quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Governo contrata projeto para trecho da Transnordestina; é o 1º investimento do tipo em 14 anos

 

A Infra S.A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, assinou contrato com o Consórcio Estratégica – Prosul para elaboração de projeto do trecho pernambucano da ferrovia Transnordestina, entre o Porto de Suape e Salgueiro.

A contratação, no valor de R$ 15,217 milhões, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 19.

Em 14 anos, é a primeira vez que o governo federal investe nesse tipo de contratação para elaboração de projetos para novos trechos de ferrovia.

O Consórcio Estratégica é formado pelas empresas Estratégica Engenharia Ltda e Prosul – Projetos, Supervisão e Planejamento Ltda.

As empresas deverão elaborar o projeto básico/executivo do segmento greenfield do empreendimento. O contrato também contempla serviços de revisão de estudos e traçados para o projeto de engenharia com vista à execução das obras.

O projeto de engenharia é o primeiro passo para viabilizar as obras da ferrovia, que devem ser iniciadas em 2025.

Pelo contrato, o projeto de engenharia para os primeiros 55 km da ferrovia será entregue em quatro meses. Isso possibilitará que a Infra S.A. inicie a licitação para as obras assim que os documentos sejam aprovados.

O cronograma total de execução prevê que os serviços sejam realizados em 18 meses, conforme plano de trabalho pactuado com a contratada.

O segmento completo entre o Porto de Suape, em Recife, e a cidade de Salgueiro, no interior do Estado, conta com 520 quilômetros de extensão. O trecho greenfield, com obras não iniciadas, possui cerca de 250 quilômetros de extensão.

Incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Ferrovia Transnordestina é considerada fundamental para redução dos custos logísticos da produção dos polos industriais, minerais e de agronegócio existentes na Região Nordeste.

Copom sacramenta cenário majoritário do mercado e do governo após indicação de Galípolo

 


Tom mais duro do diretor de política monetária foi amenizado por defesa de gradualismo por parte de Campos Neto

 


Fabio Graner, Bárbara Baião

copom
Reunião do Copom no Banco Central de 2 de agosto / Crédito: Raphael Ribeiro/BCB


 

Na primeira reunião do Copom após o diretor Gabriel Galípolo ser oficialmente indicado para a presidência do Banco Central, a autoridade monetária evitou surpresas e seguiu o caminho que a maioria do mercado financeiro havia entendido como sinalizado: o início de um ciclo de alta dos juros em 0,25 ponto porcentual.

A decisão, unânime, também reduz a safra de ruídos que vinham crescendo dadas as diferentes sinalizações que vinham sendo dadas por Galípolo e o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O atual diretor de política monetária, em um esforço para comprar credibilidade para quando der efetivamente as cartas, começou a falar mais grosso nas semanas seguintes ao Copom de julho. O discurso ficou tão duro que Campos Neto entrou em campo para abrandar o sinal e dizer que, caso o ciclo de alta viesse a se efetivar, seria gradualista. No fim, foi o que aconteceu.

Apesar de o cenário apontar uma queda na inflação ao longo do tempo, esse processo está mais lento do que o desejável para quem tem uma meta de 3% e em um contexto no qual as projeções pioraram entre um Copom e outro.

No cenário de referência do BC, que considera a taxa de juros prevista pelo mercado, o IPCA fecha o ano que vem em 3,7% e chega a 3,5% no primeiro trimestre de 2026, o chamado horizonte relevante da política monetária. Antes, estavam em 3,6% e 3,4%, respectivamente, em um quadro que ainda não pressupunha uma retomada já do ciclo de alta dos juros.

O BC tirou do comunicado seu cenário alternativo, no qual apresentava a projeção para o IPCA considerando a manutenção dos juros em 10,5% por todo o horizonte de projeção.

A nota que informa a decisão, aliás, foi mais enxuta e também deixou claro que, para além da piora nas projeções do BC e do mercado, o cenário de atividade mais aquecida do que o esperado, inclusive com o PIB operando acima do potencial (hiato positivo), enseja ação do BC para colocar o IPCA de volta à rota para ficar ao redor da meta.

A decisão era esperada pelo governo. A unanimidade, especialmente em um contexto no qual o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou mais grosso que os integrantes mais antigos do colegiado, dificulta a retomada de um discurso mais agressivo do governo. Mesmo assim, o chefe do Planalto voltou hoje a lançar farpas contra Campos Neto. O presidente do BC é visto como um inimigo por Lula e seu entorno, embora o governo tenha esfriado um pouco nos últimos meses o processo de produção de ruídos no flanco monetário.

