões ao ano e são capazes de
oferecer ao produtor qualquer tipo de serviço. Mas a falta de
conectividade nas fazendas e de integração dos dados gerados por
diferentes dispositivos são desafios, segundo especialistas presentes no
Fórum Inovação, realizado ontem pelo ‘Estadão’ e pela Associação
Brasileira do Agronegócio (Abag), na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).
Guilherme Raucci, responsável pela área de novos negócios da
Agrosmart, avalia que as startups serão responsáveis por gerar
tecnologia para resolver quase todo o desafio de fazer o campo produzir
cada vez mais para alimentar a humanidade no futuro. “Não há mais área
disponível para grandes expansões de produção e a mão de obra é cada vez
mais escassa no setor. É preciso aumentar a produtividade e essas
empresas são o caminho para isso”, disse. “Mas os dados não são
integrados e, no Brasil, apenas 14% das propriedades rurais têm
conectividade”, emendou o executivo.
Diante da lentidão ou da falta de interesse em levar a internet para o
campo – já que 90% das propriedades do Brasil são de pequeno porte e
67% dos produtores não utilizam tecnologias que dependam de conexão -,
as principais montadoras do setor assumiram uma das pontas desse
problema e até montaram “pools” com outras empresas. Uma dessas
iniciativas é o ConectarAgro, formado por grandes grupos do setor – como
a CNH Industrial, a Agco e a Jacto – com empresas de tecnologia e
telefonia.
“O projeto irá levar internet para as propriedades de um modo que
realmente conecte tudo, de forma simples, com um sistema aberto e
acessível para o pequeno e grande agricultor”, explicou Marco Aurélio
Milan, especialista de produto na área de agricultura de precisão da New
Holland, uma das marcas da CNH Industrial.
Desafios. Além de lidar com os gargalos tecnológicos, as agritechs
encaram novas demandas do agronegócio brasileiro. Caroline Capitani,
gestora de design digital e inovação da Ilegra, conta ter recebido
pedidos de empresas do setor de seguros agrícolas. Esse aquecimento
coincide com a ideia do governo federal de drenar mais recursos para as
seguradoras e menos para o crédito agrícola na próxima safra, a partir
de julho.
Trazer soluções tecnológicas e financeiras para o agricultor motivou a
criação da Inter Chains, companhia que trabalha com o conceito de
blockchain – uma base de dados capaz de fazer registro de operações
monetárias, analisar dados, servir como um registro digital de negócios e
até atuar na rastreabilidade de uma propriedade. “A avaliação por meio
do blockchain, com toda a cadeia integrada, é capaz de gerar um rating
do produtor, o que facilitará na hora de tomada de crédito, por
exemplo”, explica Eduardo Figueiredo, sócio da companhia, que gerencia
cerca de 2 milhões de hectares.
Os antigos gargalos físicos do agronegócio em um País continental
como o Brasil também geram oportunidades para as startups. É o caso da
Alluagro, empresa que nasceu para fornecer serviços compartilhados de
máquinas para produtores rurais, nos moldes do que já é oferecido por
aplicativos de transportes em grandes cidades. “É economia
compartilhada, pela qual conectamos prestadores de serviços e produtores
rurais. É levar o trator mais próximo à fazenda”, explicou Marco
Aurélio Chaves, um dos sócios da empresa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Líder
no segmento de calçados femininos para o público A e B, a empresa
brasileira aposta na internacionalização dos seus produtos para
conquistar o mercado externo
Apetite global: Alexandre
Birman comanda o império fundado pelo pai desde 2013 e conseguiu elevar o
faturamento em 9,8%. Seu objetivo agora é fazer esses números subirem
com a operação internacional (Crédito: Divulgação)
Desde que assumiu a presidência da Arezzo&Co, há sete
anos, Alexandre Birman teve de se acostumar a ter equilíbrio sobre o
salto alto. Para comandar a empresa líder no segmento de sapatos e
bolsas para o público A e B no Brasil, o empresário precisou andar por
caminhos tortuosos. Ao suceder seu pai, Anderson, que criou a companhia
em 1972, Alexandre encontrou um cenário diferente dos anos anteriores. A
pior crise econômica da história do País aparecia como seu principal
desafio. Mesmo com esse cenário desfavorável, o grupo formado pelas
marcas Arezzo, Schutz, Ana Capri, Alexandre Birman, Fiever e Owme
conseguiu manter o resultado no azul. Em 2017, a receita líquida chegou a
R$ 1,4 bilhão, um crescimento de 9,8% em relação ao ano anterior.
