De acordo com projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Black Friday de 2022 deverá movimentar R$ 4,2 bilhões e registrar a maior movimentação financeira desde que a data foi incorporada ao calendário do varejo nacional, em 2010. A expectativa é que o faturamento seja 1,1% maior que no ano passado, descontada a inflação.
A combinação de promoções da Black Friday e da Copa do Mundo (ambas estão programadas para o mesmo período deste mês de novembro) é um dos fatores que indicam tendência de elevação das vendas no varejo até o fim deste ano. Conforme a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve avanço de 1,1%, no mês de setembro, em relação a agosto. Nesse sentido, a CNC subiu para 1,3% a expectativa de crescimento do varejo em 2022. "Esse é um momento muito importante para o comércio de bens e serviços e, com o incremento das promoções de itens voltados à Copa do Mundo de Futebol, o segmento deve encerrar bem o ano", aponta o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Oito dos dez segmentos pesquisados pelo IBGE tiveram crescimento das vendas em setembro, com destaque para os combustíveis e lubrificantes, de 1,3%, e hiper e supermercados, de 1,2%. Por outro lado, as lojas de artigos de uso pessoal e doméstico apresentaram queda de 1% e as de móveis e eletrodomésticos tiveram redução de 0,1%.
Black Friday da Copa
A Black Friday é marcada, tradicionalmente, para a última sexta-feira
do mês de novembro, mas os descontos já são oferecidos nos dias
antecedentes, que, este ano, coincidirão, justamente, com a primeira
semana da Copa do Mundo do Catar. A estimativa da CNC é que as vendas
relacionadas ao Mundial de Futebol impactem em R$ 1,4 bilhão o
faturamento do comércio varejista brasileiro, movimentando especialmente
os ramos de móveis e eletrodomésticos e de artigos pessoais e
eletroeletrônicos. Esses dois segmentos devem ser responsáveis por 48%
da movimentação prevista na Black Friday (R$ 1 bilhão e R$ 920 milhões,
respectivamente). A tendência é que o ramo de hiper e supermercados
alcance R$ 910 milhões e o de vestuário, calçados e acessórios gire em
torno de R$ 700 milhões.
Alta dos juros deve frear vendas
"Apesar da tendência de desaceleração da inflação, o processo de
encarecimento do crédito deverá impedir um avanço mais significativo nas
vendas, em uma data caracterizada pela predominância do consumo de bens
duráveis, que são, tradicionalmente, mais dependentes das condições de
crédito", analisa o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio
Bentes.De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros das
operações com recursos livres envolvendo pessoas físicas se encontra,
atualmente, no maior patamar dos últimos quatro anos. "A facilidade de
comparação de preços on-line em uma data comemorativa caracterizada pelo
forte apelo às promoções evidencia a tendência de aumento expressivo
deste evento do calendário do varejo quando comparado às demais datas,
especialmente, nos espaços virtuais", pontua Bentes. A Black Friday já é
considerada a quinta data mais importante do varejo, atrás do Natal,
Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais.
Percentual de descontos efetivos será maior que em 2021
Para
avaliar o potencial de descontos efetivos durante a data, a CNC coletou
diariamente os preços de 180 dos itens mais buscados na internet,
agrupando-os em 36 linhas de produtos ao longo dos últimos 40 dias.
Nesse período, 39% revelaram tendência de redução – percentual que
contrasta com os 26% observados às vésperas da Black Friday de 2021. Em
novembro do ano passado, a inflação anualizada medida pelo Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era de 10,7% – a maior desde o início
de 2016 e significativamente acima do patamar esperado para novembro de
2022, que era de 6%.
"Desse modo, a desaceleração dos preços tende a elevar o potencial de descontos na Black Friday deste ano, favorecendo, com maior intensidade, a prática de descontos efetivos em relação ao ano passado", indica Bentes. Pela ordem, os produtos com as maiores chances de descontos efetivos e respectivas variações de preços nos últimos 40 dias são: sapatos masculinos (queda observada de 17%); lavadora de roupas (redução de 13%); smartwatches (diminuição de 10%); fones de ouvido (queda de 8%); e purificadores de água (redução de 7%).