sexta-feira, 5 de março de 2021

O Investimento à francesa da Renault


Montadora anuncia R$ 1,1 bilhão em recursos para o Brasil e condiciona futuros aportes ao avanço das reformas e à melhora da competitividade.

Crédito: Luiz Costa

APOSTA NO BRASIL Na fábrica de São José dos Pinhais serão produzidos cinco novos modelos e um motor . (Crédito: Luiz Costa)


Discretamente e na contramão do impacto negativo que a crise provocada pela Covid-19 causou na indústria automotiva, a unidade brasileira da gigante francesa Renault anunciou, no início da semana, investimentos no parque fabril do Paraná para impulsionar as vendas nos próximos 18 meses. O montante previsto é de R$ 1,1 bilhão, dinheiro que será aplicado na produção de cinco modelos e na produção de um novo motor 1.3. A companhia não revelou quais serão as mudanças nas linhas que produz atualmente.

O curto ciclo de investimentos, que irá até o primeiro semestre de 2022, difere do modelo habitual, que gira entre seis e sete anos. Para colocar a mão no bolso a partir de 2023, a montadora não esconde que aguarda o caminho das reformas. Segundo o presidente da Renault no Brasil Ricardo Gondo, “o que se discute é a complexidade da carga tributária, além de altos custos logísticos e de fabricação. Como indústria, estamos lutando contra tudo isso para aprovar novos investimentos no País.”

Além dos cinco modelos, a companhia francesa também irá lançar no mercado brasileiro dois veículos elétricos até o ano que vem. O primeiro deles, a nova versão do Zoe, chega no fim do primeiro semestre. O crescimento desse segmento, na avaliação do presidente da Renault brasileira, também passa por mudanças na política econômica. “Na França e Espanha, há incentivos fiscais. Isso ajuda a impulsionar e precisa estar na pauta de prioridade do governo”, disse Gondo. “O mercado ainda é pequeno e não há política pública para esse tipo de produto”, afirmou, referindo-se aos veículos elétricos.

Gabriel Reis

“O que se discute é a complexa carga tributária, além de altos custos logísticos e de fabricação. Como indústria, estamos lutando contra tudo isso” Ricardo Gondo, presidente da Renault no Brasil.

MEIO AMBIENTE Mesmo sem incentivos, a companhia enxerga um aumento na procura desses modelos por clientes corporativos, como Mercado Livre e DHL, principalmente pelo aumento de ações ligadas ao impacto do meio ambiente. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), dos 162.587 automóveis e comerciais leves licenciados em janeiro, 10.456 foram da montadora francesa. Hoje a Renault tem 6,4 mil funcionários diretos e 25 mil indiretos.

Gondo disse que o crescimento significativo do número de casos e de mortes pela Covid-19 no Brasil preocupa, além do risco real de queda no faturamento a partir da maior necessidade de restrição de circulação em boa parte dos estados. “Isso impacta no curto prazo, porque algumas concessionárias já não estão funcionando. O que a gente precisa agora é monitorar, acompanhar e ter equipe capaz de se adaptar e tomar decisões certas”, disse. À francesa, a Renault deixa claro que aposta no País. Falta agora que o País faça a sua parte.

 

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Máquinas agrícolas: Jacto construirá nova fábrica duas vezes maior que a atual Estadão Conteúdo

A Jacto, fabricante de máquinas agrícolas com base em Pompeia, no interior paulista, anunciou nesta sexta-feira (5) a construção de uma nova fábrica no município, que deverá ser concluída em março de 2023. A planta terá uma área construída de 96 mil metros quadrados, mais do que o dobro da área da fábrica atual de produtos agrícolas da companhia, também em Pompeia, de 39 mil metros quadrados. Com a expansão, a Jacto pretende atender à demanda crescente tanto por produtos que já vinham sendo comercializados há anos como pelos recém-lançados em 2020, segundo nota da empresa.

A nova unidade contará com tecnologias e instalações dentro dos conceitos de “Indústria 4.0”, como sistemas automatizados de pintura e de armazenagem, movimentação de materiais por veículos autônomos e um centro avançado de treinamentos, de acordo com o comunicado. Também haverá reúso de água, manufatura sem papel e painéis solares que garantirão energia equivalente a todo o consumo da fábrica.