Para dar sequência a esse processo de expansão, o caminho traçado
pela empresa é o mercado internacional, que hoje responde por cerca de
10% do faturamento da operação. Neste ano, serão seis lojas nos Estados
Unidos. Em 2019, o grupo tem capacidade de, pelo menos, triplicar esse
número com o desembarque em países na Europa e na Ásia. “Começamos a
internacionalização com um projeto-piloto com a Schutz, em Nova York”,
diz Alexandre Birman (leia a entrevista “A nossa melhor saída é ir além
do território brasileiro” ao final da reportagem). “Tivemos bons
resultados e hoje estamos apostando nossas fichas na
internacionalização”, afirma o empresário.
Com 618 lojas espalhadas pelo Brasil, o grupo iniciou a operação para
abocanhar no mercado externo em2012, quando a Schutz abriu as portas na
Madison Square Avenue, em Nova York. Hoje, a marca está presente com
três lojas na cidade e na Califórnia. Além dela, a marca Alexandre
Birman também está em Nova York. Para conquistar os pés fiora do Brasil,
Alexandre contratou o americano Wayne Kulkin, ex-CEO da Stuart
Weitzman, marca de calçados de luxo, que comanda a operação
internacional. Em agosto do ano passado, a companhia montou um conselho
consultivo para detalhar as estratégias que seriam necessárias para a
expansão.
Kulkin foi convidado para fazer parte desse conselho. Oito meses depois, veio o anúncio da sua contratação. “Eu
nunca imaginei trabalhar em outra empresa de sapatos, mas a
Arezzo&Co tem potencial de ser um grande player global”, diz Wayne.
“Isso é encantador para mim.” Nos 26 anos que ficou à frente da
Stuart Weitzman, a companhia multiplicou em 4.000% o faturamento. Com
os bons resultados, a marca foi vendida por US$ 574 milhões para a
COACH, em 2015, que tem valor de mercado de US$ 9,9 bilhões e receita de
US$ 4,5 bilhões. “Esperamos um grande impulso nos nossos negócios
internacionais com o Wayne”, diz Birman.
Por enquanto, Kulkin está concentrado em calçar as americanas e já
começou com o pé direito em sua estratégia para tornar as marcas do
grupo desejadas. Em dezembro do ano passado, a cantora Lady Gaga, ícone
do pop, divulgou uma foto em suas redes sociais vestindo uma bota da
marca Schutz durante a turnê de divulgação do seu novo disco, em
Oklahoma. Após a exposição, a empresa enviou um novo carregamento do
modelo “Lace Up” às lojas americanas devido à enorme procura. “A Schutz é
um gigante pronto para despertar”, diz Wayne.
Os Estados Unidos movimentam US$ 20 bilhões no segmento calçadista e
apresentam potencial de 10% para o crescimento da marca Schutz. A
estratégia é ocupar um espaço no mercado americano.
Os sapatos serão
vendidos em uma faixa de preço de US$ 150, valor acima dos importados da
China, que custam US$ 100, e abaixo dos de luxo, comercializados por
mais de US$ 300. “Nos Estados Unidos, não existe monomarca que atue
nessa faixa de preço”, diz Alberto Serrentino, sócio fundador da Varese
Retail. “O que existe nesse mercado que a Schutz vai atuar são marcas de
vestuário como Tory Burch que trazem para suas lojas alguns sapatos,
mas são mais clássicos e reduzidos em volume.”
Com um apelo de design mais fashion, a Schutz corresponde a 33% do
faturamento da companhia no Brasil. Ela foi criada em 1995 por
Alexandre, quando ele tinha apenas 18 anos. O empresário queria um
calçado diferente do produzido pelo pai. “Ele me disse que se eu
quisesse mesmo isso teria que criar minha própria empresa”. No início, a
Schutz nasceu com a proposta de calçados esportivos, mas logo mudou sua
estratégia para os sapatos femininos, principal negócio da família. Em
2005, com apenas dez anos de negócio, a marca já exportava 60% de seus
produtos. Mas não foi o sucesso que fez o pai se render ao talento do
filho. Com as marcas indo de vento em popa, o fundo de private equity
Tarpon propôs a junção das duas formando a holding Arezzo S.A.
