Prédio do Banco Central em Brasília
O
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou na ata
da sua última reunião que uma política fiscal “crível” é um importante
elemento para a ancoragem das expectativas de inflação no país e,
consequentemente, permitir um menor aperto na política de juros.
“A
percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos
gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente vem
tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas.
Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e
transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de
estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o
arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a
ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de
riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política
monetária”, afirma a ata.
No
documento divulgado nesta terça, 12, o BC também reforçou a defesa da
adoção de medidas fiscais pelo governo, argumentando que ações nesse
sentido podem induzir o crescimento econômico.
“O Comitê reforçou a
visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e
disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas
sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa
de juros neutra da economia”, disse o BC.
O
Comitê destacou, porém, que incorpora em seus cenários “uma
desaceleração no ritmo de crescimento dos gastos públicos ao longo do
tempo”.
Veja aqui a íntegra da ata do Copom.
Na semana passada, o Copom decidiu intensificar o ritmo de elevação da Selic, que subiu de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano, sem dar uma sinalização sobre os próximos passos.
Segundo
a ata, a alta de 0,50 ponto percentual se mostrou apropriada em razão
do cenário de “incertezas prospectivas, refletindo o compromisso de
convergência da inflação à meta, essencial para a construção contínua de
credibilidade”.
Sobre
a trajetória da Selic, a ata informa que o Copom “preferiu uma
comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao
longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos,
insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da
inflação à meta”.
Repercussão
Na avaliação do Itaú, o Copom parece inclinado a manter o ritmo atual de aperto, “por enquanto”.
“Em
nossa visão, há chances de que as condições econômicas e expectativas
de inflação – que dependem de importantes decisões fiscais à frente –
possam exigir uma aceleração do ritmo em breve”, escreveu o Itaú.
Analistas
consultados pelo Banco Central subiram pela sexta vez consecutiva sua
projeção para a alta do IPCA neste ano, elevando também as expectativas
para a inflação em 2025 e 2026 e para as cotações do dólar, de acordo
com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 11.
O
levantamento mostrou que a mediana das expectativas para a inflação ao
consumidor no Brasil este ano agora é de 4,62%, de 4,59% na semana
anterior. Para 2025, também houve aumento, o quarto em sequência, com a
projeção do IPCA marcando alta de 4,10%, de 4,03% anteriormente. Os
analistas também elevaram pela segunda vez seguida a conta para 2026,
chegando a 3,65%, de 3,61%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, com uma banda de 1,5 ponto percentual permitida para cima ou para baixo.