terça-feira, 8 de novembro de 2022

Quando seu negócio praticará Greenovation?


O conceito de inovação verde, apresentado por AMANHÃ há mais de uma década, se tornou ainda mais relevante com o agravamento das mudanças climáticas e a afirmação de uma agenda ESG 
 
A Ambipar entende que o papel do consumidor final é a chave numa economia circular em que o desperdício seja o mínimo possível

 

Em meados de abril, a companhia de gestão ambiental Ambipar anunciou a criação da Universo, um empreendimento pensado para ser uma espécie de show room de negócio sustentável. A ideia é comercializar produtos de uso diário desenvolvidos com materiais reciclados a partir dos resíduos provenientes de indústrias clientes da Ambipar. Também utilizará materiais originados de sua operação de pós-consumo, como na foto ao lado. A linha de produtos da nova empresa, que recebeu um aporte inicial de pouco mais de R$ 2 milhões, é ampla. Inclui luminárias de alumínio e plástico PET reciclados, shampoo e condicionador feitos das sobras de colágeno da indústria farmacêutica e o "ecoálcool" feito de rejeitos de açúcar, milho e arroz, por exemplo. Em sua linha têxtil, a Universo busca mostrar as possibilidades de fabricar tecidos a partir do uso de matérias-primas sustentáveis, como tecidos de casca de banana, amido de milho e plástico biodegradável.

Nas palavras do diretor executivo Vinícius Campion, a Ambipar entende que o papel do consumidor final é a chave numa economia circular em que o desperdício seja o mínimo possível. A Universo teria sido criada com o propósito de dar opções de consumo mais consciente para itens de casa e do dia a dia. "Desta forma, chegamos para ajudar a completar o circuito de economia circular com produtos atrativos e com design de alto nível, que capturem a preferência dos consumidores", diz Vinícius. Além de inovar na própria concepção do negócio, a companhia também trabalha para entregar produtos altamente disruptivos. "Já estamos trabalhando com modelagem em 3-D e impressão de objetos com fibra de amido de milho também em 3-D.A inovação de processos produtivos e uso de resíduos como matéria-prima é uma necessidade para podermos avançar no tema da economia circular", sustenta o executivo.

O case que abre esta reportagem revela que o conceito de Greenovation, antecipado por AMANHÃ há doze anos, não apenas tornou-se realidade, como se solidificou e mostra-se vital para os negócios. Ainda mais diante dos constantes alertas de organismos internacionais preocupados com as consequências das mudanças climáticas e seus impactos para o futuro do planeta. No livro Greenovate! – Companies Innovating to Create a More Sustainable World, escrito por Hitendra Patel, Tyler McNally e Ronald Jonash, que foi Capa de AMANHÃ em junho de 2010, o termo é definido como tudo aquilo que cria e captura valor ao atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. "A sustentabilidade passou do status de desejável para mandatório. O tema abordado em Greenovate era focado em inovações relacionadas a essa que até então era uma tendência macro e hoje já é uma realidade com todo movimento global em práticas ESG", sentencia Patel ao refletir sobre os ensinamentos do livro mais de uma década depois. "Observando um dos nossos programas globais, o Innovation Olympics, observamos uma crescente preocupação pela geração de valores sociais e ambientais nas soluções de inovação", revela. A percepção do especialista é uma unanimidade entre os acadêmicos e gestores ouvidos para esta reportagem.

 

Caminho sem volta

 
Para Luciana Hashiba, que se dedica à educação para inovação na FGV EAESP, já faz algum tempo que as empresas no Brasil têm dado mais atenção ao Greenovate. Ela, que é especializada na linha de gestão de operações e competitividade nos temas colaboração e desempenho, inovação e sustentabilidade, vem reparando especialmente em duas formas que as organizações têm encontrado para isso. "Um dos caminhos é remediar o que já está feito, ao reduzir impacto ambiental do que já existe. Outro é começar a desenvolver a inovação já partindo desses princípios, que é um pouco mais raro", situa. "Já existem empresas fazendo isso e outras terão de entender e começar a desenhar produtos e serviços preocupando-se com sustentabilidade", defende Luciana.

