sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Em discurso de evento do G20, Haddad diz que mundo enfrenta uma ‘policrise’

Fernando Haddad – Wikipédia, a enciclopédia livre

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira, 13, que o mundo atravessa um momento crítico e está enfrentando crise atrás de crise, o que chamou de “policrise”, ao discursar sobre a presidência do Brasil no G20 a contrapartes e presidentes de Bancos Centrais, em Marrakesh, no Marrocos. Ele defendeu a necessidade de uma nova e bem coordenada estratégia econômica global, o “multilateralismo do século XXI”.

“A economia mundial está num momento crítico. Em vez do triunfo da globalização e de uma ordem mundial liberal centrada no livre comércio, o que vemos hoje é uma crescente fragmentação geoeconômica e um multilateralismo ineficaz, para não falar de uma nova crise da dívida no Sul Global e uma catástrofe ambiental iminente”, disse Haddad.

Ao comentar a situação das regiões, disse que na África e na América Latina, taxas de crescimento moderadas tornam mais difícil resolver desigualdades sociais duradouras. Por sua vez, no Norte Global, os juros poderão permanecer mais elevados durante mais tempo e as perspectivas econômicas continuam ameaçadas por riscos geopolíticos e medidas econômicas unilaterais.

“Além de desafios globais abrangentes como esses, crises locais agudas exigem

respostas urgentes e decididas de vários governos e da comunidade internacional

como um todo”, disse Haddad.

Segundo ele, à medida que o mundo tropeça de crise em crise, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, propostos em 2015, ficam mais distantes.

“O mundo está enfrentando uma ‘policrise’, para usar um conceito que está se

tornando cada vez mais popular”, destacou Haddad, citando a crise financeira de 2008, a pandemia e a guerra na Ucrânia.

Na sua visão, para fazer face aos efeitos econômicos desta “policrise”, o mundo precisa de uma nova e bem coordenada estratégia econômica global. O mundo precisa do que Haddad chamou de “multilateralismo do século XXI”.

 

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Bolsas de NY fecham em alta, com contínuo alívio de Treasuries em dia de PPI e ata do Fed

wall street cadastre-se na cidade de nova york com fundo de new york stock exchange. - bolsa de valores de nova york - fotografias e filmes do acervo

As bolsas de Nova York tiveram nesta quarta-feira, 11, o quarto dia consecutivo de ganhos, com aceleração na reta final do pregão, à medida que o alívio nos juros longos dos Treasuries se manteve após ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e dado de inflação ao produtor (PPI) um pouco acima do esperado.

No fechamento, o índice Dow Jones subiu 0,19%, a 33.804,87 o S&P 500 avançou 0,43%, a 4.376,95 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,71%, com 13.659,68 pontos.

Pela manhã, o PPI não mudou as perspectivas dos investidores para a próxima reunião de política monetária do BC norte-americano.

A ata do Fed também veio sem grande novidades, mas segundo a Pantheon, aponta para uma possível pausa nos juros, que segue incerta diante de tantas mudanças no quadro. O quadro manteve a pressão sobre os rendimentos dos Treasuries na ponta longa, o que ajudou a desenhar o ambiente mais benigno.

“Por enquanto, o Fed encerrou a escalada e, se 2024 tiver uma recessão moderada, isso deverá permitir adiar os cortes nas taxas”, afirma o analista da Oanda Edward Moya. Nesta quarta, também, o CME consolidou probabilidade de pausa na alta de juros.

Ao longo do dia, também, os preços do barril de petróleo caíram, com sinais de que o conflito em Israel não se espalhou pela região.

A notícia derrubou as ações das petroleiras, com ações da Chevron caindo 3,26% e ConocoPhillips recuando 0,29%. Os papéis da ExxonMobil recuaram 3,60%, também influenciados pela notícia de que a empresa comprou a exploradora de óleo de xisto Pioneer Natural Resources.

FMI: imposto sobre carbono é essencial na política ambiental


(Arquivo) O logotipo do FMI em frente à sede da entidade em Washington, D.C., em 14 de abril de 2020 - AFP/Arquivos

Um imposto sobre o carbono, principalmente no caso das empresas que mais emitem, é um elemento central de qualquer política ambiental eficaz, combinado com medidas para evitar que a dívida pública dispare, explicou à AFP o chefe de políticas orçamentárias do Fundo Monetário Internacional (FMI), o português Vítor Gaspar.

