Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Doação de plasma (Crédito: Banc de Sang i Teixits/ Flickr/ bancsang/ CC BY 2.0)
Estadão Conteúdoi
Às vésperas da
votação da chamada “PEC do Plasma” na Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado, o Ministério da Saúde pressiona contra o texto. O
secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, Carlos
Gadelha, afirmou que, caso seja aprovada, a medida causará um “apagão”
nos bancos de sangue do País. Segundo ele, a proposta pode impactar
também na qualidade do sangue disponível e expor o sistema de saúde à
dependência externa.
Proposta pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), a PEC quer permitir a
coleta e o processamento de plasma humano pela iniciativa privada, o que
atualmente é vedado pela Constituição. A medida abriria brecha, por
exemplo, para comercialização de sangue e remuneração da doação. A
partir do plasma, que é a parte líquida do sangue, podem ser produzidos
hemoderivados, como medicamentos, e desenvolvidas novas tecnologias de
tratamento.
Um dos principais argumentos utilizados pelo autor da PEC é de que
atualmente a grande parte do plasma é desperdiçada no Brasil. A relatora
da proposta, Daniella Ribeiro (PSD-PB), apresentou parecer a favor do
texto. A expectativa é de que o texto seja votado na CCJ nesta
quarta-feira, 4, porém há outros 14 itens na pauta.
Na visão de aliados do governo, a defesa enfática por parte do
Ministério da Saúde tardou a chegar. A ausência da ministra Nísia
Trindade no debate incomodou membros da base aliada do governo no Senado
que se posicionam contra a proposta.
“A situação pode ser dramática para a população, porque existe uma
tradição de doação altruísta de sangue. São 3,1 milhões de doações por
ano, isso significa que existe uma cultura de solidariedade. Então, há
um risco de ter um apagão na oferta de sangue, porque vai quebrar (essa
cultura), semelhante ao que foi feito com a vacina. Quando se gerou uma
desconfiança, reduziu a vacinação. Ao invés de resolver a oferta, pode
secar a fonte”, argumentou ao Estadão, o secretário Carlos Gadelha.
O secretário argumenta ainda que a PEC poderá reduzir a qualidade do
sangue circulado no País devido à ausência de rigor na coleta.
Atualmente, a pessoa que está doando sangue é submetida a um
questionário para detecção de possíveis riscos, uma vez que há janelas
imunológicas que não permitem a detecção de determinados contaminantes a
depender de quando a doação é realizada.
O
presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta
sexta-feira, 29, que está discutindo novas soluções de recuperação de
crédito com o Ministério da Fazenda. O interlocutor da pasta nas
discussões é o secretário da Fazenda responsável por reformas
econômicas, Marcos Barbosa Pinto.
Durante
participação em evento realizado pela 1618 Investimentos, Campos Neto
lembrou que grande parte da recuperação de crédito no Brasil é pela via
judicial, que toma mais tempo e eleva, em geral, o custo dos empréstimos
feitos pelos bancos.
Segundo
ele, os bancos deixaram, muitas vezes, de tentar recuperar crédito
abaixo de certo valor, dado o custo alto de executar garantias. O
comentário foi feito em defesa da necessidade de facilitar a recuperação
de crédito em casos de inadimplência para, assim, ampliar a oferta e
diminuir os juros praticados no mercado.
Ele comentou ainda
que os juros também sobem para compensar as taxas mais baixas do
crédito direcionado – ou seja, as pessoas que contratam crédito no
mercado pagam pelos que conseguem obter financiamento nas linhas
direcionadas.
“Se quisermos dar crédito direcionado para tudo, juros têm de ser maiores”, afirmou Campos Neto.Ele
negou, porém, que este seja um posicionamento contra o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cuja direção tem rebatido
críticas de que o crédito direcionado comprometeria a eficácia da
política monetária.
O
fundo Aqua Capital anunciou na quinta-feira, 28, a compra da Exata,
empresa fundada em 1997 em Jataí (GO) que atua no mercado brasileiro de
análises laboratoriais de solos e plantas. Em comunicado ao mercado, o
Aqua destaca que a empresa goiana é líder no segmento e que atende às
principais regiões agrícolas do Brasil, com influência “notável” no
Centro-Oeste.
