Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto
Barroso, defendeu, nesta sexta-feira (12), a regulamentação da
Inteligência Artificial (IA) baseada na proteção de direitos
fundamentais. A declaração foi durante a Aula Magna da Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj).
Barroso
disse que a regulação da Inteligência Artificial precisa estar voltada
para direitos constitucionais como privacidade, liberdade cognitiva e
liberdade de expressão. “Precisa proteger a democracia, combatendo a
desinformação, o discurso do ódio e o esforço a subalternizar os grupos
mais vulneráveis, e os ataques à democracia, tornando as informações
minimamente transparentes e inteligíveis às pessoas”, destacou.
O
presidente do STF disse que a Inteligência Artificial vai trazer
benefícios para a humanidade.“A Inteligência Artificial surge com a
promessa de muitos benefícios para tornar nossa vida melhor. Terá
capacidade de tomar decisões com mais eficiência que os seres humanos,
pois tem a capacidade de armazenar mais dados que o cérebro humano.
Também vai permitir a automação de muitas atividades, incluindo as
atividades de risco. E ainda vai revolucionar a medicina, na descoberta
de cura para doenças; o Direito, na celeridade da prestação
jurisdicional, a educação, enfim, todas as áreas”.
Apesar disso, o
ministro apontou que um dos riscos nessa questão é em relação ao
mercado de trabalho. “Muitos empregos vão desaparecer. Embora outros
venham a surgir, não acontecerão na mesma velocidade. Há, também, um
medo imenso do uso bélico da Inteligência Artificial. Existem armas
letais autônomas que são capazes de tomar decisões próprias de ataque, o
que geram problemas éticos imensos. Outro perigo que estamos
enfrentando é a massificação da desinformação”, avaliou.
O
ministro Luís Roberto Barroso falou também da importância da
preservação dos valores éticos que servem de base para os princípios da
humanidade. “Apesar de todas as modernidades que já vimos e que ainda
vamos ver, ainda são os antigos valores éticos que devem pautar a vida
na terra: o bem, a justiça e a dignidade humana”.
As
petroleiras brasileiras 3R Petroleum e Enauta encaminharam um acordo de
fusão nesta semana. A proposta prevê a incorporação da totalidade das
ações da Enauta, com os acionistas da Enauta recebendo ações da 3R em
troca. Acionistas da 3R ficarão com 53% da nova empresa, enquanto os
acionistas da Enauta ficarão com 47%, segundo fato relevante encaminhado
à CVM. O acordo inclui a participação da sueca Maha Energy Offshore.
Caso
o plano seja concretizado, a nova empresa teria potencial de capacidade
de produção imediata de 100 mil barris por dia, chegando a 120 mil
barris por dia em 2025, além de somar uma reserva de 770 milhões de
barris. Em março deste ano, a Enauta teve produção diária de 24,8 mil
barris de óleo equivalente, enquanto a 3R produziu uma média diária de
50,4 mil barris.
São
números muito pequenos quando comparados aos das grandes petroleiras
globais. Como comparação, a produção da Petrobras superou os 3,8 milhões
de barris de óleo equivalente por dia em fevereiro, segundo as últimas
informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis
(ANP).
3R
A 3R é uma companhia brasileira de capital
aberto produtora de petróleo e gás natural com sede no Rio de Janeiro.
Fundada em 2014, a empresa possui ativos onshore (em terra) e off-shore
(no mar) no Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Espírito Santo e Rio de
Janeiro. Segundo a 3R, o foco da empresa está no redesenvolvimento de
campos maduros e em produção. No ano passado, a companhia registrou
lucro líquido de R$ 425,2 milhões, um crescimento de 233%. Segundo a
empresa, a produção foi recorde em 2023.
A
3R opera os Polos Macau, Areia Branca, Potiguar, Fazenda Belém, Rio
Ventura e Recôncavo. Já os ativos near shore e offshore são os Polos
Pescada Arabaiana (participação de 35%, operado por Petrobras), Peroá e
Papa-Terra.