O fundo comprou 25% da nova empresa e investiu R$ 76,3 milhões para a
expansão de lojas e franquias. O grupo saiu então de 228 unidades para
as atuais 449 franquias e 37 lojas próprias das marcas Arezzo e Schutz.
Nesses 12 anos, somaram-se ao portfólio a Ana Capri, marca jovem com
foco em calçados flats sem salto; a Alexandre Birman, de sandálias e
sapatos de luxo; a Fiever, de tênis para os públicos feminino e
masculino; e, neste ano, a Owme, com a proposta de oferecer sapatos
confortáveis. “Estamos arriscando um passo à frente com Schutz e
Alexandre Birman no mercado internacional”, diz Alexandre. “Mas Wayne
também vê potencial na Arezzo, Fiever e Ana Capri.”
Além de consolidar a Schutz no mercado americano, a companhia também
tem a missão de conquistar a Europa. O grupo vai abrir neste segundo
semestre um escritório e um showroom em Milão, na Itália. O país é uma
referência em sapatos de luxo com uma fabricação anual de 200 milhões de
pares e receita de € 14 bilhões. “Essa operação vai facilitar a nossa
venda”, diz Aline Penna, diretora de Relações com os Investidores da
Arezzo&Co. “Podendo ver o produto, os diretores de lojas de
departamento e o potencial consumidor se convencem com mais facilidade
da qualidade do sapato.”
Assim como a Schutz, a marca que leva o nome de Alexandre já
conquistou muitas famosas. Os sapatos Alexandre Birman foram usados por
atrizes e cantoras americanas como Kate Hudson, Demi Moore, Jessica Alba
e Katy Perry. Antes mesmo de abrir sua primeira loja em território
americano, a grife estava presente em lojas de departamento (tanto que
uma das estratégias é fortalecer os laços com Bergdorf Goodman e
Bloomingdale’s). Em 2009, a grife foi convidada a vestir os personagens
do seriado americano Gossip Girl. No oitavo episódio da terceira
temporada, Blair Waldorf, protagonista da trama, aparece usando um
Peep-toe Booties. A personagem chegou a chamar os sapatos de “sagrados”.
O modelo virou um hit no mercado internacional e a partir daí o nome de
Alexandre caiu no gosto das celebridades. A marca já corresponde a 22%
do faturamento no mercado externo da companhia. “Apesar de Alexandre
Birman ser uma marca importante e bem posicionada, o foco maior tem de
ser na expansão da Schutz, onde o mercado consumidor é maior”, diz Alana
Imaizumi, analista do Citi.
O desafio, com toda essa movimentação em busca de novos mercados, é
não tirar os olhos das operações no Brasil e do principal carro-chefe do
grupo, a marca Arezzo. Responsável por 57,3% do faturamento da empresa,
a marca quer atingir mil lojas no futuro – atualmente são 382. A
estratégia é oferecer um modelo menor, de 40 m2, é ideal para entrar em
cidades do interior, onde não há condições de investir em uma loja
convencional. No ano passado, a empresa vendeu 12 milhões de pares de
calçados e 1,2 milhão de bolsas. “Um dos pilares do sucesso das marcas
está justamente na velocidade de lançar itens ligados à última moda com
preços competitivos”, diz Elton Morimitsu, analista sênior de pesquisa
da Euromonitor International. “A estratégia é parecida com a da Zara no
Brasil, que traz tendências de moda a preço acessível.”
Mas nem sempre a história foi só de ganhos. Na década de 1990,
Anderson apostou na transferência da fábrica, localizada em Minas
Gerais, para Campo Bom, região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul.
De 1970 até 1990, o local foi o coração do pólo calçadista brasileiro.