Outro incentivo tem relação direta com o caixa. A BlackRock, a maior administradora de ativos do mundo, com um recorde de US$ 10 trilhões sob gestão, desde 2020 coloca a sustentabilidade no centro da estratégia de investimento. E a partir deste ano, quem investir em fundos da companhia será informado do impacto do seu portfólio sobre o clima do planeta. "Cada vez mais fundos ou mesmo bancos na concessão de crédito, por exemplo, vão olhar com lupa alguns critérios para investir em empresas inovadoras. Um deles é ter práticas ESG comprovadas por métricas", prevê Philippe Figueiredo, analista da unidade de inovação do Sebrae Nacional. Na visão de Figueiredo, o processo inovador deve, inclusive, abarcar as vertentes Social (Social) e Governance (Governança), além de Environmental (Ambiental), que formam a conhecida sigla em inglês. "Ao se depararem no mercado com um celular inovador, os consumidores vão perguntar se ele é realmente menos impactante para o meio ambiente, quão ética é a fabricante em suas relações com a sociedade, se o board da companhia leva em conta a diversidade etcetera", enumera.

De acordo com o estudo A Evolução do ESG no Brasil, realizado pelo Pacto Global em parceria com a Stilingue, investimentos ESG estão no centro da estratégia das maiores instituições financeiras pelos próximos três a cinco anos. Além disso, tanto Millennials (nascidos entre 1981 e 1995) quanto membros da geração Z (até 2010) revelam forte interesse por investimentos sustentáveis. Nos últimos anos, 78% dos Millennials e 84% dos Zs declararam optar por esse tipo de aplicação. "Neste sentido, o clamor vem da maior percepção sobre o posicionamento e a responsabilidade das empresas acerca de problemas que atingem a vida cotidiana, como por exemplo as mudanças climáticas, a diversidade e inclusão, o apoio às vítimas de uma guerra, ou a mobilização pelo combate à pandemia", nota Fabrício Luz Lopes, gerente executivo de tecnologia e inovação do Sistema Fiep, do Paraná. "O que se destaca é a crescente busca por empresas capazes de gerar valor a partir de um propósito que faça sentido para sua cadeia, o que só é possível tendo a inovação e a sustentabilidade como nortes", diagnostica.

É o que pensa, também, André Pereira de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV. Especializado nas áreas de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável e sustentabilidade e inovação, ele prega um conceito mínimo para que determinado produto ou serviço seja considerado inovador. "Se inovar é fazer melhor, e creio nisso, é preponderante levar em conta aspectos ambientais e também sociais", opina. "Quando uma inovação qualquer entrega um resultado melhor, mas com efeito negativo do ponto de vista dos impactos na biosfera, não deveríamos levar em conta também este aspecto negativo?", questiona. Carvalho usa o exemplo da mobilidade nos grandes centros urbanos para embasar seu raciocínio. As SUVs, que costumam ter porte avantajado, além de interior espaçoso, são pouco eficientes sob o olhar da sustentabilidade já que utilizam combustível fóssil, são pesadas e utilizadas para levar, em média, uma pessoa de 70 quilos de um ponto a outro. "Naturalmente existe um componente mercadológico de inovação, mas será que uma cidade com mais SUvs é sustentável realmente?", pontua.

A locadora de automóveis Movida tem apostado na sustentabilidade como modelo de negócios. A companhia oferece carros elétricos na frota, hoje a maior de veículos de passeio 100% eletrificados do país (são cerca de 800 carros). "Acreditamos que o carro elétrico é, e será, o ponto central na revolução da mobilidade urbana. Nossa meta é eletrificar a frota em 20% até 2030 e reduzir em 30% a emissão de gases de efeito estufa", anuncia Renato Franklin, CEO da Movida. Para viabilizar o negócio, a marca inaugurou em São Paulo, em dezembro do ano passado, a primeira loja direcionada para o ecossistema de mobilidade elétrica, onde são disponibilizados carregadores rápidos e ultrarrápidos para os clientes. "Um dos próximos passos é expandir a frota de veículos híbridos e elétricos e instalações de carregadores para o Sul do país", antecipa. Outro projeto que vai ao encontro de soluções sustentáveis é o Movida Cargo, serviço de locação de veículos utilitários para empresas e que também conta com frota elétrica. O objetivo é impulsionar a mudança de cultura na sociedade, enxergando a mobilidade como peça de uma economia colaborativa e como instrumento de inclusão social, contribuindo para a geração de empregos. A Movida defende que toda inovação deve estar associada também à sustentabilidade. Nesse sentido, a companhia implementou processos totalmente digitais reduzindo a geração de resíduos. A retirada do veículo na loja passou a ser feito por meio da abertura de contratos pelo tablet, recurso hoje disponível em todas as unidades da marca. O resultado não poderia ter sido melhor: no ano passado, mais de 70% da receita da companhia nasceu de processos iniciados no meio digital.

