Por Felix Light e Caleb Davis
(Reuters) – Yevgeny Prigozhin, líder da força mercenária russa Grupo Wagner, disse em um anúncio repentino nesta sexta-feira que suas forças vão se retirar da cidade ucraniana de Bakhmut, a qual vêm tentando capturar.
Prigozhin afirmou que as forças Wagner vão se retirar da cidade em 10 de maio – encerrando seu envolvimento na batalha mais longa e sangrenta da guerra – por causa de pesadas perdas e suprimentos inadequados de munição. Ele pediu aos chefes militares da Rússia que coloquem tropas regulares do Exército em seu lugar.
“Declaro em nome dos combatentes de Wagner, em nome do comando de Wagner, que em 10 de maio de 2023 somos obrigados a transferir posições no assentamento de Bakhmut para unidades do Ministério da Defesa e retirar o restante de Wagner para campos de logística para lamber nossas feridas”, disse Prigozhin em um comunicado.
“Estou retirando as unidades Wagner de Bakhmut porque, na ausência de munição, elas estão condenadas a perecer sem sentido.”
Bakhmut, uma cidade de 70 mil habitantes antes do início da guerra, assumiu uma enorme importância simbólica para ambos os lados devido à intensidade e duração dos combates ali.
Wagner tem liderado a tentativa da Rússia de capturá-la e Prigozhin disse há três semanas que seus homens controlavam mais de 80% da cidade.
Mas os defensores ucranianos resistiram e Prigozhin tem expressado raiva cada vez maior com o que ele descreve como falta de apoio do sistema de militar russo.
Não está claro se sua última declaração pode ser considerada verdadeira, já que ele publicou frequentemente comentários impulsivos no passado. Na semana passada, ele retirou uma declaração que disse ter feito como uma “brincadeira”.
Mais cedo nesta sexta-feira, Prigozhin apareceu em um vídeo cercado por dezenas de cadáveres que disse serem combatentes de Wagner, e foi mostrado gritando e xingando o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov.
O anúncio ocorre em um momento importante da guerra, com a expectativa de que a Ucrânia lance uma contraofensiva há muito esperada em breve.
As declarações de Prigozhin marcaram o segundo episódio dramático na guerra no espaço de três dias, depois que Moscou acusou a Ucrânia de disparar drones contra o Kremlin na madrugada de quarta-feira em uma tentativa de matar o presidente Vladimir Putin. Kiev negou e os Estados Unidos rejeitaram as alegações do Kremlin de estar por trás do incidente.
O Kremlin se recusou a comentar a declaração de Prigozhin, citando o fato de estar relacionada ao curso de sua “operação militar especial” na Ucrânia.