terça-feira, 16 de abril de 2024

Após queda em 2023, ‘BBB24’ termina com audiência em alta e recorde de patrocinadores

 


O “BBB24” chega ao fim nesta terça-feira, 15, com um recorde para a Globo: o maior número de patrocinadores já registrado. Foram 16 no total, em uma edição que, ao contrário da anterior, teve aumento de audiência. As empresas agora contabilizam os resultados nas vendas enquanto avaliam renovação do patrocínio para 2025. 

A edição do ano anterior já havia sido anunciada como um marco no número de patrocinadores, com 13 até então. Um ano depois, o sucesso comercial do “BBB24” seria anunciado pela emissora antes mesmo de sua estreia: ainda que a audiência tenha ficado em baixa na edição de 2023, a temporada de 2024 teve todas as cotas comerciais vendidas dois meses antes do primeiro dia do programa.

Quanto a Globo fatura com o BBB?

A Globo não revela o faturamento total com o Big Brother Brasil, mas o mercado faz suas estimativas. Antes da estreia, o portal Meio e Mensagem contabilizava faturamento de R$ 1,2 bilhão somente com cotas de patrocínio – uma das modalidades possíveis para as marcas aparecerem no programa. Mas há outras ações possíveis além de ser um patrocinador. Ao todo, foram 31 marcas presentes no programa. Veja abaixo:

  • Patrocinadores: Mercado Livre, Stone, Seara, Esportes da Sorte, Downy, Rexona, Chevrolet, Amstel, Ifood, Pantene, Ademicon, Hypera Pharma, McDonald’s, Cif, Latam e Oi.
  • Outras marcas presentes nas dinâmicas e ações de conteúdo: Kwai, Electrolux, Delícia, Nestlé, Ajinomoto e Estácio, em dinâmicas de segmento, além de Disney, Yoki, SBP, Ministério da Saúde, Centrum, Hellman’s, Kibon, Niely e Pepsi.

A IstoÉ Dinheiro apurou que, apesar do recorde no número de patrocinadores, a quantidade total de 31 marcas anunciando no “BBB24” caiu em relação às 40 do ano passado. A reportagem questionou a Globo se houve crescimento do número de anunciantes e do valor faturado com publicidade na comparação com o “BBB23”. Até a última atualização desta reportagem, não havia retorno sobre essas questões. 

Aumento da audiência

Se a saga da médica Amanda Meirelles para ganhar os R$ 2,8 milhões não foi suficiente para tirar o “BBB23” do centro de notícias sobre queda de audiência, no ‘BBB24’ o vencedor (que será escolhido entre Davi, Isabelle e Matteus) receberá seus R$ 2,92 milhões por uma história assistida por mais pessoas.

Segundo a Globo, somente no Rio de Janeiro, a audiência cresceu 9% e em São Paulo, 5%. Em Salvador (cidade de um dos finalistas, Davi), os números superaram a audiência de quatro das cinco últimas edições. No Painel Nacional de Televisão (PNT), o avanço da audiência foi de 5%. 

Enquanto isso, no Globoplay (que tem sido apontado como uma das principais estratégias de negócios da Globo atualmente), o ‘BBB24’ foi a melhor edição do reality, ainda de acordo com a emissora.

Resultados para as marcas

As aparições no “BBB24” renderam resultados para as vendas de diversas marcas que estiveram presentes no programa. Para a Latam, por exemplo, o investimento mais do que se pagou logo na primeira inserção. “Apenas na Prova do Anjo, que integramos à primeira Mega Promo de passagens de 2024, tivemos retorno financeiro 20 vezes superior ao investimento que fizemos para estar no programa, com picos de 90 mil acessos simultâneos em nosso site”, disse Aline Mafra, diretora de vendas e marketing da companhia no Brasil, à IstoÉ Dinheiro

Já a diretora de comunicação e mídia da Oi, Lívia Marquez, comemora um aumento de 35% nas vendas do e-commerce em meio à participação da operadora no programa – um feito diante do “contexto desafiador após a venda da mobilidade”, reconhece ela. 