“O projeto faz parte de um conjunto de ações que tem como principal objetivo oferecer excelência na experiência do agricultor. Lançamos uma nova linha de produtos em agosto do ano passado com três modelos de plantadeiras, uma colhedora de cana-de-açúcar e um pulverizador autônomo, e agora estamos dando mais um grande passo, investindo em uma fábrica moderna para sustentar o crescimento previsto para os próximos anos”, afirmou no comunicado o diretor presidente da Jacto, Fernando Gonçalves Neto.

No ano passado, Gonçalves Neto disse em entrevista ao Estadão/Broadcast que a companhia pretendia duplicar seu faturamento de 2019, de R$ 1,650 bilhão, nos próximos três anos. Há expectativa também de que peso das exportações no negócio cresça de 25% para cerca 35%, e de que empresa ganhe participação no mercado brasileiro, subindo de 5% a 8% sobre sua fatia atual, não revelada.

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Tupy alcança a maior receita da história para um quarto trimestre


Lucro também é recorde para o período, mas não foi suficiente para reverter o prejuízo anual 
 
“Alguns mercados já têm apresentado recuperação significativa, como os veículos comerciais leves nos Estados Unidos e caminhões pesados no Brasil”, contou Rizzo em recente entrevista para o anuário 500 MAIORES DO SUL

A Tupy segue com a trajetória de recuperação iniciada no terceiro trimestre, fechando o intervalo entre outubro e dezembro com a maior receita para este período até hoje: R$ 1,2 bilhão, crescimento de 11,6% em relação ao quarto trimestre de 2019. O lucro bruto de R$ 217 milhões também é o maior já registrado num quarto trimestre. Já o lucro líquido atingiu R$ 86 milhões, crescimento de 19% na comparação com o ano anterior. Porém, o resultado não foi suficiente para reverter o prejuízo que terminou em R$ 76,2 milhões (veja todos os principais resultados na tabela ao final desta reportagem).

Os resultados, obtidos em meio a pandemia, representam a junção de fatores primordiais, que vêm garantindo o crescimento da companhia catarinense, como a atuação em economias dinâmicas e segmentos de mercado essenciais para a sociedade, flexibilização da produção, eficiência operacional e controle de custos.

"Contamos com uma sólida estrutura de governança e ferramentas de gestão de risco. Isso nos possibilitou um enfrentamento adequado da pandemia, protegendo as pessoas e a empresa. No segundo semestre, observamos uma retomada gradual dos volumes e aumento expressivo das margens em razão de uma série de projetos e iniciativas, que vêm sendo desenvolvidos e implementados por um time de alta performance, composto por novos gestores e executivos com experiência na organização e em seus processos-chave", destaca Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Tupy.

"Alguns mercados já têm apresentado recuperação significativa, como os veículos comerciais leves nos Estados Unidos e caminhões pesados no Brasil", contou Rizzo em recente entrevista para o anuário 500 MAIORES DO SUL. Ele antecipou, na ocasião, que segmentos como máquinas e equipamentos utilizadas em setores de mineração e construção não-residencial devem apresentar recuperação ao longo de 2021. O CEO também revelou que pacotes de infraestrutura nos Estados Unidos, o Marco do Saneamento e a nova Lei do Gás no Brasil podem impactar substancialmente a demanda da companhia nos próximos anos. "Os próximos anos serão marcados por investimentos em produtos e serviços de alto valor agregado, como usinagem, além de pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e negócios", vislumbrou Rizzo.

A Tupy é a 26ª maior empresa da região e a décima maior de Santa Catarina, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ com o apoio técnico da PwC. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.

https://amanha.com.br/categoria/empresa/tupy-alcanca-a-maior-receita-da-historia-para-um-quarto-trimestre

Catarinense Hering anuncia maior investimento em 140 anos


Empresa aportará R$ 131 milhões especialmente em tecnologia 
 
 
Apesar da queda de 36% no fluxo de clientes, a Hering destaca a evolução nos indicadores de eficiência, como o crescimento de 12% no ticket médio

Ao relevar os números do quarto trimestre de 2020, assim como os resultados alcançados em 2020, a Cia. Hering informou que terá seu maior investimento da história de 140 anos. O aporte totalizará totalizando R$ 131 milhões, direcionados especialmente para programas de tecnologia focados na reestruturação da arquitetura de sistemas e dados, desenvolvimento de infraestrutura, plataformas digitais e estratégia de inovação, modernização do parque industrial e logístico, além de melhorias na experiência de lojas. No acumulado de 2020, a empresa aportou R$ 47 milhões, queda de 27,4% em relação ao exercício de 2019, resultado das medidas adotadas para evitar a deterioração do caixa durante o período da pandemia. Clique aqui para acessar o release de resultados da Hering na íntegra.