A postura gradualista adotada pelo colegiado liderado por Campos Neto foi facilitada pela decisão do Fed (o BC americano), que cortou a taxa básica dos EUA em 0,5 ponto. Com isso, a taxa de câmbio já se consolida em patamar abaixo de R$ 5,50, o que pode facilitar um ciclo de ajuste mais curto e não muito agressivo. As projeções para o IPCA apresentadas hoje pelo BC consideraram o dólar em R$ 5,60.

A ata certamente trará mais detalhes da discussão e da decisão do BC, mas o time de indicados de Lula, depois da decisão dividida de maio, reforça a mensagem de que não pretende ser leniente com a inflação. Ainda assim, é de se esperar que o futuro BC, com maioria de indicados do atual governo, tenha uma postura na qual tente operar mais na lógica de duplo mandato, buscando fazer a inflação convergir em um ambiente de pleno emprego. Isso, porém, só é viável se o Copom tiver credibilidade. Galípolo e companhia sabem disso e estão buscando viabilizar as condições para isso. A decisão de hoje contribui.

De outro lado, certamente será crescente no governo uma preocupação: se a combinação de uma redução dos estímulos fiscais que começou a acontecer no curto prazo com aperto monetário não vai gerar um resfriamento maior do que o desejável na atividade. Hoje esse não é o cenário-base da equipe econômica e nem do governo, mas aqui e ali já se notam alguns interlocutores apontando para esse risco.


Fabio Graner

Analista de economia do JOTA em Brasília. Foi repórter e colunista de economia no Valor Econômico e também atuou no Estadão, DCI e Gazeta Mercantil, com mais de 20 anos de experiência, incluindo setor público. E-mail: fabio.graner@jota.info

Bárbara Baião

Analista de Política em Brasília. Passou pelas redações da CBN e CNN Brasil, com foco na cobertura do Legislativo. Email: barbara.baiao@jota.info 

 

 https://www.jota.info/tributos-e-empresas/mercado/copom-sacramenta-cenario-majoritario-do-mercado-e-do-governo-apos-indicacao-de-galipolo?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__1992024&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Prestes a indicar nome no Brasil, X ao STF diz que ‘falha técnica’ abriu caminho a usuários

 Moraes afirma que Musk tentou 'burlar' decisão de bloqueio do X em ação 'dolosa e ilícita'


‘Falha técnica’, ‘consequência inesperada’ e ‘não intencional’. Foi assim que o X se defendeu no Supremo Tribunal Federal sobre o acesso a que usuários tiveram à plataforma nesta quarta-feira, 18, após uma atualização no aplicativo da plataforma. Em petição protocolada no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, os advogados constituídos por Elon Musk para representarem a rede social perante o STF frisam que não houve “qualquer intenção” em burlar a decisão que suspendeu o antigo Twitter no Brasil.

Os advogados de Musk são André Zonaro Giacchetta e Sérgio Rosenthal. Eles subscrevem o documento com os argumentos do X levados a Moraes. Nesta quinta, 19, o ministro deu 24 horas para que os representantes de Musk no Supremo comprovem “a regularidade e validade da representação legal da empresa, com comprovação documental da respectiva Junta Comercial da regular constituição da empresa, com indicação de seu representante, com amplos poderes, inclusive de nomeação de advogados”.

Giacchetta e Rosenthal fazem a representação do X nos autos do processo que tramita no STF – eles não são representantes legais da empresa no Brasil.

A Moraes, os advogados ressaltaram que vão apresentar em breve o nome do novo representante legal do X no Brasil, junto com os documentos societários pertinentes, devidamente registrados perante a Junta Comercial do Estado de São Paulo.

O Estadão apurou que o X está em tratativas para definir o nome.

Ao informarem Moraes sobre as tratativas para escolha do novo representante legal do X no País, os advogados Sérgio Rosenthal e Zonaro Giacchetta apresentaram as justificativas da rede social para o acesso de brasileiros à plataforma nesta quarta, 18.

Apesar das alegações, o ministro viu ‘burla’ ao bloqueio da plataforma no Brasil e aplicou uma multa de R$ 5 milhões por dia à empresa.