Empresas americanas compravam sapatos brasileiros produzidos na região. A
Nine West, um dos grandes expoentes desse momento, chegou a ser
responsável por 50% da exportação brasileira de sapatos. Mas, quando
Anderson chegou ao Vale dos Sinos essa era de “ouro” do “made in Brazil”
já estava acabando. Com a implantação do Plano Real, a moeda americana
ficou equiparada à brasileira e o mercado asiático começou a atrair a
indústria calçadista, em razão dos preços baixos da mão-de-obra. Na
época, a Arezzo também fez algumas importações de tênis da China, mas
por contadas flutuações cambiais no Brasil perdeu dinheiro com a
operação. O episódio fez Anderson apostar ainda mais na produção
interna. “Diziam que eu era louco de vir para o Sul”, diz Anderson.
“Loucos foram o que não aproveitaram a mão de obra especializada que
ficou aqui.”
Foi também nos anos 90 que Anderson deu outro passo arriscado.
Decidiu parar de vender para multimarcas para investir em sua própria
rede de varejo. A primeira loja Arezzo foi aberta na Oscar Freire,
bairro dos Jardins, em São Paulo. Na época, o jornal Folha de São Paulo
cravou: “Mineira adota estratégia suicida: investe mais para vender
menos”. “Confesso que fiquei preocupado ao ler isso”, diz Anderson.
“Realmente investíamos mais e até hoje fazemos isso, mas hoje nossa
história mostra que deu certo.” O fundador da Arezzo, que vendia ovo de
porta em porta no interior de Minas Gerais, transformou a empresa
calçadista, que nasceu no fundo de uma garagem, em um império
bilionário. Durante os anos à frente da empresa, ele conquistou o
mercado nacional. Agora, seu filho trabalha para fazer o mesmo no mundo.
“A nossa melhor saída é ir além do território brasileiro”
O que faz o sr. acreditar que a internacionalização será bem-sucedida?
Hoje, somos líderes no Brasil no segmento de calçados e bolsas femininas
para o público A e B, com 30% de participação. Não conhecemos nenhum
país em que a empresa líder tenha um marketshare dessa magnitude.
Começamos a internacionalização com um projeto-piloto com a Schutz, na
Madison Square Avenue, em Nova York. Em 2009, um ano após o lançamento
da Alexandre Birman, também já estávamos nas principais lojas de
departamento de luxo nos Estados Unidos. Tivemos bons resultados e hoje
estamos apostando nossas fichas nessa internacionalização.
Se a internacionalização começou em 2012, por que só agora a empresa decidiu apostar nessa frente?
Em 2015, refizemos nosso planejamento estratégico e vimos que somos
dominantes em três pilares: na geografia, que é o Brasil; na categoria
de produtos, que são sapatos e bolsas; e no público-alvo, que são as
mulheres da classe A/B. Para continuar crescendo, a gente precisava
optar por não ser dominante em um desses três. Então, a nossa melhor
saída é ir além do território brasileiro, porque julgamos que poderíamos
nos tornar uma empresa global.
A companhia contratou um executivo para comandar a operação internacional. Por que escolheram Wayne Kulkin?
Montamos um conselho, em 2016, para alinhar melhor as estratégias para a
expansão internacional. Convidamos o Wayne, ex-CEO da Stuart Weitzman,
com 25 anos de experiência no setor calçadista, para participar. Ele
vinha quinzenalmente para o Brasil para as nossas reuniões, tinha uma
postura flexível, apresentava boas ideias e estava alinhado com o nosso
negócio. Ele é um executivo com visão 360 graus e que entende muito
sobre o business. Conseguiu transformar a Stuart Weitzman em uma empresa
de US$ 10 milhões para uma companhia de US$ 400 milhões de faturamento.
Esperamos um grande impulso nos nossos negócios com ele.
Muitas celebridades aparecem usando a sua marca. Como conquista esse público?
Não sei se tenho uma reposta precisa para isso. Sempre sonhei em criar
uma marca que as celebridades usassem. Mas nunca paguei, foi
acontecendo. O segredo é ter um bom relacionamento, só isso.
Por que o senhor não gosta do termo CEO?
Não gosto de nenhum tipo de título. Essa função hierárquica não funciona
com a nova geração. Superior e subordinado, então, são muito
retrógradas para o momento em que estamos vivendo. Aqui, a pessoa não
tem cargo. Costumo chamar meus colaboradores de chefe, gosto que me
vejam como alguém que eles podem bater um papo, trocar uma ideia sem
essas questões formais de CEO.