Enauta
A Enauta, que atua no País há mais
de 20 anos, também é uma companhia brasileira independente de
exploração e produção de petróleo e gás natural. No ano de 2023, a
Enauta produziu mais de 4,5 milhões de barris de óleo equivalente. A
empresa anunciou ainda que triplicou a sua produção diária no quarto
trimestre em comparação com mesmo período no ano passado. No entanto, a
empresa registrou prejuízo líquido de R$ 45,5 milhões no ano passado,
ante lucro líquido de R$ 383,4 milhões em 2022.
A Enauta está em
processo de aquisição das áreas de Uruguá-Tambaú (Bacia de Santos) e
Parque das Conchas, (Bacia de Campos). A empresa produz no Campo de
Atlanta (Bacia de Santos) e no Campo de Manati, na Bahia (participação
de 45%, operado por Petrobras).
Suspensão de negociação com a Petrorecôncavo
Após receber a proposta de combinação de negócios da Enauta, o conselho
de administração da 3R Petroleum deliberou, no início deste mês, que os
esforços internos para possível combinação de negócios entre a
companhia e uma outra petroleira, a Petrorecôncavo, fossem
momentaneamente suspensos.
O
direito de exclusividade acertado no acordo entre Enauta e 3R para
análise da potencial da operação tem prazo de 30 dias, prorrogável de
forma automática por período adicional de 30 dias. As partes terão o
direito de realizar diligência confirmatória com prazo estimado de
conclusão de até 21 dias. (Colaboraram Beth Moreira, Gabriel Vasconcelos
e Denise Luna)
A
multinacional norueguesa Hydro, controladora das maiores operações de
alumina e alumínio primário no Brasil, projeta reduzir cerca de um terço
da intensidade de emissão de dióxido de carbono (CO2) nas operações
brasileiras partir de 2025. A previsão é que a meta seja alcançada após a
conclusão, neste ano, de dois investimentos que totalizaram R$ 1,6
bilhão e são direcionados, basicamente, à substituição do óleo
combustível por gás natural como insumo utilizado na refinaria Alunorte –
maior do mundo fora da China. Outra parte importante, de R$ 300
milhões, foi para a instalação de três caldeiras elétricas na mesma
planta industrial, as quais terão a energia fornecida pela usina solar
de Mendubim, administrada pela subsidiária Hydro Rein.
O movimento
da companhia não é isolado. Indústrias como as do aço, cimento e
petroquímico, entre outros, estão entre os maiores emissores de gases de
efeito estufa, e ainda não encontraram formas de reduzir as emissões
durante o processo fabril, daí a opção, na maioria dos casos, por mexer
na geração de energia.
Com
esses investimentos, a Hydro projeta uma redução de 33% na intensidade
das emissões de dióxido de carbono, a partir do ano que vem. A companhia
quer sair do patamar atual de 0,65 tonelada de CO2 emitidas por
tonelada produzida de alumina, para 0,4 tonelada de CO2 por tonelada
produzida. A meta é chegar a 2030 com 0,2 tonelada de CO2 por tonelada
de alumina fabricada.
“É uma clara definição de investimentos e
também demonstra que queremos diferenciar a nossa alumina do mercado”,
disse o vice-presidente de operações da Hydro, Carlos Neves, em
entrevista exclusiva ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
Comércio internacional
Além
da questão ambiental, outro objetivo da Hydro com a descarbonização é
preparar as operações da empresa no Brasil para manter a competitividade
da alumina exportada para a Europa, relevante destino dos embarques
nacionais do insumo. O movimento acontece em função do CBAM (Mecanismo
de Ajuste de Carbono na Fronteira, em português), regulação que está em
vigor de forma transitória desde agosto do último ano e deve exigir dos
importadores europeus a apresentação de dados sobre emissões de produtos
fabricados fora do continente. Em linhas gerais, quanto maior a pegada
de carbono, mais caro ficará a importação.