A sanção foi imposta após o X se explicar a Moraes. A rede social narrou que, até a data do bloqueio, o antigo Twitter era oferecido a todos os usuários da América do Sul a partir da infraestrutura de rede localizada no Brasil, com seu respectivo IP.

Em razão da suspensão da plataforma e o bloqueio de ativos da empresa, o X diz que foi necessário alterar seus serviços de infraestrutura de rede para o acesso de usuários dos demais países da América do Sul à plataforma X – passou-se, então, a usar os serviços da empresa Cloudfare, ao invés da localizada no Brasil.

Segundo a empresa de Musk, a “alteração compulsória e não intencional” levou a uma “consequência inesperada”: a alteração do IP que estava bloqueado no Brasil, o que resultou “em certas circunstâncias, na possibilidade de acesso à plataforma X por usuários brasileiros”.

O antigo Twitter alega que suas operadoras não sabiam das medidas específicas adotadas pela Anatel para bloquear o X e, por isso, a “consequência” não era prevista. A rede social narra ainda que, em contato com a Cloudfare, as operadoras do X confirmaram que havia dois IPs dedicados à plataforma.

As empresas então decidiram separar o tráfego da rede social para que o bloqueio não afetasse o serviço oferecido pela Cloudfare a outros clientes.

“O X Brasil reitera que a situação exposta não decorre de qualquer intenção de burlar a ordem de suspensão estabelecida por essa Egrégia Suprema Corte, mas de falha técnica decorrente da necessidade de alteração da infraestrutura da rede utilizada para a disponibilização do acesso à plataforma X aos usuários dos demais países da América do Sul”, sustenta a empresa.

Na mesma petição, a plataforma informou que já bloqueou nove contas por ordem de Moraes: @EdRaposo_, @Claudio061973, @PrJosiasPereir3, @marcosdoval, @DraPaola_, @mveustaquio, @xfischer, @pfigueiredobr2 e @pfigueiredobr03.

O bloqueio foi determinado no bojo da investigação sobre supostas ameaças e coação a delegados que atuam no inquérito das milícias digitais e da tentativa de golpe de Estado.

O inquérito apura supostos crimes de obstrução de investigações de organização criminosa.

PF faz pente-fino no encalço de usuários do X

A Polícia Federal vai fazer um pente-fino para identificar os usuários do X (antigo Twitter) que seguiram usando a plataforma após o bloqueio determinado pelo Supremo Tribunal Federal A busca acata pedido da Procuradoria-Geral da República, com aval do ministro Alexandre de Moraes.

O Estadão apurou que os usuários devem ser notificados sobre a decisão da Corte que suspendeu o acesso à plataforma.

Quando Moraes derrubou o antigo Twitter no Brasil em razão do “descumprimento de decisões judiciais” e da falta de um representante legal no País, o ministro estabeleceu multa diária de R$ 50 mil para quem “fraudar a decisão, com o uso de subterfúgios tecnológicos”, como VPN, para seguir usando o X.

A sanção chegou a ser questionada quando a Primeira Turma do STF chancelou a medida. O ministro Luiz Fux, por exemplo, indicou que a multa não pode atingir pessoas e empresas “indiscriminadas e que não tinham participado do processo, salvo se utilizarem a plataforma para fraudar a decisão, com manifestações vedadas pela ordem constitucional, como expressões com racismo, facismo, neonazismo, obstrutoras de investigações criminais ou de incitação aos crimes em geral”.

O X está bloqueado no Brasil desde o dia 30, mas nesta quarta-feira, 18, uma atualização no aplicativo da plataforma possibilitou com que usuários acessassem a plataforma. O ex-presidente Jair Bolsonaro fez um post na rede social.

Moraes viu ‘burla’ ao bloqueio da plataforma e impôs multa diária de R$ 5 milhões à rede social. O ministro considerou que o dono do X, o bilionário Elon Musk, confessou a “dolosa, ilícita e persistente recalcitrância ” do antigo Twitter em cumprir a decisão judicial que suspendeu a rede social no País. A indicação tem relação com uma frase de Musk: “Qualquer magia suficientemente avançada é indistinguível da tecnologia.”

“Não há, portanto, dúvidas de que a plataforma X, sob o comando direto de Elon Musk, novamente, pretende desrespeitar o Poder Judiciário brasileiro, pois a Anatel identificou a estratégia utilizada para desobedecer a ordem judicial proferida nos autos, inclusive com a sugestão das providências a serem adotadas para a manutenção da suspensão”, frisou Moraes.

