Os
países nórdicos estão no topo da lista dos mais felizes do mundo e
detêm os melhores índices nas relações de igualdade de gêneros.
A igualdade entre os gêneros e os altos índices de felicidade de um país (Crédito: Pexels)
A Islândia ocupa o
primeiro lugar entre os países mais felizes do mundo, Finlândia e
Noruega vêm empatadas logo depois, a Suécia em seguida e a Dinamarca
ocupa a 14ª posição, segundo o relatório Global Gender, divulgado pelo Fórum Mundial de Economia em 2015. Enquanto isto o Brasil, segundo o mesmo relatório, ocupa a 85ª posição...Isto
significa dizer que as mulheres brasileiras ainda têm um longo caminho
pela frente, até conquistar a tão almejada igualdade nas relações de
gêneros.
Felicidade X Igualdade
Na Finlândia, ao longo dos séculos, as
mulheres sempre tiveram importância e representatividade como
trabalhadoras, portanto não só recebiam respeito e reconhecimento nos
trabalhos domésticos que realizavam. Quando a agricultura era a
principal fonte de economia do país, era comum que todos da família
trabalhassem intensamente. Não havia dinheiro para se contratar
serviços; assim mulheres, homens e seus filhos trabalhavam sempre
juntos. Apesar da sociedade naquela época ainda ser patriarcal, as
mulheres tinham consciência de sua importância e valor, sempre foram
bastante ativas no sentido de se impor no universo social e se aprimorar
para conquistas cada vez maiores.
A “União das Mulheres da Finlândia”,
primeira organização feminista finlandesa, criada em 1892, era um
espaço reservado onde se discutia estratégias para a inclusão social,
política e econômica das mulheres na sociedade. Fato interessante a se
destacar sobre esta União é que não era formada apenas por mulheres –
homens também participavam, e de forma ativa. Um artigo interessante
sobre as organizações feministas na Finlândia pode ser encontrado, em
inglês, com o título “The Progress of Woman in Finland”, de Hilkka Pietilä.
À história revela que diversas
associações feministas surgiram e, com elas, a crescente ideia de que o
país precisava de todos para crescer e superar as dificuldades. Na época
o Estado finlandês, enquanto nação, já defendia que era necessário dar
às mulheres as mesmas oportunidades de estudos e carreira que aos homens
e, para isso, as tarefas domésticas precisavam ser divididas.
Em 1906, a Finlândia tornou-se o
primeiro país do mundo a dar as mulheres tanto o direito ao sufrágio
universal quanto o direito de se candidatar a eleições. Em 1907, o país
entrou para a história como o primeiro a eleger 19 mulheres, 10% do
parlamento. Hoje o parlamento finlandês é ocupado em 40% por mulheres e,
dentre importantes políticos finlandeses, já teve representantes
femininas ocupando tanto o cargo de Presidente quanto de
Primeira-Ministra.
Tais transformações não aconteceram
com a rapidez desejada e com o apoio integral de toda a sociedade, mas
foram um marco importante para as mulheres finlandesas, desde cedo,
terem condições de atuar no cenário político do país, fazendo-se
presentes nos campos de decisão mais importantes.
No entanto foi só a partir dos anos 70
que os movimentos feministas atingiram a força necessária para que as
mulheres da Finlândia conseguissem conquistar as vitórias de que
usufruem até os dias de hoje. Três conquistas fundamentais são
consideradas valiosas para que as mulheres pudessem “sair de casa” e
investir em suas carreiras e estudos: as escolas oferecerem almoço e
lanche às crianças (desde 1948); o governo prover creches em período
integral para que ambos os pais pudessem trabalhar (desde 1973); e a
licença-maternidade ser dividida entre o pai e a mãe (desde 1970). Houve
emendas e mudanças com o decorrer dos anos.
Atualmente, a participação feminina no
mercado de trabalho finlandês é quase tão alta quanto a masculina (73%
mulheres e 76,2% homens). 83% das mulheres que são mães de crianças
pequenas possuem emprego em horário integral e nas universidades, 56%
dos estudantes são mulheres
Outro destaque positivo a ser
considerado é a responsabilidade realmente compartilhada no que diz
respeito a cuidar da família e dos filhos.
Apesar das estatísticas serem
positivas quando comparamos a Finlândia a outros países especialmente,
ao Brasil, este país ainda tem muito a conquistar. Na vida em trabalho,
por exemplo, as estatísticas mostram que o salário das mulheres ainda é
20% menor do que o dos homens, mesmo quando a função é a mesma.
A despeito de haver sido tomada uma
medida bastante positiva e importante pelo sistema de justiça e
segurança da Finlândia no ano de 1995 – “ casos
de violência doméstica reportados sempre são investigados e o agressor
sempre responde criminalmente, mesmo que a vítima não queira acusá-lo” –
os índices de violência contra mulheres apresenta-se em patamares
indesejáveis, indicando a Finlândia como o segundo país do mundo que
mais prática este tipo de crime. Cerca de 1/4 das ligações para a
polícia reportam casos de violência doméstica e cerca de 49% das
mulheres finlandesas reportam já terem sofrido algum tipo de violência
ou abuso por parte de homens. O governo finlandês tem envidado esforços
no sentido de rever as leis e ações necessárias para reduzir essas
estatísticas, que ferem a dignidade da pessoa humana, violando todos os
nossos direitos fundamentais.
https://istoe.com.br/mulher/noticia/a-igualdade-entre-os-generos-e-os-altos-indices-de-felicidade-de-um-pais/