De acordo com a Hering, o faturamento anual atingiu R$ 1,3 bilhão, queda de 29,9% em relação ao exercício de 2019. "A instabilidade na operação devido aos fechamentos de lojas, horários de funcionamento reduzidos e limitação da circulação de pessoas contribuíram para a queda no faturamento dos canais físicos. Por outro lado, destaca-se a performance do canal digital com crescimento de 230,6% e aumento de 9,9 pontos percentuais na penetração das vendas", explica a companhia catarinense em seu balanço. O lucro líquido totalizou R$ 342,9 milhões em 2020, avanço de 59,7% na comparação com 2019 (veja alguns dos principais indicadores na tabela ao final desta matéria).

As vendas das lojas físicas totalizaram R$ 115,6 milhões, 11,6% inferior ao quarto trimestre de 2019. Apesar da queda de 36% no fluxo de clientes, impactado pelo fechamento do comércio em alguns dias de dezembro nos estados de São Paulo e Minas Gerais – praças onde primordialmente as lojas próprias estão localizadas – a Hering destaca a evolução nos indicadores de eficiência da operação, como o crescimento de 12% no ticket médio, impulsionado pelo maior volume de peças por atendimento, por exemplo.

A companhia encerrou o ano com 778 lojas, das quais 758 no Brasil e 20 no mercado internacional. Entre outubro e dezembro foram abertas 29 lojas cumprindo o plano de expansão anunciado no segundo trimestre, inaugurando 130 lojas no ano. Para o ano de 2021, a Hering expandirá seu varejo físico através de aberturas de 110 novas lojas em formatos compactos e conversão de 25 mega lojas.

A Cia. Hering é a 62ª maior empresa da região e a 15ª maior de Santa Catarina, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ com o apoio técnico da PwC. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.

 https://amanha.com.br/categoria/empresa/catarinense-hering-anuncia-maior-investimento-em-140-anos?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Catarinense+Hering+anuncia+maior+investimento+em+140+anos+-+Grupo+Amanh%C3%A3+%283%29&utm_medium=email&utm_source=EmailMarketing&utm_term=News+Amanh%C3%A3+05_03_2021

quinta-feira, 4 de março de 2021



Por R$ 275 milhões

Aliansce compra mais 21% do Shopping Leblon e se torna acionista controladora 

04 março 2021

 

Por Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com - A Aliansce (SA:ALSO3) Sonae comunicou aos acionistas a compra de mais 21% da participação no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, por R$ 275 milhões, passando a acionista controlador, com 51% do empreendimento.

Segundo o documento divulgado nesta quinta-feira (4), o investimento resulta em uma taxa de capitalização de 6,9% sobre o resultado operacional do shopping para 2021. A companhia estima a taxa interna de retorno real e desalavancada em 8,8%.

Para a última aquisição de 4,9% de participação no shopping, ocorrida em maio de 2019, a taxa de capitalização estimada era de 6,7% e foi convertida em 7,3% no final de 2019, informou a companhia.

A empresa diz ainda que a venda e aluguel por m² das lojas satélites do shopping foi de R$ 3.777e R$ 341 em 2019, respectivamente, contra a média do portfólio Aliansce de R$ 2.104 e R$ 155.

Ontem, os papéis da administradora foram negociados a R$ 6,59, com queda acumulada de 16,3% nos últimos trinta dias e alta de 3,78% nas últimas 52 semanas.

 

 https://www.spacemoney.com.br/geral/aliansce-compra-mais-21-do-shopping-leblon-e-se-torna-acionista/163585/

“A única saída é vacina, vacina e vacina”, diz Marcelo Silva, do IDV e do Unidos pela Vacina


Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) e um dos coordenadores do Unidos pela Vacina, explica a situação que o grupo tem encontrado nos municípios do País e os próximos passos do Movimento

 


No início de fevereiro, o movimento Unidos pela Vacina, encabeçado pela empresária Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, foi lançado ao lado de grandes nomes do capitalismo com a meta de ajudar a acelerar a vacinação no Brasil.

Executivos como Paulo Kakinoff, CEO da Gol; Walter Schalka, da Suzano; Nizan Guanaes, fundador da Nideias; Chieko Aoki, CEO da rede de hotéis Blue Tree; João Carlos Brega, CEO da Whirpool na América Latina, e outros pesos-pesados da economia fazem parte do projeto.

Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), também está nesse time e tem feito a ponte entre o Movimento e o Governo Federal. O Unidos Pela Vacina, diz ele, já mapeou a situação em 1.541 municípios brasileiros. O cenário encontrado até agora é preocupante.

“Há uma falta de estrutura nos municípios. Faltam seringas, agulhas, geladeiras, batas”, diz Silva ao NeoFeed. Mas o Movimento, que já conta com a participação de cerca de 1 mil empresários, executivos e profissionais liberais, está trabalhando para acelerar a entrega de suprimentos.

O Unidos pela Vacina tem organizado um plano de distribuição ao lado dos poderes públicos e, para isso, conta com o apoio de uma extensa malha formada pelos transportadores que atuam no varejo. As companhias aéreas Gol e Azul também estão nesse plano.

Paralelo a isso, o grupo prepara uma campanha nacional para conscientizar a população da importância da vacinação. “Temos de acabar com esses mitos de chip e mais não sei o quê. Isso não existe. A gente tem de vacinar. Enquanto não vacinarmos a maioria da população brasileira, não vamos sair desse problema”, diz Silva. Acompanhe os principais trechos da entrevista:

Qual é o propósito do movimento?
Ajudar a acelerar o processo de vacinação. Queremos que toda a sociedade se engaje com a gente. Os poderes público, privado e movimentos que estejam acontecendo.

E qual é o diagnóstico que vocês já têm?
Há uma falta de estrutura nos municípios. Faltam seringas, agulhas, geladeiras, batas.

Como vocês estão mapeando isso?
Com uma pesquisa através do Instituto Locomotiva, do Renato Meirelles. É um questionário num aplicativo, fácil de preencher as demandas de cada município. Estamos conversando também com os secretários estaduais e os governadores para entender quais são os gargalos. E tudo de acordo com o plano nacional de imunização.

Quantos municípios vocês já conseguiram mapear?
A última posição que tive dava conta de mais 1.541 municípios mapeados. E temos um movimento muito importante de fazer campanhas.

Que tipo de campanhas?
Vamos fazer campanhas em redes sociais para conclamar a população a se vacinar. Os mais velhos, todos. Temos de acabar com esses mitos de chip em vacina e mais não sei o quê. Isso não existe. A gente tem de vacinar. Enquanto não vacinarmos a maioria da população brasileira, não vamos sair desse problema. Porque aí vem as cepas, as variantes e aí não saímos desse ciclo vicioso.

“Temos de acabar com esses mitos de chip em vacina e mais não sei o quê. Isso não existe. A gente tem de vacinar”

As fake news estão atrapalhando muito? Você falou de as pessoas acreditarem que tem chip na vacina…
Estão e as pesquisas estão mostrando que tem muita gente nas periferias e nas favelas que acreditam nisso. Tem até uma pesquisa feita pela Central Única das Favelas (Cufa) que traz esse dado.

Mas o movimento vai participar da logística, ajudar na distribuição?
Estamos nos preparando, contatando empresas de transportes, empresas aéreas como a Gol e a Azul, e todos os transportadoras que trabalham com o varejo estão a nossa disposição. O gargalo maior é a vacina. Chegando as vacinas, temos condições de ajudar para acelerar. Um dos nossos lemas é não querer saber do passado, o que não foi feito não nos interessa. Agora, o que nos interessa é o daqui para frente.

Entendo que você não queira olhar para o passado, mas o presente é muito preocupante, aliás, os números são piores. Como você está vendo esse nosso presente?
Com imensa preocupação. Cada dia que passa, a gente fica mais angustiado em obter as vacinas. É a única alternativa para quebrarmos esse círculo vicioso.

Quando teremos as vacinas?
O comprador de vacina é o Ministério da Saúde. O nosso target é vacinar a maioria da população brasileira até setembro.

Do ponto de vista econômico, como está enxergando esse projeto?
A economia só vai deslanchar quando 70% da população estiver vacinada. Enquanto isso, vamos viver esse drama de fecha, abre, lockdown, abre parcialmente. A área de serviços é penalizadíssima. Bares, restaurantes, hotéis, lazer. Tudo isso é, absolutamente, prejudicado. A economia fica travada. Essa queda de 4,1% do PIB só não foi maior porque o auxílio emergencial ajudou muito o consumo.

Qual será o desempenho do PIB nesse ano?
Não quero ser pessimista, mas acho que o primeiro trimestre será prejudicado. Ninguém esperava que em janeiro, fevereiro e março tivéssemos um pico desse. Por isso que a vacina é necessária. A única saída é vacina, vacina e vacina.