“Conseguimos crescer a consideração da marca Oi Fibra e a favorabilidade da marca nas redes sociais durante os 3 meses de programa”, diz ela. “A intenção de compra da nossa fibra cresceu quase 20 pontos percentuais desde o início do programa”, diz Marquez.

Também celebrando aumento nas vendas, Cesar Hiraoka, diretor de marketing do Mercado Livre, conta que durante a primeira Prova do Líder da marca no programa houve “um aumento de 99% no GMV (vendas brutas)”. “Registramos um crescimento expressivo de 36% no uso de cupons em comparação com a média do último ano”, acrescenta.

Prova do Mercado Livre no BBB 24
Prova do Mercado Livre no BBB 24 (Crédito:Reprodução/TV Globo)

A varejista também surfou na onda da procura por itens usados pelos participantes que, inicialmente, nada tinham a ver com a empresa. A procura pelo “brinco de pena” utilizado por uma participante cresceu 356% em buscas da plataforma, seguida por “brinco hippie” como o usado pela Wanessa Camargo, com alta de 238%, e “boina gaúcha” de Matteus, com 216%.

A Electrolux também “colheu resultados positivos durante o reality show”, segundo Ana Peretti, vice presidente de marketing. “Atingimos 80% dos acessos ao site via QR Code que vieram de novos usuários que estavam acompanhando o programa ao vivo.”

Já para a Stone, o objetivo de estar no programa mais uma vez era se tornar uma marca mais conhecida. “Ultrapassamos nossas metas de crescimento de awareness, chegando à máxima histórica, e batemos recordes também de acesso aos nossos sites”, disse o head de marketing da empresa, Rodolfo Luz. “Esse tipo de reconhecimento de marca não tem preço.”

Quem saiu, quem entrou e quem vai ficar?

O BBB 24 teve baixas de anunciantes da edição anterior, como Pague Menos, TikTok e QuintoAndar. Mas houve também estreantes como Delícia, que agora avalia se deve permanecer entre as marcas do BBB em 2025.

“Estamos muito satisfeitos com os resultados e objetivos atingidos nesta estreia como patrocinadora do BBB24. No entanto, entendemos que ainda temos alguns meses à frente até as definições estratégicas para 2025. Por isso, ainda não podemos afirmar”, disse Camille Lau, diretora de marketing da marca. 

Já a Latam aumentou o investimento neste ano após estrear em 2023 realizando uma ação pontual numa prova, e em 2024 foi patrocinadora oficial. Vamos aguardar o fim dessa edição do BBB, a realização de outras grandes ações que temos planejadas para 2024, como o Rock in Rio, e voltaremos a avaliar em breve”, disse Mafra sobre os possíveis planos para o BBB 25. 

Luz, da Stone, também evita “spoilers”, mas afirma: “o patrocínio do BBB 25 é uma decisão estratégica sempre alinhada com nossos objetivos de negócio e com a Globo. Nossa parceria tem sido de muito sucesso.”

No Mercado Livre, o momento também é de análise. “Com a finalização do programa, vamos olhar para dentro e analisar a eficácia da parceria para entender os próximos passos”, diz Hiraoka. 

Na Electrolux o cenário é parecido. “Os patrocínios a eventos e conexão com o público em canais de entretenimento fazem parte da nossa estratégia e daremos continuidade aos que fizerem sentido para a marca”, diz Peretti.

Já Marquez, da Oi, indica que a decisão sobre o BBB 25 não está tomada porque a marca ainda não terminou de colher os efeitos do BBB 24. “No momento estamos avaliando os resultados do BBB 24, que foram bastante positivos e estamos aproveitando ao máximo as entregas que ainda estão previstas até o final do patrocínio.”

Tesla confirma corte de 10% no quadro global de funcionários

 Logotipo Tesla - Significado e história do símbolo do carro ...


A Tesla confirmou nesta terça-feira, 16, que está reduzindo seu quadro global de funcionários em 10%, segundo comunicado enviado à Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA), mas a montadora de veículos elétricos não especificou quantos trabalhadores serão afetados.

