quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Retomada de investimentos terá papel de destaque no crescimento do País em 2024, avalia Fazenda

 


Retomada de investimentos terá papel de destaque no crescimento do País em 2024, avalia Fazenda

Expectativa dos analistas é de que a recuperação dos investimentos compense parcialmente a menor contribuição do consumo e do setor externo. (Crédito: Freepik)

 

Um estudo divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda nesta quarta-feira, 31, apontou a retomada de investimentos como um ponto a ser destacado na perspectiva de crescimento econômico do País em 2024.

De acordo com a nota divulgada pelo órgão, “Balanço Macrofiscal de 2023 e perspectivas para 2024”, a expectativa dos analistas é de que a recuperação do investimento compense parcialmente a menor contribuição do consumo e do setor externo para o avanço da economia brasileira. Para este ano, a SPE projeta uma alta de 2,2% do Produto Interno Bruto do País.

“O retorno do investimento é prerrogativa essencial para que a produtividade do país, que parece ter ganhado impulso em 2023, volte de fato a crescer”, destaca o estudo.

O documento cita que há vários vetores que auxiliarão no processo. No caso do desempenho da formação bruta de capital, foram citados os menores spreads e juros reais no mercado de crédito. Contribuem para esse cenário mais promissor a expansão das emissões de debêntures incentivadas e possibilidade de emissão de debêntures de infraestrutura, o Fundo Clima e incentivos dos bancos públicos à inovação e exportações.

No campo de obras, a SPE ressalta a retomada das obras do PAC e do Minha Casa, Minha Vida.

Também são destacados o novo marco de garantias e os estímulos para realização de parcerias público-privadas.

Para a atração de capital estrangeiro o foco será o Plano de Transformação Ecológica e ainda há a política de depreciação acelerada, para estimular a neoindustrialização.

Projeções

A SPE destaca que o mercado projeta crescimento de cerca de 1,6% para 2024, abaixo dos 2,2% esperados pelo governo.

“A perspectiva de desaceleração do crescimento, para patamar levemente superior a 2%, é conservadora, baseada em leve desaceleração do consumo e do setor externo e em recuperação do investimento, com expansão mais harmônica entre atividades cíclicas e não-cíclicas. Considerando o conjunto de informações já disponíveis, é possível que assim como em 2023 as estimativas iniciais do mercado para a expansão do PIB em 2024 tenham que ser revisitadas”, diz a nota.

O estudo pontua que a contribuição da agropecuária para o crescimento será menor em 2024, assim como seu impacto em outros setores. Sob a ótica da demanda, a contribuição de benefícios sociais para consumo das famílias será menor neste ano, mas ainda positiva – refletindo tanto o pagamento de precatórios quanto expansão do BPC e previdência – vinculados ao salário mínimo.

A expectativa é que essa contribuição menor seja compensada pela expansão das concessões de crédito a pessoas físicas, atreladas à perspectiva de menores juros reais e inadimplência em 2024.

“Essas contribuições, somadas ainda às expectativas de elevação na confiança dos consumidores (repercutindo o processo de desinflação em curso) e ao aumento real de 3% no salário mínimo, estimulando a massa de rendimentos e o retorno da população economicamente ativa ao mercado de trabalho, deverão garantir resiliência ao consumo das famílias e geração de empregos ao longo de 2024”, diz o estudo.

Para o consumo do governo, 2024 manterá o ritmo de expansão. A SPE destaca que as transferências às famílias e investimentos públicos têm pouco impacto sobre esse indicador, mais afetado pela evolução de gastos com serviços prestados pela administração pública, incluindo salários de servidores e despesas com saúde e educação.

O setor externo terá contribuição menor para o crescimento na esteira da desaceleração no ritmo de crescimento das exportações de produtos agropecuários. A perspectiva é a de que ainda seja positivo, reagindo ao crescimento projetado para as exportações de petróleo e derivados.

A SPE ainda destaca que para 2024 a expectativa é de que a desinflação siga ocorrendo, auxiliada por um aumento de produtividade.

Os principais riscos para a consolidação do cenário que aponta o IPCA em 3,6% em 2024 são a ocorrência de eventos climáticos extremos que afetem preços de alimentos, etanol e energia, além do acirramento dos conflitos geopolíticos, levando a disrupções em cadeias produtivas.

Já o aumento da produtividade está ligado à perspectiva de retomada dos investimentos.


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