“A tributação do carbono é, de longe, o instrumento mais eficaz e é um elemento muito importante de um conjunto de políticas que podem ser sustentáveis” para as finanças públicas, declarou Gaspar, ressaltando que, “se as emissões de carbono forem tributadas de forma adequada, a capacidade de obter financiamento do setor privado aumenta significativamente”.

Os Estados precisam ter outros recursos e incentivar o aumento do investimento privado, afirmou o FMI em seu relatório sobre política orçamentária (Monitor Fiscal), publicado nesta quarta-feira (11).

Caso contrário, a dívida pública, já particularmente elevada em praticamente todo o mundo, poderá aumentar até 45%, ou 50% ,do PIB até 2050.

Se for implementada uma política ambiental que inclua um imposto sobre o carbono, as consequências nas finanças públicas a longo prazo serão significativamente reduzidas, com uma dívida que aumentaria somente até 12%, ou 15%, do PIB no mesmo período – “o que é claramente mais sustentável”, segundo Gaspar.

Mas, para ser plenamente eficaz, o imposto sobre o carbono “deve ser acompanhado de outros instrumentos”, como subsídios específicos para ajudar as empresas na transição energética e apoiar as famílias mais vulneráveis, que seriam confrontadas com o aumento dos preços, especialmente da energia.

“Se continuarmos com as políticas atuais, não alcançaremos os objetivos do Acordo de Paris” sobre o clima, insistiu Gaspar.

O imposto sobre o carbono está ganhando popularidade: foi implementado em cerca de 50 países, e outros 20 consideram fazê-lo, segundo o relatório.

Ainda assim, o principal desafio é realizar a transição energética e lidar com o aumento do consumo de energia que ocorrerá nos países em desenvolvimento.

– “Rede de proteção” –

Para esses países, menos responsáveis pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa, o mais importante é garantir que seus cidadãos tenham acesso à eletricidade e erradicar a pobreza e as crises alimentares.

“A estratégia climática deve ser compatível não só com o acesso às tecnologias verdes e com a transição energética, mas também com um aumento maciço da produção de energia”, afirmou Gaspar.

Outro “desafio” dos governos, segundo Gaspar, são os aumentos das taxas de juros ditados pelos bancos centrais das principais economias para combater a inflação, que aumentam o custo de seus empréstimos nos mercados.

“O aumento das taxas de juros e dos custos de empréstimos […] é um problema real” que “afeta quase todos os países”, comentou o responsável, sublinhando que, para alguns países, os custos representam uma parte importante dos seus orçamentos, portanto suas capacidades de investimento diminuem consideravelmente.

O FMI espera convencer seus Estados-membros – sobretudo, as economias avançadas – a aumentarem suas capacidades de financiamento. Isso se daria, em especial, com uma reforma da distribuição das suas quotas, hoje distribuídas com base na participação de cada Estado no capital do Fundo.

A abordagem atual bloqueia parte dos fundos disponíveis aos países ricos, e o que a reforma pretende é aumentar as quotas de outros países sem afetar os direitos de voto no conselho de administração.

“É muito importante reforçar o papel do FMI na rede de proteção das finanças globais”, afirmou Gaspar, defendendo o aumento das distribuições do Fundo para financiamento.

 

‘Não conseguimos mais passar seis meses sem uma crise’, diz presidente do BC

Segundo Roberto Campos Neto, há uma diversidade entre países na América Latina, mas uma sequência de choques.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, brincou há pouco que não é possível passar seis meses sem crise. Ele falava de desafios para a América Latina e mercados emergentes. “Temos diversidade entre países [na América Latina], mas uma sequência de choques. Fizemos um comentário no Banco Central [do Brasil],  que não conseguimos mais passar seis meses sem uma crise“, disse em seu discurso durante evento do Emerging Markets Forum, em Marrakesh, no Marrocos.

Segundo ele, a pandemia de covid-19 “bateu muito forte” na América Latina. “Cada país fez um programa [fiscal] massivo para combater os efeitos da pandemia”, lembrou. Ele também recordou que muitos países reduziram suas taxas de juros. “No caso do Brasil tivemos a menor taxa de juros da história [na pandemia], de 2% [ao ano].