“A
empresa vem experimentando um crescimento impressionante enquanto
expande sua presença em diferentes Estados do Brasil”, disse o fundo no
documento.
A
Exata fornece, para empresas de agricultura de precisão e produtores,
análises amplas sobre a composição do solo e os níveis de nutrientes,
que tornam viável a adoção de práticas de agricultura regenerativa, com
menos emissão de gases de efeito estufa.
Os dados permitem aplicar com mais precisão água, fertilizantes e pesticidas.
O Aqua Capital não informa, no comunicado, o investimento aplicado na aquisição da Exata.
A
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou nesta
quinta-feira, 28, a lista de planos de saúde que terão a venda
temporariamente suspensa, em razão de reclamações relacionadas à
cobertura assistencial. A medida faz parte do monitoramento de garantia
de atendimento. Dessa vez, a agência determinou a suspensão de 38 planos
de 10 operadoras com base nas reclamações efetuadas no segundo
trimestre deste ano. A proibição da comercialização começa a valer na
próxima terça-feira, 3.
“Ao
todo, 394.313 beneficiários ficam protegidos com a medida, já que esses
planos só poderão voltar a ser comercializados para novos clientes se
as operadoras apresentarem melhora no resultado no monitoramento”,
afirma Alexandre Fioranelli, diretor de Normas e Habilitação dos
Produtos da ANS, Alexandre Fioranelli.
Além
das suspensões, a ANS também divulgou a lista de planos que poderão
voltar a ser comercializados. Ao menos, 12 planos de seis operadoras
terão a venda liberada pelo monitoramento da garantia de atendimento.
Entre 1º de abril e 30 de junho deste ano, foram recebidas mais de 58 mil reclamações.
Confira a lista dos planos com comercialização suspensa
A
ANS recomenda que o consumidor não contrate os planos de saúde da lista
abaixo. Se receber oferta para adquirir um desses planos, é preciso
formalizar uma denúncia junto à ANS.
Federação das Sociedades Cooperativas de Trabalho Médico do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima
473379157 Novo Univida I – Apto
473380151 Novo Univida I – Enferm
473360156 Univida Coletivo – Por Adesão – Apto
473361154 Univida Coletivo – Por Adesão – Enferm
477454170 Univida Coletivo – Por Adesão IV – Apto
473362152 Univida Empresarial III – Apto
473363151 Univida Empresarial III – Enferm
Unimed Vertente do Caparaó – Cooperativa de Trabalho Médico Ltda
Unimed-Rio Cooperativa de Trabalho Medico do Rio de Janeiro
401806981 Unimed Alfa
467683121 Unimed Alfa 2
467691122 Unimed Alfa 2
487586209 Unimed Alfa 2 Ad
467675121 Unimed Alfa 2 PPE
467669126 Unimed Beta 2
467685128 Unimed Beta 2
467687124 Unimed Delta 2
467679123 Unimed Delta 2 PPE
467681125 Unimed Personal Quarto Coletivo 2
467689121 Unimed Personal Quarto Coletivo 2
487582206 Unimed Personal Quarto Coletivo 2 Ad
483647192 Unimed Singular
433457004 Unipart Alfa
468250125 Unipart Personal Quarto Coletivo 2
480415185 Unipart Singular Emp
Santo André Planos de Assistência Médica Ltda
456407073 Rubi
Associação Assistencial de Saúde Suplementar Cruz Azul Saúde
434094009 Rubi Individual/Familiar – Enfermaria com Obstetrícia
Santa Rita Sistema de Saúde Ltda
435791014 Santaris
No mesmo período, alguns planos foram reativados. Veja aqui a lista.
A ANS também afirma que alguns planos que já estavam suspensos por
outros motivos também foram suspensos pelo monitoramento da garantia de
atendimento. Confira aqui mais detalhes. Há ainda alguns planos liberados pelo monitoramento da garantia de atendimento, mas que continuam suspensos por outros motivos.
Atendendo a um pedido, excepcionalmente esse episódio está aberto para todos.
Metáforas.