As empresas estão gradativamente adicionando componentes de sustentabilidade aos seus produtos. Recentemente, a Ambev anunciou que o Guaraná Antarctica é o primeiro refrigerante no Brasil a ter toda a sua produção de garrafas com PET 100% reciclado. Já a cerveja Colorado lançou a primeira garrafa de vidro totalmente reciclada, em escala industrial, pois 100% do conteúdo utilizado para a produção da embalagem passa pelo processo de reciclagem. Ou seja, toda garrafa desse produto já foi uma garrafa antes. Esse feito é pioneiro pela complexidade do processo. Essa foi a primeira garrafa a utilizar 100% de cacos de vidro para sua produção (as garrafas tradicionais têm em média 50% de material reciclado).

A Nestlé é outra companhia que também tem feito progressos nesse sentido. A marca substituiu todos os canudos plásticos das bebidas por alternativas de papel, retirou o filme plástico externo da caixa de bombons Especialidades, criou uma embalagem para Nescau Orgânico que dispensa o uso de tampas plásticas e também lançou uma embalagem de sachê da marca Mucilon com menos plástico na composição e totalmente desenhada para ser reciclada. "São, todas elas, soluções que demandam investimentos em tecnologias que vão do redesenho das embalagens a ajustes de processos produtivos e equipamentos na fábrica", diz Barbara Sapunar, diretora de comunicação e sustentabilidade da Nestlé Brasil. A multinacional suíça tem o compromisso de reduzir e eliminar o desperdício na cadeia de embalagens e está intensificando suas ações para tornar 100% de suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025 – hoje, 97% das embalagens são desenhadas para serem recicladas ou reutilizadas.Mais ainda: ao lidar com alimentos, a companhia também consegue dar pitadas "green" ao portfólio. Nos últimos dois anos, a marca tem investido constantemente em inovações de origem vegetal. As cápsulas Nescafé Dolce Gusto, por exemplo, ganharam versões vegetais. Ainda em 2021, Kitkat trouxe ao mercado sua versão Vegan, o primeiro lançamento com certificado vegano da marca em uma versão com ingredientes à base de plantas e produzido com cacau 100% sustentável.

 Comportamento amigo do meio ambiente: campanha da Ikea destaca solução sustentável para móveis sem uso ou que necessitem de alguma reparação
 
 
 Plantando "inovabilidade"


Por vezes, estar dentro de uma cadeia industrial que naturalmente está em contato com o meio ambiente facilita a conexão com a inovação. Esse é o caso da Suzano, tido como uma referência pelos analistas entrevistados por AMANHÃ. Desde a criação da Suzano S/A em 2019, fruto da fusão da Suzano Papel e Celulose com a Fibria, a empresa que já nasceu como a maior produtora mundial de celulose adotou o termo "inovabilidade" que significa, segundo a própria companhia, "inovação a serviço da sustentabilidade", como recorda Cesar Bonine, gerente executivo de P&D da Suzano. "Quando analisamos as megatendências e a vocação e o papel que a Suzano tinha e tem para o planeta e para as mais de 2 bilhões de pessoas atendidas diariamente com nossos produtos, percebemos a importância da inovação e sua ligação direta com a sustentabilidade", conta. "Considerando a natureza do negócio, a árvore plantada, entendemos que a inovação e sustentabilidade estão totalmente conectadas", completa. Exemplo disso são os produtos que alinham conceitos de uso racional de recursos, como água na indústria e nos cultivos florestais, conservação ambiental, controle biológico de pragas e doenças, entre outras ações práticas que a empresa define como intensificação sustentável. "Isso faz com que maximizemos a produção, os recursos naturais e possamos disponibilizá-los para outros usos", detalha Bonine. Mais recentemente, com a demanda para substituição do plástico por soluções mais sustentáveis, a companhia iniciou um novo ciclo de desenvolvimento de produtos para esse fim, copos e canudos de papel e uma linha de embalagens flexíveis, tanto para a indústria de cosméticos quanto para a de alimentos. Esses novos desenvolvimentos estão alinhados ao compromisso de longo prazo de oferecer 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável, até 2030, para substituir plásticos e derivados do petróleo.