"Esforços para trabalhar com o governo brasileiro": nova decisão da empresa de Elon Musk muda rumo do X no Brasil

 


Agora, a empresa afirma que quer colaborar com a Justiça brasileira.

O X/Twitter foi suspenso no Brasil no dia 31 de agosto, mas tudo indica que poderá voltar a funcionar, de forma regularizada, em breve. Isso porque, apesar de ter burlado o bloqueio ao adotar um novo IP na última quarta-feira (18), a empresa de Elon Musk decidiu agora seguir as determinações judiciais impostas pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

A atitude da empresa representa uma mudança de postura diante das consequências que a longa disputa com o STF resultou. As novas medidas adotadas pelo X, como a de eleger dois representantes legais no país, podem indicar que a rede social voltará a funcionar para os usuários.

Em nota à BBC News Brasil, o advogado responsável por representar a empresa processualmente afirmou que querem cooperar com a Justiça brasileira. "A empresa decidiu cumprir com todas as determinações judiciais. Isso será esclarecido, ainda, ao ministro. E, inicialmente, o importante é regularizar a situação da empresa no Brasil".

Ainda na quarta-feira, após receber uma multa de R$5 milhões por dia pela mudança técnica que burlou o bloqueio da rede social no Brasil, a empresa também mostrou, em nota, que gostaria de colaborar com o STF. "Continuamos os esforços para trabalhar com o governo brasileiro para que ela retorne o mais breve possível para o povo brasileiro".

 

 https://br.ign.com/twitter-2/130016/news/esforcos-para-trabalhar-com-o-governo-brasileiro-nova-decisao-da-empresa-de-elon-musk-muda-rumo-do-x

"O desemprego precisa crescer em 40% ou 50%": empresário afirma que economia deve ser prejudicada para colocar trabalhadores "no seu devido lugar"

 Quem é o CEO milionário que sugeriu alta do desemprego para ...


"Quero deixar claro: eu aprecio que quando alguém perde o emprego, isso tem um impacto profundo sobre ele e suas famílias".
+

Diante das mudanças constantes, muitos homens de negócio dão sua opinião, como um bilionário da Índia com a afirmação de que os jovens deveriam trabalhar bem mais, pois se trata de um dever patriótico. O caso que vamos ver agora é de um empresário que busca "colocar os trabalhadores no seu devido lugar".

Trabalhadores se esqueceram quem manda?

Tim Gurner é o fundador e CEO do Gurner Group, uma empresa imobiliária australiana de sucesso dedicada ao setor imobiliário de luxo. Ele deu um discurso em um fórum financeiro sobre o setor imobiliário (na AFR Property Summit) em 2023 e proferiu palavras duras sobre a situação dos funcionários.

"Os funcionários sentem que a empresa tem muita sorte em tê-los, e não o contrário. Temos que acabar com essa atitude, e isso precisa acontecer com prejuízos na economia", disse o empresário. "Precisamos lembrar às pessoas que elas trabalham para o empregador, e não o contrário".

"O desemprego precisa crescer em 40% ou 50% e ver como a economia sofre para lembrar às pessoas que elas trabalham para empresas, e não o contrário", disse Tim Gurner.

Tim Gurner se desculpou

Depois da repercussão negativa, ele rapidamente se desculpou, embora os internautas não tenham "comprado a ideia" e acreditam que ele só falou o que realmente pensa e acredita.

Ele declarou: "Quero deixar claro: eu aprecio que quando alguém perde o emprego, isso tem um impacto profundo sobre ele e suas famílias, e lamento sinceramente que minhas palavras não tenham transmitido empatia por aqueles nessa situação."

A palavra que ele usou "appreciate", neste caso tem um significado de "entender", então é correto deduzir que ele quis expressar "eu entendo que quando alguém perde o emprego...". Caso contrário, o pedido de desculpas seria bastante duvidoso. De toda forma, parece uma escolha ruim de palavras, mesmo para o inglês australiano.

"No AFR Property Summit desta semana, fiz alguns comentários sobre desemprego e produtividade na Austrália dos quais me arrependo profundamente e que estavam errados", disse Gurner em um comunicado divulgado.

"Há claramente conversas importantes a serem feitas neste ambiente de alta inflação, pressões de preços em moradias e aluguéis devido à falta de oferta e outros problemas de custo de vida", acrescentou.