Vocês já se deram conta de como elas dominam o nosso cotidiano,
permeiam nossas falas, aparecem no nosso pensamento? Em 1980, George
Lakoff e Mark Johnson publicaram “Metaphors We Live By”, obra de
referência para qualquer pessoa interessada no uso da linguagem e nas
relações entre linguagem e pensamento. Para Lakoff, linguista e
filósofo, nós pensamos por meio de metáforas – a maior parte das vezes
de modo inconsciente.
Em
Metaphors We Live By, os autores argumentam que metáforas são uma
ferramenta (olha a metáfora sobre a metáfora! A metametafóra!) que ajuda
as pessoas a compreenderem conceitos abstratos a partir daquilo que
lhes é familiar: suas experiências no mundo, tanto por meio do contato
físico, quanto do social. Sugiro um experimento que todos podem fazer:
abram os jornais e leiam atentamente as colunas e notícias. Peguem um
caderninho e anotem todas as metáforas que encontrarem. Algumas serão
óbvias, outras mais introvertidas – estão atentos? Estão “ligados” (na
tomada?)? Algumas serão metáforas mortas, aquelas usadas à exaustão.
Outras serão poéticas. Todas moldam o nosso pensamento pois dele se
originam. Desafio qualquer pessoa a escrever sobre um conceito abstrato
sem usar uma metáfora sequer. Fica a sugestão para alegrar o fim de
semana.
Vocês
já ouviram falar de Deirdre McCloskey? Hoje com 81 anos, ela é ainda
professora de economia, história, literatura, filosofia, e clássicos na
Universidade de Illinois. Nos início dos anos 80, quando Deirdre ainda
era Donald, ela escreveu o clássico “The Rhetoric of Economics”. Nessa
obra, McCloskey mostrou como o discurso econômico se vale de
instrumentos retóricos para persuadir. Ela não chega a chamar os
economistas de Sofistas, mas, francamente, a distância que os separa é
curta. Como economista afeita à tradição platônica, torço o nariz para
os meus colegas Sofistas, o que hoje me separa um pouco da esgarçada
disciplina. Mas, isso é conversa para outra hora. Eu prometi contar para
vocês o que ando fazendo nesse episódio subversivo do Podcast 3
Perguntas – subversivo pelo tema e pelo fato de não estar respondendo
pergunta alguma. Aqui vai:
Estou
pesquisando o uso de metáforas na economia e ontem tive uma experiência
“transcendental”. Pela manhã, recebemos no Peterson Institute for
International Economics o President do Fed de Chicago, Austan Goolsbee.
Sua palestra foi bastante interessante até por ser ele um economista
inusitado: apesar do cargo que ocupa, é um sujeito divertido, destituído
da pompa característica do patriarcado econômico. Goolsbee falou sobre o
assunto que há 40 anos domina o noticiário nacional: a inflação. Anotei
em um caderninho todas as metáforas usadas, mas permitam que retorne a
Lakoff.
No
capítulo 6 de Metaphors We Live By, Lakoff e Johnson discutem as
metáforas ontológicas. A ontologia é o estudo das entidades existentes,
de como são categorizadas, de como se relacionam. A experiência da alta
de preços representada pelo substantivo inflação é
uma entidade. Para nós, pessoas do Brasil que vivemos ou não a
hiperinflação, a entidade inflação nos assombra (!) de diversas formas.
Quantos
de vocês se lembram do “dragão da inflação”, tantas vezes capa da
Revista Veja nos anos 80 e 90? Não é exagero dizer que jamais nos
livramos dessa imagem. A inflação é uma fera perversa, em tudo toca
fogo, sobretudo nos mais pobres.
Disse Campos Neto no dia 27 de setembro:
“Inflação é imposto que onera quem não pode se defender dela.”
Ele tem razão, embora pudesse ter construído a frase de modo mais polido e completo:
“Inflação é imposto que onera todos os cidadãos, sobretudo aqueles que dela não podem se defender”.
Economia é literatura, já nos disse Deirdre.
A
metáfora ontológica da inflação não é inócua. Seu aparecimento
constante nas páginas dos jornais, nas falas dos jornalistas econômicos,
e dos Sofistas-economistas insinua que é ela o problema mais insidioso
do País. É preciso fazer de tudo para evitá-la, nem que isso evolva
“afundar a economia”, como disse outro dia um ex-diretor do Banco
Central. Vejam, a metáfora vira recomendação de política econômica com
consequências reais.