A Ikea, marca global de móveis e decoração, tem lançado mão do reaproveitamento de materiais, entre outras práticas ligadas ao conceito de economia circular, para cumprir a missão de oferecer design acessível à maioria das pessoas em todo o mundo. Em abril, a Ikea lançou na Europa uma campanha que tem por mote dar utilização a objetos de segunda mão, com o propósito de estimular os clientes a encontrarem uma solução sustentável para móveis de que já não precisam, ou que necessitem de alguma reparação. A iniciativa destaca os serviços de circularidade da marca disponíveis durante todo o ano. Um dele é a área circular, que permite ao cliente poupar no preço e reduzir no desperdício ao comprando artigos em segunda mão. Outro serviço é o programa segunda vida, por meio do qual móveis usados da Ikea podem ser revendidos pelo cliente, que recebe um cartão de reembolso e, também, o serviço de ferragens grátis em loja. "Queremos criar uma maior reflexão sobre a dinâmica de compra e venda, potenciando comportamentos mais amigos do ambiente ao prolongar a vida de móveis que temos em casa, dando-lhes uma segunda vida, ou encontrando a melhor solução para os nossos clientes", afirma em nota a AMANHÃ Mónica Sousa, responsável de marketing da Ikea em Portugal.

Praticar Greenovation não é só para os grandes. Duas empresas do Paraná mostram que é possível, sim, unir os conceitos de sustentabilidade e inovação, independentemente do porte. A Beckhauser Equipamentos Pecuários, de Maringá, adotou soluções que lhe valeram, no ano passado, o primeiro lugar na categoria micro e pequena indústria do Prêmio Sesi ODS. Além da estação de tratamento dos efluentes, a indústria implementou um sistema de reuso da água e de tanques para captação de água da chuva. Dependendo do fluxo das chuvas, o sistema permite uma economia de quase 600 mil litros de água por ano. "É uma inovação no processo produtivo que gera sustentabilidade ambiental e econômica", avalia Fabrício Luz Lopes, gerente executivo de tecnologia e inovação do Sistema Fiep.

A Tecnotam, fabricante de embalagens industriais de médio porte, com sede em Balsa Nova, é outro exemplo. Seu trunfo é ter desenvolvido a Be Back, uma plataforma integrada que possibilita controlar todo ciclo de vida das embalagens: envase do produto (produtor), utilização pelo cliente (consumidor), coleta e recuperação da embalagem vazia (recuperador) e seu retorno ao produtor. Nos últimos três anos foram contabilizadas mais de 50 mil embalagens que passaram pelo ciclo da logística reversa, evitando o descarte irregular e potenciais contaminações de solo e água.

Entre as startups, a sustentabilidade é um elemento inseparável dos esforços de inovação. Criada em 2018, a Athena Agro, sediada em Cacique Doble (RS), desenvolve soluções para a identificação de pragas através de inteligência artificial. Para aprimorar a tecnologia, atualmente busca investidores anjos – como são conhecidas as grandes empresas e clientes que firmaram parcerias com as startups para o desenvolvimento do projeto. "A sustentabilidade é um dos pilares da Athena. É a base fundamental, principalmente no setor do agronegócio", atesta Felipe Consalter, um dos fundadores e CEO da companhia.Um dos grandes objetivos da Athena Agro é reduzir o uso de defensivos na produção a partir de uma arquitetura de inteligência artificial e de redes neurais capaz de identificar as pragas através de imagens que utilizam a própria câmera do celular. Ao identificar a praga, o produtor recebe recomendações de como combatê-la. Concomitantemente, a empresa contratante ganha acesso a um mapa de incidência das pragas na região, podendo criar um plano de forma mais eficiente para reduzir os custos da produção e com defensivos menos lesivos ao meio ambiente.