“2019 será um ano de construção e transformação”
Wayne Kulkin, diretor executivo de operações internacionais da Arezzo&Co
O que motivou o sr. a assumir a operação internacional do grupo?
A companhia tem o maior potencial entre as empresas globais de calçados.
Enquanto o ciclo médio entre design, indústria e varejo é de seis meses
em outras companhias, as marcas da Arezzo&Co conseguem fazer o
mesmo entre quatro e oito semanas.
Qual é sua estratégia para o crescimento no mercado internacional?
Nossos dois maiores focos são as marcas Alexandre Birman e Schutz. A
primeira é um grande tesouro global e está pronta para crescer nos
Estados Unidos, na Europa, no Oriente Médio e na Ásia. Queremos abrir
lojas monomarca para mostrar a qualidade do nosso produto.Para a Schutz,
a chave é aumentar o reconhecimento da marca. O preço médio é de US$
150 dólares para um produto 100% couro. Não há nada comparável nos
Estados Unidos.
Por que esses produtos podem conquistar o mercado externo?
Podemos mostrar de forma pioneira ao mundo que temos a habilidade de
produzir sapatos com muita qualidade e design em pouco tempo.
Basicamente, pegar o conceito fast fashion de uma marca como a Zara e
aplicar no universo dos sapatos.Qual é o projeto para 2019?
O próximo ano será de construção e transformação para as duas marcas nas
quais estamos focados, com resultados que impactarão as marcas nos dois
anos subsequentes.
A startup colombiana Rappi anunciou que recebeu um aporte no
valor de US$ 1 bilhão. do conglomerado japonês SoftBank, conhecido por
fazer grandes (e certeiras) apostas em novas iniciativas ligadas a
economia. O valor é recorde e sem precedentes nos mercado de iniciativas
disruptivas na América Latina. O maior até então havia sido sido uma
rodada de investimentos do iFood que rendeu ao aplicativo de entregas de
restaurantes US$ 500 milhões.
Além do valor recorde, a Rappi ainda captou dinheiro de outros
investidores, fechando a rodada de investimentos com US$ 1,4 bilhão. O
aplicativo que tem como proposta entregar de tudo já havia ganhado o
título de unicórnio ao atingir valor de mercado de pelo menos US$ 1
bilhão em setembro de 2018. Agora a empresa visa expandir sua atuação em
mercados onde já está presente, entrar em novos países da América
Latina além de lançar novos produtos e serviços.
O aporte da Rappi foi feito pelo Vision Fund, fundo do SoftBank que
gere US$ 100 bilhões. A tendência é de que o investimento seja repassado
para o Innovation Fund, criado recentemente pelo banco japonês e que é
focado em negócios inovadores da América Latina. Caso isso aconteça, um
quinto do capital gerido pelo novo fundo já teria destinatário. Em
comunicado, Marcelo Claure, diretor de operações do SoftBank disse que
“em menos de quatro anos, a Rappi se tornou uma das startups que mais
cresce na América Latina, o que demonstra a imensa oportunidade da
região”.
Em 2017, o Vision Fund investiu US$ 100 milhões no aplicativo de
transportes 99. No ano passado o mesmo valor foi aportado na startup de
entregas Loggi.
Até novembro do ano passado, a Rappi tinha 3,6 milhões de usuários,
um quinto deles no Brasil. A startup não divulga dados atualizados, mas
afirma ter superado tais números. Nos próximos três anos, o
empreendimento de delivery projeta chegar a 80 milhões de usuários.
Onze anos depois de estrear na cidade de São Paulo com a
abertura de 50 lojas num único dia, o Magazine Luiza quer repetir o
barulho que fez à época, só que agora no Norte do País. É a única região
onde a empresa não está presente. O jornal O Estado de S. Paulo
apurou que no início do segundo semestre, num intervalo de apenas 20
dias, a companhia vai estrear no Pará com 51 lojas e abrirá outras 9
lojas no Maranhão, onde a rede começou a operar no ano passado.
