sexta-feira, 24 de maio de 2024

De onde virá a desinflação nos EUA é questão sempre levantada, diz Campos Neto

 


A inflação dos Estados Unidos é tema recorrente de discussão e as autoridades financeiras vêm debatendo a situação, disse nesta sexta-feira o presidente do Banco Cenrtral, Roberto Campos Neto, durante o 10º Seminário Anual de Política Monetária, do Centro de Estudos Monetários (CEM) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro. “A gente está sempre discutindo os EUA, perguntando de onde virá a desinflação americana”, comentou.

Ele destacou que, nos EUA, há forte pressão nos custos, inclusive para promoção da sustentabilidade nas cadeias produtivas. “O custo da sustentabilidade tem sido mais alto do que o imaginado anteriormente. O custo de realocação das cadeias também.” Assim, haveria elevação da perspectiva da taxa de juros terminal no país.

Campos Neto disse haver um debate sobre o canal de transmissão da inflação, se seria efeito da poupança acumulada. “Há um debate se o padrão de consumo dos EUA mudou”, afirmou.

Mundo

O presidente do BC disse ainda que, com os preços de energia parando de cair, o segmento não dará contribuição importante no controle da inflação ao redor do mundo.

“O desafio que a gente tem agora é o preço da energia parando de cair. A energia não vai ser grande contribuidora. E a alimentação é uma grande incógnita. Parece que não temos mais grandes elementos para dizer que vamos ter uma inflação de alimentos caindo no mundo”, comentou Campos Neto. “Quando olhamos para alimentos e energia, teve um grande pedaço da desinflação que veio dessa parte. Mas (o preço da) energia parou de cair. Na Europa, elementos indicam que isso não vai ser mais um grande contribuidor (para o controle da inflação)”, continuou.

Ele observou que os índices de anomalia de temperatura têm piorado ao longo do tempo. “Quais os impactos disso em termos de preço para alimentos e energia? Há um debate muito grande no mundo entre os banqueiros centrais, que é o quanto esse tema de sustentabilidade cabe na agenda do Banco Central. Nós temos defendido que isso é muito importante porque influi na estabilidade de preços”, disse.

Incômodo

O presidente do Banco Central disse que, no início do ano, se sentia “desconfortável” com o pressuposto de que a inflação já estava sob controle. “Lembro de um evento recente de um banco em São Paulo. Todos falavam que a última milha da inflação já tinha ido, que a inflação já tinha convergido. Aquilo me deixava muito desconfortável”, afirmou.

Campos Neto assinalou, ainda, que o custo da crise de 2008 foi maior que o da pandemia de covid-19. “A gente viu que a crise de 2008 custou muito mais à economia global em termos de crescimento de longo prazo.”

Capacidade ociosa de empresas na China

Para o presidente do BC do Brasil, é preciso observar qual será o custo da capacidade ociosa em um grande número de fábricas chinesas. “A China é outro tema que a gente tem discutido bastante”, contou, lembrando que o país asiático tem passado por uma fase de forte desinvestimento do setor imobiliário e investimento grande no setor industrial. “Dos investimentos no setor industrial, mais de 60% estão ligados a temas de eletrificação”, comentou.

Ao mesmo tempo, disse, as restrições comerciais contra o país estão subindo num padrão acima do observado no passado. “Isso faz com que haja uma capacidade ociosa grande na parte de eletrificação. Vemos em várias fábricas de carros elétricos, algumas inclusive ligadas a empresas de real state que deram errado no passado.”

Neste cenário, apontou, pode ter ocorrido uma alocação ineficiente que terá impactos ainda desconhecidos. “Ficamos pensando se esse movimento de manada, conduzido por uma ideia ou um setor, não gera uma alocação ineficiente e qual o custo que isso vai ter lá na frente (na China).”

Eli Lilly gasta US$ 5,3 bi para elevar produção de Mounjaro e Zepbound

 

ELI LILLY AND COMPANY LOGO – Medical Affairs Professional ...

 

A Eli Lilly pretende gastar US$ 5,3 bilhões para elevar sua capacidade de produzir Zepbound, um medicamento contra a obesidade com fortes vendas, e o Mounjaro, contra diabetes, em um grande investimento para acabar com a falta desses populares remédios. A empresa espera anunciar na sexta-feira que expandirá de modo significativo um local de produção que está sendo construído em 600 acres em Lebanon, Indiana, a cerca de 50 quilômetros da sede da companhia em Indianapolis.

