segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Economia mundial corre risco de desintegração; entenda


Guerra, pandemia e protecionismo reverteram o processo de globalização do comércio internacional e elevaram os riscos a países dependentes das exportações, segundo a OMC 

 

Comércio global, antes visto como a salvação da economia mundial, perdeu tração após

Comércio global, antes visto como a salvação da economia mundial, perdeu tração após (Crédito: Gregor Fischer)

• Cadeia produtiva global foi afetada por pandemia e guerra da Ucrânia
• Especialistas apontam que a desintegração pode levar algum tempo para ser solucionada
• Riscos do enfraquecimento do sistema global impactam meio ambiente

O fenômeno da globalização entrou em estado de hibernação desde que a pandemia, a guerra na Ucrânia e o aumento das tensões comerciais e militares entre Estados Unidos e China tomaram conta do noticiário internacional. E isso pode custar muito caro para o PIB global, segundo a Organização Mundial do Comercio (OMC). Um estudo divulgado pela entidade em 14 de setembro mostra que o custo da fragmentação em blocos do sistema comercial pode reduzir em 5% a renda real em nível mundial.

 Os países em desenvolvimento, e com economias dependentes das exportações, podem sofrer perdas de dois dígitos, segundo a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala. “A fragmentação do mundo e o aumento das incertezas devem levar ao aumento da exclusão socioeconômica e ao aguçamento da deterioração do meio ambiente”, afirmou. “O argumento em favor do fortalecimento do sistema comercial é muito mais forte do que o que propõe abandoná-lo.”

“A fragmentação do mundo e o aumento das incertezas devem levar ao aumento da exclusão socioeconômica e deterioração do meio ambiente” Ngozi Okonjo-Iweala Diretora-geral da OMC (Crédito:Carlos Eduardo Valim)

Parte dessa desunião do comércio global se explica pelo aumento do protecionismo e do fortalecimento das cadeias internas de produção desde a Covid.

O desabastecimento de itens essenciais — desde vacina e máscaras até equipamentos médicos — despertaram muitos países a rever a política de terceirização da produção. Fábricas chinesas que antes abasteciam o mundo todo foram substituídas por microprodução local, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

20%
é a redução prevista na tensão política entre China e EUA caso os países firmassem mais acordos comerciais

Esse fenômeno, no entanto, precisa encontrar um novo equilíbrio, segundo a OMC, que apela para que governos busquem uma cooperação internacional maior e uma integração econômica mais ampla — processo que a organização define como “reglobalização”.

“A globalização está em uma encruzilhada e precisamos refletir sobre para onde vamos”, disse o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa, baseado em Genebra.

“As várias crises têm levado à percepção de que a globalização nos expõe a maiores riscos.” Ossa afirmou que as autoridades deveriam “aceitar o comércio com entusiasmo em vez de rejeitá-lo, se quisermos superar os desafios do nosso tempo”.

5%
é a queda na renda média mundial com a escalada do isolamento comercial das nações, segundo estimativa
da OMC

Outro argumento para o aumento da fragmentação do comércio global, na análise da OMC, é a escalada das preocupações com a segurança nacional.

Como grande parte do fluxo internacional tem substituído produtos por serviços e equipamentos de tecnologia, há um temor de que a abertura de fronteiras gere exposição de dados e informações estratégicas, como é o caso das restrições impostas pelos Estados Unidos a chinesa Huawei ou a incorporação de tecnologia 5G.

“As questões envolvendo segurança dos países já não se limitam a questões de conflitos militares, mas ganharam um espectro mais ampla de segurança econômica”, disse a OMC, no relatório. “Por isso, a segurança hoje envolve também a política comercial de forma muito extensiva.”

Nesse contexto, a OMC correlaciona a paz e o aumento do comércio global. Pelas projeções do relatório, se Estados Unidos e China dobrassem o comércio entre eles, as possibilidades de conflito cairiam mais de 20%. “As tensões comerciais afetam a composição dos fluxos comerciais bilaterais, principalmente no caso de categorias de produtos sensíveis, como semicondutores.”

Perspectiva

A processo de fragmentação e isolamento do comércio global deve perdurar, segundo Eduardo Felipe Matias, autor do livro A Humanidade e suas Fronteiras e doutor em direito internacional pela USP.