A maioria das lojas do Pará será em cidades menores, fora da capital,
Belém. Isso reforça a estratégia da companhia que, na avaliação de
consultores, caminha na direção de ser a Amazon (gigante do varejo
mundial) brasileira. Ao ampliar sua capilaridade, chegando a municípios
mais distantes dos grandes centros, a varejista reforça o modelo de
negócio que une as lojas físicas com o varejo online. Os pontos de venda
viram uma espécie de minicentros de distribuição, o que garante a
rapidez na entrega das compras online, o maior obstáculo ao avanço do
e-commerce, sobretudo em regiões distantes do Sudeste.
Para fincar bandeira no Pará e expandir no Maranhão, onde já tem 27
lojas, o Magazine Luiza fechou um contrato de cessão comercial de 48
pontos de venda hoje ocupados pelo Armazém Paraíba. A tradicional
varejista de móveis e eletrodomésticos do Norte e Nordeste é conhecida
por ter lojas em áreas mais remotas.
Dos 48 pontos de venda do Armazém Paraíba locados pelo Magazine
Luiza, 39 estão no Pará e 9 no Maranhão. A administração do Armazém
Paraíba informou, por meio de nota, que “a negociação com a Magazine
Luiza envolve apenas e tão somente a cessão de 48 pontos, na sua grande
maioria imóveis próprios”. Isso significa que nesses pontos de venda a
marca Magazine Luiza substituirá o Armazém Paraíba. Sob a nova
administração, os funcionários dessas lojas provavelmente deverão ser
reaproveitados, diz uma fonte.
A administração do Armazém Paraíba afirmou ainda, em comunicado, que
possui mais de 350 lojas espalhadas pelo Norte e Nordeste e continuará
atuando no varejo, “sendo certo que nos Estados do Pará e parte do
Maranhão, com foco no ramo mole (confecções, tecidos, calçados, cama,
mesa e banho)”. A rede não informou as cifras e prazos do contrato. “A
empresa tem como política não divulgar valores de negociações.”
Além das 48 lojas locadas do Armazém Paraíba, o Estadão apurou que o
Magazine Luiza negociou outros 12 pontos de venda no Pará com pequenos
varejistas locais. Procurado, o Magazine Luiza não se pronunciou.
Potencial
De acordo com consultores de varejo, a estratégia
do Magazine Luiza faz todo sentido. Nascida em Franca, no interior de
São Paulo, a rede que faturou quase R$ 20 bilhões no ano passado não
tinha presença numa das áreas de maior potencial no País. Segundo
Eugênio Foganholo, sócio da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, esse
potencial de consumo no Norte ainda não é explorado por redes nacionais.
É uma oportunidade e tanto – que também apresenta desafios
principalmente em relação a investimentos -, mas que pode resultar em
retorno proporcional.
Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e
Consumo (SBVC), o Magazine Luiza foi o primeiro varejista do País que
deu um significado diferente à loja física. “É uma empresa nacional, com
mídia nacional e categorias que estão em crescimento”, afirma. “Dez
dias atrás anunciou que iria vender livros. Com a Netshoes vai entrar em
artigos de esporte e moda.” Tantas alternativas mostram um novo
caminho. “O Magazine está cada vez mais parecido com a Amazon e menos
com um varejista de eletromóveis”, diz ele.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A indústria brasileira continua com dificuldades e, desde a
greve dos caminhoneiros em maio passado, o setor não consegue engrenar
em uma sequência de bons resultados que poderiam sugerir recuperação da
atividade. É o que diz a pesquisa Indicadores Industriais de março,
divulgada na desta quinta-feira, 2, pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI). No mês, o faturamento industrial teve mais uma queda,
de 6,3%, as horas trabalhadas na produção diminuíram 1,5% e a utilização
da capacidade instalada recuou 0,9 ponto porcentual em relação a
fevereiro na série livre de influências sazonais.
Dentre os componentes da pesquisa, emprego e massa salarial se
mantiveram estável em março. No mês, apenas o rendimento médio real do
trabalhador da indústria teve aumento, de 1,2%, após os ajustes
sazonais. “O crescimento reverte a queda observada em fevereiro, de
0,9%”, cita o documento.
