quarta-feira, 17 de julho de 2019

A embaixada do Brasil no Paraguai

Sendo mínima a alternância de poder no país vizinho, o embaixador não colocaria em risco nossos interesses comerciais

 

Por Fernando Dourado Filho, do Porto (Portugal)

Vista noturna de Assunção, capital do Paraguai


Pode parecer uma contradição, mas não faço objeção a que profissionais de outras áreas ocupem postos diplomáticos no exterior. Ou mesmo internamente, no caso como Chanceler – o que já aconteceu com personalidades como Celso Lafer, Olavo Setúbal, Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aloysio Nunes, todos estes com bastante sucesso à frente do Itamaraty. 

Quando se trata de nossas embaixadas lá fora, acho também explicável que em circunstâncias excepcionais sejam confiadas a "outisiders." Pode-se gostar ou não de Delfim Netto, mas ninguém pode, em sã consciência, dizer que ele deslustrou nossa representação quando esteve em Paris como embaixador. E confio que algo de bom deve ter resultado da investidura do bonachão Zé Aparecido em Lisboa.   

Na contramão, diplomatas licenciados também são muito bem-vindos em conselhos de administração e na vida política. Se lhes falta a verve e a agilidade de executivos, sobra-lhes "savoir faire" em articulação paciente e dosada. Na política eles são inúmeros. O espectro cobre desde o prefeito de Manaus a acadêmicos prendados como é o caso de Marcos Troyjo – já referido neste blog.  

Acho, contudo, que jovens alheios à carreira e com poder de influência capaz de catapultá-los a embaixadores, deveriam ter um pouco de consideração pela hierarquia do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e calibrar suas expectativas de acordo com o noviciado, por preparados que se sintam. Nesse contexto, alinho sete razões pelas quais Eduardo Bolsonaro deveria optar pela embaixada brasileira em Assunção (foto) neste momento. 
a) A curta distância da república vizinha dos principais centros de decisão do Brasil permitiria ao atual deputado se deslocar semanalmente rumo a seus familiares e eleitores. Assim, na eclosão de alguma crise familiar, ele estaria presente sem grandes prejuízos de agenda e/ou despesas;
b) Sendo uma pessoa vocacionada para temas ditos policiais, mercê de sua carreira de escrivão da Polícia Federal – o que o faz levar a arma no coldre até para um estúdio de televisão –, lá ele teria amplo laboratório de rastreamento e repressão ao comércio ilegal sobre nossa fronteira;
c) Inserido num xadrez estratégico menor, nem por isso menos importante dada a relevância de Itaipu para ambas as capitais, ele poderia fazer aprendizado com os embaixadores dos EUA, China e Argentina – os próceres mais nevrálgicos de sua posição avançada; 
d) Como conspirador contumaz que é contra o governo venezuelano – que se não cairá de podre, cairá de maduro –, Assunção lhe permitiria fina articulação e tomada regular de posição com seus pares latino-americanos, o que não é pouca coisa; 
e) Sendo Assunção um posto mais discreto, serão menores as repercussões de arroubos eventuais tais como os que o moveram ao propugnar uma bomba atômica para o Brasil como forma de impor respeito e anunciar como inevitável uma intervenção num país vizinho; 
f) Sendo mínima a alternância de poder de comando no Paraguai, o embaixador não colocaria em risco nossos interesses comerciais, militares e estratégicos por conta de, declaradamente, ter um lado. Se isso seria danoso e lesivo ao Brasil nos EUA, no país vizinho é até esperável; 
g) Sendo um posto menos sensível no xadrez diplomático brasileiro, ainda que não secundário, a aprovação de seu nome pelo Senado seria mais tranquila, o que desobrigaria o Executivo de ter que se sujeitar ao balcão de trocas do Congresso.

Isso dito, vê-se que o deputado, se já estiver desinteressado do exercício de um mandato que não o seduz nem singulariza, estaria dando provas de maturidade e de surpreendente traquejo diplomático se nos surpreendesse com tal aspiração. Afinal, seria embaixador da mesma forma.