Ele diz que a crise sanitária e conflitos armados fortaleceu discursos de políticos populistas, com forte teor nacionalista, invertendo a percepção mundial pré-pandemia de que o comércio global era a saída para o crescimento econômico.

“Há algum tempo o desemprego gerado em alguns setores pela redistribuição da produção mundial vem gerando uma perigosa ascensão de políticos xenófobos e protecionistas ao redor do mundo”, disse Matias. “Tudo isso deve seguir trazendo turbulências ao comércio internacional por um período.”

A invasão russa à Ucrânia, que caminha para completar dois anos em fevereiro, um tempo longo o bastante para fortalecer a ideia de que os países não podem depender de nações que não controla.

Com os embargos do Ocidente — em especial os membros da Otan — ao governo de Vladimir Putin a nacionalização de produtos essenciais já acontece na Alemanha e no Reino Unido para produção de gás natural.

E no cone sul o Brasil também começou a produzir fertilizante para suprir a baixa oferta e aumento dos preços.

Para Denis Medina, professor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), diante de um mundo mais fragmentado, desbravar novas fronteiras no comércio internacional será uma tarefa cada vez mais trabalhosa e exigirá mais mesa de negociação de acordo e menos nacionalismo irracional.


Amazon investe até US$ 4 bilhões em empresa de IA

A Amazon anunciou, nesta segunda-feira (25), um investimento de até US$ 4 bilhões (R$ 19,6 bilhões, na cotação atual) na empresa americana Anthropic, de Inteligência Artificial (IA), que desenvolve um programa rival do ChatGPT, o que vai acelerar a corrida mundial dessas tecnologias.

Com esta colaboração, a gigante do comércio online e da “nuvem” (armazenamento de dados acessíveis à distância) terá uma participação minoritária na Anthropic, que criou o Claude, um “chatbot” que concorre com o ChatGPT, a conhecida ferramenta de Inteligência Artificial da OpenAI.

A Anthropic usará os chips da Amazon Web Service (AWS) – a maior empresa de “nuvem” do mundo – desenvolvidos especificamente para construir modelos de “machine learning” (aprendizado automático).

Este acordo permitirá, segundo a Amazon, acelerar os futuros modelos de “chatbot” da Anthropic, aos quais os usuários da AWS terão acesso.

A Inteligência Artificial “generativa”, capaz de gerar novos conteúdos a partir de dados de aprendizado, desperta muito interesse entre os gigantes da Internet.

Há poucos dias, a Amazon anunciou que sua assistente virtual Alexa terá Inteligência Artificial.

A Microsoft informou, na última quinta-feira, que iria integrar a nova interface de Inteligência Artificial generativa da OpenAI em seu mecanismo de busca Bing.

A Anthropic, com sede em San Francisco, é considerada uma líder na área.

“Temos um enorme respeito pela equipe e pelos modelos fundadores da Anthropic e acreditamos que podemos ajudar a melhorar a experiência dos clientes, no curto e no longo prazo, por meio de uma colaboração mais profunda”, disse o CEO da Amazon, Andy Jassy.

Os gigantes do Vale do Silício e os grandes fundos de investimento apostam na Inteligência Artificial enquanto procuram um aplicativo que lhes forneça uma vantagem decisiva.

O sucesso instantâneo do ChatGPT chamou a atenção para os “chatbots” e gerou imitadores e rivais, entre eles o Google com seu chatbot Bard.

Os titãs chineses Tencent e Baidu também lançaram bots que, segundo eles, podem competir com o ChatGPT.

– O mercado de chips –

Este acordo entre a Anthropic e a Amazon é, acima de tudo, um passo decisivo na corrida para desenvolver chips para impulsionar a IA.

As empresas do setor querem parar de usar chips fabricados pela líder do mercado NVIDIA, segundo o analista-chefe de pesquisa de IA da S&P Global Market, Nick Patience.

“Será difícil para qualquer um fazer alguma diferença nos próximos 12 a 18 meses”, disse ele à AFP.

Mas acordos como este entre a Amazon e a Anthropic podem ajudar a mudar o cenário em cinco anos.