Com a estabilidade de março, é a sétima vez nos últimos 12 meses que o
emprego não se altera na comparação mensal. No entanto, o emprego está
apenas 0,1% acima do registrado em março de 2018 e, na comparação entre
os primeiros trimestres de 2019 e 2018, não há alteração.
Já a massa salarial manteve-se estável em março, na série
dessazonalizada, depois de queda de 3,6% acumulada nos dois meses
anteriores. “A massa salarial de março de 2019 é 2,7% menor que a
registrada no mesmo mês de 2018. Ao se comparar o 1º trimestre dos
mesmos anos, o recuo é de 2,4%”.
Análise
Segundo o economista da CNI Marcelo Azevedo, “três problemas impedem a
recuperação da indústria. Um é a falta de demanda. O outro é o excesso
de estoques, que elevam os custos das empresas, e, finalmente há a
questão financeira”.
O economista destaca que as empresas continuam com a situação
financeira debilitada, “o que adia as decisões sobre a produção e o
emprego”.
Trimestre
O estudo mostra ainda que, no primeiro trimestre deste ano em
comparação com último trimestre de 2018 na série dessazonalizada, o
faturamento da indústria teve queda de 4,1%.
No mesmo período, a utilização da capacidade instalada recuou 0,3
ponto porcentual e as horas trabalhadas na produção subiram apenas 0,2%.
O emprego subiu apenas 0,1%, a massa real de salários caiu 0,8% e o rendimento médio do trabalhador teve queda de 1,5%.
Subsecretário do MDIC destacou ações do governo em palestra no Sul
Por Dirceu Chirivino
dirceu@amanha.com.br
Ao palestrar no lançamento
oficial da 47ª edição do Prêmio Exportação RS, promovido pela Associação
dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Rio Grande do Sul (ADVB/RS), em
Porto Alegre, o subsecretário de inteligência e estatísticas de
comércio do MDIC exaltou a fusão dos ministérios da área econômica. A
partir do início do governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Fazenda, o
do Planejamento, o da Indústria e Comércio e parte do Trabalho foram
fundidos no Ministério da Economia. “A junção afasta a possibilidade de
pensamentos e políticas divergentes travarem o desenvolvimento das
ações, há uma maior coesão da equipe. A área de Inteligência e
Estatística é nova e tem o importante papel de servir de apoio às
tomadas de decisões, baseado em fatos concretos, não impressões ou
suposições”, explicou Herlon Brandão (foto).
O
subsecretário falou ainda sobre ações que estão sendo desenvolvidas pelo
novo governo. “O Brasil vem caindo no ranking de participação na
exportação mundial e isso também passa por acordos comerciais não
concluídos. Nossa expectativa é focar apenas em negociações que já estão
abertas, algumas há muitos anos, para criarmos novas oportunidades”,
destacou. Outra referência feita pelo palestrante foi a alta carga
tarifária aplicada no Brasil que, segundo ele, está no radar do governo.
“O Brasil é um dos países com a economia mais fechada do mundo, não
podemos manter barreiras que dificultam o desenvolvimento das empresas. O
governo não exporta, quem exporta são as empresas e, para que isso
ocorra, precisamos criar condições favoráveis e que gerem
competitividade”, defendeu.
Em
entrevista, Brandão afirmou não ver prejuízos na aproximação do Brasil
com o Estado de Israel e o desconforto que o fato tem provocado nas
relações comerciais com os países do Oriente Médio. “Somos um grande
produtor de alimentos. Somos o maior exportador de carne de frango do
mundo, por exemplo, e um dos maiores exportadores de carne bovina. E
esses países têm necessidade de importar. Nos negócios, eles costumam
ser muito pragmáticos e eu não vejo as relações comerciais sendo
prejudicadas. O Brasil é um grande competidor, pode oferecer produtos de
qualidade, mantém preços acessíveis e continuará sendo muito
demandado”, crê Brandão.