"Meus comentários foram profundamente insensíveis aos funcionários, comerciantes e famílias em toda a Austrália que são afetados por essas pressões de custo de vida e perdas de empregos."


Inscreva-se no canal do IGN Brasil no Youtube e visite as nossas páginas no Facebook,

Ações da AgroGalaxy desabam 23%, a maior queda do mercado brasileiro, após pedido de recuperação judicial

 


Cotação dos papéis da empresa chegou a R$ 0,75

 

 

AgroGalaxy amplia prejuízo líquido para R$ 96,6 milhões no 1º trimestre

A AgroGalaxy, grupo varejista de insumos agrícolas, protocolou na quarta-feira, 18, um pedido de recuperação judicial. O anúncio ocorreu pouco após ela ter comunicado a renúncia do diretor-presidente, Axel Jorge Labourt, e de cinco membros do Conselho de Administração. O então diretor financeiro da companhia, Eron Martins, foi nomeado para o cargo de CEO.

A empresa disse, em comunicado, que o pedido de recuperação judicial foi protocolado em caráter emergencial diante do vencimento antecipado de operações financeiras, visando à proteção de seus ativos e de suas investidas e para viabilizar a readequação de sua estrutura de capital diante dos desafios do agronegócio brasileiro.

Nesta quinta-feira, 19, as ações da AgroGalaxy chegaram a cair 23,47%, na maior queda do mercado brasileiro. A cotação chegou a R$ 0,75, o menor preço de tela desde IPO (oferta pública inicial de ações), em 2021.

Nos últimos anos, a combinação da queda nos preços das commodities, eventos climáticos adversos, juros elevados e aumento dos custos de produção provocou um aumento expressivo na inadimplência dos produtores rurais, com forte impacto na liquidez da companhia, disse a empresa, em comunicado.

Procurada pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a AgroGalaxy não quis se manifestar.

“O AgroGalaxy tentou, de todas as formas, evitar recorrer à Justiça, mas a medida é necessária para proteger o negócio e, mais importante, permitir que a empresa siga trabalhando lado a lado com os agricultores”, disse Eron Martins no comunicado.

A companhia disse também que vai adotar medidas adicionais para aumentar sua eficiência operacional, com redução de custos fixos, melhoria do mix de produtos, além da otimização do capital de giro, com foco em estoques e recebíveis, para assegurar a sustentabilidade da empresa no médio e no longo prazo.

“Conduziremos todo o processo sempre com muita transparência e respeito a todos os envolvidos, especialmente os produtores rurais. Estamos seguros de que as relações estabelecidas com nossos clientes e fornecedores nos darão a base necessária para enfrentar este desafio, bem como seguirmos fortalecendo o agronegócio brasileiro”, finalizou Eron Martins.

Para o Citi, a empresa passa por um período desafiador e parece depender da potencial recuperação do mercado brasileiro de insumos agrícolas, um processo que “pode demorar”, na visão do banco.

A queda nas vendas de insumos

Apesar de o pedido de recuperação judicial ter surpreendido o mercado, os resultados financeiros da companhia já mostravam dificuldade de reação e continuidade de atraso nas vendas de insumos aos produtores rurais.

A empresa registra prejuízo ajustado, margens de rentabilidade negativas e queda na receita líquida consecutivamente desde o primeiro trimestre de 2023, à exceção do quarto trimestre do ano passado. Fora os indicadores de rentabilidade, a dívida líquida da companhia se mantinha em uma constante ao longo dos últimos meses.

Os números mais recentes da AgroGalaxy, referentes ao segundo trimestre deste ano, apontam para prejuízo líquido ajustado de R$ 362,4 milhões, 41% maior na comparação com igual período do ano passado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi negativo em R$ 83,4 milhões no segundo trimestre de 2024, ante R$ 72,5 milhões negativos um ano antes.

O agravamento do prejuízo

Em um ano, a margem Ebitda ajustado da companhia saiu de 4% negativa para 7,9% negativa. A receita líquida diminuiu 42,4% em um ano, do segundo trimestre de 2023 para R$ 1,056 bilhão no segundo trimestre deste ano. A alavancagem do grupo (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) saltou de 3,3 vezes para 8,5 vezes, acima do covenant (cláusula restritiva para endividamento firmada em contratos de dívida) estabelecido pela companhia, de 3 vezes.