A Anthropic concorda em usar não apenas os chips da Amazon, mas também sua capacidade instalada na nuvem, Amazon Web Services (AWS) – centros de dados que armazenam e processam dados em grande escala.

A Amazon afirmou que assumirá uma “participação minoritária” no seu novo sócio, que já arrecadou mais de 1 bilhão de dólares (4,9 bilhões de reais na cotação atual) desde a sua criação em 2021.

O comunicado garante que o chatbot “Claude” ajudará os clientes da AWS “de todos os tamanhos a desenvolver novos aplicativos generativos impulsionados por IA para transformar suas organizações”.

O acordo intensifica a concorrência entre Amazon e Google, que abriu seus serviços na nuvem para a Anthropic e investiu 300 milhões de dólares (1,4 bilhão de reais) para adquirir 10% da empresa.

Os modelos de IA exigem uma potência de computação enorme, por isso as empresas de IA contam com centros de dados na nuvem fornecidos por empresas como AWS, Google Cloud e Microsoft Azure.

À medida que os gigantes da tecnologia impulsionam os seus próprios objetivos de Inteligência Artificial, eles buscam estabelecer vínculos com empresas de IA menores: a Microsoft lidera o caminho com um investimento bilionário na OpenAI.

jxb/jz/mb/aa

 

Bolsonaro diz que PL precisa resolver ‘problemas’ em SP após atritos com Nunes


O ex-presidente Jair Bolsonaro no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, em 30 de junho de 2023. - AFP/Arquivos

O ex-presidente Jair Bolsonaro no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, em 30 de junho de 2023. - AFP/Arquivos (Crédito: AFP) 

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o PL precisa resolver alguns “problemas” para as eleições de 2024, inclusive em São Paulo. A declaração foi dada após atritos com o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), com quem tem se reaproximado.

“Se Deus quiser, vamos resolver a questão do Ceará. Temos alguns outros problemas por aí, vão pintar alguns problemas em São Paulo, a gente vai resolver isso tudo”, disse Bolsonaro durante participação na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora, na sigla em inglês) por videoconferência neste sábado, 23.

Em São Paulo, o PL rifou o deputado Ricardo Salles (PL) da disputa para a Prefeitura no ano que vem e negocia uma aliança com Ricardo Nunes. Atraindo certa desconfiança da base bolsonarista, Nunes vive um “vaivém” com o ex-presidente.

No último dia 5, o prefeito disse em uma palestra que não tinha proximidade nem Bolsonaro nem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia 15, o prefeito visitou o ex-presidente no Hospital Vila Nova Star, onde Bolsonaro passou por duas cirurgias. Nunes já disse diversas vezes que espera ter o apoio dele para o projeto de reeleição.

No Ceará, também citado por Bolsonaro no evento, aliados esperam do ex-presidente uma definição sobre o candidato a prefeito de Fortaleza. O grupo político do PL discute o lançamento das pré-candidaturas do deputado André Fernandes (PL), do deputado estadual Carmelo Neto (PL) ou de algum outro nome. O ex-deputado federal Capitão Wagner (União), antigo aliado de Bolsonaro, corre paralelamente. Bolsonaro é apontado como aquele que vai bater o martelo sobre o candidato do PL na corrida.

União da direita

No evento em Belo Horizonte, Bolsonaro ainda citou que “a direita sempre esteve unida”. “O que nos falta é cada vez mais acertarmos o nosso norte”, disse o ex-presidente à plateia da CPAC.

Neste sábado, também na CPAC, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu a união da direita. “No ano que vem, eleição municipal, temos de eleger bons vereadores e bons prefeitos aqui em Minas e em todo Brasil e a direita precisa trabalhar unida, nós temos de estar juntos”, disse o governador.

Sem citar Zema, Fábio Wajngarten, assessor de Bolsonaro, criticou “esse papo de unir a direita”. “Quando se olha a realidade, quem o propaga não mexe uma palha pela tal ‘direita'”, afirmou, no X (antigo Twitter), no sábado.