Nas operações
brasileiras, parte da alumina produzida pela Hydro é direcionada para a
Albras, subsidiária da multinacional norueguesa (com 51% de
participação) e maior produtora de alumínio primário no Brasil. Já o
outro restante é exportado. Os principais consumidores do insumo são
fundições não totalmente integradas, que precisam comprar a
matéria-prima para produzir o alumínio metálico.
Sobre o avanço do
ambiente regulatório no Brasil, o vice-presidente sênior de relações
externas da Hydro, Anderson Baranov, disse que ainda é prematuro para se
posicionar com relação a uma possível implementação de um mecanismo
semelhante ao CBAM no Brasil, mas ressalvou que é importante que esses
mecanismos sejam bem implementados e levem em consideração as
características de cada país e mercado. “Estamos investindo em tudo que
podemos para alcançar um alumínio mais verde e logicamente através das
associações e entidades de representação poderemos nos posicionar”,
acrescentou Baranov, que também é presidente do Conselho Diretor da
Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), avaliou.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet,e o ministro da
Economia, Fernando Haddad (Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdoi
A
equipe econômica anunciou nesta sexta-feira, 12, que vai divulgar na
próxima segunda-feira, 15, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
(PLDO) de 2025. O evento será conduzido pelo secretário executivo do
Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Gustavo Guimarães; pelo
secretário de Orçamento, Paulo Bijos; pelo secretário do Tesouro
Nacional, Rogério Ceron; e o da Receita, Robinson Barreirinhas.
Como o Estadão
antecipou, a expectativa é para a mudança da meta fiscal a ser seguida
no próximo ano. Com incertezas sobre a evolução da arrecadação, o
governo estuda alterar a meta para as contas públicas em 2025 prevista
no novo arcabouço fiscal – que é de um superávit de 0,5% do Produto
Interno Bruto (PIB). Discussões apontam até agora para um número entre
resultado primário zero e superávit de até 0,25% do PIB – repetindo a
meta estipulada para este ano.
Questionado
no início desta semana sobre o assunto, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, respondeu que a equipe econômica está fazendo as contas para
fixar uma meta fiscal “factível” para 2025. Haddad não cravou qualquer
número, mas considerou que, apesar de “boas coisas” terem acontecido no
último ano, a Fazenda também enfrentou percalços que mudaram o cenário e
que precisam ser considerados na definição.
Integrantes da equipe
econômica têm afirmado que insistir no patamar inicialmente projetado
para 2025 poderia até jogar contra a credibilidade do governo, que vem
num processo de convencimento da entrega de uma estabilidade fiscal.
Daí, a ideia de apresentar um número que seria considerado mais crível.
No
mercado, existe a avaliação de que o governo também terá de mudar a
meta fiscal para este ano . Se isso acontecer de fato, uma mudança na
direção para 2025 seria inevitável.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Um
dos desafios da reforma tributária é justamente melhorar a vida do
industrial brasileiro, afirmou há pouco o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad. O ministro também pediu celeridade ao Congresso para aprovação
da regulamentação da matéria até o fim do ano.
“Produzir
mais, produzir mais barato e melhor, e exportar muito, desonerando
investimentos e desonerando exportações, fazendo com que os produtos
industriais tenham uma alíquota de imposto de valor agregado menor”,
declarou o ministro.
Haddad
frisou que é importante que a indústria esteja atenta à regulamentação
da reforma, para que ela não seja desvirtuada. O ministro também
destacou a importância do marco de garantias, ao dizer que eles devem
fazer o spread dos bancos cair e as vendas da indústria subirem.
“As
notícias são boas no primeiro trimestre, ainda melhores na primeira
semana de abril. Temos tudo para crescer forte na indústria
automobilística, com a vantagem que agora se adequa às tecnologias
sustentáveis.”
Lula: Não conheci ministro da Fazenda com tanta disposição para conversar com Congresso como Haddad
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, é uma das pessoas que faz a diferença no governo.