Fui para os livros-texto de economia e fiz uma breve lista:
1. Mecanismo de preços;
2. Mecanismo de transmissão (da política monetária, da política fiscal);
3. Capital humano;
4. Instrumento de política econômica;
5. Multiplicador fiscal;
6. Acelerador;
7. Estabilizadores automáticos;
8. Oscilações cíclicas;
9. Função de produção agregada;
10. Trabalho e capital como insumos;
Esses
são termos recorrentes. De tão usados, nem se nota a metáfora
subjacente. Trata-se de metáfora embrulhada no manto do Século 19 (!):
“A Economia é uma máquina”.
Parece inócua, não? Contudo, se a economia é uma máquina, as pessoas são insumos, commodities.
Não são as pessoas que fazem a economia, mas a máquina econômica que as
molda. E a máquina precisa funcionar, custe o que custar. A metáfora,
quando bem examinada, revela porque os economistas geralmente deixam de
lado a política, as questões morais, a justiça distributiva, os
problemas sociológicos relacionados à operação da máquina, entre outras
questões. A máquina não pode parar.
Prometi que retornaria a Goolsbee. Pois aí vai:
“O pouso suave não pode descarrilar”.
É uma máquina, já sabemos. Mas, é um avião ou um trem? Ainda que ambos possam se espatifar, um é aéreo, o outro terrestre…
As
dificuldades no setor imobiliário da China e a fraca demanda interna
chinesa representam um risco para as economias japonesa e global,
afirmou o novo ministro da Economia do Japão, Yoshitaka Shindo, nesta
sexta-feira, 29, em uma entrevista em grupo com repórteres de Tóquio.
Shindo
– que assumiu o cargo no início deste mês – disse que, como a China é
responsável por quase um quinto das exportações do Japão, os problemas
econômicos chineses poderiam fazer com que a economia japonesa caísse um
pouco.
Potencialmente,
“o impacto seria realmente grande”, dado o papel central da China na
economia global, segundo o ministro. Ele observou que o investimento
estrangeiro na China caiu drasticamente e as empresas imobiliárias do
país tiveram problemas, o que levou a uma recuperação lenta da economia
chinesa.
Falando sobre a economia japonesa, Shindo disse que
recentemente “há uma sensação de aquecimento”, após um longo período de
“baixa temperatura”.
Ele citou a inflação acima da meta de 2% do
Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) e o cálculo do governo de que a
demanda geral da economia supera a oferta, uma reversão do problema
crônico de demanda insuficiente do Japão.
No
entanto, ele disse que é muito cedo para declarar que o problema da
deflação, que já vem de longa data, desapareceu definitivamente.
Destacou também que os salários não estão acompanhando a inflação,
especialmente nas empresas menores.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda: "Já estamos discutindo uma nova
industrialização do Brasil. Não precisamos nos resignar à condição de
exportadores de energia limpa, que é o que o mundo gostaria que nós
fizéssemos” (Crédito: Marcelo Camargo/Ag. Brasil )
Paula Cristina - Editora 3i
•
Na conferência da ONU, comitiva brasileira mandou mensagem clara e em
uníssino sobre produção e investimentos em economia verde • Plano do
governo Lula é se tornar polo de referência mundial em
sustentabilidade, e parlamentares brasileiros presentes corroboraram
essa ideia • Em três dias, Lula
teve 14 compromissos oficiais e houve um recorde de encontros comerciais
que envolveram os cinco ministros brasileiros que o acompanhavam. •
Fernando Haddad e Marina Silva, em dobradinha constante, mostraram que
economia e meio ambiente devem andar juntos daqui para frente • Um
plano ambicioso: não só captar a onda de investimentos em “dinheiro
verde”, mas trabalhar para a transformação interna do país em um
ambiente de produção sustentável em todas as áreas da economia
No universo empresarial, quando uma marca perde valor, é comum que o acionista tente retornar às origens. A ideia é se reconectar com os pilares da própria história
e encontrar uma maneira de unir seus valores à inovação que o mercado
exige. Funciona no meio privado, e parece ser o caminho que o governo Lula, em especial na figura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, resolveu adotar. Para reencontrar as forças da marca Brasil destruída durante a gestão Bolsonaro, foi preciso olhar com atenção para nossas riquezas.