No total, agora a Eli Lilly gastará US$ 9 bilhões no novo local, maior investimento do tipo em sua história.

Concorrente da empresa, a Novo Nordisk também não tem conseguido atender à demanda por medicamentos similares, Ozempic e Wegovy.

As companhias têm comprometido bilhões de dólares para elevar sua capacidade de manufatura, para atender à demanda.

Em novembro, a Novo Nordisk anunciou mais de US$ 6 bilhões para ampliar a produção na Dinamarca. Em fevereiro, informou que pagaria US$ 11 bilhões para adquirir uma fabricante de medicamentos Catalent, como parte de um acordo.

A Eli Lilly espera que a nova fábrica comece a produzir no fim de 2026 e que as operações aumentem nos dois anos seguintes. 

 

Fonte:  Dow Jones Newswires.


Conselho da Petrobras elege Magda Chambriard como nova presidente da estatal

 


Magda Chambriard

Magda Chambriard (Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A Petrobras anunciou que seu Conselho de Administração, em reunião realizada nesta sexta-feira, 24, nomeou Magda Chambriard como conselheira e a elegeu como nova presidente da companhia.

“Magda Chambriard tomou posse em ambos os cargos nesta data e passou a integrar o Conselho imediatamente, não sendo necessária a convocação de Assembleia de Acionistas para esse fim”, informou a Petrobras.

Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), vai assumir a posição deixada na semana passada por Jean Paul Prates, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter decidido pela troca do executivo.

Na quarta-feira, o Comitê de Pessoas, que funciona como Comitê de Elegibilidade (Celeg), concluiu a análise da indicação de Magda para os cargos de conselheira de administração e de presidente da Petrobras, e considerou a executiva apta para ambos os cargos.

Ela já vinha requentado, informalmente, a sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, buscando informações sobre a companhia e seus projetos.

A nova presidente recebeu de Lula a missão de acelerar investimentos no comando da estatal, para que a petroleira seja a principal indutora de emprego e renda no país, segundo pessoas próximas da indicação.

Na última terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu que, sob a gestão da nova presidente, a Petrobras deverá cumprir seu plano de investimentos sem surpresas ao investidor, mas também terá a missão de impulsionar a economia do Brasil.

Ela é engenheira química e civil e iniciou sua carreira na Petrobras em 1980. Foi cedida à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2002. Tornou-se diretora da ANP em 2008. Em 2012, chegou à diretoria-geral da agência no governo Dilma Rousseff.

 

https://istoedinheiro.com.br/conselho-da-petrobras-elege-magda-chambriard-como-nova-presidente-da-estatal/

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Embraer e Eve assinam Memorando para preparar o Aeroporto Paris-Le Bourget para aeronaves Energia e eVTOL

 



Imagem: Divulgação Embraer
 
 
 

 
 
 
 

 A Embraer e sua empresa de mobilidade aérea Eve Air Mobility assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) com o Grupo ADP (Aéroport de Paris) que tem com foco a inovação e o desenvolvimento sustentável.

Segundo descreve a fabricante brasileira, o acordo tem o objetivo de preparar o futuro da aviação com zero emissão de carbono no Aeroporto de Paris-Le-Bourget e seu entorno, além de fortalecer as operações da Embraer em sua unidade localizada no principal aeroporto de aviação executiva da Europa.

O MoU inclui a criação de novas instalações para aprimorar as operações de manutenção de aeronaves da Embraer, a preparação para a futura família Energia e apoio ao desenvolvimento de operações de Mobilidade Aérea Avançada, com as aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOLs).

Aeronaves Energia – Imagem: Divulgação Embraer
Aeronave eVTOL da Eve – Imagem: Divulgação Eve Air Mobility

Com esta colaboração, Paris-Le Bourget consolida sua posição de cluster aeronáutico inovador e de aeroporto pioneiro na aviação com zero emissão de carbono.

Como parte deste plano, a Embraer Serviços & Suporte pretende projetar e transferir suas instalações de manutenção atuais para um novo hangar, com o objetivo de aumentar sua capacidade, atendendo aos padrões mais avançados em construção de baixa emissão e autossuficiência energética. A expectativa é a de que as novas instalações de manutenção mais que dobrem a capacidade da unidade.

Já a Eve pretende trabalhar com o Grupo ADP para preparar o ambiente necessário para as operações do eVTOL, incluindo atividades de serviço e suporte como treinamento, manutenção, serviços de assistência em escala, além de facilitar potenciais voos de demonstração para iniciativas público-privadas.