Imbuída desta mesma visão, outra startup, a Data Ocean, fundada em 2020 em São Paulo vem avançando a passos largos em sua missão de desenvolver uma plataforma de dados para descomplicar a gestão de transportadoras, permitindo a elas redução de custos e ganho de eficiência. Um de seus fundadores, Marcos Antonio Amorim Filho, vê uma longa perspectiva de atuação à frente. "O setor de transporte é um dos principais emissores de dióxido de carbono no país. A ineficiência dele é gigantesca. Em média, 40% do transporte roda com caminhões vazios, simplesmente por ineficiência de logística", assinala. "Como temos acesso a todos os dados, calculamos qual é a emissão e a conectamos com empresas de crédito de carbono, para que as transportadoras neutralizem ali o CO₂", conta. Em resumo, a Data Ocean colabora de duas formas para incrementar a sustentabilidade do setor: possibilitando a compensação do crédito de carbono e, de outra parte, ao trazer mais inteligência operacional. "Permitindo mais inteligência de rota, a gente diminui a quantidade de veículo transportando de maneira desnecessária e ineficiente". Criada em 2020, a startup já passou por um processo de aceleração, na qual é cedido um percentual em troca de investimento e a capacitação dos empreendedores, além de receber um aporte de venture capital do Vale do Silício. Mais uma prova que inovar de olho na preservação do planeta traz excelentes resultados. Resta, agora, só perguntar quando seu negócio também será Greenovate.

 

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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Casino quer vender ao menos US$500 milhões em ações do Assaí em oferta pública

Assaí Atacadista Logo PNG Vector (PDF) Free Download

SÃO PAULO (Reuters) – O Assaí afirmou nesta quarta-feira ter sido avisado por seu controlador, o francês Casino, de que iniciou estudos para possível venda de participação na rede de atacarejo por cerca de 500 milhões dólares.

Segundo o fato relevante, o valor da venda “poderá ser aumentado a depender das condições de mercado”.

Nesta quarta-feira, as ações do Assaí encerraram em queda de 3,45%, cotadas a 17,08 reais, enquanto o Ibovespa mostrou recuo de 1,6%.

A potencial venda pelo Casino pode envolver cerca de 158 milhões de ações do Assaí, considerando o fechamento do papel nesta quarta-feira. Isso corresponde a cerca de 28,5% da fatia de 41% detida atualmente pelo grupo francês na segunda maior rede de atacarejo do país.

O Casino contratou BTG Pactual, Itaú BBA e JPMorgan para assessorá-lo no negócio que, se executado, deve ocorrer por meio de oferta pública secundária até o fim de novembro.

O comunicado encerra dias de especulações do mercado em torno da potencial venda de participação do grupo francês, que atravessa uma estratégia de redução de dívida com venda de ativos.

Na semana passada, o Assaí chegou a negar as especulações sobre uma potencial venda de participação pelo grupo francês, afirmando que questionou o Casino a respeito e que a resposta do controlador foi “desconhecer qualquer evento que possa ter causado as oscilações registradas com as ações”.


Dexco: lucro líquido cai 39,6% no 3º trimestre, para R$ 154,148 milhões

Dexco

 

 

A Dexco – fabricante de louças e metais sanitários, pisos e revestimentos cerâmicos, peças de madeira e celulose – viu seus resultados encolherem. O lucro líquido caiu 39,6% no terceiro trimestre de 2022 na comparação com o mesmo intervalo de 2021, indo a R$ 154,148 milhões.

O lucro líquido no critério recorrente (que exclui despesas com a reestruturação das unidades produtivas e itens que não fazem parte da rotina) também caiu. A baixa foi de 39,1%, para R$ 162,896 milhões.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado e recorrente encolheu 31,2% na mesma base de comparação, para R$ 415,594 milhões. A margem Ebitda teve retração de 8,5 pontos porcentuais, para 19,2%.

A receita líquida consolidada do grupo teve um leve recuo de 0,7%, indo a R$ 2,161 bilhões.

A Dexco explicou que o impacto nos resultados teve origem no aumento dos custos em função da pressão de insumos, combinada com a menor diluição do custo fixo decorrente do menor volume vendido.