Águas, florestas, ampla fauna e flora. Terras em abundância, sol e
chuva na medida certa. Essas condições, que até o século passado não
tinham tanto valor estratégico na economia global, se tornaram o ouro do século 21. Mas para transformar essa vantagem em investimentos bons para o País é preciso saber como e com quem negociar.
Na semana passada, o governo Lula foi em peso para os Estados Unidos mostrar como quer ser reconhecido pelo mundo: o protagonista da economia verde.
Além de Haddad, estava Marina Silva,
ministra do Meio Ambiente e referência no assunto. O paredão ainda
envolvia os chefes de outros Poderes, governadores e especialistas em
economia, finanças e sustentabilidade.
Tudo isso com o objetivo de fisgar uma fatia significativa dos US$ 9 trilhões previstos até 2030 para o mercado de energia limpa, produção sustentável de alimentos e indústrias de baixo carbono. “Buscamos uma mudança secular no modelo de desenvolvimento ambiental e que também melhore nossa posição na economia global”, disse Haddad.
O momento não poderia ser mais oportuno. Com
o Brasil na presidência do G20, o ministro da Fazenda entende que há um
ambiente propício para o mundo olhar para esse novo Brasil.
“Estamos prontos para recuperar nossa posição natural e histórica como
líder na agenda de desenvolvimento sustentável e inclusiva.”
Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o mercado trilhardário que se abre para a economia verde
deve ser muito bem aproveitado pelo Brasil, que pode abocanhar até 30%
desse valor se apenas regular, incentivar e organizar o que já tem de
diversidade.
Patrícia Ellen, cofundadora da Aya Earth Partners,
empresa especializada em acelerar a economia regenerativa e de carbono
zero, estava em Nova York durante o lançamento da agenda brasileira para
o mundo e entendeu como uma virada de chave na imagem do País. “Eu
fiquei positivamente surpresa com o nível de alinhamento de narrativa do
Brasil para o mundo e não acho que temos outro governo tão pronto para
capturar essa oportunidade que temos agora”, disse.
“É agora ou nunca, não só para o Brasil, mas para o mundo. Há uma necessidade no sentido de urgência.”
Para
atender às expectativas desse mercado global que procura uma guinada
para produção mais verde, o plano do governo é deixar o mercado
estruturado para receber recursos.
O lançamento de títulos soberanos verdes,
feito por Haddad da Bolsa de Valores de Nova York, pode arrecadar R$ 10
bilhões para iniciativas que envolvam obras sustentáveis assim que
forem emitidos pelo Banco Central. Segundo a Fazenda, a previsão é que o
mercado estrangeiro já possa fazer este tipo de investimento no último
trimestre de 2023.
Dinheiro verde
O BNDES e o Banco dos Brics (agora sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff) captarão recursos e financiarão projetos ligados a: • energia limpa, • descarbonização, • reestruturação de florestas, • pesquisa & desenvolvimento.
O banco de fomento brasileiro, presidido por Aloizio Mercadante,
já captou US$ 500 milhões com o China Development Bank (CDB). O Banco
do Brasil (BB) também colocou os dois pés nesse novo mercado e trabalha
com a perspectiva de que sua Carteira de Crédito Sustentável bata R$ 500
bilhões até 2030.
A presidente do BB, Tarciana Medeiro,
que também esteve em Nova York com a comitiva brasileira, disse que o
plano é ser referência nesse segmento. “O BB quer ser reconhecido como
protagonista mundial em práticas e negócios mais verdes no sistema
financeiro”, afirmou.
A instituição fomenta captações em negócios
sustentáveis, incluindo toda a cadeia de crédito de carbono zero, além
de atuar em mercado de capitais, no agronegócio e na agricultura
familiar. “Por isso, estamos em Nova York participando de reuniões com
diversos investidores externos e organismos multilaterais para formar
parcerias e captar recursos com finalidade de preservação ambiental,
especialmente no que se refere à Amazônia.”