A dívida líquida da AgroGalaxy ao fim de junho totalizava R$ 1,512 bilhão, considerando empréstimos e financiamentos bancários e obrigações com títulos securitizados de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e sem incluir débitos com fornecedores.

A companhia encerrou o primeiro semestre do ano com geração de caixa negativa em R$ 156,6 milhões.

Na quarta, além do pedido de recuperação judicial, a Agrogalaxy atrasou um pagamento de R$ 70 milhões de títulos de dívida.

Mesmo com os desafios financeiros e operacionais apresentados desde o início de 2023, o mercado apostava em outros mecanismos de reestruturação pela AgroGalaxy.

As tentativas de evitar a recuperação judicial

Uma operador do setor financeiro que acompanhou de perto a situação da empresa diz que a possibilidade de recuperação judicial sempre foi descartada publicamente pelos executivos, mas era de conhecimento que a situação era ruim, sem capacidade de pagamento de algumas dívidas, embora havia esperança de alguma intervenção com aportes do Aqua (Capital, fundo de investimento de private equity controlador da empresa).

Em dezembro, o Aqua fez uma injeção de R$ 150 milhões no grupo para reforço de caixa e redução do endividamento, a fim de que a empresa cumprisse os covenants (compromissos de contratos de financiamento ou empréstimos que servem para proteger os interesses dos credores) de alavancagem de 2023.

A AgroGalaxy sinalizava ao mercado a retomada do mercado de insumos agrícolas e a melhor equalização de estoques. Nas teleconferências aos investidores, executivos citavam que “o pior já passou”, a “tempestade ficou para trás” e que “o dever de casa foi feito” em controle de margens e redução de despesas, mas os balanços seguiam mostrando redução na receita.

A expectativa era de um ano mais favorável ao varejo agrícola. “Esperamos um ano mais estável em commodities e insumos, mas ainda entendemos que precisamos de estrutura financeira mais robusta. Não usaremos os recursos para comprar nenhuma empresa ou para comprar à vista, mas para enfrentar 2024 e estarmos mais preparados para passar por desafios”, disse o atual CEO e então CFO (diretor financeiro) e diretor de Relações com Investidores do AgroGalaxy, Eron Martins, ao Broadcast no início do ano.
O enxugamento da estrutura

O foco da companhia neste ano, segundo os executivos, era ampliar a sua rentabilidade com mix de produtos e ter uma estrutura mais enxuta. As intervenções incluíram desligamento de 80 posições corporativas e fechamento de 19 lojas, de um total de 169.

Em agosto, na última divulgação de resultados financeiros, Martins afirmou não estar nos planos da empresa novas ações de reestruturação, como demissão de funcionários ou fechamento de unidades adicionais. “Estamos avaliando o desempenho de nossas unidades e regiões e, neste momento, mantemos a configuração estabelecida em fevereiro. Temos obtido sucesso nas renegociações de dívidas; todas as que venceram até agora foram prorrogadas por pelo menos 12 meses”, afirmou na ocasião.

Segundo ele, os indicadores de saúde financeira da empresa estavam intactos, aguardando a retomada do mercado. “As adversidades fazem parte do negócio, assim como faz parte termos uma estrutura capaz de se adaptar a esse contexto”, disse.

A crise refletiu também no valor de mercado da AgroGalaxy, com desvalorização de cerca de 90%. “A empresa, que chegou a valer R$ 1,7 bilhão no auge, hoje está avaliada em cerca de R$ 250 milhões”, disse o sócio-fundador da L4 Investimentos, Hugo Queiroz.

O desafio do setor

Na avaliação de consultores do mercado de distribuição de insumos, o pedido de recuperação judicial do grupo reflete a conjuntura desafiadora do setor, com demanda fraca pelos produtores rurais, atraso no pagamento pelos agricultores e descasamento entre estoques.

“Há questões específicas também ligadas à gestão, sobretudo de estoques e preços de produtos. O grupo expandiu em momento de euforia do setor, em 2021 e 2022, e a desaceleração da abertura de lojas parece que foi tardia, dado que o mercado dava sinais de retração”, afirmou uma fonte do setor.

Para o sócio diretor da Blink Consultoria, Lars Schobinger, a queda na margem operacional do mercado nacional de distribuição de insumos agrícolas somado ao baixo fluxo de insumos contribuíram para a situação financeira delicada da empresa. “Com as distribuidoras com margens achatadas e um movimento de RJs relevante de agricultores, há pouco espaço de manobra para as empresas lidarem com o baixo fluxo de caixa. O setor está em uma crise de fluxo de caixa”, classificou Schobinger.