A empresa disse que seu rápido crescimento ao longo dos anos, com múltiplas fábricas expandindo, levou a uma duplicação de cargos e funções em determinadas áreas.

Os cortes permitirão que a montadora se posicione para sua próxima fase de crescimento à medida que desenvolver novas tecnologias nos setores automotivo, de energia e de inteligência artificial, justificou a Tesla, no comunicado.

*Com informações da Dow Jones Newswires

Tebet reitera que governo não mudou e não vai mudar lei do arcabouço

 Saiba quem é a nova ministra do Planejamento, Simone Tebet


A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, voltou a defender nesta terça-feira, 16, em entrevista à Globonews, que a mudança das metas fiscais a partir de 2025 não significam uma alteração da lei do novo arcabouço fiscal. Ela reforçou que “não passa pela cabeça” da equipe econômica alterar o que ela considera como “as duas travas principais” e o “mantra” do arcabouço: as definições de que o governo poderá aumentar o gastos na proporção de até 70% do crescimento das receitas, mas desde que seja respeitado o limite de 2,5% de alta real dos gastos.

“Ainda que a PLDO [Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias] faça parte do arcabouço, nós não mudamos a lei do arcabouço e nem vamos mudar. Porque sabemos do impacto nocivo disso e, aí sim, teríamos problema na curva de juro e de sustentabilidade da dívida”, explicou a ministra.

Para ela, essas duas travas valem muito mais, sob a ótica das despesas, do que a meta de resultado primário em si.

“O Brasil não pode gastar mais do que arrecada, o Brasil não pode gastar tudo que arrecada e tem que gastar bem”, frisou a ministra.

Em seguida, Tebet destacou que a inflação tem sido controlada e que a previsão é que o PIB do Brasil possa crescer cerca de 2,5% neste ano. “É um crescimento que nos garante a sustentabilidade da dívida a partir de 2027.”

Revisão de gastos

A ministra afirmou que ela e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantem que o arcabouço veio para ficar. Para a ministra, a fim de sustentar a credibilidade da regra fiscal diante do mercado, do sistema financeiro e dos investidores, é necessário acelerar a roda da revisão de gastos.

Tebet defendeu que em um momento inicial foi necessário recompor as receitas para recuperar as políticas públicas destruídas no governo anterior, mas que isso é passado. “O governo Lula não sucedeu qualquer governo, não sucedeu um Fernando Henrique Cardoso”, disse. “Nós sucedemos um governo disfuncional e disruptivo”, acrescentou a ministra, que afirmou que o governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro, registrou um aumento descontrolado dos gastos com destruição de grandes políticas públicas.

O grande foco agora, frisou, é tratar com responsabilidade a revisão de gastos. “Quem foi eleito tem a missão de fazer o que for melhor para o País, doa a quem doer”, salientou.

Na entrevista à GloboNews, Tebet defendeu que é necessário que o governo e Congresso assumam o compromisso de rever políticas públicas ineficientes, extinguir as que não têm condições de serem aperfeiçoadas e fazer economia de forma inteligente, para realocar bem esses recursos.

Políticas públicas e gastos tributários

A ministra do Planejamento e Orçamento frisou que o objetivo do governo não é acabar com políticas públicas, e sim olhar com lupa os gastos tributários. Reiterou ainda que não há timidez na revisão de gastos. “Não queremos anunciar antes da hora para evitar qualquer tipo de pressão, qualquer tipo de recuo em função de pressões.”

Ao comentar a inclusão do Proagro no anexo para tratar de revisão de gastos, presente no PLDO de 2025, Tebet disse que o processo ocorreu “quietinho”. “Nós fomos ao CMN, fizemos a resolução, eles entenderam e conversamos com parte da frente parlamentar”, detalhou a ministra, que disse que não houve tempo para conversar com toda a frente. “Eu sou do agronegócio, vi ali um caminho.”