Com esse dinheiro voltado para a economia verde no radar, o plano de Haddad e Marina Silva é dar um passo além.
“Já estamos discutindo uma nova industrialização do Brasil. Não
precisamos nos resignar à condição de exportadores de energia limpa, que
é o que o mundo gostaria que nós fizéssemos”, disse.
O plano
do governo, explica, é usar boa parte dessa energia limpa dentro do
Brasil e manufaturar produtos verdes. “Esse é o nosso objetivo,
modernizar a economia brasileira nos valendo das nossas vantagens
competitivas.”
Nesse ponto, o uso das empresas estatais como motor para uma onda de investimentos é muito bem-vinda. E a Petrobras será uma delas.
No dia 14 de setembro a petroleira formalizou um acordo com a TotalEnergies e a Casa dos Ventos.
O objetivo dessa aliança é avaliar e incentivar oportunidades de
negócios em energias renováveis no Brasil, com ênfase em energia eólica,
energia solar e hidrogênio verde.
Segundo Jean Paul Prates,
presidente da estatal, a ideia inicial é usar os parques eólicos
offshore (marítimos) que ainda serão construídos no Brasil para a
produção de hidrogênio verde. A construção deverá receber apoio e
financiamento do New Development Bank (NDB), também conhecido como Banco dos Brics.
Segundo o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim,
a empresa está comprometida em se tornar referência na mudança de
paradigma de uma petroleira. “Há um potencial enorme que ainda podemos
explorar usando bases e premissas mais sustentáveis.”
Paredão legislativo
Mas para que tudo isso dê certo como sonha Haddad ainda há um obstáculo estratégico. Reside nas mãos dos deputados e senadores uma série de medidas legislativas para regular alguns pontos da nova economia.
Para o ministro da Fazenda, entre as urgências estão a discussão sobre crédito de carbono (hoje sob cuidados do Senado) e o Projeto de Lei (PL) do Combustível do Futuro que está na Câmara junto com a regulamentação para emissão de títulos verdes.
Haddad chegou a fazer um apelo público ao Legislativo, e Arthur Lira, que estava nos Estados Unidos, aproveitou seus lugares de fala para mostrar ao mundo que o Legislativo e o Executivo no Brasil estão falando a mesma língua. “Avançar com estes temas é prioridade no Parlamento”, disse ele em um evento organizado pela Fiesp em solo americano.
Outro tema citado por Lira foi o projeto de regulação da geração de energia em alto-mar.
“Embora ainda exista espaço para o crescimento de geração eólica em
terra, convém olhar para um horizonte ampliado, para investimentos de
longo prazo no setor energético.”
Essa
disposição toda, no entanto, não acompanha o comportamento do PP, seu
partido, que votou em massa em textos que afastam o Brasil de uma agenda
sustentável. O marco temporal e a flexibilização do
agrotóxico são exemplos de pautas em que o PP votou a favor com, em
média, 90% de seus representantes.
Para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
um grande avanço para atração de investimento foi desenhado na Casa que
comanda. A inclusão de benefícios fiscais para empresas que investirem
em transição energética e produção limpa.
A vantagem foi pleiteada pela própria Fiesp que, na figura de seu presidente, Josué Gomes,
defende que uma neoindustrialização é bem-vinda, mas desde que seja
possível marchar em direção à ela. Em um jantar de empresários e a
comitiva brasileira, Gomes se mostrou animado com as expectativas do
Brasil neste ramo, e chegou a dizer que o mundo caminha para o
protagonismo do cone sul do mundo.
Construção de narrativa
A ida de representantes dos Três Poderes à Nova York não foi um acaso. Lula queria fazer de seu retorno à ONU um evento que mostrasse ao mundo que o Brasil está unido. E funcionou.
O
discurso teve o habitual tom conciliador do presidente e passou a
mensagem sobre como estão as coisas no Brasil. Nas terras de Tio Sam ele
ficou no cerimonial. Encontrou Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e depois Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia.
Foram 14 compromissos oficiais de Lula em três dias e um recorde de encontros comerciais que envolveram os cinco ministros brasileiros que o acompanhavam.