Por fim, o Grupo ADP pretende disponibilizar sua expertise para apoiar futuras operações de aeronaves da família Energia em Paris-Le Bourget, com estudos de infraestrutura focados em hidrogênio. O programa Energia da Embraer foi atualizado no ano passado com dois modelos de aeronaves-conceito, de 19 e 30 assentos, com propulsão híbrida-elétrica e propulsão elétrica de hidrogênio.

“Estamos orgulhosos com o fortalecimento da presença e das atividades da Embraer, líder mundial na fabricação de aeronaves inovadoras, e da Eve no aeroporto de Paris-Le Bourget. Sabemos que elas serão excelentes parceiras para avançarmos na transição para a aviação de baixo carbono, especialmente aeronaves de pequeno porte. Paris-Le Bourget é um aeroporto pioneiro e, graças à mobilização de todas as suas equipes, será capaz de promover as novas tecnologias sustentáveis da Embraer: motores híbridos, elétricos e a hidrogênio”, afirma Edward Arkwright, Diretor-Geral Executivo e CEO do Grupo ADP.

“Estamos muito satisfeitos em aprofundar nossa parceria com o Grupo ADP. As novas instalações em Le Bourget reforçarão o nosso compromisso com a excelência em serviços, crescimento, sustentabilidade e inovação. A Embraer está na França há mais de 40 anos e esperamos avançar ainda mais em nosso relacionamento de longo prazo com o país”, diz Carlos Naufel, Presidente e CEO da Embraer Serviços & Suporte.

“A Eve e o Grupo ADP têm uma visão compartilhada para tornar a aviação mais sustentável e essa colaboração representa uma excelente oportunidade para apoiar esta transição. A Eve aborda a mobilidade aérea urbana de maneira ampla e compreende que a sustentabilidade deve ser desenvolvida em todas as frentes, incluindo instalações de serviço, de suporte e vertiportos. Esperamos trabalhar com a Embraer e o Grupo ADP para intensificar nossos esforços e transformar os voos com o eVTOL em uma realidade global”, acrescenta Johann Bordais, CEO da Eve Air Mobility.

Informações da Embraer

 https://aeroin.net/embraer-e-eve-assinam-memorando-para-preparar-o-aeroporto-paris-le-bourget-para-aeronaves-energia-e-evtol/

Programa “Aeronave Silenciosa” da Embraer resulta em indicação de cientistas brasileiros a prêmio na Europa

 


Imagem: Divulgação Embraer
 
 
 

A Embraer informa hoje que os cientistas brasileiros Micael Carmo e Fernando Catalano, que fazem parte do programa “Aeronave Silenciosa”, foram selecionados pelo Escritório de Patente Europeu (EPO) como finalistas da premiação europeia de inovação (“European Inventor Award”) em reconhecimento às suas contribuições para uma aviação sustentável.

 Os dois inventores representam, respectivamente, as equipes da Embraer e dos centros de pesquisa, coordenados pela Universidade de São Paulo (USP), que participaram dos estudos de soluções e metodologias de engenharia para o desenvolvimento de aeronaves mais silenciosas.

Imagem: Divulgação Embraer

As novas tecnologias contribuíram para reduzir o ruído da nova geração de jatos comerciais da Embraer, o E2, em 65% e a emissão de carbono por passageiro em até 25%, quando comparado com a geração anterior. A redução de emissões pode chegar a até impressionantes 85% quando abastecido com 100% de combustível sustentável de aviação (SAF).

A indicação é para a categoria de países não pertencentes à Europa. A edição deste ano teve mais de 550 candidatos e o anúncio dos vencedores acontece no dia 9 de julho, em Malta. Voto popular está disponível clicando aqui: European Inventor Award (cstmapp.com).

Financiado por meio de uma iniciativa colaborativa entre Embraer, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o programa “Aeronave Silenciosa” foi liderado pela empresa em conjunto com outros centros de pesquisas do Brasil, Inglaterra, Alemanha e Holanda, envolvendo mais de 200 pesquisadores que geraram diversas patentes e importantes contribuições para o desenvolvimento de aeronaves mais eficientes.