Rafael Biedermann, presidente da
ADVB-RS, tem uma expectativa positiva sobre as exportações brasileiras
neste ano. “Acho que com o patamar de dólar que temos hoje [próximo de R$ 4]
e com as reformas que estão se construindo, principalmente a da
Previdência, serão injetados novos recursos no Brasil e isso
potencializará as exportações aqui no Rio Grande do Sul também”, prevê. A
cerimônia de entrega da 47ª edição do Prêmio Exportação RS será dia 6
de junho. Antes disso, a entidade promoverá em maio o café de divulgação
dos vencedores. Considerado o maior evento do segmento do país, o
Prêmio Exportação RS distingue empresas que obtiveram os melhores
resultados mercadológicos e desenvolveram estratégias inovadoras para
expor e comercializar seus produtos no mercado internacional.
Embaixador Georg Witschel está otimista com legado econômico de Temer e sinalizações de Bolsonaro
Por Eugênio Esber
eugenioesber@amanha.com.br
Na reunião-almoço da Câmara de
Comércio Brasil-Alemanha em Porto Alegre, o presidente da seção gaúcha
da entidade, Marcus Coester, dirigiu uma provocação ao palestrante, o
embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel (foto). “O governo do
presidente Bolsonaro está fazendo uma aproximação intensa do Brasil com
os Estados Unidos. Embaixador, a Alemanha vai ficar olhando?”
O
riso na plateia não impressionou Witschel, que acabara de discursar com
informalidade e bom humor. E, também, com objetividade.
–
Eu vejo a aproximação do Brasil com os Estados Unidos como uma coisa
positiva para a Alemanha e para o ambiente de negócios em geral, porque
são países que compartilham de valores semelhantes. Mas se a decisão for
de uma aproximação “apenas” com Estados Unidos, eu diria que não é algo
bom. Sempre é melhor ter parceiros em todo o mundo.
Witschell,
que brincou com o seu português cheio de sotaque, não se apertou em
nenhum momento para transmitir com clareza percepções sobre o Brasil.
Mostrou-se otimista, elogiando o legado econômico do governo Temer de
corte consistente na taxa de juros, redução da inflação, reforma
trabalhista e aprovação da lei que estabelece o teto dos gastos
públicos. Nestes primeiros meses da gestão de Jair Bolsonaro, vê como
positivo estabelecimento da reforma tributária como a prioridade número 1
(“sem isso, o Brasil se tornará um país instável e caminhando para a
falência”), além de saudar os esforços de equipe econômica, que ele
considera competente, na direção de uma reforma tributária. “Mais do que
reduzir impostos, a reforma é importante para que o sistema tributário
seja mais simples, porque nem um batalhão de juristas consegue dar para
as empresas segurança, certeza, sobre as regras.”
A
Bolsonaro, recomendou foco na reforma da Previdência e a esquiva de
polêmicas e conflitos “desnecessários” – ou, em uma síntese que arrancou
risos, menos tuítes. Disse que a narrativa petista contra o impeachment
de Dilma e os ataques da esquerda brasileira a Bolsonaro colocaram uma
parte significativa da opinião pública alemã em uma postura de crítica e
descrença em relação ao novo governo. Mas, por outro lado, descreveu
Witschel, o sentimento entre empresários alemães com interesse no Brasil
é de boas expectativas.
–
Eu acho que as besteiras que foram ditas na campanha eleitoral, tanto a
favor como contra Bolsonaro, não se confirmaram. A economia não teve a
reação forte e rápida que muitos esperavam com a vitória dele, mas
também não houve decisão do governo brasileiro de se retirar do Acordo
de Paris, nem de deixar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, nem de
transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.
Ao
mencionar a desaceleração da economia alemã, que deve crescer apenas
0,7% do PIB este ano, o embaixador Georg Witschel enumerou os grandes
focos de tensão para a Alemanha e a Europa de um modo geral: uma saída
britânica da União Europeia sem um acordo que atenue os efeitos do
Brexit para ambas as partes, e a deflagração de uma guerra comercial
entre Estados Unidos e China. “Essa guerra seria uma disputa
perde-perde. Se acontecer, ninguém vai ganhar nada com isso.” Para o
Brasil, recomendou que as prioridades sejam, pela ordem, reforma da
previdência, reforma tributária, investimentos em infraestrutura e em
educação. “Eu sou um otimista. E estou otimista com o Brasil”, sustentou
o embaixador de 57 anos que tem formação em direito internacional e
desde 2016 comanda a embaixada em Brasília.