Marina Silva,
que nos últimos meses bambeou no comando da Pasta após a retirada de
seu guarda-chuva de secretarias de fiscalização do meio ambiente, foi a voz da credibilidade brasileira.
Se
Haddad foi o fiador do capital, Marina era a garantia de
sustentabilidade. De acordo com o chefe da Fazenda, os encontros
marcaram o fim de um projeto de estudos que começou no governo de
transição, e inicia agora fase de execução. “Vamos atrair capital
privado, incluindo parcerias público-privadas (PPPs) e incentivar a
qualificação de investimentos como net-zero [produtos que
comprovadamente tenham emissões líquidas zero de carbono].”
Decisões
similares já foram tomadas nos parlamentos dos Estados Unidos, no Reino
Unido e no Japão. Todos unidos e entendendo que, parafrasendo Belchior,
você pode não sentir ou não ver, mas uma nova mudança, em breve, vai
acontecer. Que o Brasil seja um dos primeiros a rejuvenescer.
ENTREVISTA Patricia Ellen, cofundadora da Aya Earth Partners e ex-secretária de desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo
O que o Brasil precisa fazer para ser protagonista na economia de baixo carbono?
É muito importante que a gente entenda que o Brasil não é só o detentor
das maiores florestas, mas também um grande protagonista em energia
verde no mundo. A gente vai ter que aumentar a produção de energia. A
eólica em mais de 20 vezes nos próximos 20 anos. Então a resposta curta
para essa pergunta é transformar o Brasil no maior polo de negócios
verdes do mundo. E, aqui em Nova York, esse foi o tom.
Estamos bem posicionados?
Hoje estamos muito bem na nossa matriz energética, também já somos
reconhecidos mundialmente como celeiro de alimentos do mundo. Agora
precisamos avançar na fabricação de produtos e serviços verdes no País.
E, para isso, precisamos entrar no debate de acordos bilaterais.
Cooperação internacional de produção, importação, exportação,
principalmente a parte de trading.
Como presidente do G20, o que o Brasil pode fazer pela agenda da sustentabilidade? Essa é a grande oportunidade ao Brasil, que vai ter a chance de se lançar com uma proposta de agenda global. O
mundo tem três desafios: climático, energético e de segurança
alimentar. O Brasil é o único país que pode ter soluções globais para os
três problemas, então a posição de protagonismo é única, não só de articulação do debate na teoria, mas também na prática.
Como fazer parte da economia verde e não ficar apenas recebendo doações?
As coisas mudaram muito. Há um senso de urgência do mundo. A Assembleia
Geral este ano está bem diferente. Há a percepção de que não é uma
ajuda assistencialista climática que vai fazer diferença agora. Falamos
de US$ 1,7 trilhão de investimentos na nova economia de baixo carbono. O
Brasil precisa estar aberto para receber esse investimento. Estamos com
a faca e o queijo na mão para entrar na mesa de negociação com esse
olhar global e também fazendo a produção de valor agregado.
Como o mundo entende a dupla Haddad e Marina?
Eles estiveram juntos em muitos eventos e isso é simbólico. Eu
participei de alguns encontros com investidores e com representantes de
governos de outros países — e isso não passou despercebido. Essa união do meio ambiente com a economia deixou muito clara a mensagem que o Brasil quer passar para o mundo.
Como garantir incentivos para a transformação enérgica sem descuidar da responsabilidade fiscal?
É a parte mais simples, porque a gente tem capacidade rápida de dobrar
nossa capacidade energética com o que nós temos nas hidrelétricas e
energia solar e eólica. O governo pode apoiar muito com
regulação, com o BNDES, com programas e políticas, mas também com esse
estímulo para que investidores internacionais façam a produção e o
consumo de energia no Brasil. Todas as empresas globais
precisam reduzir a sua pegada de carbono e a gente pode acelerar esse
processo com uma parte da produção.
Como você imagina que chegaremos à COP-30? O que precisa ser feito até lá?
Precisamos começar agora fazendo uma presença muito boa, como foi aqui
na ONU e na COP-28. A COP-30 será a COP das entregas. E o Brasil pode
dar esse exemplo para o mundo, liderando esses debates. O Brasil tem uma
oportunidade única de criar o modelo aqui de reconvocar o mundo para
uma agenda global.