
O
presidente da França, Emmanuel Macron, ouvirá, durante sua passagem de
três dias pelo Brasil, apelos de empresários da indústria pela conclusão
do acordo entre Mercosul e União Europeia. Opositor da versão atual do
acordo, o presidente francês chega ao Brasil dois meses após pedir à
Comissão Europeia a desistência do tratado com o bloco sul-americano.
A
agenda ambiental e as parcerias bilaterais, incluindo a assinatura de
15 atos entre os países, estão no foco da visita que Macron inicia nesta
terça, ao desembarcar em Belém, no Pará, a sede da conferência do clima
da ONU, a COP30, no ano que vem.
O acordo comercial será, contudo, colocado em pauta nos encontros que Macron terá com empresários do setor produtivo.
Em
paralelo ao fórum bilateral a ser realizado na tarde da quarta-feira
pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que terá a
participação, entre outros, do vice-presidente da República, Geraldo
Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o líder francês terá
também na sede da entidade patronal paulista reuniões reservadas com
empresários.
Em um dos encontros marcados, o presidente da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, pretende
defender diante de Macron que o acordo com o Mercosul trará benefícios a
ambos os lados, com a diversificação das exportações e a ampliação da
rede de parceiros comerciais dos países dos blocos.
A
entidade entende que o acordo representa uma oportunidade para a
indústria brasileira voltar a ter relevância na pauta comercial com a
União Europeia, que no ano passado comprou US$ 46,3 bilhões em produtos
do Brasil.
A retirada do imposto de importação na Europa, conforme
estimativa da CNI com base em dados de 2022, beneficiaria
aproximadamente R$ 13 bilhões em produtos da indústria de transformação.
A
pauta ganhou peso na agenda da CNI após uma consulta divulgada em
outubro mostrar que, para três em cada quatro empresas e associações
industriais, o acordo com o bloco europeu deve ser tratado como
prioritário.
Conforme a CNI, com base em dados de 2022, a cada R$ 1
bilhão exportado para a União Europeia são gerados 21,4 mil vagas de
trabalho no Brasil, número superior à contribuição aos empregos dos
embarques para a China, de 15,7 mil postos.