“Nunca
conheci um ministro da Fazenda com tanta disposição para conversar com o
Senado e com a Câmara como o Haddad”, disse. “Se não conversar e não
tiver paciência para enfrentar a diferença, não conseguimos governar o
País.”
Lula exaltou a aprovação da reforma tributária e a
comparou a “um verdadeiro milagre”, em País democrático em que o partido
do presidente não tem maioria no Congresso.
O presidente e
o ministro participam da cerimônia de inauguração da nova sede em São
Paulo da Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos.
Lula
também elogiou o vice-presidente Geraldo Alckmin, ao dizer que ele foi o
primeiro acerto na campanha presidencial. “É um companheiro agregador e
que está com a cabeça 100% para discutir com empresários.”
O
presidente relembrou a época em que era oponente de Alckmin e afirmou
ter saudades de quando a política ficava na disputa entre PT e PSDB.
“Como era civilizado e não sabíamos”, disse Lula, que declarou que agora
o País está descobrindo como era bom ser civilizado e conversar com os
diferentes.
O
País precisa ver onde errou para conseguir voltar a ser a sexta maior
economia do mundo, afirmou há pouco o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Lula afirmou ter orgulho de dizer que o Brasil viveu
o melhor momento da indústria automobilística durante seus mandatos,
mas salientou que não consegue entender a evolução do cenário do setor.
“Quando
eu deixei a presidência, a última conversa que eu tive com a Anfavea
era de que em 2015 estaríamos produzindo seis milhões de carros. Estamos
em 2025 e estamos produzindo quase metade do que produzíamos em 2010.
Quem errou?”, questionou. “Foram vocês que desconfiaram do Brasil ou o
Brasil que deixou de fazer o que deveria ser feito?”.
O
presidente defendeu que é preciso “andar para frente sem olhar para
trás” e que o governo tem compromisso com “tecnologia nova, inovação,
geração de empregos, aumento da massa salarial, e, portanto, com a venda
de mais produtos e mais exportação.”
Lula ainda afirmou
que é preciso que o País aprenda ser grande e vá ao exterior vender
produtos. “Fico imaginando como os vizinhos do Brasil compram um carro
de 12 mil quilômetros de distância enquanto estamos aqui”, disse. Ao se
dirigir ao vice-presidente Geraldo Alckmin, Lula declarou que 2024 é “o
ano da viagem”.
‘Indústria passou a ter confiança no Brasil’
O
presidente afirmou que a indústria passou a ter confiança no Brasil,
diante, segundo ele, da segurança jurídica e da estabilidade econômica e
social promovidas no último ano de governo. Lula também declarou ter
carinho especial por setores que crescem e geram oportunidades, ao
comentar os incentivos dados à indústria automotiva anunciados no fim do
ano passado.
Em discurso na nova sede da Anfavea, o
presidente destacou que a conquista da credibilidade pelo governo foi
crucial para esse ganho de confiança, além da estabilidade jurídica do
País.
“Se Haddad vai negociar a política tributária dentro
do Congresso Nacional e não passar credibilidade na proposta e não
receber credibilidade dos interlocutores, as coisas não vão dar certo”,
disse Lula, que em seguida defendeu que ninguém acreditava que seria
possível passar a reforma tributária em um Congresso adverso, mas que a
aprovação foi possível a partir da construção de uma relação civilizada e
democrática.
Salão do Automóvel
Lula
da Silva pediu para que as montadoras retomem o Salão do Automóvel. O
presidente defendeu que o evento é um espaço para fazer negócios e disse
que “adorava ir à feira”.
O mandatário afirmou que não é
possível um País do tamanho do Brasil não ter um salão. “O Salão do
Automóvel está para o povo brasileiro como a corrida estava quando o
Ayrton Senna era vivo.”
O presidente frisou que o evento é
uma oportunidade para atrair visitantes de países para os quais o Brasil
deseja exportar. “É importante que o ministro da Indústria convide
muita gente para ir vê-lo e convide os ministros da Indústria e do
Comércio de outros países”, disse. “Quem quer vender precisa mostrar”.