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FaceApp pode abrir porta para abusos com dados dos usuários


Para especialistas em segurança da internet, usuários compartilham informações sem conhecimento

 

Por Agência Brasil 

 

redacao@amanha.com.br
FaceApp pode abrir porta para abusos com dados dos usuários

Nos últimos dias, imagens de pessoas em versões mais velhas delas mesmas viraram a nova febre das redes sociais no país. O responsável por isso foi o aplicativo Faceapp, ferramenta para edição e aplicação de filtros a imagens, como a simulação dos rostos em idades mais avançadas ou em outros gêneros. Contudo, seu funcionamento e suas normas internas podem abrir espaço para abusos no uso e compartilhamento dos dados de seus usuários. Modas como a do FaceApp já levantaram preocupações antes. Foi o caso do desafio dos 10 anos, que virou febre no Facebook no início do ano e provocou questionamentos pela alimentação de sistemas de reconhecimento facial. No ano passado, o Ministério Público abriu um inquérito para saber se a adoção dessa tecnologia pelo Facebook violava ou não a legislação. Iniciativas em diversos países – como Estados Unidos, China e Rússsia – vêm sendo criticadas por defensores de direitos dos usuários. Empresas do setor, como a Microsoft, chegaram a pedir publicamente a regulação dessas soluções técnicas. No Brasil, o início da aplicação desses recursos pelo Sistema de Proteção ao Crédito no ano passado também foi acompanhado de receios.

O FaceApp está disponível nas lojas de aplicativos Play Store (para o sistema operacional Android) e Apple Store (para o sistema operacional iOS). Na loja Play Store no Brasil estava listado em julho como o principal aplicativo na categoria dos gratuitos. Com nota 4,5 de 5, no momento da publicação desta reportagem, o aplicativo chegava perto de 1 milhão de downloads. O programa é anunciado como uma ferramenta para melhorar fotos e criar simulações por meio de filtros. Nos modelos de edição há possibilidades de mudar cores do cabelo, aplicar maquiagem ou estilos de barba e bigode, entre outros. O sistema de inteligência artificial do app informa que pode encontrar “o melhor estilo para você”.

A política de privacidade do sistema traz informações sobre quais dados são coletados e quais são os usos possíveis. Segundo o documento, são acessados as suas fotos e “outros materiais” quando você posta. Quais outros materiais? O documento não detalha. A empresa adota serviços de análise de dados (analytics) de terceiros para “medir as tendências de consumo do serviço”. O que isso significa? Não fica claro. “Essas ferramentas coletam informação enviada pelo seu aparelho ou por nosso serviço, incluindo as páginas que você acessa, add-ons e outras informações que nos auxiliam a melhorar o serviço”, informa o documento. São utilizados também mecanismos de rastreamento como cookies, pixels e beacons (que enviam dados sobre a navegação para a empresa e parceiros dela).

As informações “de log” também são enviadas, como quando o indivíduo visita um site ou baixa algo deste. A empresa também insere mecanismos para identificar que tipo de dispositivo você está usando, se um smartphone, tablet ou computador de mesa. Podem ser veiculados anúncios por anunciantes parceiros ou instalados cookies dessas firmas. Por meio dessas tecnologias a sua navegação passa a ser totalmente rastreada. Segundo a empresa, contudo, esse volume de informação é reunido sem que a pessoa seja identificada. “Nós coletamos e usamos essa informação de análise de forma que não pode ser razoavelmente usado para identificar algum usuário particular”, informa o aplicativo.

As políticas de privacidade afirmam que a informação não é vendida ou comercializada, mas listam para quem a informação reunida pode ser compartilhada para as empresas do grupo que controla o FaceApp, que também poderão utilizá-las para melhorar os seus serviços. Também terão acesso empresas atuando na oferta dos serviços, que segundo o documento, o farão sob “termos de confidencialidade razoáveis”. O que são termos razoáveis? O usuário não tem como saber. O compartilhamento poderá ser feito para anunciantes parceiros. Se a empresa for vendida, ela poderá repassar as informações aos novos acionistas ou controladores. De acordo com o documento, mudanças nos termos podem ser feitas periodicamente, sem obrigação de aviso aos usuários. Assim, a empresa possui um leque amplo de alternativas de compartilhamento sem que o usuário saiba quem está usando suas informações e para quê.