A ministra retomou ainda ideia de que o seguro defeso deve entrar na mira da revisão de gastos. “A Pnad fala que temos 250 mil pescadores artesanais, mas temos mais 800 mil recebendo, tem alguma coisa errada.”

Receitas

Questionada sobre os esforços para atingir as metas fiscais deste e dos próximos anos, Simone Tebet disse que ainda existe “uma ou outra questão” em que o governo “pode sim avançar” sob o ponto de vista das receitas. Ela não detalhou, no entanto, quais seriam essas medidas.

“Em relação ao Projeto de Lei Orçamentária Anual, ainda não posso adiantar. É nossa responsabilidade preparar, levarmos para a Junta Orçamentária e primeiro para o ministro Haddad ratificar. Está longe ainda, temos que aguardar e peço paciência”, disse ela.

A ministra frisou, porém, que essas eventuais novas medidas de aumento de receita visam diminuir a injustiça tributária e não o aumento da carga de impostos paga pela população.

"Desigualdade no Brasil prejudica também quem não é pobre"

 Economista Pedro Fernando Nery assume cargo na vice ...


Economista lança livro sobre as desigualdades extremas do país e como todos perdem nesse cenário. Em tom otimista, ele vê parte da burocracia e da classe política buscando formas para enfrentar o problema.”Temos toda a riqueza e toda a pobreza no mundo no Brasil. Esse é o tamanho de nossa desigualdade”. Essa frase está no livro Extremos – Um Mapa para Entender as Desigualdades no Brasil, que o economista Pedro Fernando Nery lançou nesta terça-feira (16/04). De cunho ensaístico, a obra apresenta diversas facetas extremamente desiguais do país, como o lugar mais desenvolvido (o bairro de Pinheiros, em São Paulo) e o menos desenvolvido (o município de Ipixuna, no Amazonas), e as rendas altas do Distrito Federal em contraposição à pobreza do Maranhão.

Servidor federal que atualmente ocupa o posto de diretor de assuntos econômicos e sociais da Vice-Presidência da República, Nery também é professor no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e já foi consultor legislativo do Senado. A proximidade com as altas esferas do poder faz dele um analista privilegiado. “Acho que dá para trazer uma mensagem de otimismo: vejo muita gente comprometida com a questão da desigualdade, não apenas dentro da burocracia estatal, mas na própria classe política”, diz.

No livro, ele defende a necessidade de amplas reformas para atenuar o problema das desigualdades, elencando como prioritárias a tributária, a administrativa e a previdenciária. “O Brasil tributa muito mal, mas gasta mal também”, avalia o economista.

“Desigualdade significa desperdício”, afirma Nery. “A ideia de que a desigualdade se manifesta de diferentes formas já é bem conhecida, mas uma mensagem importante que quero trazer com meu livro é que a desigualdade prejudica também quem está em cima, também quem não é pobre. Porque ela prejudica o crescimento econômico.”

Leia abaixo trechos de sua entrevista à DW:

DW: Ao apresentar um panorama das desigualdades brasileiras, você advoga pela necessidade de reformas. Pensando nas três principais delas, como uma reforma tributária precisaria ser feita para diminuir as desigualdades?

Pedro Fernando Nery: Não existe nenhuma justificativa razoável para que os mais ricos paguem menos impostos do que o restante da população. O que a gente está falando não é nem necessariamente uma situação em que os mais ricos paguem mais do que os outros, mas pelo menos que paguem igual [aos outros] ou mais do que pagam hoje. Nossa Constituição, ao determinar que todo mundo é igual perante a lei, exige que o imposto de renda seja progressivo, quer dizer, que se cobre mais de quem ganha mais. Na verdade estamos distantes disso. Reformar a tributação de renda se trata somente de fazer cumprir a Constituição. E isso não é um tema novo: o imposto de renda é um tema do século 19. Isso não deveria ser polêmico. O próprio ministro [da Economia no governo de Jair Bolsonaro] Paulo Guedes, no governo anterior, chegou a sintetizar que o Brasil é um país desigual porque a gente tributa errado. Quer dizer: não é possível nem ver em qualquer ponto do espectro político uma defesa aberta do sistema atual.