O governador de Minas é um dos pré-candidatos apontados para a disputa à Presidência em 2026, assim como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Eles são cotados para disputar o espólio de Bolsonaro, que se tornou inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Fazenda e Planejamento mantêm em relatório projeção de Selic acumulada 2023 em 13,1%

Haddad e Tebet levam a Lula preocupações com Orçamento 2024

Os ministérios da Fazenda e do Planejamento atualizaram nesta sexta-feira, 22, mais indicadores da grade de parâmetros macroeconômicos utilizados nos cálculos da execução orçamentária de 2023. Os dados estão no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 4º bimestre, divulgado nesta sexta-feira, 22.

Foram mantidas, por sua vez, as projeções de 2023 da Selic acumulada, no patamar de 13,1%, e do câmbio médio, em R$ 5. Anteontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu novamente a taxa básica de juros em 0,50 pp., para 12,75% ao ano.

Houve ajuste para cima, contudo, na previsão para a alta da massa salarial nominal, que passou de 9,4% para 10,6%. Já a estimativa para o preço médio do barril de petróleo no mercado internacional passou de US$ 78,17 para US$ 83,8.

Na segunda-feira, 18, a equipe econômica divulgou novas projeções para o crescimento da economia neste ano, que passou de 2,5% para 3,2%.

Na ocasião, a projeção oficial para a inflação medida pelo IPCA foi mantida em 4,85%, enquanto a estimativa para o INPC – utilizado para a correção do salário mínimo – passou de 4,48% para 4,36%.

 

Alckmin sanciona lei que retoma ‘voto de qualidade’ do Carf com vetos


Alckmin sanciona lei que retoma ‘voto de qualidade’ do Carf com vetos

Projeto de retomada do voto de qualidade no Carf foi aprovado pelo Congresso depois de um processo de convencimento por parte do governo. (Crédito: REUTERS/Adriano Machado)

 

O presidente da República em exercício, o vice-presidente Geraldo Alckmin, sancionou com muitos vetos lei que retoma o chamado ‘voto de qualidade’ do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), instrumento que pode assegurar decisões favoráveis ao Fisco federal em julgamentos de recursos apresentados por contribuintes. Ao todo, foram vetados 15 pontos do projeto de lei que foi aprovado pelo Congresso Nacional no fim agosto.

A lei sancionada e os vetos estão publicados no Diário Oficial da União (DOU).

+Tributária: em audiência no Senado, Fazenda volta a criticar desoneração da cesta básica

O projeto foi aprovado pelo Congresso depois de um processo trabalhoso de convencimento por parte do governo, que enfrentou atrasos e adiamentos nas votações e alterações na sua proposta original.

A proposta faz parte do conjunto de medidas desenhado pela equipe econômica para entregar um orçamento com déficit zero no próximo ano.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

STF forma maioria contra marco temporal das terras indígenas

Sessão do STF sobre a tese do marco temporal acompanhada por indígenas

Nova regra limitaria demarcações de terras indígenas às que eram ocupadas por eles no dia em que a Constituição foi promulgada. Placar está em 7 a 2 contra a tese.O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira (21/09) contra o chamado marco temporal, que estabeleceria uma nova regra para a demarcação de terras indígenas.

A tese do marco temporal estipula que os povos indígenas teriam direito a reivindicar em processos de demarcação somente as terras que estivessem ocupadas por eles na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

Sete ministros votaram contra a tese do marco temporal. Luiz Fux e Cármen Lúcia, que votaram nesta quinta-feira, somara-se a Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes na posição contrária à tese. Nunes Marques e André Mendonça já haviam votado a favor.

Faltam ainda os votos do ministro Gilmar Mendes e da presidente do tribunal, Rosa Weber, que se aposenta em outubro.

O julgamento do tema pelo STF discute o caso concreto de uma terra indígena em Santa Catarina, mas tem repercussão geral e o veredito valerá para casos semelhantes.

Em paralelo, no final de maio o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Projeto de Lei (PL) 490/2007, sobre o marco temporal, que cria novas regras para a demarcação de terras indígenas. A matéria ainda precisa ser discutida e aprovada pelo Senado.

Lula diz que conversa com Zelensky abordou a importância da construção da paz e da manutenção do diálogo entre os países


Reunião entre Lula e o presidente ucraniano durou uma hora e 10 minutos. Esse é o primeiro encontro dos chefes de Estado após meses de opiniões divergentes sobre a guerra no leste europeu.