A diretora da organização Coding Rights, Joana Varon, avalia que o uso do app traz uma série de riscos e viola a legislação brasileira ao afirmar que poderá ser regido por leis de outros países, inclusive o Artigo 11º do Marco Civil da Internet. Joana considera a política de privacidade do FaceApp muito permissiva, uma vez que não é possível saber quais dados serão utilizados, como e por quais tipos de empresas. Entretanto, ela acrescenta que certamente a empresa responsável e seus “parceiros” trabalham os registros reunidos para alimentar sistemas de reconhecimento facial, uma vez que o app gera um poderoso banco de dados, não só de fotos dos usuários como de outras pessoas para as montagens (como de amigos ou de celebridades).

Ela ainda informa que isso resulta em um problema grave, uma vez que as tecnologias de reconhecimento facial têm se mostrado abusivas, como nas aplicações de segurança pública. As preocupações levaram cidades a banir esse tipo de recurso, como San Francisco, nos Estados Unidos, ou São Paulo, que proibiu o uso da tecnologia no metrô. “As pessoas ficam empolgadas, mas no fim tem uma finalidade muito além do que só essa brincadeira, que nem é tão clara. É claro que imagens estão sendo utilizadas para aperfeiçoar o reconhecimento facial, tecnologia que tem se mostrado totalmente nociva. Não é só identificação de pessoas, mas do humor e outras características que não são comuns a outros tipos de dados biométricos, como digital”, explica a especialista.

Para Fábio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky, é possível que essas imagens acabem sendo empregadas em usos problemáticos. “Por utilizar inteligência artificial para fazer as modificações a partir do reconhecimento facial, a empresa dona do app pode vender essas fotos para empresas desse tipo, além desses dados facilmente caírem nas mãos dos cibercriminosos e serem utilizados para falsificar nossas identidades”, alerta. Assolini diz que os usuários devem tomar cuidado sobre como disponibilizam suas imagens para reconhecimento facial ou até mesmo publicamente. “Temos de entender essas novas maneiras de autenticação como senhas, já que qualquer sistema de reconhecimento facial disponível a todos pode acabar sendo usado tanto para o bem quanto para o mal”, diagnostica.

Na opinião do coordenador do grupo de pesquisa Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Arthur Bezerra, o argumento da parte de muitos usuários de que não haveria problemas no FaceApp, uma vez que os dados das pessoas já estão expostos na internet não procede. "Embora plataformas como o Google e o Facebook tenham uma enorme gama de dados sobre nós, cada empresa busca formar seu banco de dados. E o FaceApp é desenvolvido por uma empresa russa, então quando você faz o download, você está compartilhando suas informações com uma nova companhia que você não sabe qual é. Se eu dissesse por alguém para me dar a senha do Facebook, a pessoa provavelmente não daria, pois todo mundo tem uma dimensão privada da sua vida", opinou.  

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terça-feira, 16 de julho de 2019

O ciclo cada vez mais virtuoso da inovação no campo


Agronegócio impulsiona o desenvolvimento tecnológico de várias engrenagens da economia gerando riqueza

 

Por Karine Menoncin

 

karine.menoncin@amanha.com.br
Agronegócio impulsiona o desenvolvimento tecnológico de várias engrenagens da economia, impulsionando a geração de riqueza

Por   trás   das   sementes  plantadas  estão  indústrias   químicas,   metalmecânica,        niversidades, 
profissionais do agronegócio e comércio. A safra 2018-2019 gerou R$ 564,3 bilhões de Valor Bruto da Produção (VBP), cifra que corresponde ao faturamento bruto dentro da propriedade rural, conforme levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Antes, durante e depois da safra, o agronegócio nacional movimenta diversas cadeias em busca de tecnologias para maior produtividade, otimização do tempo do produtor e redução do uso de insumos. 

 Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), e Gil Giardelli, especialista em inovação e economia digital, relatam ao canal AMANHÃ TV como o agronegócio vem se tornando um dos grandes laboratórios de P&D do país e alertam sobre a necessidade de profissionalização da mão de obra nesse segmento.