E a reforma administrativa, como melhorar esse cenário?

O Brasil tributa muito mal, mas gasta mal também. A evidência é que o Estado até desconcentra a desigualdade de renda, mas desconcentra pouco quando a gente olha a comparação com outros países ou o nosso nível de carga tributária. No gasto público, a gente mobiliza uma quantidade enorme de recursos, via tributação, sem que haja uma distribuição efetiva de renda. Então, uma reforma administrativa deve ser pensada nesse sentido, tanto a fim de melhorar os serviços públicos que são essenciais para os mais pobres, como educação e saúde, quanto também de desconcentrar a renda, por exemplo combatendo supersalários e outros excessos.

Por fim, e a reforma da Previdência?

A reforma que já foi feita em 2019 atendeu em parte à situação da desigualdade em relação a esse tema, à medida que não se gasta mais tanto com a parte mais rica do país e há espaço para gastar mais com partes mais pobres. A reforma afeta mais áreas prósperas, como partes do Rio Grande do sul, enquanto o gasto assistencial, como Bolsa Família, chega melhor em partes mais pobres, no Rio Grande do Norte, por exemplo. Esses são dois extremos no que diz respeito à apropriação do gasto público. E é plausível que esse tema continue com a gente por um bom tempo, por um bom motivo: a elevação da expectativa de vida dos idosos. No mundo todo há uma preocupação com esse processo, porque ele pode absorver uma quantidade crescente de recursos públicos que poderiam estar indo para famílias mais pobres, como as famílias com crianças que têm inserção mínima no mercado de trabalho. A Previdência, em um país como o Brasil, é um tipo de benefício mais voltado para famílias com inserção melhor no mercado de trabalho, menos vulneráveis, tipicamente mais brancas e mais bem posicionadas na distribuição de renda.

Você atua próximo à cúpula do poder no Brasil. Como tem percebido a recepção a essas ideias pelas autoridades que “têm a caneta na mão” para fazer alguma coisa?

Tenho experiência como servidor federal e acho que dá para trazer uma mensagem de otimismo: vejo muita gente comprometida com a questão da desigualdade, não apenas dentro da burocracia estatal, mas na própria classe política. Acho que muito do que não funciona bem no Brasil vem da letargia, de algum erro, de incompetências do passado, e não necessariamente de lobby e forças ocultas agindo para manter o status quo. Existe muita vontade de acertar. É claro que o processo decisório é muito congestionado e existem muitas demandas e exigências, mas reitero que a vontade de acertar existe. Existe espaço para ação e o engajamento não é só dentro do Estado, mas fora dele. Muita coisa melhora no Brasil com gente bem-intencionada.

Nos primeiros governos de Lula e nos de Dilma houve críticas por eles não terem atuado de forma decisiva na redução da desigualdade por meio de reformas tributárias, apesar de sua orientação à esquerda. Isso mudou no atual governo?

É verdade, embora seja também verdade que não havia [naquele período] tanta clareza sobre o problema da concentração de renda no topo, porque ainda havia naquele período muita opacidade em relação aos dados do imposto de renda. Seja como for, vejo que neste século a gente observou uma queda da desigualdade muito importante, tanto no consumo quanto no acesso a serviços como educação e saúde. Agora, incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda é um compromisso claro do presidente Lula no novo governo.

E como estão os ânimos do Congresso quanto a esse tema?

Alguns analistas têm dúvidas de que a atual composição do Parlamento permita isso [avançar em reformas]. Mas a tributação da renda já foi discutida no governo Bolsonaro, ainda que de forma insatisfatória, e esse Congresso já aprovou mudanças neste novo governo, nos fundos fechados, nas offshores, na questão dos juros sobre o capital próprio. São medidas que incluem o rico no imposto de renda. Claro que fica faltando uma reforma mais ampla, incluindo lucros e dividendos, mas o próprio Congresso já aprovou a determinação para que o governo envie uma proposta de tributação da renda… Então acho que existe espaço para buscar uma construção, sim, e a mobilização da sociedade importa. Espero que, com meu livro, eu consiga trazer uma mensagem não só de inconformismo para uma realidade tão dura, mas também de otimismo diante das possibilidades de mudança.