“É importante lembrar que o ano de 2021 foi bastante favorável para os resultados da companhia, dado o cenário de valorização do lar observado durante o período pandêmico, que acabou por favorecer o setor. Ainda, em 2022 notou-se um enfraquecimento da economia local e mundial”, descreveu a administração em seu balanço.

O custo dos produtos vendidos subiu 11,4%, totalizando R$ 1,412 bilhão, enquanto as despesas com vendas aumentaram 11%, para R$ 267,859 milhões. Já as despesas gerais e administrativas tiveram alta de 6,9%, chegando a R$ 81,763 milhões.

Outra fonte de impacto no lucro da Dexco foi o resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras), que ficou negativo em R$ 150,560 milhões. Esse montante foi 18,6 vezes maior na comparação anual. “A contínua alta da taxa básica de juros impactou diretamente os encargos financeiros da companhia”, descreveu a direção no balanço.

A Dexco encerrou o terceiro trimestre com dívida líquida de R$ 3,828 bilhões, salto de 124,5% na comparação anual. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda nos últimos 12 meses) cresceu de 0,81x para 1,96x no período.

O custo médio dos financiamentos encerrou o período em 112% do CDI, um aumento de 3,0 p.p. sobre o segundo trimestre deste mesmo ano, com prazo médio de vencimento 4,0 anos.

A Dexco encerrou o terceiro trimestre do ano com o investimento total de R$ 195,2 milhões em suas operações. Desse total, foram R$ 74,7 milhões relativo à recomposição de seu ativo florestal e R$ 120,3 milhões para manutenção, modernização fabril e digitalização das atividades.


Moody’s afirma rating BAA3 para a Vale com perspectiva estável


Moody’s afirma rating BAA3 para a Vale com perspectiva estável

Logo da Vale


(Reuters) – A Moody’s atribuiu à Vale nesta quarta-feira o rating BAA3, de perspectiva estável, destacando “forte perfil de produção” da mineradora, além de um portfólio de ativos de vida longa.

A agência de classificação risco afirmou, ainda, que a Vale ocupa posição de baixo custo e forte balanço patrimonial, com alavancagem abaixo de 1x (relação entre a dívida total e o Ebitda) desde 2020.

No âmbito produtivo, a Moody’s disse esperar que a Vale atinja sua capacidade de produção de minério de ferro (400 milhões de toneladas) assim que ela desenvolver capacidade de empilhamento a seco e processamento a úmido em Minas Gerais, após o gradual retorno das operações suspensas desde o acidente de Brumadinho, em 2019.

A agência afirmou também que apesar da posição substancial em metais básicos (níquel e cobre), o perfil de negócios da Vale é limitado pela concentração em minério de ferro para geração de fluxo de caixa, o que aumenta a exposição dos fluxos de caixa à volatilidade dos preços do minério no mercado internacional.

Em relação a questões sociambientais, a Moody’s destacou o avanço no programa de descaracterização de barragens que vem sendo conduzido pela Vale, além de remoção preventiva de trabalhadores e população civil de áreas de maior risco.“A perspectiva estável reflete a expectativa da Moody’s de uma recuperação gradual dos níveis de produção, bem como avanços no descomissionamento de rejeitos de upstream de acordo com o cronograma da empresa”, disse em análise.

(Por Rafaella Barros)

 

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Credit Suisse pagará 238 milhões de euros para finalizar caso de fraude

Ficheiro:Credit Suisse Logo.svg – Wikipédia, a enciclopédia livre


O Credit Suisse Group informou nesta segunda-feira, 24, que chegou a um acordo de 238 milhões de euros com promotores franceses por um caso envolvendo fraude fiscal, avançando de outro caso jurídico enquanto busca uma reabilitação de reputação.

O credor suíço pagará uma multa de 123 milhões de euros por serviços bancários privados transnacionais históricos, incluindo uma devolução de lucros – um recurso para lucros obtidos por conduta ilícita – de 65,6 milhões de euros, e o pagamento de mais 57,4 milhões de euros. O Credit Suisse também pagará 115 milhões de euros ao Estado francês em danos.