Governo
brasileiro volta a abrir mercados e faz esforço conjunto para abocanhar
2% do comércio global até 2026 com produtos de maior valor agregado,
mas vai precisar driblar a burocracia e reverter o baixo investimento
para ter êxito
Governo Lula tem meta de levar o País a um volume de negócios da ordem de US$ 614 bilhões (Crédito:freepik)
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RESUMO
• Campeão das exportações brasileiras, o agronegócio pode melhorar seu desempenho se houver o estímulo certo • A indústria, um dos setores mais sedentos por exportações, é dos mais defasados: pátio fabril é antiquado e custoso • Nas saídas marítimas brasileiras imperam desafios burocráticos • Produtos originados na floresta amazônica e da sua biodiversidade representam apenas 0,17% do total das exportações
• Praticamente todos os setores demandam financiamento, mas sem
políticas públicas para infraestrutura, desburocratização e
digitalização de processos o fomento não levará o país muito adiante • Soluções já aparecem no horizonte: política de relações exteriores do governo tem aberto mercados antes fechados
A busca por novos mercados
sempre determinou as nações vencedoras e as perdedoras na história
desde que a sociedade civil se organizou. E o Brasil tenta se posicionar
nesse jogo em um momento-chave da geopolítica global. Com a economia
reagindo, e os países transformados após a pandemia, há novos mercados,
novas demandas e oportunidades mundo afora. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
quer aproveitá-las. Desde o início do mandato, o petista já abriu
frentes em 100 mercados em 49 países, firmou ou renovou 125 acordos
comerciais e tem na lista outros 58 em fase de assinatura (ainda que a
“cereja do bolo”, o acordo Mercosul-União Europeia, não tenha se
concretizado). O mundo, aparentemente, está pronto para receber o Brasil. Mas será que a economia brasileira está preparada para essa jornada?
• Hoje, o País tem apenas 1,46% de todo comércio global (isso considerando um universo que movimentará US$ 30,7 trilhões em 2024). • Em 2010, no melhor resultado da história, o Brasil abocanhou 1,6% do bolo, fruto de políticas públicas de incentivo, crédito barato e apoio empresarial. • E o que aconteceu desde então? Escândalos políticos, crise econômica e fuga de investimentos.
Motivos não faltaram para os produtos brasileiros sumirem das prateleiras do mundo. O governo Lula quer reverter esse cenário. Em
uma iniciativa multiministerial, quer que o País responda por 2% do
comércio mundial, com negócios na ordem dos US$ 614 bilhões. “O
Brasil já é o supermercado do mundo. E pode ser muito mais. Pode ser o
shopping, a concessionária, o salão de beleza. Estamos prontos. E temos
pressa”, disse o presidente. E os que querem carona na embarcação já estão de malas prontas.
Indústria
A
indústria talvez seja o setor mais sedento por exportações — e também
um dos mais defasados. Com raríssimas exceções (como a Embraer e algumas
montadoras), o pátio fabril brasileiro é antigo, antiquado e custoso. É como tentar atravessar o Atlântico de caiaque. Essa analogia, inclusive, foi feita pelo vice-presidente da República e chefe do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Ele tem sido o nome por trás da condução de uma política de fomento ao empresariado, que passa pela atualização do maquinário, oferta de crédito para expansão e consultoria para avançar na exportação.
O
problema é que reaver décadas de atraso, enquanto o mundo desenvolvido
trabalha com indústrias sob a ótica da tecnologia digital, seria um
feito quase hercúleo — e por isso tão difícil de se concretizar de forma
dissipada entre todas as cadeias industriais. O primeiro passo, diz
Alckmin, foi dado. O governo estuda políticas de fomento ao empresariado
com crédito para renovação de maquinário e investimentos em expansão.
Apesar das perspectivas positivas do vice-presidente, tal movimento resolveria apenas uma parte do problema. Os outros desafios envolvem excesso de burocracia para exportação e o Custo Brasil.