É corrente o discurso de que a desigualdade é o maior problema do país. De que forma essa questão, histórica e estrutural, acaba impactando em todas as áreas?

Desigualdade significa desperdício. A ideia de que a desigualdade se manifesta de diferentes formas já é bem conhecida, mas uma mensagem importante que quero trazer com meu livro é que a desigualdade prejudica também quem está em cima, também quem não é pobre. Porque ela prejudica o crescimento econômico. Quando os recursos da sociedade estão desorganizados, como no Brasil, todo mundo perde.

A gente pode imaginar uma menina inteligente, que tem vocação para ser uma pessoa determinada, aguerrida, mas que nasce em uma família pobre. Ela vai ter uma primeira infância exposta a violência, a estresse, a doenças, a desnutrição, sem desenvolver todo o potencial do seu cérebro. Vai ter dificuldades para estudar, seja porque o sistema educacional não é o ideal, seja porque o transporte público é ruim, ou porque ela mora em uma habitação precária. Se ela tivesse nascido em uma família rica ou de classe média, poderia se tornar, por exemplo, uma grande médica. Por conta de todas as dificuldades que a vida lhe impôs ela não conseguiu chegar nem perto disso. E todos perdem. Todos poderiam ser pacientes de uma grande profissional. E a gente poderia fazer o mesmo exercício para uma cientista, uma inventora, uma programadora, uma artista. Se a gente aplica esse raciocínio a milhões de crianças, fica claro como nós perdemos. Essas pessoas que não se desenvolvem como deveriam poderiam estar nos ajudando em diversos problemas. Isso é a desigualdade afetando o PIB.

EVE Mobility escolhe empresa sul-coreana como fornecedora de pilones para “carro voadores”

 


EVE Mobility escolhe empresa sul-coreana como fornecedora de pilones para "carro voadores"
(Foto: Divulgação/Embraer)                          pilones

 

 

A Eve Air Mobility anunciou recentemente que a Korea Aerospace Industries Ltd. (KAI) será a fornecedora dos pilones para suas aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL)., os chamados carros voadores.

Os pilones são componentes essenciais da estrutura da aeronave, responsáveis por suportar as unidades de energia elétrica e os oito rotores necessários para a decolagem e pouso verticais.

Johann Bordais, CEO da Eve, destacou a excelência da sul-coreana KAI em qualidade, tecnologia e negócios. “A KAI tem se destacado no fornecimento de componentes de aeroestrutura para uma variedade de aeronaves, incluindo o modelo E-Jet E2 da Embraer”, disse Bordais. “Recebemos a KAI com grande entusiasmo em nosso seleto grupo de fornecedores, que irão colaborar conosco desde a fase de prototipagem até a produção das aeronaves”.

De acordo com a Eve, a KAI tem sido uma fornecedora fundamental de componentes aeroestruturais de larga escala para fabricantes de aeronaves ao redor do mundo nas últimas três décadas. Goo Young Kang, CEO da KAI, destacou recentemente o espaço e a futura mobilidade aérea como principal foco da empresa em sua visão estratégica para 2050.

Novas parcerias – Pilones

A Eve continua a expandir sua lista de fornecedores para seu eVTOL, que inclui empresas como Aciturri, Crouzet, Thales, Honeywell, RECARO Aircraft Seating, FACC, Garmin, Liebherr-Aerospace, Intergalactic, Nidec Aerospace LLC, BAE Systems e Duc Hélice Propellers.

O eVTOL da Eve, programado para as primeiras entregas e entrada em serviço em 2026, utiliza uma configuração de decolagem e cruzeiro (Lift + Cruise) com rotores dedicados para o voo vertical e asas fixas para voar em cruzeiro. O conceito mais recente inclui um propulsor elétrico alimentado por motores elétricos duplos que proporcionam redundância de propulsão, garantindo alto desempenho e segurança.

