Expectativa dos analistas é de que a recuperação dos investimentos compense parcialmente a menor contribuição do consumo e do setor externo. (Crédito: Freepik)
Um estudo divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda nesta quarta-feira, 31, apontou a retomada de investimentos como um ponto a ser destacado na perspectiva de crescimento econômico do País em 2024.
De acordo com a nota divulgada pelo órgão, “Balanço Macrofiscal de 2023 e perspectivas para 2024”, a expectativa dos analistas é de que a recuperação do investimento compense parcialmente a menor contribuição do consumo e do setor externo para o avanço da economia brasileira. Para este ano, a SPE projeta uma alta de 2,2% do Produto Interno Bruto do País.
“O retorno do investimento é prerrogativa essencial para que a produtividade do país, que parece ter ganhado impulso em 2023, volte de fato a crescer”, destaca o estudo.
O documento cita que há vários vetores que auxiliarão no processo. No caso do desempenho da formação bruta de capital, foram citados os menores spreads e juros reais no mercado de crédito. Contribuem para esse cenário mais promissor a expansão das emissões de debêntures incentivadas e possibilidade de emissão de debêntures de infraestrutura, o Fundo Clima e incentivos dos bancos públicos à inovação e exportações.
No campo de obras, a SPE ressalta a retomada das obras do PAC e do Minha Casa, Minha Vida.
Também são destacados o novo marco de garantias e os estímulos para realização de parcerias público-privadas.
Para a atração de capital estrangeiro o foco será o Plano de Transformação Ecológica e ainda há a política de depreciação acelerada, para estimular a neoindustrialização.
Projeções
A SPE destaca que o mercado projeta crescimento de cerca de 1,6% para 2024, abaixo dos 2,2% esperados pelo governo.
“A perspectiva de desaceleração do crescimento, para patamar levemente superior a 2%, é conservadora, baseada em leve desaceleração do consumo e do setor externo e em recuperação do investimento, com expansão mais harmônica entre atividades cíclicas e não-cíclicas. Considerando o conjunto de informações já disponíveis, é possível que assim como em 2023 as estimativas iniciais do mercado para a expansão do PIB em 2024 tenham que ser revisitadas”, diz a nota.
O estudo pontua que a contribuição da agropecuária para o crescimento será menor em 2024, assim como seu impacto em outros setores. Sob a ótica da demanda, a contribuição de benefícios sociais para consumo das famílias será menor neste ano, mas ainda positiva – refletindo tanto o pagamento de precatórios quanto expansão do BPC e previdência – vinculados ao salário mínimo.
A expectativa é que essa contribuição menor seja compensada pela expansão das concessões de crédito a pessoas físicas, atreladas à perspectiva de menores juros reais e inadimplência em 2024.
“Essas contribuições, somadas ainda às expectativas de elevação na confiança dos consumidores (repercutindo o processo de desinflação em curso) e ao aumento real de 3% no salário mínimo, estimulando a massa de rendimentos e o retorno da população economicamente ativa ao mercado de trabalho, deverão garantir resiliência ao consumo das famílias e geração de empregos ao longo de 2024”, diz o estudo.
Para o consumo do governo, 2024 manterá o ritmo de expansão. A SPE destaca que as transferências às famílias e investimentos públicos têm pouco impacto sobre esse indicador, mais afetado pela evolução de gastos com serviços prestados pela administração pública, incluindo salários de servidores e despesas com saúde e educação.
O setor externo terá contribuição menor para o crescimento na esteira da desaceleração no ritmo de crescimento das exportações de produtos agropecuários. A perspectiva é a de que ainda seja positivo, reagindo ao crescimento projetado para as exportações de petróleo e derivados.
A SPE ainda destaca que para 2024 a expectativa é de que a desinflação siga ocorrendo, auxiliada por um aumento de produtividade.
Os principais riscos para a consolidação do cenário que aponta o IPCA em 3,6% em 2024 são a ocorrência de eventos climáticos extremos que afetem preços de alimentos, etanol e energia, além do acirramento dos conflitos geopolíticos, levando a disrupções em cadeias produtivas.
Já o aumento da produtividade está ligado à perspectiva de retomada dos investimentos.