Segundo Marcelo Almeida Castro, consultor de exportação e ex-secretário de Negócios Internacionais do governo João Doria, em São Paulo, as fronteiras brasileiras são faraônicas. “Não
há espaço no Brasil de hoje, com os portos atuais, de aumentar
consideravelmente a exportação de bens duráveis, manufaturados e
produtos de maior valor agregado”, diz.
Nas saídas marítimas brasileiras também se concentram os desafios burocráticos. “O
Brasil ainda não segue as diretrizes internacionais, da OCDE
[Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], de
exigência de informações padronizadas nos produtos e isso torna a
liberação ridiculamente morosa”, afirma. O resultado? Produtos perecíveis, prontos para o embarque, parados. Filas enormes e saia-justa com os compradores.
E
esses problemas têm se acentuado à medida que a indústria brasileira
exportadora tenta navegar pelo mundo. Os mais recentes dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre o tema avaliam o mercado em 2022.
Segundo o estudo Coeficientes de Abertura Comercial (CAC), a participação da indústria nas exportações brasileiras subiu de 18,6% em 2021 para 20,3% no ano seguinte.
Apesar de parecer um número promissor, quando são avaliados os destaques na exportação, o panorama não é tão simples. As exportações industriais dependem, basicamente, do agronegócio processado, do beneficiamento de metais e papel e celulose. São
segmentos enormes, mas com impacto financeiro aquém do ideal quando se
quer uma indústria de transformação com grande valor agregado para
oferecer ao mundo.
Nesse
sentido, uma solução apontada por Castro (e que, segundo ele, já tem
sido negociada com o MDIC) é o desenvolvimento de uma estratégia
industrial para exportação que se assemelhe à política das “campeãs
nacionais” dos primeiros mandatos de Lula, mas com aportes menores e
mais dissipados.
“Entre 2006 e 2012 a indústria da construção
civil brasileira foi referência mundial. Nesse período também houve o
desenvolvimento da empresa que hoje é a maior do mundo na venda de
carnes [JBS]”, disse.
O risco, mais uma vez, é que parte desses recursos seja inócuo, como no segundo mandato de Lula. Além disso, há o nó político. Para
um avanço substancial das exportações de alto valor agregado o Brasil
precisaria deixar a condição institucional de emergente e entrar na
OCDE, o que abriria novos mercados, mas tiraria alguns benefícios tributários que os países considerados emergentes têm na captação de financiamento pelo mundo.
Meio Ambiente
Aqui é onde a indústria de alto valor agregado se une à sustentabilidade e à economia verde. Talvez seja nessa intersecção que resida a chave para o maior potencial brasileiro nas exportações.
A bioeconomia, como gosta de definir a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
é a construção de políticas públicas que tenham como alvo a
rentabilidade, a sustentabilidade e a responsabilidade social. Com essas
premissas, Marina tem rodado eventos pelo mundo acompanhada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, tentando apresentar o novo cartão-postal brasileiro.
O objetivo, segundo a ministra, é desenvolver a bioeconomia para levar ao mundo soluções em áreas como beleza, saúde e química.
“O mundo atual clama por soluções menos poluentes e o do futuro buscará
produtos integralmente sustentáveis, e nisso o Brasil pode ser líder”, disse.
De acordo com ela, a planta
amazônica usada para o desenvolvimento de um cosmético ou remédio, o
caminho feito pelo insumo por meio de hidrovias (e não caminhões), o
beneficiamento sem testes em animais, a produção de embalagens
ecológicas e a exportação marítima são capazes tornar o Brasil
referência nesse tipo de produto.
Hoje,
a participação de produtos originados na floresta amazônica e da sua
biodiversidade representa apenas 0,17% do total das exportações. No entanto, de acordo com Marina, com o estímulo à bioeconomia, é possível ampliar essa participação para 2%. A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI)
vai além e indica que, se desenvolvida, a bioeconomia pode gerar
faturamento adicional para a indústria de US$ 284 bilhões por ano até
2050.