Estresse bancário de agora foi gestado na crise financeira de 2008
Pixabay

Estávamos preparados para uma depressão e tivemos uma recessão”, complementou.

Em seu ponto de vista, os bancos centrais “foram rápidos em ver que a inflação não seria temporária como diziam”. Campos repetiu que a desinflação é caracterizada por dois estágios e que o segundo é “mais difícil”. Depois, ele reforçou que não … Leia mais em valor.globo. 10/10/2023

 

Se os homens são de Marte, as mulheres são da paz: seria esta também uma questão de gênero?


Pessoas de todos os gêneros podem contribuir para a violência. Talvez nós, mulheres, não sejamos exatamente pacíficas. Mas somos agentes da paz – e são muitos os estudos que comprovam esta reflexão.

 

Autorretrato com colar de espinhos e beija flor- Frida Kahlo 1940

Somos chamadas de “guerreiras” com certa frequência, talvez pela capacidade de resiliência em momentos que muitos fraquejam. Mas a paz seria mesmo uma questão de gênero?

De 2019 a março de 2022, mais de 400 mil novas armas de fogo foram registradas no país, segundo dados da Polícia Federal (portal de transparência “Fiquem Sabendo”), sendo 96% das armas registradas em nome de homens e 4% em nome de mulheres. Pesquisa em setembro de 2022 (Genial∕Quaest), revelou que 82% das mulheres eram contra armar a população, enquanto apenas 63% dos homens expressavam esse posicionamento.

Pessoas de todos os gêneros podem ser agentes de alguma forma de violência e de paz. Talvez nós, mulheres, não sejamos exatamente pacíficas. Que diga quem já conheceu a nossa ira. Porém, somos mais frequentemente vítimas do que agressoras. E, reconhecidamente, agentes de paz.

Se dependesse das mulheres possivelmente haveria menos guerras no mundo, menos conflitos armados. Em situação de guerra e conflitos violentos as mulheres e meninas são, desproporcionalmente, expostas a violência sexual endêmica (Mirjana Spoljaic, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha).

E conhecemos as consequências familiares, sociais, econômicas que duram para além dos conflitos e das guerras, mesmo se estivermos do lado vencedor. Sabemos o que significa tratar de pessoas feridas no corpo e na alma, dos que ficam incapacitados por atos de violência. Sabemos o que significa manter os filhos em ambientes de conflitos violentos, do medo de mandá-los para a escola ou comprar pão, onde “balas perdidas” e a crueldade podem alcançá-los. Nossos guris, olha aí…

A violência que está nas ruas, nas instituições, nas casas, escorre também pelas redes sociais onde se observam ataques às mulheres, expressões de misoginia por vezes apoiadas por outras mulheres, ainda na teia da submissão, discursos perigosos que incitam vários tipos de violência.

A violência de gênero permanece bastante naturalizada entre nós. Ela se refere às relações de poder e à diferença entre as características culturais atribuídas a cada um dos sexos que, nem sempre, são identificadas como tal. Suas raízes moram na dominação masculina, patriarcal e relacional. persistente na sociedade.

Se as mulheres estão aprisionadas a formas de submissão, os homens, por sua vez, estão enclausurados em formas de dominação. A quem interessa ambas as sujeições?
A violência contra as mulheres é considerada um indicador de se uma sociedade é propensa a conflitos violentos.

O papel das mulheres para a paz social seria, então, apenas um atributo da sua frequência infinitamente menor de práticas violências explicitas, da sua condição de vítima ou da sua justificada aversão às violências? É mais potente do que isso.

Investigação sobre mulheres, paz e segurança, publicada em documento de referência para o estudo das Nações Unidas e do Banco Mundial, em 2017, forneceu fortes evidências de que o empoderamento das mulheres e a igualdade de gênero estão associados a resultados mais pacíficos e estáveis

⦁ A inclusão das mulheres nos processos de paz tem um impacto positivo na durabilidade dos acordos de paz, evitando assim a recorrência de conflitos.

⦁ Incluir mulheres como negociadoras, mediadoras, signatárias e testemunhas aumenta em 20% a probabilidade de um acordo durar pelo menos dois anos, e em 35% a probabilidade de durar pelo menos 15 anos.

⦁ Existe uma relação positiva entre a participação de grupos de mulheres e os resultados do acordo de paz. Quando as mulheres estão menos envolvidas, os acordos são alcançados com menos frequência e a probabilidade de se chegar a um acordo é ainda menor quando os grupos de mulheres não estão envolvidos.

