Sede do Banco Central, em Brasília
Por Camila Moreira
SÃO
PAULO (Reuters) – A economia brasileira encerrou o terceiro
trimestre com crescimento de 1,1%, de acordo com dados do Banco Central,
mostrando dinamismo da economia com resultado acima do esperado em
setembro embora aponte tendência esperada de arrefecimento no segundo
semestre.
O dado do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br),
considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), foi divulgado
nesta quinta-feira pelo BC, mostrando que o mês de setembro apresentou
expansão de 0,8% em relação a agosto, em dado dessazonalizado.
A
leitura do mês ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de
avanço de 0,5% e foi a mais forte desde junho, marcando aceleração ante o
crescimento de 0,2% de agosto, em dado não revisado pelo BC.
Já a
alta trimestral ficou ligeiramente mais fraca do que o resultado do
segundo trimestre, depois de o IBC-Br ter mostrado expansão de 1,25%
entre maio e junho. No primeiro trimestre, o índice avançou 1,61%.
Os
dados do IBC-Br mostram ainda que, na comparação com o mesmo mês do ano
anterior, o índice teve alta de 5,1% em setembro, enquanto no acumulado
em 12 meses passou a um avanço de 3,0%, segundo números observados.
“Os
números de setembro corroboram a percepção de sustentação de um ritmo
de crescimento ainda elevado para a economia, de modo que a economia
brasileira deve apresentar uma desaceleração mais lenta do que a
antecipada pelo mercado”, avaliou a Genial Investimentos em nota,
calculando crescimento do PIB no terceiro trimestre de 0,8% sobre o
período anterior.
“Se,
por um lado, essa robustez contribui para que a economia surpreenda e
apresente um ritmo de crescimento mais próximo de 3,5% em 2024, por
outro, se mostra um importante fator de risco inflacionário.
A
economia mostrou resultados melhores do que o esperado no primeiro
semestre em meio a um mercado de trabalho forte, inflação controlada e
aumento da renda, surpreendendo analistas. Mas a expectativa agora é de
perda de força diante da redução dos estímulos fiscais e da taxa básica
de juros elevada.
Ainda assim, as preocupações com a inflação
devido à economia aquecida permanecem e o Banco Central já elevou a taxa
básica de juros Selic para 11,25%, com expectativa de novo aumento em
dezembro.
O IBGE divulgará em 3 de dezembro os números do PIB do
terceiro trimestre. Entre abril e junho, a economia brasileira expandiu
1,4% na comparação com o primeiro trimestre, segundo os dados do
instituto de pesquisa.
Em setembro, a produção industrial
brasileira cresceu 1,1% sobre o mês anterior e ficou acima do esperado,
assim como o volume de serviços, que aumentou 1,0% no mês.
As vendas varejistas também aumentaram em setembro, mas o ritmo de 0,5% ficou bem abaixo da expectativa.
“Os
dados recentes reforçam o cenário base do Banco Central de dinamismo
maior do que o esperado do nível de atividade e expressam sua
característica pulverizada em toda a economia, com vetores de impulso
por parte da demanda e da oferta. Também corroboram a perspectiva de uma
condução de política monetária vigilante por parte da instituição”,
avaliou a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.
O
Ministério da Fazenda prevê que o PIB brasileiro crescerá 3,2% em 2024.
Já o BC divulgará suas novas estimativas em dezembro –a última projeção é
de crescimento de 3,2% este ano.
Pesquisa Focus realizada pelo
Banco Central mostra que a expectativa para a expansão do PIB este ano é
de 3,10%, indo a 1,94% em 2025.
O IBC-Br é construído com base em
proxies representativas dos índices de volume da produção da
agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de
volume dos impostos sobre a produção.