E como fazer isso? Segundo Sérgio Feijó, doutor em bioeconomia pela Universidade Harvard e membro do Comitê Mundial do Clima, órgão ligado à ONU, será preciso focar em três frentes: • capacitação da mão de obra, • recursos pesados em Pesquisa & Desenvolvimento, • e crédito abundante para estimular a entrada no setor.
“Chegou
a hora de pensar se o papel da Zona Franca de Manaus, como está hoje, é
do melhor interesse para o Brasil”, disse. No entendimento do
especialista, os benefícios fiscais para os empresários que hoje atuam
lá seriam capazes de atrair empresas do mundo todo interessadas no
desenvolvimento de produtos de origem amazônica. “A Zona Franca, como
está hoje, pode ser replicada em qualquer estado brasileiro.”
Se o Brasil quer se destacar, diz ele, é preciso dar ao mundo uma estrutura industrial que nenhum lugar tem.
Agronegócio
Maior estrela das exportações brasileiras, o agronegócio também pode melhorar seu desempenho se houver o estímulo certo.
Com 100 novos mercados em 49 países para explorar desde o início do
terceiro mandato de Lula, o setor parece ter feito as pazes com a gestão
petista, muito por influência de Carlos Fávaro, que comanda o Ministério da Agricultura (Mapa).
Segundo ele, a política de relações exteriores do governo Lula tem dado vazão a mercados antes fechados.
Fávaro cita como exemplo a reabertura do mercado chinês para a venda de
frangos de alguns frigoríficos que estava parada há mais de um ano.
Antecipando o aumento da demanda, o ministro conta que sua pasta tem
trabalhado para reduzir a morosidade no embarque.
Uma das soluções é a certificação eletrônica para proteínas animais.
“Isso vai superar a burocracia e ganhar tempo nas exportações. Vamos
poder avançar ainda mais no mercado externo.” Em um segundo momento, diz
o ministro, a certificação digital também poderá ser usada para a
exportação de grãos.
Ao resolver as questões burocráticas, Fávaro
quer minimizar os impactos para o produtor, mas isso não resolve todo o
problema, em especial as questões que envolvem o fomento dos itens de
maior valor agregado.
Para Roberto Rodrigues, que esteve no lugar de Fávaro durante as duas primeiras gestões de Lula, o primeiro passo é abrir o mercado e desburocratizar. O segundo é negociar a venda do grão com algum tipo de beneficiamento. Ele cita como exemplo o açúcar e o suco de laranja, mercados em que o Brasil é o maior exportador do mundo. “O mesmo não acontece com o café. Vendemos a commodity [grão], mas pouco dele torrado ou moído.”
FINANCIAMENTO
O
combo, então, deve envolver o governo guiando novas rotas e empresas
capitalizadas. E isso significa investimento. Um dos caminhos
encontrados pelo governo Lula, além do Plano Safra, foi colocar o BNDES nessa equação.
O banco de fomento, presidido por Aloizio Mercadante, dá ao empresário suporte para navegar em mares estrangeiros. “Desde a oferta de crédito com lastro dolarizado até a consultoria para entender como exportar”,
diz. O BNDES, que também esteve por trás de empréstimos bilionários a
juros baixíssimos durante a saga das “campeãs nacionais”, mudou o foco.
“Vamos dissipar o investimento e impulsionar vários de uma vez ao invés
de capitalizar demais alguns poucos grupos.”
A questão do financiamento, que surge como demanda de todos os setores, não é a única barreira que impede o Brasil de chegar lá.
Para ser grande, é preciso se colocar como tal. Integrar as cadeias e
se adequar às normas internacionais de produção. Ter infraestrutura
eficiente, burocracia reduzida, digitalização de processos.
O
dinheiro, óbvio, é bem-vindo, mas se torna insuficiente se as políticas
públicas não acompanharem essa jornada pelos mares do mundo.