A ONU reconhece que as mulheres são parceiras cruciais na consolidação de três pilares de uma paz duradoura: recuperação econômica, coesão social e legitimidade política. E indica que maior igualdade de gênero corresponde a menor probabilidade de um país utilizar a força militar para resolver disputas com outros países e em conflitos internos.

Se a gravidade da violência utilizada em conflitos externos e internos tende a diminuir com uma maior igualdade de gênero, como demonstram as investigações, parece fundamental continuarmos firmes na conquista de igualdade de direitos, para garantir uma presença equilibrada de mulheres em espaços de tomada de decisões na sociedade, no Estado, nas empresas, nas organizações sociais, nas comunidades.

E que, ocupando esses espaços de poder, possamos nos livrar das armadilhas do modelo patriarcal e colonialista que conforma a sociedade e contribuir na construção da coesão social necessária para vivermos em paz e solidariamente.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

 

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Inditex, que controla a Zara, fecha temporariamente suas 84 lojas em Israel


Logo Inditex de 1000logos.net


A companhia espanhola Inditex, que controla uma série de franquias incluindo a Zara, fechou temporariamente suas 84 lojas em Israel devido aos conflitos iniciados no último sábado no país. O aviso sobre as condições da varejista consta nas páginas israelenses das franquias.

Além da informação sobre as unidades físicas, a empresa avisou que os prazos para a devolução de peças serão ampliados.

Em outubro de 2022, palestinos organizaram um boicote contra a empresa depois que o franqueado de suas lojas israelenses recebeu o parlamentar Itamar Ben-Gvir, visto como abertamente anti-Palestina, em sua casa.

Na ocasião, houve manifestações e até queima de peças de roupa da Zara em público.

No caso da concorrente sueca H&M, também há relatos sobre o fechamento de lojas. No entanto, neste momento, o site oficial da empresa em Israel apenas alerta sobre possíveis atrasos nas entregas de produtos.

 

Produção de motos tem melhor setembro em dez anos, revela Abraciclo

A produção de motos alcançou 140,3 mil unidades no mês passado, volume um pouco acima – alta de 0,5% – do total registrado em setembro de 2022 (139,6 mil). Foi assim o melhor setembro em produção de motocicletas desde 2013, quando as fábricas produziram 150,7 mil unidades no mesmo mês.

Frente a agosto, que marcou a maior produção de motos em uma década, houve queda de 14,5% em setembro. Também contribuiu para essa variação negativa o calendário com três dias a menos de trabalho do mês passado.

O balanço foi divulgado nesta terça-feira, 10, pela Abraciclo, a entidade que representa as montadoras de motos instaladas no polo industrial de Manaus (AM), onde está concentrada a maior parte da produção nacional.

De janeiro a setembro, foram produzidas 1,2 milhão de motocicletas, uma alta de 12,3% na comparação com os nove primeiros meses de 2022 e o melhor resultado entre iguais períodos em dez anos. A Abraciclo manteve a projeção que aponta para 1,56 milhão de motos em todo o ano, o que, se confirmado significará um aumento de 10,4% frente a 2022 (1,41 milhão de unidades).

O desempenho é puxado pela expansão dos serviços de entrega (delivery) e a busca dos consumidores por veículos mais baratos e econômicos, em especial modelos de baixa cilindrada, que respondem por 81,7% do mercado.

“Em 2023, estamos experimentando um crescimento consolidado. O segmento apresenta potencial para continuidade no aumento dos volumes da produção”, disse Marcos Bento, presidente da Abraciclo, durante a apresentação dos resultados do mês passado.

Só em setembro, foram vendidas 135 mil motocicletas, 9,2% acima do total comercializado no mesmo mês do ano passado. Na comparação com agosto, no entanto, houve recuo de 5,4% por conta do calendário mais curto de setembro, que teve três dias úteis a menos.

Desde o início do ano, as vendas, de 1,18 milhão de motos, acumulam crescimento de 19,7%, bem acima da expectativa da Abraciclo de aumento de 10,9%, para 1,5 milhão de unidades, em 2023. Conforme o presidente da entidade, o mercado de motos tem potencial de voltar a superar as 2 milhões de unidades em um prazo de até cinco anos.