“É uma imensa honra para a Embraer e toda comunidade científica brasileira ser representada pelo nosso engenheiro Micael Carmo e pelo Professor Catalano, da Escola de Engenharia de São Carlos – EESC-USP. Nós acreditamos fortemente que a colaboração entre empresas e centros de pesquisas pode produzir inovações para melhorar a vida das pessoas e este programa é um grande exemplo disto”, disse Henrique Langenegger, Engenheiro-Chefe da Embraer. “Parabéns a todos que fazem a indústria aeronáutica brasileira ser globalmente respeitada por sua eficiência e sustentabilidade”

Como um dos mais prestigiados prêmios de inovação, o European Inventor Award é organizado pelo EPO para reconhecer pessoas e equipes que desenvolveram soluções para os grandes desafios da atualidade.

A indicação destaca as contribuições do programa “Aeronave Silenciosa” para o desenvolvimento dos jatos E2 da Embraer, que são ideais para operações em lugares com restrição de ruídos, beneficiando as regiões aeroportuárias densamente povoadas, companhias aéreas e impactando positivamente as comunidades locais.

Os finalistas são escolhidos por um júri independente que é composto por profissionais já indicados ao prêmio e que avaliam as contribuições das pesquisas para o progresso científico, desenvolvimento social e sustentável, e prosperidade econômica. Todos os inventores devem ter patentes registradas na Europa.

Informações da Embraer

Embraer e Avfuel ampliam uso de combustível sustentável na aviação

 


jato da embraer ao lado de caminhão-tanque de combustível. Embraer e Avfuel ampliam uso de combustível sustentável na aviação
(Foto: Divulgação / Embraer)                combustível sustentável na aviação

 

A Embraer anunciou nesta quinta-feira (23) um novo acordo com a empresa Avfuel para expandir o uso de combustível sustentável de aviação (SAF). A colaboração entre as empresas, vigente desde julho de 2021, está agora focada em aumentar o abastecimento do Neste MY Sustainable Aviation Fuel™ para uma carga semanal no Aeroporto Internacional de Melbourne Orlando (KMLB).

Anteriormente, o acordo previa a entrega trimestral de cerca de 30 mil litros de SAF para a Sheltair MLB, o operador de base fixa que atende a Embraer. A partir de abril deste ano, com o novo acordo de abastecimento semanal, a Embraer espera receber mais de 900 mil litros de SAF em 2024. Um dos benefícios da parceria, segundo a Embraer, é a redução de 570 toneladas métricas de emissões de carbono anualmente.

Michael Amalfitano, Presidente e CEO da Embraer Aviação Executiva, destaca a importância da parceria: “A colaboração com a Avfuel e a Sheltair é um marco em nossa jornada rumo a operações neutras em carbono. Nosso contínuo investimento em SAF mostra nosso compromisso em reduzir emissões e alcançar a meta de emissões líquidas de carbono zero até 2050.”

O investimento da Embraer em SAF será destinado principalmente a voos de demonstração, entregas e voos de produção em Melbourne. Além disso, a empresa informou que seguirá investindo para melhorar a eficiência de seu portfólio de aeronaves, explorando tecnologias alternativas de propulsão com baixas ou zero emissões e oferecendo compensação de carbono gratuita a novos clientes do Embraer Executive Care.

Transição energética é prioridade após tragédia no Rio Grande Sul


Brasil pode liderar processo de transição energética, mas precisa definir prioridades, afirmam especialistas reunidos em seminário que teve como tema a descarbonização da economia 
 
A constatação de que o Brasil tem posição privilegiada na transição energética foi unânime em todas as palestras

 

Especialistas da academia, do governo, do terceiro setor e da iniciativa privada discutiram na quarta-feira (22) os desafios e caminhos possíveis para a transição energética no Brasil. O seminário "Brasil 2050: rotas para a descarbonização da economia" foi promovido pelo Núcleo de Energia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE). As políticas atuais e em desenvolvimento para uma economia verde, as oportunidades e necessidades para acelerar esse processo, além do papel chave dos bancos de investimento, foram temas debatidos em quatro painéis temáticos.

A constatação de que o Brasil tem posição privilegiada na transição energética foi unânime em todas as palestras. Assim como foi destacada a urgência em avançar, mirando o cumprimento dos compromissos brasileiros de redução das emissões de carbono (as Contribuições Nacionalmente Determinadas, conhecidas como NDCs). A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, como destacaram alguns dos participantes, é a evidência inegável de que os efeitos das mudanças climáticas deixaram de ser suposições teóricas e exigem ação, com cooperação e planejamento. "Essa tragédia gigantesca abalou de forma decisiva a convicção dos negacionistas do clima. É impossível não olhar mais o que nós temos pela frente e o tamanho do desafio que está posto", disse o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, que participou do painel de abertura, com o tema "Caminhos para acelerar a transição".