Por Raquel Krähenbühl, Pedro Henrique Gomes, GloboNews e g1 — Nova York e Brasília

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (20) que falou de busca pela paz e diálogo entre os países durante reunião com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Após o encontro, em entrevista a jornalistas, Lula disse ainda que as conversas entre países devem visar uma paz duradoura "para que nunca mais aconteça uma ocupação territorial, como fez a Rússia".

A Rússia invadiu o território ucraniano em fevereiro de 2022 e até hoje mantém tropas no país vizinho.

A reunião dos presidentes ocorreu em Nova York (EUA) e durou cerca de uma hora e dez minutos. Tanto Lula quanto Zelensky foram aos Estados Unidos participar da Assembleia-Geral das ONU.

Esse foi o primeiro encontro dos chefes de Estado após meses de opiniões divergentes sobre a guerra no leste europeu, que se arrasta há um ano e sete meses.

No Twitter, Lula disse que teve "uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz". A mensagem do presidente na rede social também menciona a importância da manutenção constante do diálogo entre os países.

 Lula e Zelensky se reúnem presencialmente em Nova York nesta quarta-feira (20). — Foto: Ricardo Stuckert/Planalto

Lula e Zelensky se reúnem presencialmente em Nova York nesta quarta-feira (20). — Foto: Ricardo Stuckert/Planalto

 

Depois, Lula abordou o tema com jornalistas na saída do hotel. Lula relatou que, na conversa com Zelensky, insistiu nq ideia de um grupo de países neutros intermediar as negociações entre Ucrânia e Rússia. É o chamado "clube da paz", que Lula vem defendendo há meses.

"Disse pra ele a necessidade de encontrar um grupo de países amigos que possam construir uma proposta que não fosse nem de um, nem de outro, dos dois que estão em guerra. E que a negociação numa mesa de diálogo é muito mais barata do que uma guerra, não tem vítimas, não tem mortes e não tem tiro" afirmou Lula.

"Ninguém vai ter 100% numa guerra, ninguém consegue ganhar tudo, ou seja, não é apenas a derrota do inimigo, é a construção de uma paz duradoura para que nunca mais aconteça uma ocupação territorial como fez a Rússia", completou o presidente.

Conversa 'calorosa'

O ministro das relações exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, qualificou a conversa como "calorosa e honesta", na qual cada país entendeu sua posição. Kuleba disse, ainda, que esse foi um momento importante.

Lula aproveitou o compromisso na ONU para realizar uma série de audiências com presidentes e primeiros-ministros de outros países. Antes da agenda com o líder ucraniano, Lula se reuniu com o presidente americano Joe Biden.

 Posições divergentes

A reunião entre Lula e Zelensky, que já conversaram por videoconferência, foi tentada em mais de uma oportunidade. Em maio, o ucraniano tentou se encontrar com Lula durante a cúpula do G7, no Japão, mas o governo brasileiro alegou que Zelensky se atrasou e não compareceu à reunião.

Lula tem sido, desde o início do governo, em janeiro de 2023, criticado por países ocidentais e por Zelensky em razão de uma posição considerada leniente com a invasão militar das tropas russas ao território ucraniano.

Lula citou diversas vezes a ideia de criar um grupo de países neutros para negociar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, sugestão que não foi acolhida até o momento

O petista tem criticado a invasão militar feita pela Rússia, mas, ao contrário dos EUA e da União Europeia, não aceitou fornecer armas à Ucrânia

O presidente brasileiro já insinuou que a Ucrânia deveria abrir mão da Crimeia, península ucraniana que a Rússia invadiu e anexou em 2014 – mas Zelensky desiste da região, e já disse que a guerra da Ucrânia "começou e vai terminar na Crimeia"

Lula já afirmou que Zelensky também é responsável pela guerra porque "quando um não quer, dois não brigam". O ucraniano não gostou, e disse que os pensamentos de Lula não precisariam coincidir com os de Vladimir Putin, o presidente da Rússia. 

 

 https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/09/20/ministro-da-ucrania-diz-que-lula-e-zelensky-tiveram-conversa-honesta-na-qual-entenderam-as-posicoes-da-cada-um.ghtml