Edição: Allan Pochmann
 
 
 
 http://www.amanha.com.br/posts/view/7799

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Embraer revela carro voador 'para as massas'



 

Embraer revela carro voador 'para as massas'

Brasileira apresentou ontem conceito de veículo aéreo com cara de utilitário esportivo; projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Uber
 
 
 Por Luciana Dyniewicz, enviada a Washington (EUA) - O Estado de S. Paulo





Vice-ministros da Agricultura do BRICS visitam Brasil em preparação à ministerial de setembro



Brasília – Os Ministérios da Agricultura da Rússia, Índia, China e África do Sul já confirmaram presença para a reunião de Vice-Ministros de Agricultura do Brics (bloco que reúne os cinco países), programada para ocorrer nos dias 17 e 18 de julho, em Brasília. Este encontro antecede a 9ª reunião de Ministros de Agricultura do Brics, que será realizada em Bonito (MS), em setembro, com o tema ”Promoção da Inovação e Ações para o Desenvolvimento de Novas Soluções para Sistemas de Produção de Alimentos”.

O bloco formado por cinco países de economias em desenvolvimento (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) representa cerca de 42% da população mundial, 23% do PIB (Produto Interno Bruto), 30% do território e 18% do comércio mundial.

O Brasil exerce a presidência de turno do bloco neste ano. A ênfase dos encontros será a promoção da ciência, tecnologia e inovação; da economia digital; do aumento dos contatos entre o setor produtivo e os projetos desenvolvidos pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês) do Brics.


Programação


Na quarta-feira (17), a ministra Tereza Cristina deverá receber e dar as boas-vindas aos representantes das delegações na Sala Moacir Micheletto, no mezanino da sede do Ministério da Agricultura.

Logo em seguida, a delegação vai à sede da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para visitar os laboratórios que testam novas variedades de cana-de-açúcar e bancos de sementes e mudas.

À tarde, o grupo se reúne no auditório do Mapa para discutir pautas ligadas ao desenvolvimento da agropecuária dos países membros. A reunião será conduzida pelo embaixador Orlando Ribeiro, secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério, com a presença dos vice-ministros de agricultura dos países do Brics.

Na quinta-feira (18), as discussões prosseguem, terminando com encontros bilaterais entre os países-membros.


(*) Com informações do Mapa


Mercosul renasce com orientação mais liberal


Mercosul renasce com orientação mais liberal
(Junho) Os presidentes de Brasil e Argentina posam durante a reunião de cúpula do G20 em Osaka, Japão - POOL/AFP


Os presidentes do Mercosul irão celebrar nesta quarta-feira, sua cúpula semestral em clima de euforia com a retomada do bloco, após um acordo com a União Europeia para formar um dos maiores mercados do mundo.

“Será uma cúpula celebratória”, disseram fontes do governo do Brasil, que irá substituir a Argentina na presidência rotativa do bloco, composto também por Paraguai e Uruguai.

Revitalizado pelo pacto anunciado há duas semanas com Bruxelas, o Mercosul quer chegar no mês que vem a um similar com a Associação Europeia de Livre-Comércio (EFTA) e busca fechar outros com Canadá, Singapura e Coreia do Sul.

A cúpula pretende mostrar o início de “outro Mercosul”. De Santa Fé sairá o mandato de flexibilizar seu funcionamento, reduzir a tarifa externa comum e eliminar o poder de vetar acordos bilaterais que seus membros quiserem alcançar, segundo fontes do bloco.

Como outro sinal de integração, será eliminada a cobraça de “roaming” na região, uma tarifa às ligações internacionais de celulares, indicaram as fontes.

Também estará na mesa a crise da Venezuela, que foi suspensa do bloco em 2017. 

O presidente do Chile Sebastián Piñera, cujo governo é presidido pela Aliança do Pacífico, outro pujante bloco comercial, e o presidente da Bolívia, Evo Morales, também participarão.


– Onda comercial –
A assiciação UE-Mercosul foi alcançada após 20 anos de idas e vindas, quando Argentina e Brasil, principais parceiros do bloco sul-americano, têm governos com perfis mais liberalizantes que seus antecessores. 

O governo de Jair Bolsonaro “está realmente embarcado em uma mudança de modelo”, disse o secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo – um dos negociadores do acordo com Bruxelas.

“Todos os barcos estão na crista desta bela onda comercial”, disse em uma audiconferência do centro de estudos Atlantic Council de Washington.

