Santa Catarina se destaca no Sul com o maior número de negócios no ramo
Redação
“O hábito de compra dos consumidores mudou drasticamente com a
pandemia, com as pessoas comprando muito mais online, especialmente
alimentos, o que refletiu diretamente no crescimento de startups do
setor nos últimos dois anos”, analisa o sócio da PwC Brasil, Carlos
Coutinho
A PwC Brasil em parceria com a Liga Ventures mapeou a evolução do mercado de startups do setor de alimentos (foodtechs)
no Brasil entre 2019 e janeiro deste ano. O levantamento, realizado em
396 startups de 23 segmentos por meio do Startup Scanner, identificou o
crescimento de 15,5% nas startups entre 2019 e 2021, um resultado
diretamente ligado à pandemia, quando o setor de alimentação explodiu,
com as pessoas trabalhando e ficando mais em casa. No Sul do Brasil,
Santa Catarina se destaca entre os três estados com o maior número de
startups no ramo de alimentos junto com São Paulo e Minas Gerais.
Os
dados fazem parte do relatório "A evolução das startups no setor de
foodtechs", que traz uma análise completa do segmento e os desafios das
startups que operam nesse ecossistema, refletindo os novos hábitos de
consumo e o futuro da alimentação na sociedade pós-pandemia. Ao todo
foram monitoradas startups de tecnologia para produção de alimentos, da
cadeia agropecuária, passando pelas empresas de alimentação por
delivery. No período analisado, 154 startups foram adicionadas ao
startup scanner, enquanto 119 foram inativadas.
O estudo revela
que 76,6% das empresas do setor estão ativas e 23,1% inativas, ou seja,
deixaram de atender aos critérios do monitoramento ou passaram por
processos de IPO, foram compradas ou mudaram de segmento. As tecnologias
utilizadas pelas startups que mais cresceram foram de e-commerce, data
analytics, geolocalização e desenvolvimento de alimentos. "O hábito de
compra dos consumidores mudou drasticamente com a pandemia, com as
pessoas comprando muito mais online, especialmente alimentos, o que
refletiu diretamente no crescimento de startups do setor nos últimos
dois anos", analisa o sócio da PwC Brasil, Carlos Coutinho. Ele reforça
ainda que as foodtechs se destacaram na pandemia na formação de
ecossistemas com o varejo e indústria e também na questão de
adaptabilidade e resiliência, para dar conta da alta demanda. Essas
mudanças de hábito forçaram as empresas a digitalizar suas operações e
também internalizar suas operações de logística e entrega para ganhar
eficiência, em tempos de exigência cada vez maior dos consumidores para
receber seus produtos em casa no menor tempo possível.
O
relatório mostra que nos últimos três anos os estados que tiveram maior
crescimento no número de startups ativas no setor de alimentos foram
Amazonas, Tocantins, Pernambuco, Paraná, Paraíba e Rio de Janeiro. Já
São Paulo (48,7%), Santa Catarina (8,3%) e Minas Gerais (8,3%) são os
locais onde há o maior número de startups no país. No Sul e Sudeste, os
mercados mais consolidados junto com a maior proximidade de centros de
distribuição e matrizes de negócios acabam direcionando uma maior
quantidade de startups para o mercado de novos alimentos e bebidas.
Enquanto isso, o Centro-Oeste segue sua vocação para o agronegócio, com o
crescimento das startups no segmento.
"O cenário de crise que
vivemos nos últimos dois anos causou um aumento na busca por inovação,
fazendo com que as empresas investissem mais em tecnologia para levar
melhores produtos e soluções para os consumidores. Os dados mapeados
pelo estudo são muito significativos e mostram como o mercado
alimentício está em intenso desenvolvimento e crescimento no país",
observa Raphael Augusto, sócio-diretor de produtos e inteligência de
mercados da Liga Ventures.
Entre 2021 e 2022, cerca de 72,7% dos
R$ 4,6 bilhões movimentados entre 46 investimentos e fusões e aquisições
no setor foram direcionados para startups que atuam no varejo fundadas
entre 2015 e 2019, principalmente na cidade de São Paulo, e utilizam
tecnologias como inteligência artificial em suas soluções. Durante o
período de análise, as startups ativas tiveram um crescimento médio de
34,6% no número de funcionários, representando um total de 8.473 novas
vagas abertas durante o período. Em 24,2% delas houve crescimento no
número de funcionários superior a 50%. Atualmente, o setor emprega quase
26,5 mil pessoas. O crescimento de 71,5% no número de funcionários das
startups fundadas em 2020 pode ser explicado, principalmente, pelos
investimentos relevantes feitos em algumas startups. A pesquisa mostra
ainda que a participação feminina no quadro de sócios e administradores
das foodtechs chega a 35%.
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