Até quando você acha que vamos viver esse abre e fecha?
Nossa esperança é até o fim de março, mas tem experts falando que vai até abril. Depende muito da vacina.

 https://neofeed.com.br/blog/home/a-unica-saida-e-vacina-vacina-e-vacina-diz-marcelo-silva-do-idv-e-do-unidos-pela-vacina/?utm_source=Emails+Site&utm_campaign=2b8f34d764-EMAIL_CAMPAIGN_2021_03_04_11_11&utm_medium=email&utm_term=0_c1ecfd7b45-2b8f34d764-404839180

“O problema não é o lockdown, mas sim ficar com medidas paliativas”, diz CEO da CVC


Em entrevista ao NeoFeed, Leonel Andrade, CEO da operadora de turismo CVC , defende a adesão da população a um lockdown rigoroso de duas a três semanas, fala que o setor de turismo já sente os efeitos dessa segunda onda e diz que a única solução definitiva é a vacinação

 


Leonel Andrade, CEO da CVC (foto: Rafael Arbex/Estadão Conteúdo)

Poucos setores da economia são tão afetados pela pandemia do novo coronavírus como o de turismo. Ao contrário do varejo, que acelerou a digitalização para vender mesmo com as lojas fechadas, uma viagem não realizada nunca mais é recuperada.

Mas, a despeito desse cenário, a recuperação vinha acontecendo. Em dezembro, as vendas chegaram a 50% do ano anterior. Com o recrudescimento da pandemia no Brasil, que tem uma média de mais de mil mortes por dia há mais de 30 dias, as vendas voltaram a recuar.

“Estima-se que o setor vinha em uma recuperação da ordem de 50% sobre o ano anterior e recuou, nos últimos dias, para cerca de 30% a 35%”, diz Leonel Andrade, CEO da operadora de turismo CVC, em entrevista ao NeoFeed. “Agora, com essas medidas mais restritivas nessa semana e daqui para frente, é óbvio que vai reduzir ainda mais.”

Mas não pense que Andrade seja contra as medidas restritivas de circulação, como um lockdown rigoroso. Ao contrário. Nesta entrevista, ele defende o fechamento da economia por duas a três semanas, citando como exemplos países que tomaram essa atitude e obtiveram bons resultados, como Portugal, Itália e Alemanha.

“Não é saúde ou economia? No fim, a gente não resolve nem uma coisa, nem outra”, afirma Andrade. O executivo defende ainda que todos os esforços do setor público e privado sejam direcionados à vacinação. E resume o caminho para sair da crise de forma definitiva. “A única solução está na vacinação urgente, imediata e com muito foco”, afirma Andrade.

O executivo diz que a CVC está preparada para passar por essa fase, até por conta da capitalização realizada pelos acionistas, que colocaram R$ 700 milhões na empresa com o compromisso de mais R$ 400 milhões até setembro deste ano. “Mas o setor é muito pulverizado em muitas pequenas empresas, pequenos empresários, franqueados. E aí ninguém está 100% razoavelmente preparado.” Acompanhe os principais trechos da entrevista:

O Brasil tem batido recordes de mortes por conta da Covid-19, que estão no patamar de mais de mil por dia há mais de um mês. Já há impacto no setor de turismo?
Sim, o que aconteceu é que o setor vinha se recuperando bem até o início de dezembro. E, de meados de dezembro para cá, voltou a ter um recuo forte, porque começaram a ter restrições. Por exemplo, o Nordeste está fechando praias. As pessoas obviamente começaram a ter uma série de inseguranças. Então, há muita requisição para remarcação e cancelamento de viagens. Houve também um recuo forte de compras de novas viagens de novo.

De quanto foi esse recuo?
De grosso modo, estima-se que o setor vinha em uma recuperação da ordem de 50% sobre o ano anterior e recuou, nos últimos dias, para cerca de 30% a 35% de um ano atrás. Agora, com essas medidas mais restritivas nessa semana e daqui para frente, é óbvio que vai reduzir ainda mais.

“O setor vinha em uma recuperação da ordem de 50% sobre o ano anterior e recuou, nos últimos dias, para cerca de 30% a 35%”

Pode explicar melhor esses dados?
São dados pré-pandemia. Quando você compara início de dezembro de 2020 contra dezembro do ano anterior. Nesse período, estava vendendo cerca de 50% menos. Agora, com certeza, vamos para baixo de 30%.