Colégio público de SP está no top 3 de prêmio de melhores escolas do mundo

 


 

A Escola Estadual Deputado Pedro Costa, na Vila Isolina Mazzei, zona norte de São Paulo, está entre as três finalistas no prêmio World’s Best School Prizes 2024, de melhor escola do mundo, na categoria ‘Colaboração Comunitária’. É a única representante brasileira na disputa.

A rede de ensino oferece ensino integral para mais de 300 alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Ela conquistou a nomeação em razão de iniciativas, como o clube de xadrez e as aulas de atletismo, que envolvem estudantes, familiares, educadores e a comunidade local, conforme a Secretaria de Estado da Educação.

A categoria ‘Colaboração Comunitária’, em que a escola disputa o prêmio, foi criada para reconhecer unidades escolares que desenvolveram parcerias significativas com grupos sociais além dos alunos, como pais e vizinhos. A premiação é oferecida anualmente por uma entidade educacional sediada no Reino Unido, a T4 Education.

Os critérios analisados pela banca avaliadora para escolher as finalistas da categoria Colaboração da Comunidade são:

Liderança e prática colaborativa;

Engajamento ativo dos pais;

Serviços integrados ao aluno;

Aprendizagem ampliada

O projeto de xadrez ajuda a estimular o raciocínio lógico, além de influenciar na disciplina e aprendizado. “O xadrez deu disciplina, concentração, estratégia. Tudo isso reflete na sala de aula, diminui as dificuldades do aluno em sala de aula”, diz a diretora escolar Janaína Pereira Freire.

Já o atletismo tem o objetivo de promover a saúde física e bem-estar. “Melhora a capacidade de concentração, de focar mais. O desenvolvimento cognitivo do aluno é ampliado”, afirma o professor de Educação Física Luiz Fernando Junqueira, responsável pelas aulas de atletismo na escola.

Para implementar as iniciativas, desde o início de 2023 a escola conta com o apoio da ONG Parceiros da Educação, que atua para impulsionar a qualidade da educação básica em São Paulo. O apoio inclui capacitação em gestão escolar, formação para a equipe de professores, suporte com materiais didáticos e melhoria na infraestrutura escolar.

“A E.E. Dep. Pedro Costa entrou para o nosso Programa de Apoio às Escolas no início de 2023 e, já no primeiro ano de parceria, conquistou resultados importantes, como o envolvimento da comunidade escolar e o aumento nos índices de aprendizagem. Observamos melhoria nos resultados educacionais”, avalia Rafael Machiaverni, diretor geral da Parceiros da Educação.

Conforme Machiaverni, o último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) demonstra uma subida de 422 posições no ranking entre as 2211 escolas do Estado que oferecem os anos iniciais do ensino fundamental. Em 2019, a nota foi de 6,8 e, em 2023, o resultado subiu para 7,2 (em uma escala que vai até dez).

“O projeto desenvolvido com a Escola Deputado Pedro Costa evidencia o papel fundamental do engajamento da equipe gestora e de professores, que não medem esforços para garantir a aprendizagem dos alunos. Estudantes que aprendem mais, se engajam mais, criando assim, um ciclo virtuoso”, acrescenta ele.

Para a parceria com a Escola Estadual Deputado Pedro Costa, a ONG conta ainda com o patrocínio do Instituto SYN, responsável pela atuação social da SYN Empreendimentos.

“Estamos muito orgulhosos de mais uma etapa vencida”, afirma secretário da Educação do Estado, Renato Feder.

Com 20 anos de atuação dedicados à transformação da educação em São Paulo, a Parceiros da Educação está em mais de 700 escolas públicas, impactando diretamente mais de 400 mil alunos, de acordo com a secretaria estadual.

No mês que vem, em outubro, os vencedores do World’s Best School Prizes 2024 serão revelados. Os ganhadores, escolhidos pela academia de julgadores, vão dividir o prêmio de US$ 50 mil.

Também será revelado o vencedor do Community Choice Award, conforme determinado pela votação pública realizada em junho. Eles receberão a filiação ao programa Best School to Work. A cerimônia virtual de premiação ocorrerá em 24 de outubro. Para mais informações, acesse o link.