O acordo foi interpretado como uma resposta transatlântica à política protecionista agressiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.Troyjo lembrou que, ao assumir o cargo em janeiro, Bolsonaro prometeu negócios “sem levar em conta as diferenças ideológicas”. 

“Tivemos a sorte de ter o presidente Mauricio Macri na Argentina, que também quer o acordo e com quem também temos maneiras semelhantes de ver os problemas da região”, acrescentou.

Essa coincidência ajudou até mesmo o governo esquerdista do Uruguai, que por anos buscou um Mercosul mais aberto, mas se chocou com a relutância dos dois principais parceiros. 



 https://istoe.com.br/mercosul-renasce-com-orientacao-mais-liberal/

Bernard Appy: nova lei fará sistema tributário melhor


Autor da proposta de reforma tributária esteve na Fiesc 

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Bernard Appy: nova lei fará sistema tributário melhor


A reforma tributária, que agora deve avançar no Congresso, pode transformar o sistema de tributação brasileiro em referência mundial, caso aprovada. A avaliação é do economista Bernard Appy (foto), do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), que participou de seminário promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) nesta sexta-feira (12), em Florianópolis. Ele é o autor da proposta incluída no texto apresentado pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP) – a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019. 

Uma das principais mudanças é a substituição de cinco tributos cobrados atualmente – PIS, Cofins e IPI, de competência federal; ICMS, de competência estadual; e ISS, municipal – por um imposto direto sobre consumo nos moldes do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). “O fundamental é substituir cinco tributos muito ruins que temos hoje no Brasil por um bom imposto sobre bens e serviços que é o IBS”, sugeriu Appy. Essa mudança traz uma série de consequências, de acordo com o economista. “A principal delas é um aumento enorme da produtividade, ou seja, do PIB potencial do Brasil e do poder de compra dos brasileiros. 

Estamos falando aqui de um aumento do PIB potencial de pelo menos 10 pontos percentuais num horizonte de 15 anos”, estimou. O presidente da Federação, Mario Cezar de Aguiar, lembrou que a reforma tributária é uma das mais aguardadas pelo setor produtivo do país. “Precisamos achar uma equalização que no mínimo faça a simplificação do sistema. Essa reforma fiscal poderá reduzir gradativamente a carga tributária nacional. Hoje o custo das empresas para lidar com a complexidade das legislações da área tributária no país é altíssimo”, frisou Aguiar.

Appy destacou que o principal efeito da reforma tributária é a criação de condições para o Brasil crescer mais por meio da eliminação de distorções e de ineficiências que têm no sistema tributário atual. “O ponto mais complicado nesse processo é como passar para o novo sistema tributário, porque isso tem impacto sobre os setores da economia e tem impacto sobre os estados e municípios”, recordou. Para resolver a questão, o economista sugere duas transições: uma em 10 anos, do sistema tributário atual para o novo sistema, garantindo segurança jurídica para os empresários que já fizeram investimentos com base no sistema atual; e uma transição mais longa, de 50 anos, na distribuição da receita entre estados e municípios, para que o impacto da mudança sobre as finanças estaduais e municipais seja extremamente suave ao longo do tempo. “Com essas duas transições, a gente acha que reduz muito a resistência à mudança e, quem sabe, a gente consegue migrar do pior sistema tributário do mundo que é o brasileiro para talvez o melhor sistema de tributos e serviços que é o que sairia da PEC 45”, avaliou Appy.

Pesquisa divulgada pela CNI em março mostra que quase 80% dos empresários das indústrias extrativa e de transformação reprovam o atual sistema tributário brasileiro. Eles avaliam mal todos os seis aspectos apresentados: número de tributos; simplicidade; estabilidade de regras; transparência; direitos e garantias do contribuinte; e segurança jurídica. O levantamento também mostra que o ICMS é o que mais afeta negativamente a competitividade da indústria. Em uma lista de sete tributos, o ICMS foi o mais citado pelas empresas como prejudicial, com 42% das assinalações. Depois dele, o PIS/Cofins e as contribuições previdenciárias (INSS) figuram em segundo lugar como os tributos mais prejudiciais às empresas, empatados com 16% das respostas.

http://www.amanha.com.br/posts/view/7805