Copom anuncia nesta quarta-feira, 8, sua decisão sobre a nova taxa de juros (Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
O
Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anuncia nesta
quarta-feira, 8, sua decisão sobre a taxa básica de juros, que está
atualmente 10,75% ao ano. É consenso no mercado que a Selic deve sofrer
um novo corte, mas nos últimos dias os analistas passaram a ver como
maior a probabilidade de um corte menor nos juros, de apenas 0,25 ponto
percentual.
O ciclo de redução da Selic começou em agosto do ano passado e, desde então, já foram feitos 6 cortes seguidos de 0,50 ponto percentual. A decisão do BC será anunciada a partir das 18h30.
O
BC encerrará sua reunião de política monetária num cenário de
incertezas renovadas que levou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a
abrir as portas em abril para o Copom reduzir o ritmo de cortes nos
juros, apesar de sua orientação futura mais recente ter indicado
manutenção do ritmo de 0,50 ponto.
O levantamento semanal feito
pelo BC por meio do Boletim Focus, que capta a percepção do mercado para
indicadores econômicos, mostrou que os economistas elevaram para 10,50%
sua estimativa para o patamar dos juros ao final de maio, interrompendo
sequência de 38 semanas em 10,25%. Ou seja, a maioria das projeções
passaram a embutir corte menor da Selic, de apenas 0,25 ponto
percentual.
No mercado, segue majoritária a expectativa de que a
cúpula do BC optará por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto
porcentual, depois de um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp,
iniciado em agosto do ano passado. Conforme a pesquisa do Projeções
Broadcast, a diminuição do ritmo é a aposta de 25 das 45 casas
consultadas (55%). Duas semanas antes, a avaliação preponderante era de
novo corte de meio ponto na taxa básica de juros – 20 instituições
permanecem nesta posição.
“O cenário para corte de 50 é possível,
mas não parece provável. O Comitê se comprometeu com este corte e este é
o melhor argumento para 0,5% amanhã. Porém, o México deverá manter os
juros em 11% na quinta-feira e a situação do câmbio é desconfortável
desde que o mercado jogou para frente o corte de juros nos EUA”, disse o
diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em
comentário enviado a clientes.
Entre
os fatores a serem levados em consideração pelo Copom para a decisão
está um cenário mais adverso no Brasil, com incertezas fiscais e
enchentes no Rio Grande do Sul, como um cenário complicado também nos
EUA, que têm adiado a queda na taxa de juros por lá em razão da inflação
persistente.
Incertezas no radar
Rodrigo Azevedo,
economista, planejador financeiro e fundador da GT Capital, projeta um
cenário de queda de 0,50% de queda em maio e 0,25% em junho. “O cenário
negativo após o último Copom acabou por validar a decisão da mudança da sinalização futura (forward guidance) do plural para o singular, dando mais liberdade para os próximos passos de política monetária a partir de junho”, diz.
Elcio
Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital,
ressalta a maior incerteza do mercado em relação ao corte nesta
reunião, contrastando com o consenso nas reuniões anteriores. “A maior
parte do mercado está confiante em um corte de menor magnitude, ou seja,
de 25 bps, para esta reunião. Essa expectativa de cortes menores
decorre de uma série de dados que foram divulgados pelos Estados Unidos e
também por fatores internos”, afirma.
Apesar da expectativa
majoritária de um corte menor, ele defende a possibilidade de um corte
de 0,50 ponto, embasado na inflação controlada e no patamar elevado da
taxa Selic. “Nossa inflação está bastante controlada, com seguidos dados
divulgados abaixo do consenso e o atual patamar de juros reais ainda
está muito alto, havendo caminho para maiores cortes na taxa de juros”,
diz.
Para Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da
AVG Capital, além das incertezas no cenário externo, os dados de mercado
de trabalho por aqui e a composição da inflação sugerem maior cautela
da política monetária, além de um cenário fiscal bastante preocupante.
“Diante
de um cenário em que a taxa de juros tende a cair menos que o previsto
no início do ano, as aplicações em renda fixa têm se mostrado ainda
atrativas. Para o investidor com perfil mais arrojado, dada uma forte
abertura nas curvas de juros futuras, surgiram boas oportunidades em
ativos prefixados e em papeis que pagam IPCA + juros com vértices mais
longos. Já para os investidores com perfil conservador, os papeis
pós-fixados com prazos de até dois anos continuam sendo boas opções com
preferência para ativos isentos”, avalia.
A expectativa mediana no
boletim Focus para o nível da Selic ao final deste ano subiu a 9,63%,
de 9,50% na semana anterior. Para 2025, a projeção segue em 9%.
Já
em relação à inflação, a previsão do mercado para o IPCA subiu para
3,73% em 2024 e para 3,364% em 2025. O centro da meta oficial para a
inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para
mais ou menos.