A Eve também revelou que sua primeira fábrica de eVTOL será estabelecida na cidade de Taubaté (SP), no Vale do Paraíba, onde já iniciou a montagem do primeiro protótipo do eVTOL em escala real. Paralelamente, a Eve continua desenvolvendo um amplo portfólio de soluções agnósticas, incluindo o Vector, um software de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano (Urban ATM) para otimizar e expandir as operações de UAM em todo o mundo.

 


Mercado Livre mira elevar quadro em 28% no Brasil, com a contração de 6,5 mil funcionários

 


O número de contratações exclui funcionários terceirizados e temporários

 

 

Mercado Livre - Crédito: Divulgação

O Mercado Livre anunciou na segunda-feira, 15, que pretende aumentar o seu quadro de pessoal no Brasil em 28% neste ano com a contração de cerca de 6,5 mil funcionários, à medida que a companhia desenvolve seu plano de expansão no país.

O vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades do governo na noite de segunda-feira.

O número de contratações exclui funcionários terceirizados e temporários, disse à Reuters Patricia Monteiro de Araujo, diretora de recursos humanos do Mercado Livre no Brasil.

As contratações previstas levarão o total de trabalhadores do Mercado Livre no Brasil, onde a companhia obtém mais de 50% de sua receita total, para cerca de 29,2 mil funcionários.

No mês passado, a companhia disse que pretende investir 23 bilhões de reais no Brasil em 2024, um aumento de 21% ante 2023, consolidando uma expansão recente, solidificada em parte pela demanda por produtos online a partir da pandemia.

Para comparação, em 2019, o Mercado Livre investiu 2 bilhões de reais no Brasil, e tinha menos de 3 mil funcionários.

Do total previsto, a principal área de contratação do Mercado Livre no ano deve ser logística, com 5.200 funcionários, com foco nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, segundo a executiva. Atualmente, a empresa possui 10 centros de distribuição no Brasil.

O setor de tecnologia no Brasil, área com sede em Florianópolis, tem expectativa de contratação de 875 funcionários, elevando o número de pessoal para 4.500 até o final do ano.

TRABALHO HÍBRIDO

Monteiro disse também que o Mercado Livre, dono da fintech Mercado Pago, pretende manter parte dos funcionários trabalhando de forma remota.

A empresa afirma manter uma política, com origem antes da pandemia, em que cargos administrativos têm flexibilidade de trabalho. Papéis de alta liderança, porém, possuem uma exigência de 20% de presença em algum escritório da companhia no trimestre.

O Mercado Livre não disse quantos funcionários podem operar nesse modelo, e Monteiro destacou que essa flexibilidade envolve principalmente carreiras não relacionadas à entrega física de produtos.

“Acho que estamos sendo diferenciados quando a gente se compara com empresas de tecnologia, principalmente as norte-americanas”, disse ela. “Temos visto mais rigor, até tradicional, em empresas de tecnologia que antes eram vanguarda em tudo que era forma de trabalhar.”

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Salário mínimo em 2025: proposta do governo será de R$ 1.502, diz Haddad

 


Saiba qual será o valor do novo salário mínimo a partir de janeiro de 2024

Vale lembrar que quando há mudanças no valor, também mudam os pagamentos de aposentadorias, pensões, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Seguro Desemprego. (Crédito: Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

 

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (15) que o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, que será encaminhado ao Congresso Nacional nesta tarde, vai estabelecer o valor do salário mínimo para 2025 em R$ 1.502. O valor representa uma alta de 6,37% em relação aos R$ 1.412 atuais.

A informação foi dada em à Globo News. O ministro também disse que o projeto preverá meta de déficit fiscal zero para o ano que vem – ou seja, os gastos do governo devem empatar com as receitas.

Isso representa um afrouxamento na comparação com a previsão feita em 2024, de que o governo buscaria um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – ou seja, as receitas deveriam superar os ganhos em 0,5% da soma do que é.