Mesmo com a recuperação que você citou o desempenho do setor ainda estava bem abaixo de uma situação normal, não?
Sim, mas vamos entender. Quando você olha o setor de turismo, há três pilares: o doméstico, o internacional e o corporativo. O corporativo foi muito baixo, quase inexistente em dezembro. O internacional também, com muitas fronteiras fechadas. A recuperação estava todo no doméstico, que chegou a fazer 70% de um ano para outro. Agora, com certeza, vai para cerca de 30%.

Você comentou recentemente que previa que o setor ia voltar para a normalidade em dezembro de 2021. Ainda mantém essa estimativa?
O que eu tenho dito, e mantenho, é que vamos ter, no último trimestre do ano, um movimento muito forte no setor doméstico, voltando a níveis prováveis pré-crise. No internacional não dá para prever, porque, mesmo que você tenha uma vacinação resolvida no Brasil, não significa que as fronteiras estarão abertas. E o corporativo ainda não vai voltar à normalidade.

Como resolver essa situação?
De curtíssimo prazo, acredito que o lockdown tem de ser realizado. Na verdade, por mais dolorido que seja, temos de tomar essa decisão: fechar tudo e todo mundo tem de ter a disciplina de colaborar e dar exemplo. Países como Portugal, por exemplo, fizeram isso e tiveram uma redução drástica. Em duas ou três semanas, eles reduziram drasticamente o contágio com o lockdown. O maior problema para mim não é o lockdown, mas sim ficar com medidas paliativas que não resolvem. E ficamos sempre com incertezas em todos os setores. Obviamente, a vida é muito mais importante do que qualquer coisa. O cliente bom é o cliente vivo. Por mais dolorido que seja, que se feche mesmo durante duas ou três semanas. Se todo mundo fechar, a gente vai ter ganhos substanciais.

“Na verdade, por mais dolorido que seja, temos de tomar essa decisão: fechar tudo”

Que outras medidas?
Outro ponto fundamental é que todo mundo tem que colaborar, lavar as mãos e usar máscara. Isso são coisas básicas. Mas a solução definitiva é a vacinação. Todos nós, seja do setor público ou do setor privado, devíamos estar 100% focados em fazer a vacinação andar e dar certo. Ninguém pode ter dúvida sobre isso. Não é saúde ou economia? No fim, a gente não resolve nem uma coisa, nem outra. A única solução está na vacinação urgente, imediata e com muito foco.

No ano passado, era tudo muito novo e o cenário era de extrema incerteza. Dá para se preparar dessa vez?
Além de não estarmos preparados no ano passado, nós não tínhamos experiência em relação a doença. Ainda havia muita polêmica. As experiências internacionais mostram que o lockdown funciona desde que seja feito com altíssima adesão, como são os casos de Itália, Alemanha, Portugal e vários outros. O que estamos menos preparados é para o vai-e-vem. E quando olhamos no setor de turismo, a pior coisa que pode acontecer é o vai-e-vem. Imagina vender um monte de viagem e depois cancelam ou remarcam? Você não consegue fazer coisa nenhuma com falta de  previsibilidade. O impacto nas companhias aéreas e no setor hoteleiro é gigantesco. E, óbvio, que o impacto financeiro também. É muito melhor meter o dedo na ferida. Por mais dolorido que seja, se tem uma perspectiva de melhorar substancialmente, é melhor que se tome essa medida.

E a CVC está mais preparada para essa segunda onda da pandemia?
A CVC está beneficiada pelo aporte de capital feito pelos acionistas (foram R$ 700 milhões com compromisso de mais R$ 400 milhões até setembro deste ano). Isso faz com que ela tenha capacidade de passar por essa fase. Mas o setor é muito pulverizado em muitas pequenas empresas, pequenos empresários, franqueados. E aí ninguém está 100% razoavelmente preparado. O melhor é que a gente consiga sair rápido da crise. E, para isso, no curto prazo, precisa de lockdown. E foco em vacina para que, nos próximos meses, a gente consiga de fato ter o Brasil em outro patamar.

Que medidas foram tomadas pela CVC?
Foram tomadas muitas medidas de redução de custo e de digitalização. Mas o setor de turismo é muito difícil. No setor de varejo, como Casas Bahia ou Magazine Luiza, o produto vai até o cliente. Chega tudo em casa: livro, flores, farmácia, supermercado e eletroeletrônico. Agora, em viagem, não. É você que vai até a viagem. Então, por mais que se faça qualquer investimento é sempre paliativo, porque não substitui a transação. No setor de turismo, não existe paliativo, a não ser a vacinação.

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