Segundo ele, a agenda da transição começa pela Amazônia, com aumento da fiscalização sobre o desmatamento. "É isso que vai dar liderança e legitimidade do Brasil em qualquer debate sobre o futuro climático do planeta." Mercadante destacou soluções em que o país tem possibilidades promissoras para avançar, como o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). Lembrou, porém, que a indústria do petróleo tem um século de história, não vai desaparecer, e pediu ousadia do setor. "O importante é que as empresas de petróleo se assumam como empresas em transição para impulsionar investimentos para a transição energética com projetos mais ousados", declarou.

A questão da terra também foi abordada pelo presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, que dividiu a mesa com Mercadante e com Morgan Doyle, representante do BID, com moderação da senior fellow do Cebri Rafaela Guedes. Viana lembrou que o desmatamento voltou a cair no atual governo, com redução de cerca de 24% no ano passado. Ele considerou que há boas perspectivas para a transição na matriz de mobilidade, com potencial para ser exemplo para o mundo. Doyle afirmou que o debate sobre rotas de descarbonização é mundial, e que o Brasil tem condições ímpares de ser um líder global, com iniciativas sustentáveis e resilientes para a transição energética. O BID é um dos colaboradores do programa de transição energética desenvolvido pelo Cebri e outros parceiros, como a Coppe/UFRJ, como contribuição à tomada de decisões em políticas públicas.

O segundo painel discutiu políticas brasileiras para a transição, com representantes dos ministérios da Fazenda, de Minas e Energia e do Meio Ambiente, do BNDES, além da sociedade civil. Ana Toni, conselheira do Cebri e secretária nacional de mudança do clima e do meio ambiente, afirmou que o país, apesar das vantagens, possui vulnerabilidades às mudanças do clima, devido à dependência da matriz energética ao regime de chuvas. Segundo ela, essa "ficha" começa a cair, com eventos como o do Rio Grande do Sul. Para Ana, a maior batalha da transição energética é contra o tempo. "Já passamos do momento de discutir o que está posto. Estamos em um momento de criar mesas de negociação e acelerar esse processo, fazendo com que o Brasil não perca a oportunidade de transformar a nossa vantagem comparativa em vantagem competitiva", afirmou. Ela destacou que, ao sediar a COP30, em 2025, o país precisa de união de esforços para eleger grandes bandeiras de consenso e agenda de ação imediata.

Maria Netto, senior fellow do Cebri e diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), ressaltou que um dos desafios é fazer com que os investimentos gerem oportunidades de emprego, renda e inclusão, desenvolvendo novas cadeias de valor. "É mais que incluir em obras, mas criar capacidades humanas para participar desses investimentos", disse. Nesse sentido, o coordenador do Núcleo de Energia do Cebri, Décio Oddone, ponderou que num país complexo como o Brasil, que convive com a pobreza, será preciso combinar medidas que façam o caminho da transição energética viável e com o menor impacto possível. Para ele, o estudo é a contribuição que uma instituição como o CEBRI pode dar ao debate, envolvendo academia, instituições, governo e indústria. "Esse trabalho junta todos esses agentes para propor medidas que possam ser adotadas no âmbito regulatório, legislativo, bancário, no financiamento e empresarial", explicou. André Lucena, professor do programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, chamou atenção para o fato de o desmatamento e o uso da terra serem as principais fontes de emissões no Brasil. Não há como dissociar a transição energética de restauração florestal, agricultura e agropecuária, disse, além, claro, do setor energético.

No último bloco, dedicado às empresas, Maurício Tolmasquim, diretor executivo de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, falou dos desafios para a substituição dos combustíveis fósseis. Ele destacou o desenvolvimento, além dos biocombustíveis, de opções como biocombustíveis sintéticos, como o etanol sintético, feito a partir do hidrogênio verde e do CO2 biogênico, que pode ser usado na navegação. Segundo ele, a Petrobras vai ser um dos líderes desse processo. Outros representantes de empresas com projetos que contribuam para desenvolver alternativas para a descarbonização da matriz participaram do painel, incluindo a Engie, uma das empresas patrocinadoras do programa de transição energética, junto com BP, EDP, Equinor, ExxonMobil, Shell, Siemens Energy e Vibra.

 

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