O acordo com o promotor financeiro nacional da França, o Parquet National Financier, não inclui um reconhecimento de responsabilidade criminal, disse o banco. As autoridades francesas confirmaram o acordo. As investigações preliminares sobre fraude fiscal e lavagem de dinheiro iniciaram em 2016.

“O banco está satisfeito em resolver este assunto, que marca mais um passo importante na resolução proativa de litígios e questões herdadas”, disse o Credit Suisse em comunicado.

O credor em dificuldades, cujas ações caíram quase 50% em 2022 até o momento, vem tentando reparar seu balanço e reputação como parte de um esforço de reestruturação, cuja atualização importante deve ser divulgada no resultado do terceiro trimestre nesta quinta-feira.




 

Acionista da Meta quer corte de empregos e de despesas


Acionista da Meta quer corte de empregos e de despesas

Meta Platforms

(Reuters) – A Meta, dona do Facebook, precisa cortar empregos e despesas, disse seu acionista Altimeter Capital Management nesta segunda-feira em carta ao presidente-executivo Mark Zuckerberg.

A empresa perdeu a confiança dos investidores ao aumentar os gastos e se voltar para o metaverso, disse o fundo de hedge focado em tecnologia, que tem uma fatia de 0,1%, e sugeriu um plano de três etapas.

A Altimeter disse que o fluxo de caixa anual livre pode dobrar para 40 bilhões de dólares se reduzir o número de empregados em pelo menos 20%, cortar gastos de capital em pelo menos 5 bilhões a 25 bilhões de dólares por ano e limitar o investimento anual no metaverso para 5 bilhões de dólares, em vez dos atuais 10 bilhões de dólares.

A Altimeter disse que investimentos tão grandes “em um futuro desconhecido são superdimensionados e aterrorizantes, mesmo para os padrões do Vale do Silício”.

A Meta, que deve divulgar os resultados do terceiro trimestre na quarta-feira após o fechamento dos mercados, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.

Brad Gerstner, presidente da Altimeter que incentivou investimentos agressivos em inteligência artificial, disse que a empresa quer se envolver com a Meta.

A Meta cortou em pelo menos 30% em junho os planos de contratar engenheiros, com Zuckerberg alertando os funcionários para se prepararem para uma desaceleração econômica.

(Por Akash Sriram)


Petrobras vai licitar tecnologia inovadora para as plataformas


Crédito: Petrobras/Divulgação

A estatal recebe até o fim do mês a proposta de três empresas para a construção do primeiro Hisep (Crédito: Petrobras/Divulgação)

Este mês de outubro é chave para o avanço de uma tecnologia desenvolvida pela Petrobras que vai mudar o grau de eficiência da produção de petróleo no mundo. A estatal recebe até o fim do mês a proposta de três empresas para a construção do primeiro Hisep, sistema capaz de separar, ainda no fundo do mar, o gás rico em carbono que fica misturado ao óleo e reinjetá-lo ali mesmo, em alta profundidade, nos poços.

Com o Hisep, abreviação do termo separação em alta pressão, em inglês, o gás natural com CO2 não vai precisar ser levado até o navio- plataforma, o que vai reduzir o gasto de energia e o espaço para armazenamento e processamento do insumo nessas unidades.

Petrobras, Fábio Passarelli, projeta para 2028 a maturidade da tecnologia. A essa altura, o aparelho já estará testado em campo e pronto para replicação em outros campos da empresa ou eventual comercialização.

Passarelli diz que o Hisep terá capacidade de reinjetar cerca de 5 milhões de metros cúbicos de gás por dia diretamente no fundo do mar. “Um FPSO (navio-plataforma) típico do pré-sal manuseia em média entre 6 milhões e 7 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Então, o Hisep consegue quase dar conta desse volume todo”, diz. Uma parcela do gás vai continuar chegando ao navio, inclusive para gerar energia para sua operação.

ECONOMIA DE ENERGIA

Essa separação e reinjeção do gás na boca do ponto de extração do óleo, diz ele, vai poupar 40% da energia consumida hoje por um navio-plataforma – gerada por gás natural ou óleo diesel – e, mais do que isso, vai liberar espaço nos navios para o recebimento de quantidades maiores de petróleo, produto de maior valor agregado.

 

 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.